quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Nanando em Concerto

O guitarrista Nanando é o cabeça de cartaz no espectáculo que vai acontecer hoje nas instalações do «Centro Cultural-Franco-Moçambicano». Nanando é tido como um dos mais exímios executantes de guitarra da actualidade. Melhor, para muitos, Nanando faz amor com a guitarra e quando isso acontece o público, normalmente entra em delírio. O guitarrista em causa foi quem ensinou as primeiras notas de guitarra ao mundialmente famoso e, também guitarrista, Jimmy Dludlu.

Para o referido concerto, Nanando convidou nomes de peso da música moçambicana. Estamos a falar de Wazimbo e de Mingas. Os dois já trabalharam juntos no defunto e, recentemente ressuscitado, «Grupo RM». Tanto Wazimbo como Mingas, são donos de vozes que tocam na alma de quem os ouve.
No mesmo concerto, vai actuar o grupo coral de música gospel, «Mozdreams».
A guitarra do Nanando está afinada, o resto fica para a noite de hoje no «Franco-Moçambicano».

(Celso Manguana)


Nanando no Gil Vicente

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Salimo Muhamed apresenta «Maghurutchendje»


Maputo (Canal de Moçambique) - Depois do retumbante sucesso do seu espectáculo intitulado «Xingove Xi Dibi Mutchovelo» (“o gato entornou o caldo”), o cantor Salimo Muhamed vai presentear o público da Matola com um concerto denominado «Maghurutchendje». Artista multifacetado e considerado polémico por certos sectores da sociedade, Salimo Muhamed é um dos embondeiros da música ligeira moçambicana. Recentemente, renunciou ao cargo de secretário-geral da «SOMAS- Sociedade Moçambicana de Autores» por alegadas divergências com o director executivo da agremiação, Alfredo Chissano.
Do vasto currículo de Salimo Muhamed conta ter sido mandado para um campo de reeducação nos anos cinzentos da chanceleria de Samora Machel de que também faziam parte os seus sucessores Joaquim Chissano e Armando Guebuza como figuras que o seguiu na hierarquia do Bureaux Político do Comité Central do Partido Frelimo.
Da passagem de Salimo Muhamed pelo campo de reeducação resultou a música «Bilibiza», nome do campo onde o artista esteve detido.

(Celso Manguana)
2007-07-27 08:13:00

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Antonio Marcos no "Sthpenhs"

Sthpenhs», no Município da Matola, a estrela da noite é, um não menos conhecido músico moçambicano, António Marcos. Homem de um percurso feito a ferro e fogo, por vezes, teve de se retirar dos palcos pois a música mal chegava para colocar pão à mesa dos seus.
António Marcos viu nos últimos anos a sua preserverança, já com barbas brancas, a ser recompensada. A sua música “Antoninho Maengane” foi, no ano 2005, sem margens de dúvidas, a que mais esteve em voga. Marcos foi também, nos últimos tempos, aplaudido além-fronteiras por via do projecto «Mabulu». Memórias à parte, abram alas que o «Maengane» vai cantar amanhã na Matola.
Está na hora de quem dispuser de tempo o ir ouvir.
O fim-de-semana ficará mais completo para quem tiver oportunidade de o fazer.

Maputo (Canal de Moçambique) – ...«(Celso Manguana) 2008-01-18 06:40:00

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sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Arao Litsure, 10 Anos Depois.


Já disponível no mercado nacional, a quem diga que já escutou além fronteiras, através da Rádio Moçambique no endereço www.rm.co.mz. Que bom...pelo sinal gostaram, razão do pedido como encomenda.

Como curioso, já havia escutado alguns temas do disco no rico acervo que a Rádio Moçambique possui. Há sempre curiosidade para quem quer conhecer mais, alias é atitude dos curiosos. Hoje em CD, um amigo esquece o CD comigo e até hoje ainda não devolvi, talvez devolva na semana de 20 de agosto. Enquanto isso não acontece tento agradar o meu ouvido durante a noite que nestes dias, por cá (Maputo- Moçambique) parece ser curta.

O disco que sai com a etiqueta da Mozbeat é uma proposta e aposta que o músico coloca para os que conhecem, pretendem conhecer e divulgar o seu trabalho. A apresentação deste trabalho que considero uma obra prima, é também um desafio para que os artistas optem por explorar o Estúdio Auditório da Rádio Moçambique para iniciativas do genéro, um concerto ao vivo, e provar que existem dentro da instituição técnicos e meios para o efeito.

Captada por Fernando Azevedo(e não Filipe Azevedo) no Estúdio Auditório da Rádio Moçambique em 1996, o disco tem o nome de ARÃO LITSURE 10 ANOS DEPOIS porque em 1986/87 Arão Litsure optou por dar continuidade a sua formação, o mestrado em estudos Religisos, deixando para trás o grupo que integrava (Alambique). Foram precisos mais 10 anos para tomar o balanço e editar o trabalho.

Fonte: http://maosdemocambique.blogspot.com/

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Mabulu e a Fusao da Marrabenta


A tradicional Marrabenta encontra pela primeira vez o som emergente do Rap e do Hip Hop moçambicano. A ideia de criar o projecto Mabulu surgiu em 1998, quando o produtor Roland Hohberg (proprietário do primeiro estúdio privado em Moçambique) convidou o artista de Marrabenta Khass Khass e o jovem rapper Chiquito, para juntos gravarem um álbum, intitulado “I Know where I come from, but don’t know my destination”. Em Outubro 99 Khass Khass morre com 32 anos e Roland convida então Lisboa Matavel, um músico de Marrabenta da velha guarda, para trabalhar com Chiquito, bem como outros artistas – António Marcos, a jovem cantora Chonyl e três músicos da banda “Mix Malta” - Zoco, Eduardo e Jorgito. Com estes 7 músicos de gerações diferentes o projecto foi chamado MABULU que significa “à procura de diálogo” – pela necessidade de tolerância e compreensão entre gerações. Em 2000 MABULU grava o seu primeiro álbum “Karimbo” e em 2001 “Soul Marrabenta”. Já com vários espectáculos agendados pela Europa, MABULU coloca lado a lado, após décadas de rivalidade, Lisboa Matavel e Dilon Djindji, para uma série de concertos enquadrados em importantes festivais europeus. Em Janeiro de 2002 o grupo actua pela primeira vez na África do Sul, no Jazzathon Festival, em Cape Town e dois meses depois a banda é nomeada para “Melhor Revelação”, pela BBC Radio 3 World Music Awards, em Londres, UK. Em Julho MABULU actua pela primeira vez em Portugal, no Festival de Músicas do Mundo, em Sines, onde é produzido o vídeo ao vivo de “Maria Teresa”, cantado por Dilon Djindji. Em Março de 2004 começam a trabalhar no novo vídeo
“Maldeyeni”, cantado por António Marcos e produzido pela GAP Music Media, Alemanha. O grupo também participou no filme “Marrabentando”, produzido por Karen Boswall, apresentando Dilon Djindji, António Marcos e MABULU. Em Outubro partem para a 5ª tourné europeia, altura em que a cantora Chonyl abandona a banda e é substituída por Loide. Em Janeiro de 2005 MABULU grava um tema em solidariedade para com as vítimas do Tsunami, na Ásia e participa em acções de solidariedade em Moçambique. O novo vídeo “Podina”, cantado por Dilon Djindji é produzido por Marcel Rutschmann e Roland Hohberg. No passado dia 6 de Maio foi lançado o 3º álbum pela Vidisco, com 14 temas remisturados dos seus trabalhos anteriores, produzido por Roland Hohberg e Mr. Arssen. Este espectáculo insere-se na 6ª tourné europeia da banda e conta com a participação do cantor ragga Mr. Arssen.

Dilon Djindji – voz Antonio Marcos – guitarra e voz Zoco – guitarra Jorgito – bateria e voz Edu – baixo Chiquito – voz/rap Loide – voz Mr. Arssen – voz/ragga

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Professor Yana

Yana Munguambe
99 porcento dos nossos ritmos não são tocados em Moçambique - segundo Yana, que publica em breve, material (em disco e livro) sobre música tradicional


O CONHECIDO e respeitado Yana Munguambe, professor de música – antes na escola da Rádio Moçambique, hoje numa escola por si fundada – vai publicar brevemente um vasto material sobre os ritmos musicais do nosso país (em disco, em livro e em vídeo). É um material que resulta do trabalho exaustivo de investigação que Yana fez, no qual se pode encontrar todo Moçambique representado em termos de ritmos. E, depois dessa recolha, Yana chegou à conclusão de que os músicos que hoje se baseiam nesses ritmos para fazer música moderna, devem pesquisar mais e saber como pesquisar, para depois saber usá-los. “Temos uma imensidão de ritmos e 99 porcento deles não estão a ser usados pelos nossos artistas”.
Outra questão que é levantada pelo professor Yana (professor e músico, tendo já lançado o seu disco “Que venham”), ainda na esteira da sua recolha, é o termo que muitos usam para denominar as misturas rítmicas que fazem nos seus trabalhos: fusion. Para Yana, fusion não é nenhum rítmo. “Se você for a África Ocidental, por exemplo, vai encontrar músicos daquela região que pegam nos seus ritmos e partem para outros, como o jazz, o blues, o funky etc., mas eles revelam o nome do ritmo que tocam. Acho que os nossos músicos deviam fazer isso: pegar no nhambaru, por exemplo, e dar-lhe o toque de jazz ou de outro ritmo qualquer, mas você tem que dizer que aquilo é nhambaru e que não é fusion. Não basta dizer que é fusão. Fusão de quê?”
Ainda sobre os rítmos, Yana (que tem já todo o material pronto para a edição do livro, do disco e do vídeo) coloca uma questão que foi muito falada no último Festival de Canção e Música Tradicional, realizado em Pemba, província de Cabo Delgado, no ano passado. É que, por exemplo, a província do Maputo foi representada, para além de outras danças, pela timbila e mapiko. “Mapiko e timbila não são de Maputo. Todos nós sabemos que a timbila é da zona dos vatchopi, nas províncias de Gaza e Inhambane e o mapiko é de Cabo Delgado. Agora como é que estas duas manifestações culturais vão aparecer a representar a província do Maputo? Isso não está correcto. ”
Na sequência da sua investigação (iniciada em 1976 e intensificado a partir dos finais da década de 1980, quando ele começou a viajar pelas províncias), Yana, para além da simples recolha desses ritmo, ele faz também uma apreciação à capacidade de trabalho dos nossos músicos.
“Muitos dos nossos músicos ficam limitados, porque falta-lhes a educação musical. Estamos num país em que falta-nos compositores, regentes e bons intérpretes vocais. A esses intérpretes falta disciplina de treinamento, como fazem por exemplo os guitarristas e outros instrumentos. ”
AFINAÇÃO UNIVERSAL PARA A TIMBILA
Em Zavala (terra onde a timbila é mais representativa) as várias orquestras existentes, cada uma delas tem um som característico. Que as diferencia e dá mais valor a este instrumento elevado ao nível de património da humanidade. Porém, alguém, vindo não se sabe de onde (até aqui não o conhecemos), foi àquele santuário dos vatchopi e obrigou-os a fabricar a timbila com a mesma afinação para todos os grupos. Para o professor Yana isso vai matar a essência da timbila. “Daqui a nada vão obrigar aos timbileiros a porem pedais nos seus instrumentos, como se faz no piano. Aquilo não é piano”.
“Outro valor que se está a perder é que, ao ouvirmos as letras das músicas tradicionais que se tocam em todo o país, poucas vezes ouvimos mensagens da tradição, sobre a história tradicional daquelas tribos. Depois da independência isso começou a morrer um pouco e ficaram as palavras de ordem. Acho que deve haver um equilíbrio para não se matar a tradição.

O LIVRO
Yana vai ainda lançar um livro de educação musical sem professor que, segundo as suas palavras, poderá ajudar muito na formação dos músicos. “O músico precisa de ciência. Se você tem um piano de 72 teclas e usas apenas 10, então não precisas desse piano. Estou a dar aulas numa escola em que tenho poucos adultos lá. O problema é que, quando um músico está em cima, pensa que já atingiu a perfeição”.
Esta afirmação de Yana vem em resposta à pergunta que lhe fizemos: se os nossos músicos lhe procuravam, sabendo da sua formação nesta área. “Mas também a pouca aproximação desses músicos na minha escola, pode estar ligada aos valores monetários que agora têm que se pagar. Antigamente, na escola da Rádio Moçambique, os cursos eram dados gratuitamente, mas os tempos hoje são outros”.
MÚSICA CLÁSSICA
Yana é um homem de trabalho. De música. Durante o tempo em que trabalhou na escola da Rádio Moçambique, fez música clássica, música para filmes, para teatro, escreveu dois concertos e um “rondo”. “Agora vou dar aulas para compositores e regentes para as Igrejas. Existem aqueles que aparecem nas Igrejas a dizer que são regentes, quando na verdade são animadores. Um compositor formado pode criar coisas dele e não passar a vida a imitar, sobretudo música de corais sul-africanos. ”

NOVO DISCO
“STOP THE GUNS”, é o título do disco que Yana vai lançar. Tem um título em inglês que significa “Parem com as armas”, porque, segundo o seu autor, é para ser ouvido pelo mundo. É um disco que não fala só das armas, mas de tudo que constitui o mal para a humanidade: a SIDA, as guerras, a fome. Que pare tudo isso!

Maputo, Quinta-Feira, 26 de Julho de 2007:: Notícias •ALEXANDRE CHAÚQUE

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Chico Antonio Com Poesia no Estomago.

CHICO António é um alquimista da música moçambicana. Escreveu isso um jornalista francês que viu o nosso compatriota actuar – há cerca de um mês - na terra de Charles de Gaulle. Não resistiu em dizer que o futuro da música africana está também nas mãos do nosso compatriota. E nós concordamos em pleno com ele. Porque o autor da mais do que célebre “Baila Maria”, está constantemente – em cada passo que dá – empenhado na transmutação dos ritmos tradicionais para obter o ouro.

Chico está na França – quinze anos após ter recebido o Prémio Descobertas da Rádio França Internacional – para recuperar a relação que estabeleceu com os franceses e o mundo. Ele leva no bornal uma espécie de roque africano, reggae, blues, jazz, para mistura-los ao tradicional, que traz no estômago desde os tempos em que recebe a luz. Ao encontro da qual ele vai. Sempre.

A Europa – para onde Chico António devia ir sempre, ou estar lá, por ser lá onde passa um dos paralelos mais importantes da música universal – anda à procura de um criador como o nosso Chico. E parece tê-lo encontrado. Encontrou-o. Mas o que falta, conforme nos disse o director do Centro Cultural Franco-Moçambicano, Jean Michel, é um manager para abrir as portas deste grande músico.

Chico António é um talento imenso. Nunca se deixou influenciar pela sua grandeza. Ele já diz, numa das suas canções mais profundas, mesmo assim pouco conhecida, que as coisas mais importantes da vida levam tempo para encontrar. É um tema da década de 80 e puxou-o para agora, revestindo-o de reggae. E isto significa que o músico soube esperar. Pacientemente.

Quinze anos depois eis que volta à França. Para avassalar os franceses e o mundo. Deu cinco espectáculos. Que despertaram a consciência dos garimpeiros da futura música africana. Ele esteve num festival onde pontuavam grandes nomes respeitados mundialmente, de entre eles Lokua Kandza e Rachid Taha, este último grande referência no Festival de Jazz de Montereal, que decorreu entre Junho e Julho deste ano. Chico era o único não francófono, no festival que decorreu na França. E numa das suas actuações incendiou completamente uma sala que comportava no seu interior cerca de mil espectadores.

COM POESIA NO ESTÔMAGO
Um jornal francês, o Télérama - num artigo assinado por Daniel Conrod –– escrevia que Chico António é um poeta que traz palavras profundas do estômago e do coração. É um diário de especialidade que escreveu isso. Um diário de pesquisa, que tem todos os dias 800 mil leitores. E o jornalista disse isso depois de ter visto o músico tocar no Xima, na cidade de Maputo, em Agosto deste ano.

Mas o director do centro Cultural Franco Moçambicano insiste em como Chico António tem que ocupar outros espaços na Europa. “O Chico não tem materiais gravados com qualidade, que hoje em dia é exigida na Europa e nos Estados Unidos. E é necessário que isso seja feito, porque este personagem tem um talento de ouro”.

Numa das salas – repleta - em que Chico António tocava, as pessoas, mesmo sem perceberem a língua, regozijavam perante o desempenho deste ídolo de muitos. Ou seja, deste ponto cardeal que a Europa anda à procura. É necessário – segundo Jean Michel - que se façam gravações dos espectáculos de Chico António, a fim de enviá-las para Europa. Só assim é que as portas deste artista podem estar definitivamente abertas. E Chico merece essas portas. Ele é muito bom. Muito bonito de coração. Muito humilde. “Gostaria de ter uma gravação de um espectáculo dele no Xima ou noutro local onde esteja a interagir com o público”. Aliás, ainda sobre o Xima, o jornalista da Télérama, diria que o trabalho de Chico António é sublime.

Ainda sobre o seu desempenho na França, Jean Michel disse-nos que esforços serão envidados para que os moçambicanos vejam o que o nosso compatriota andou a fazer pelo velho continente. “Ele tem todos os elementos para se tornar num dos maiores da Europa e do mundo, ao nível de Salif Keita, Yossou Ndour.


AINDA NA FRANÇA
Chico António ainda se encontra na Europa. Desta feita a fazer teatro. O grupo que lhe acompanhou no espectáculos musicais – composto por Carlitos Gove, Jorge Domingos, Stélio e Rufas Maculuve – já se encontra em Maputo. Chico ficou com cinco actrizes, nomeadamente de Congo Kinshasa, Congo Brazaville, Japão, França e Moçambique. A peça chama-se Talvez. É um trabalho que gravita à volta da mulher. Conta a História da mulher. Uma história contada por mulheres. E Chico António é um único homem no enleco, tendo como missão tocar, cantar e intervir como actor teatral. Nessa representação Moçambique, para além de Chico António, é representado por Açucena Manjate e Errónea Malate.

Eles vão percorrer toda a França com esta peça. Já apresentada em Maputo, nos dias 22 e 23 de Fevereiro deste ano.

Recorde-se que esta estada de Chico António na França teve um contributo do director do Centro Cultural Franco-Moçambicano, Jean Michel e do director da SONARTE, Filimone Mabjaia.

ALEXANDRE CHAÚQUE In Noticias de 16 Novembro de 2007

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Chico Antonio tem "Retrospectiva".


Por ocasião dos cinco anos da «N´kuyengany Produções” têm lugar esta sexta-feira, no «Centro Cultural Franco Moçambicano», um espectáculo para a celebração da efeméride. Este evento irá contar com o retorno aos palcos de Chico António, com «Retrospectiva II».
Esta aparição será marcada por temas executados ao ritmo «Afro-fusion» resultantes de uma evolução notória nos mais de 25anos de carreira musical que já conta Chico António ou o homem de “Mercandonga”, que é um dos seus temas que fez sucesso na década 80.
O antigo vocalista dos «Kapa-Dech», Roberto Isaias que agora actua a solo, mais o «Grupo Coral e Tufo da Mafalala» são os convidados. O espectáculo começa as 20.30.

(Amarildo Valeriano)

CHICO António é um alquimista da música moçambicana. Escreveu isso um jornalista francês que viu o nosso compatriota actuar – há cerca de um mês - na terra de Charles de Gaulle. Não resistiu em dizer que o futuro da música africana está também nas mãos do nosso compatriota. E nós concordamos em pleno com ele. Porque o autor da mais do que célebre “Baila Maria”, está constantemente – em cada passo que dá – empenhado na transmutação dos ritmos tradicionais para obter o ouro.

Chico está na França – quinze anos após ter recebido o Prémio Descobertas da Rádio França Internacional – para recuperar a relação que estabeleceu com os franceses e o mundo. Ele leva no bornal uma espécie de roque africano, reggae, blues, jazz, para mistura-los ao tradicional, que traz no estômago desde os tempos em que recebe a luz. Ao encontro da qual ele vai. Sempre.

A Europa – para onde Chico António devia ir sempre, ou estar lá, por ser lá onde passa um dos paralelos mais importantes da música universal – anda à procura de um criador como o nosso Chico. E parece tê-lo encontrado. Encontrou-o. Mas o que falta, conforme nos disse o director do Centro Cultural Franco-Moçambicano, Jean Michel, é um manager para abrir as portas deste grande músico.

Chico António é um talento imenso. Nunca se deixou influenciar pela sua grandeza. Ele já diz, numa das suas canções mais profundas, mesmo assim pouco conhecida, que as coisas mais importantes da vida levam tempo para encontrar. É um tema da década de 80 e puxou-o para agora, revestindo-o de reggae. E isto significa que o músico soube esperar. Pacientemente.

Quinze anos depois eis que volta à França. Para avassalar os franceses e o mundo. Deu cinco espectáculos. Que despertaram a consciência dos garimpeiros da futura música africana. Ele esteve num festival onde pontuavam grandes nomes respeitados mundialmente, de entre eles Lokua Kandza e Rachid Taha, este último grande referência no Festival de Jazz de Montereal, que decorreu entre Junho e Julho deste ano. Chico era o único não francófono, no festival que decorreu na França. E numa das suas actuações incendiou completamente uma sala que comportava no seu interior cerca de mil espectadores.

COM POESIA NO ESTÔMAGO

Um jornal francês, o Télérama - num artigo assinado por Daniel Conrod –– escrevia que Chico António é um poeta que traz palavras profundas do estômago e do coração. É um diário de especialidade que escreveu isso. Um diário de pesquisa, que tem todos os dias 800 mil leitores. E o jornalista disse isso depois de ter visto o músico tocar no Xima, na cidade de Maputo, em Agosto deste ano.

Mas o director do centro Cultural Franco Moçambicano insiste em como Chico António tem que ocupar outros espaços na Europa. “O Chico não tem materiais gravados com qualidade, que hoje em dia é exigida na Europa e nos Estados Unidos. E é necessário que isso seja feito, porque este personagem tem um talento de ouro”.

Numa das salas – repleta - em que Chico António tocava, as pessoas, mesmo sem perceberem a língua, regozijavam perante o desempenho deste ídolo de muitos. Ou seja, deste ponto cardeal que a Europa anda à procura. É necessário – segundo Jean Michel - que se façam gravações dos espectáculos de Chico António, a fim de enviá-las para Europa. Só assim é que as portas deste artista podem estar definitivamente abertas. E Chico merece essas portas. Ele é muito bom. Muito bonito de coração. Muito humilde. “Gostaria de ter uma gravação de um espectáculo dele no Xima ou noutro local onde esteja a interagir com o público”. Aliás, ainda sobre o Xima, o jornalista da Télérama, diria que o trabalho de Chico António é sublime.

Ainda sobre o seu desempenho na França, Jean Michel disse-nos que esforços serão envidados para que os moçambicanos vejam o que o nosso compatriota andou a fazer pelo velho continente. “Ele tem todos os elementos para se tornar num dos maiores da Europa e do mundo, ao nível de Salif Keita, Yossou Ndour.

AINDA NA FRANÇA

Chico António ainda se encontra na Europa. Desta feita a fazer teatro. O grupo que lhe acompanhou no espectáculos musicais – composto por Carlitos Gove, Jorge Domingos, Stélio e Rufas Maculuve – já se encontra em Maputo. Chico ficou com cinco actrizes, nomeadamente de Congo Kinshasa, Congo Brazaville, Japão, França e Moçambique. A peça chama-se Talvez. É um trabalho que gravita à volta da mulher. Conta a História da mulher. Uma história contada por mulheres. E Chico António é um único homem no enleco, tendo como missão tocar, cantar e intervir como actor teatral. Nessa representação Moçambique, para além de Chico António, é representado por Açucena Manjate e Errónea Malate.
Eles vão percorrer toda a França com esta peça. Já apresentada em Maputo, nos dias 22 e 23 de Fevereiro deste ano.

Recorde-se que esta estada de Chico António na França teve um contributo do director do Centro Cultural Franco-Moçambicano, Jean Michel e do director da SONARTE, Filimone Mabjaia.

ALEXANDRE CHAÚQUE In Noticias de 16 Novembro de 2007

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Deodato Siquir Encanta na Dinamarca


Longe de casa, Deodato Siquir não esquece a terra natal, o exemplo é este, o seu primeiro CD, BALANÇO, chegou a Moçambique, ou melhor, os seus amigos já o têm...
O seu lançamento oficial foi na Dinamarca a 8 de Novembro de 2007.

Para curtir as musicas deste jovem Moçambicano, radicado da Dinamarca. Click aqui boa audição...

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Djaakas

Os 10 músicos que compõem a banda «Djaaka» viajaram para Inglaterra com o pretexto de gravar um disco. Foram impedidos de entrar naquele país europeu e devolvidos à procedência. A ocorrência deu-se no Aeroporto Internacional de Londres, na quarta feita dia 28 de Junho, alegadamente por irregularidades com os respectivos vistos de entrada, apurou o «Canal de Moçambique» junto de um elemento do respectivo grupo que solicitou anonimato.

“Estávamos preparar a gravação do disco há cerca de seis meses na cidade da Beira porque sabíamos que a partir do dia 23 de Junho o nosso agrupamento tinha que estar na Inglaterra para gravar o disco”, disse a fonte do «Djaaka». “Não foi possível embarcar nessa altura para gravar o disco.” “Ainda tínhamos que dar outros shows em Maputo”.

As despesas de gravação do disco assim como as passagens aéreas para os 10 elementos do grupo no percurso Beira/Maputo/ Maputo/Joanesburgo/Londres e alguma parte do cachê estavam pagas por um patrocinador.

“Fomos pagos as despesas aéreas e uma parte do cachê de bolso”.
“Perdemos esta oportunidade que caiu do céu. Agora não sabemos quando é que teremos o nosso disco gravado”.

Entretanto o responsável do Agrupamento Djaaka, Dioniso de Almeida, em conversa com o «Canal» disse que estava a enfrentar sérios problemas com a questão de vistos para viajar para Londres, “Está a ser difícil viajarmos para Inglaterra. Fomos rejeitados por duas vezes e neste momento estamos num impasse para termos a nossa viagem concretizada”.

De Almeida disse ainda que já tinha estado por duas vezes na vizinha África de Sul para resolver a questão dos vistos sem alcançar sucesso. Segundo ele o grupo já pensa fazer a gravação na Itália e não na Inglaterra.

Djaaka nao so impressionarao a audiencia Mocambicana com os seus shows ao vivo, mas tambem a audiencia da Europa, Africa do Sul, Mauricias etc. Djaaka e uma verdadeira banda ao vivo, Musicos competentes e bailarinos excepcionais todos vestidos num trage real africano, de "muito pouco pano".


O grupo foi fundado na Beira por bailarinos de danca tradicional da ”Companhia de música e dança tradicional da Beira”. De imediato, eles venceram o festival “Music cross roads” e foram convidados a participarem no festival regional no mesmo ano. Elas conquistaram varios premios, um dos quais foi visitar o museu etico de musica na Suecia “Fallun”. A musica deles reflecte a tradicao da zona centro de Mocambique e a marimba da regiao chamada "Timbila" que e distinguivel nas suas musicas. As letras das suas cantigas contam historis e situacaoes de pobreza, desastres sociais e a agravante Sida em Africa. No geral, a musica deles tem uma atmosfera polyrithmica, trazendo um sentimento que se identifica muitas das musicas africanas. Djaaka tocam musicas contemporaria com um forte acento tradicional. Djaaka cantam no dialeto local chamado Massena, mas incorporam tambem outros dialetos como Bemba e Njanja da Zambia. Djaaka foram tambem convidados para tomar parte nos Festivais das Ilhas Reuniao, Mauricias, Africa do sul, Zimbabwe, Italia e Reino Unido. Eles venceram o premio supremo do TOP-Ngoma Mocambique tres vezes.

http://www.youtube.com/watch?v=sqSCCwrl9D8






In Canal de Mocambique (Conceição Vitorino) 2006-07-02 22:28:00

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Eyuphuro, a Perola da Ilha de Mocambique

Formado em 1981 e liderado originalmente por Omar Issa e pelo dueto de cantores-compositores Gimo
Remane e Zena Bacar, Eyuphuro (que em língua Macua significa Furacão) sempre se empenhou em
manter os ritmos tradicionais da província de Nampula, sua terra natal, tais como o tufo, namahandga, masepua, djarimane, morro e chakacha, embora também se inspirem em estilos mais cosmopolitas da Ilha de Moçambique, situada a norte do País e ligada por uma ponte de 3,5 Km.
A música de Eyuphuro reflecte o papel da Ilha enquanto ponto de encontro das culturas africana, árabe e latina, desde o Séc. VIII, o que criou uma enorme fusão de influências musicais. Introduziram assim um novo Afropop, rico na guitarra acústica, harmonia vocal e ritmos 12/8 com um distinto swing moçambicano.
Em 1989-91 gravaram "Mama Mosambiki", uma das melhores gravações alguma vez produzidas na região; um álbum que foi um dos primeiros lançamentos da Real World, editora do Peter Gabriel e que contou com tournées na Europa e EUA.
Quase dez anos depois, após uma interrupção na carreira da banda, apresentam "Yellela", colocado em segundo lugar na tabela da World Music em 2001.
Nos anos seguintes os Eyuphuro gravaram novos temas para o álbum "25 anos" e para o álbum "Watana".
No regresso de uma extensa tournée que comemorou os seus 25 anos, a banda convidou o cantor Ali Faque que agora também integra a formação em palco.
A digressão do grupo Eyuphuro (one of Africa's most distinctive bands, Folk Roots) pela Europa, de Junho a Julho de 2006, incluiu 2 shows em Portugal.

O primeiro concerto da digressão teve lugar no dia 8 de Junho no Festival Cineport (FESTIVAL DE CINEMA DE PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA) em Lagos, Portugal.
Além deste concerto o grupo participou num Seminário no dia 9 de Junho no Salão Nobre dos Paços do Concelho sobre o lema: PARCERIAS PARA A COOPERAÇÃO CULTURAL NO ESPAÇO DA CPLP.

No dia 9 de Julho os Eyuphuro actuaram no AFRICA-FESTIVAL LISBOA, Portugal.
O Africa Festival, é o mais importante festival dedicado apenas à musica Africana em Portugal.
O Festival decorreu no jardim da torre de Belém em Lisboa nos dias 6, 7, 8 e 9 de Julho de 2006. Coube aos Eyuphuro a grande honra de encerrar este magnifico festival com chave de ouro, que já contou no ano passado com a presença de um outro conjunto Moçambicano: Mabulu.


Durante a digressão a Pro Music produziu um DVD, incluindo imagens dos concertos no MONTREUX JAZZ FESTIVAL, no AFRICAFESTIVAL em Portugal e na Ilha de Moçambique, terra natal da "voz de ouro de Moçambique", Zena Bacar.


Eyuphuro no Gil Vicente em Maputo

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Nome de Musicos para Avenidas

Comunicado de Imprensa (Maputo, 18 de Dezembro de 2007) Conjunto Djambo, Conjunto João Domingos, Gito Balói,
Karel Pott, Willy Waddington poderão ser nomes de ruas em Maputo O Conselho Municipal de Maputo, reunido esta
manhã, na sua 41 ª Sessão Ordinária, aprovou a proposta de alteração de topónimos de vias públicas em alguns bairros
da capital nomeadamente Alto-Maé ”B”, Central “A” e ”B”, COOP,
Malhangalene “A” e “B”, Polana-Cimento”A”, Sommerschield, Aeroporto
“A”, Chamanculo “A”, Malanga, George Dimitrov e 25 de Junho “A” e
“B”. Esta proposta, que deverá ainda ser submetida à Assembleia Municipal para apreciação, contempla
novos topónimos como o Conjunto Djambo, Conjunto João Domingos,Gito Balói, Chico da Conceição, Karel Pott, Willy
Waddington, Abel Faife, Aurélio Manave, entre outros.

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Conjunto Joao Domingos Lancou CD



Finalmente depois mais de quatro decadas a animar os coracoes Mocambicanos, o Conjunto Joao Domingos lancou seu primeiro CD. Foi produzido "live" em Macau durante as celebracoes do Dia de Portugal, aos 10 Junho de 1995. E um disco Puro, cheio de alma.


Muita pena que a maquina de marketing nao tenha feito esforcos suficientes na promocao e divulgacao desta trabalho na nossa praca.


Em abono da verdade, eu nao me importaria de ter um exemplar desta banda na minha colecao.

Escute aqui alguns dos temas interpretados pelos Conjunto Joao Domingos.

http://www.malhanga.com/joao_domingos/01.html
http://www.malhanga.com/joao_domingos/07.html
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Joao Paulo, a Voz de Ouro

Abordamos o músico, para uma entrevista, a que ele gentil e prontamente acedeu, falando do que tem sido o seu percurso ao longo das cerca de quatro décadas em palcos do país e não só. Mostrou-se de certo modo desapontado, particularmente pelo desempenho pouco profissional das pessoas que têm como responsabilidade promover o trabalho dos músicos em Moçambique. O nosso entrevistado entende por outro lado que o Governo devia desempenhar um papel mais activo nesse âmbito. A seguir passamos as partes mais significativas dessa conversa com o rasta-man, que também aceita – e gosta – que lhe tratem JP.

JP no Gil Vivente

- João, explique antes de mais nada como veio parar por estas bandas de Gaza?

- Antes de mais permita-me que eu mande um grande abraço de reconhecimento, especialmente a equipa médica que se encarregou da minha saúde ao longo destes três meses aqui em Xai-Xai. Vai efectivamente do fundo do coração um grande agradecimento a toda a equipa médica que me assistiu, especialmente ao jovem cirurgião doutor Manhiça, que me restituíram a vida e a vitalidade que volto a ostentar. Para todo aquele aparato clínico o meu maior respeito e consideração. Sobre o que vim apanhar aqui em Xai-Xai é sem dúvidas o resultado de um excelente trabalho que vem sendo desenvolvido nos últimos dois anos pelo doutor Ivo Garrido, ministro da Saúde.

- É um cantor muito referenciado no nosso país desde a década de 1960, em que entrou para a música. Como é que entra para a arte?

- Gostaria de dizer que antes de ingressar para o mundo da música, passei pelos campos de futebol, tendo jogado na década 60 no então Sporting de Lourenço Marques, o actual Maxaquene, como júnior, porque nessa época era sonho de qualquer jovem tentar chegar aos patamares alcançados por ídolos e figuras incontornáveis do nosso futebol que, aliás, atingiram patamares ao nível mundial ao serviço de Portugal. Me refiro concretamente ao Eusébio da Silva Ferreira, ao Mário Coluna, Vicente Lucas, Costa Pereira, apenas para citar alguns exemplos. Estive integrado no mundo da bola até que contraí uma grave lesão durante um jogo amigável no antigo bairro Indígena (Munhuana), e a minha mãe nunca mais quis que eu voltasse a tocar na bola, pondo fim à minha carreira ainda emergente. Muitos não conheciam esta faceta da minha vida. Para compensar este desaire, e porque era muito religioso naquela altura, e continuo a ser apesar de não aparecer com frequência na Igreja, e porque então fazia parte do grupo coral da Missão Suíça, onde descobri a minha vocação e paixão pela arte de cantar, pela mão do grande músico moçambicano Gabriel Chiau, recebi as primeiras lições que acabariam por ditar a frequência das minhas aparições no mundo da música em Moçambique e além fronteiras. Trilhei esses caminhos com grandes figuras que hoje são grandes dirigentes políticos, casos dos doutores Eneas Comiche, Joel Libombo, Inácio Magaia, por aí fora. Uma grande força igualmente de Marracuene, minha terra natal, porque os meus pais e outros familiares que os rodeavam fervilhavam pela música devido à influência que lhes foi imposta pela Igreja. as esse fervor acabou sendo aliado ao gosto que sempre tive pela leitura e arquitectura, o que me conferiu que ao mesmo tempo que tentava seguir com seriedade o percurso da música, com apoio de grupos como o Djambu e João Domingos, acabei fazendo no Instituto Victor Ribeiro o curso de desenho civil, outra minha grande paixão, facto que apenas foi possível graças a apoios multiformes que tive na altura do arquitecto Márcido Guedes, um dos mentores da cidade de Maputo.

JP numa das suas ultimas apresentacoes, no video com Rhodalia.


- Mas quando é começa a paixão pela soul music?

- Tudo começou quando um tio meu me ofereceu um disco de Ray Charles e de um músico argelino que dizia numa das canções que África era para os africanos, Europa para os europeus, a América para os americanos e Ásia para os asiáticos. Foi então quando comecei a ganhar consciência de quão penosa era a colonização a que estávamos submetidos pelos portugueses. Nessa altura eu já ouvia falar com alguma insistência de figuras como Patrice Lumumba, Kwame Nkrumah e do grande poeta e dirigente senegalês Leopold Sedar Senghor. Esta foi a razão que me levou muito cedo a adoptar um estilo de música com tendências afro-americanas.

- Quando é que começa a subir aos palcos com mais frequência?

- Muita gente pensa que eu comecei a cantar nos Monstros. Não, não e não. Eu devo realçar aqui as oportunidades que então me foram dadas pelo conjunto João Domingos e pela orquestra Djambu, no início da década 60. Eles viam em mim alguém que merecia uma oportunidade para se lançar efectivamente na música. Só no início da década 70 é que fundamos os Monstros na companhia do Adolfo viola baixo, com Arlindo Malote na bateria. A música era um lobbie para mim porque eu trabalhava na construção civil, no Prédio Santos Gil.

- Neste momento me parece viver apenas da actividade musical, será que é mesmo possível viver-se em Moçambique exclusivamente de música?

- Se lhe dissesse que sim estaria a trair-me a mim mesmo, porque efectivamente o que está a acontecer é uma tentativa de sobrevivência. Continuo a dizer que o nosso Governo deve ser mais actuante neste âmbito, concebendo que a nossa actividade é de um contributo inestimável para o país e para o nosso povo. Que os músicos desempenham igualmente um papel determinante na busca de soluções para a melhoria de vida, mas estes estão pura e simplesmente votados ao abandono. Devo ainda dizer que, infelizmente, a classe dos empresários ligados ao mundo do espectáculo está simplesmente pautando pela mediocridade. Os empresários da área que levam esta actividade com a necessária seriedade são ínfimos, o que é uma grande pena, mas vamos vivendo mesmo assim.

- Pelos vistos não está mesmo satisfeito com o actual estágio da nossa música?

- As coisas podiam estar muito melhor do que estão hoje, se efectivamente tivéssemos empresários com qualidade, infelizmente não é o que está a acontecer, para a frustração total da classe, daqueles que efectivamente encaram a música com a necessária responsabilidade. Sobre a música que se produz hoje, tirando um e outro talento, de uma maneira geral a situação é crítica. Pouco ou nenhuma criatividade, mas acredito que esta é uma tempestade que num futuro próximo irá passar, e aqueles que têm estado a promover essa mediocridade irão compreender que a música vale quando é, efectivamente, moldada com todos os condimentos. É assim em qualquer parte do mundo e acredito que aqui no nosso país a razão da verdade irá vingar e nós nos poderemos afirmar no mundo da música, reconquistando o lugar que nos é devido. Mas repito que isto passa necessariamente por termos uma classe empresarial com esta cultura e, sobretudo, é imperioso que o Governo assuma um maior protagonismo em defesa e promoção da actividade musical, como parte de uma actividade que muito pode trazer para o nosso país e não. Gostaríamos de ver cada vez mais actuantes dos nossos dirigentes, só assim é que poderemos ver valorizada a nossa classe.

- O que achou da actividade musical em Xai-Xai durante os cerca de três meses em que esteve aqui?

- Antes de falar desse pertinente assunto, gostaria de endereçar uma palavra de carinho e de reconhecimento para todos aqueles que ao longo deste período me prestaram todo apoio para que a recuperação do meu estado de saúde fosse uma realidade. Encontrei em Xai-Xai uma enorme paz de espírito e uma solidariedade espectaculares. Respondendo à sua questão diria que à semelhança do que está a acontecer na capital do país e pelo país fora, a ausência de uma classe empresarial à altura faz com que também em Xai-Xai os artistas enfrentem as mesmas dificuldades. E a situação torna-se mais grave ainda em relação a esta cidade devido ao atraso em que se encontra a urbe e a província em geral, originado principalmente pelas destruições ocorridas durante as cheias de 2000. As instalações do Clube de Gaza, que durante muito tempo eram como uma espécie de catedral de artes e letras, sofreram, aliás, um duplo golpe. Primeiro com as cheias e depois com o incêndio que devorou por completo a única sala de cinema de que dispunha a cidade de Xai-Xai. Vai ser necessário um grande trabalho para se reconstituir um vasto rol de infra-estruturas ligadas à actividade cultural no geral e musical em particular, cabendo ao empresariado local um papel de extrema importância. Mas em Xai-Xai não vi apenas dificuldades, quero deixar aqui o meu reconhecimento pelo excelente trabalho que vem sendo feito pelo jovem empresário Sérgio, que neste momento tem estado a desenvolver um excelente trabalho, visando resgatar o protagonismo na realização de espectáculos que sempre caracterizaram Xai-Xai, em particular, e Gaza, em geral. Por outro lado, algumas casas de pasto vão paulatinamente assumindo a necessidade de devolver à Xai-Xai os velhos e saudosos momentos de entretenimento salutares. Figuras como o grande empresário Mansur Daúde, Amílcar, este último proprietário do Miau-Miau, devem ser apoiadas e acarinhadas pelo Governo nas suas iniciativas, para que continuem a dar o seu contributo no mundo dos espectáculos.

In, Noticias de 12 de Setembro 2007

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quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

340ml


Because these things can be a drag we'll keep it simple. 340ml are 4 boys from Maputo, Moçambique, living a life of music (amongst other things) in Johannesburg, South Africa. They've been working as a collective since 2001, fusing their distinct personalities to release albums (Moving 2004 Sorry For The Delay 2007), travel the world, colaborate, feature, etc...pretty much what other bands do.

wwhttp://www.youtube.com/watch?
v=WjFQlyNuo9U&feature=related
Fonte: MySpace

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Timbila Muzimba Firme no Sucesso


O AGRUPAMENTO Timbila Muzimba vai lançar no próximo dia 21, no Instituto Camões, em Maputo, um projecto de homenagem ao mestre moçambicano da Timbila, Venâncio Mbande. Esta homenagem é o ponto de partida de uma série de acções que irão decorrer em Maputo e em Inhambane, e conhecerão o seu ponto mais alto em Maio. Grupos como Timbila Muzimba, Timbila ta Gwevane e a orquestra de Eduardo Durão, que actuarão no dia 21, sairão de Maputo numa romaria que os levará a Zavala, Guilundo (terra natal de Venâncio Mbande) e culminará na cidade de Inhambane.

Com esta iniciativa pretende-se lançar um apelo no sentido de se angariar apoios para Venâncio Mbande que está a atravessar momentos críticos na sua saúde – é diabético -, devendo ser ajudado na compra de medicamentos, e ainda para a aquisição de materiais usados na produção de instrumentos musicais.

Até agora o agrupamento Timbila Muzimba só conta com o apoio do Instituto Camões, que cedeu o espaço onde vai decorrer o evento. No entanto, está em falta o transporte que vai trazer Venâncio Mbande, de Guilundo, em Inhambane, até Maputo, e levá-lo de volta. Os Timbila Muzimba ainda não conseguiram encontrar um parceiro que lhes ajude a pagar ou dar acomodação e alimentação para o mestre.

O Director Artístico de Timbila Muzimba, Matchume Zango, explicou que ao lançarem esta iniciativa pretendem, por um lado, chamar atenção para a necessidade de preservação e perpetuação da timbila – elevada a Património Cultural da Humanidade em Novembro de 2005 - , sem, no entanto, esquecer-se dos seus fazedores, neste caso Venâncio Mbande. E, por outro, os organizadores desta acção querem que a mesma sirva de coro para dizer alto, e em bom tom, que Venâncio Mbande está doente e precisa de apoios moral e material.

“O que nós não queremos é falar da necessidade de se apoiar uma pessoa que ninguém está a ver. Venâncio Mbande está doente, mas vamos fazer o esforço de trazê-lo para aqui e dizermos que este mestre da timbila precisa de ser apoiado”.

Venâncio Mbande já não tem a mesma pujança de outrora, e aos 74 anos de idade começam a faltar-lhe forças suficientes para compor e produzir instrumentos. Mais ainda, quando sabemos que os materiais para a produção destes instrumentos musicais estão a preços incomportáveis para o nosso mestre da Timbila.

A par disso, os Timbila Muzimba estão a compor um tema denominado: “Solo para Timbila”, que é uma exaltação à figura que ajudou a elevar para o topo a nossa timbila.

No dia 21 a organização vai também projectar imagens recentes onde mostram vários momentos da vida que Venâncio Mbande leva na sua aldeia em Guilundo, distrito de Zavala, província de Inhambane.

A sua vida confunde-se com a própria vida artística da pacata localidade de Guilundo. Muito cedo aprendeu a dançar Makara e Ngalanga e aprendeu a tocar mbila.

Ele impulsionou a criação de pequenos grupos de timbila.

Depois de uma passagem pelas minas de ouro da África do Sul, onde também continuou a cantar e a tocar, onde também foi um verdadeiro sucesso, Venâncio Mbande regressou ao país, criando uma série de orquestras de timbila.

As qualidades no toque, no canto e na dança e a qualidade dos instrumentos que produz levaram-no a realizar várias viagens pelo mundo, tais são os casos de países como Holanda, Dinamarca, Alemanha e Portugal.

A sua actual orquestra é composta por 14 timbilas, que são tocadas por ele e pelos seus filhos e outros parentes seus.

Francisco Manjate


QUEM agendou a sua sexta-feira para ver os Timbila Muzimba no Teatro Avenida, poderia estar a pressentir que iria encontrar uma banda cautelosamente ensaiada para aquele show. Por outro lado, houve ainda aqueles que aguardavam para crer, pairando sobre eles o ambiente de receio, já que na prática quotidiana é com frequência crescente que somos confrontados com bandas que hoje se exibem em alta, mas passado algum tempo acabam reduzidas a nada por múltiplas causas, sendo uma delas a vaidade e falta de modéstia.

Mas como a orquestra Timbila Muzimba gere uma carreira experimentada de dez anos, logo que subiu ao palco, não deixou os seus créditos em mãos alheias, mostrando que não perdeu a sua marca de qualidade. Até porque não podia ser de outro modo, com um disco editado e vários concertos em festivais dentro e fora de Moçambique.

Foram aqueles sons de fusão de ritmo chope com de outros pontos do país que contagiaram a plateia multicultural convidada pelo Instituto Cultural Moçambique-Alemanha-ICMA ali no “Avenida”.

Numa noite em que os instrumentistas estavam inspirados, tocavam obcecados na timbila, como se estivessem em terras de Zavala ou Inharrime...e o público, tomado de emoção, festejava gritando, “Warethwa!” “Warethwa!”, “Warethwa!”.

A dado momento, o palco foi invadido pelos fãs que cantaram e dançaram livremente com os seus ídolos. Foi interessante ver que a música não tem definitivamente fronteiras...e as ovações nao paravam, afinal a festa era rija!

E assim o Timbila Muzimba confirmava mais uma vez que eles têm sabido manter-se num nível aceitável; e que mantinham firme o sucesso que transportam há anos. É que para se chegar a celebridade pode ser fácil, porém difícil será conseguir manter-se incólume.

Convém anotar aqui que um dos momentos mais altos desse show, foi quando o grupo anunciou que iria tocar um tema da autoria de Fofinha, uma antiga bailarina já falecida e que foi membro fundadora do Timbila Muzimba.

Com oito elementos em palco, os quase sessenta minutos, foram poucos para estes jovens trazerem todas as melodias complexas e mágicas do povo chopi, que viu a timbila a ser considerada património mundial da humanidade pela UNESCO em 2004.

http://www.jornalnoticias.co.mz/pls/notimz2/getxml/pt/contentx/117368
Dois anos depois de terem participado juntos em "Num Abril e fechar de olhos", Timbila Muzimba, Fran Pérez e o Trigo Limpo teatro ACERT, voltam a encontrar-se num novo espectáculo – "Chovem amores na rua do matador".

Esta nova criação, com estreia marcada para dia 4 de Dezembro, é da autoria de Mia Couto e José Eduardo Agualusa, e marca a segunda etapa do projecto Interiores e o resultado do desafio lançado a estes dois escritores para criarem um texto inédito para o Trigo Limpo teatro ACERT.

A banda sonora original do espectáculo conta ainda com as participações do Galego Fran Pérez e dos Moçambicanos Timbila Muzimba.

Ouça o tema de abertura do espectáculo:

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Stewart Sukuma com convidados de luxo lanca Nkuvo.

Esteve em palco Stuart Sukuma, num espectáculo em que trouxe convidados de luxo: Roger, Bonga, Lokua Kanza, Jimmy Dudlu e Jenny, que acaba de editar o seu álbum de estreia.

STEWART SUKUMA:


Um guerreiro obstinado numa noite de rubis

O nome em si já é uma elevação da existência: Nkuvo. É o título que Stewart Sukuma elegeu para dar ao seu segundo disco. Já que o antecedente a este, ele próprio preferiu não contar, por ser uma colectânea de temas já editados em outros momentos da sua trajectória. Nkuvo significa festa, celebração, aclamação, alegria e, Sukuma, com um grande sentido de oportunidade, seguiu essa luz e gravou uma obra com todas as ferramentas para perfurar muitos espaços do globo terrestre. Conseguiu-o.
Também não podia não o ter conseguido porque os fundamentos que ele foi buscar para estabelecer o seu sonho, são muito fortes demais para soçobrarem. Ou seja, quando personagens do porte de Jimmy Dludlu, Lokua Kandza, Bonga – e também Roger – vêm a terreiro, todos nós temos que nos render, porque tudo o que eles vão fazer com as mãos e as cordas da voz e o corpo, é sagrado. Significando, por isso mesmo, que o disco de Stewart Sukuma está abençoado.

No dia anterior ao espectáculo realizado na sexta-feira, para o lançamento do disco deste jovem ousado – segundo Bonga – já pairava no ar a sensação de que a noite que nos esperava no dia marcado para o lançamento de Nkuvo, tinha todos os materiais para constar nos anais dos grandes espectáculos a que já assistimos na nossa terra.
Bonga não podia deixar momentaneamente a Europa para vir a Maputo passear. Ele próprio sabe que tem um grande nome para defender, esteja onde estiver, com quem estiver. Jimmy Dludlu tem uma digressão marcada para a Europa. Tem compromissos na África do Sul e, se veio, sabe muito bem porque o fez, pois cada dedilhar de Jimmy é uma grande responsabilidade. É um engrandecimento da própria música.



Uma homenagem ao afro-jazz. Ao jazz.

Lokua Kandza já produziu trabalhos de grandes nomes como Ismael Lô, Cesária Évora e Papa Wemba. O que ele canta ultrapassa a nossa capacidade de sentimento, então, se ele está aqui, ao lado de Stewart, em Maputo, é porque algo de importante vai acontecer. É como a chuva: quando cai, é porque algo de importante vai acontecer. E aconteceu mesmo: O Cine-Teatro África terá acolhido um dos maiores shows dos últimos tempos. Com um desempenho dos artistas ao seu próprio nível, e uma participação fenomenal do público, que não teve nem um minuto sequer para respirar.

POLIGLOTA
Stewart ganhou bastante com aquela comunicação – que fez - em várias línguas no “África”: Xithswa, Gitonga, Xangana, Koti, Ximakonde e Português. Toda esta amálgama fez do nosso compatriota uma figura querida, cantando sob o acompanhamento de jovens profissionalmente adultos e maduros. Oferecendo-nos um espectáculo de oxigénio limpo.
Sukuma ganhou também pela diversidade de ritmos que ele nos dá, sobretudo pela homenagem que faz – sendo ele do norte – aos originários do sul.


Este músico surpreende pela sua argúcia, pelo imenso sentido de oportunidade, porque quem se faz rodear de falcões como Jimmy Dludlu, Lokua Kandza, Bonga e também Roger, só pode ser alguém com muito tacto. Stewart demonstrou igualmente grande sensibilidade ao chamar para o seu projecto as “meninas” Sheila Jesuita e Geny e o poderoso Majescoral, que deram uma grande energia ao Nkuvo.


O espectáculo em si não podia ter sido melhor, embora Stewart, em alguns momentos, tenha demonstrado alguma incapacidade de dominar as suas emoções. A presença daquela força toda poderá ter levado, em certa medida, o músico a pensar que estava a sonhar. Não é todos os dias que um artista jovem – embora muito batalhador - pode estar no mesmo palco e no mesmo momento com gigantes e ainda por cima como cabeça de cartaz. Mas Stewart esteve com eles, naquele espaço que fará parte, para sempre, da sua história, que já não é curta.


Stewart, acompanhado pelos Mozpipa.


STEWART COM MULETAS
E o que nós podemos constatar. Porque o disco de Stewart Sukuma, se tem as pernas que tem para abrir o mercado mundial, não será propriamente por ele, mas pelos nomes que a obra engloba. Não haverá ninguém que, vendo os nomes estampados em Nkuvo, resistirá a comprar o álbum. Quem já ouviu músicas de Jimmy Dludlu, Lokua Kandza, Bonga, não precisará ouvir outra vez para comprar o disco. Compra logo. E Stewart sabe disso. E a isso chama-se sentido de oportunidade. Chama-se visão, provavelmente comercial. E se for isso, então está tudo bem.
Mas o que pode estar a acontecer, sem que abone muito a favor do nosso Stewart, é a sua recorrência a nomes de peso para fazer passar a sua mensagem. É o recurso às muletas, como artista. Pois o que ele faz agora, devia fazê-lo quando já estivesse em órbita no Cosmos. E Stewart ainda não está em órbita no Cosmos.
Stewart Sukuma, entretanto, comportou-se a contento no “África”, com um diálogo feito de emoções e uma movimentação esforçada. Deu-nos festa, este jovem, e está de parabéns. Sobretudo pela sagacidade. Por nos ter estendido a diversidade.

AÍ VAMOS NÓS
É como se eles quisessem dizer isso mesmo: aí vamos. Ele próprio- o Bonga – dizia: há pessoas que não acreditam que sou eu. Mas sou eu mesmo. Disseram-me para tirar a roupa que eu trazia a fim de vestir à moçambicano. Estou bonito?
Bonga estava bonito. Jovem. Jovial. Cantou o número que vem no Nkuvo, depois deslizou para Mulemba Xa Ngola, Tenho Uma Lágrima no Canto do Olho, Kisselenguenha e tocou percussão e dançou. Bonga levava-nos com o semba de Angola. Sentiu o grande calor do público. Entregou-se a ele e fez festa.

Depois Stewart foi buscar aquele belo tema de Hortêncio Langa: A Lirandzo, que consta em Nkuvo. Cantaram os dois. Abraçaram-se e foram recebidos, de coração, por todos. Foi ainda bonito ver Sheila Jesuita, Stewart Sukuma e Roger cantando Olimwengo. Foi maravilhoso.
Lokua Kandza tem uma voz da classe dos Salif Keita, Yossou Ndour, Ismael Lô e outros poucos. Ele tem a particularidade de nos enlear com a guitarra de caixa, sentado num banco alto, tranquilo e feiticeiro. Era ele. Ele mesmo: o Lokua. Cantando com classe para todos, que se curvaram aos seus pés. Diante daquela voz mimada com mirra, cuidada até ao extremo, porque se assim não fosse, não teríamos o Lokua que temos. Lokua Kandza hoye! Hoye!

E AGORA JIMMY!
Get up every bod. Let’s dance. São estas as palavras de Jimmy Dludlu quando entrou para o palco, vestido de fato branco. Óculos claros. Chapéu preto, de feltro e a sua Fender a tira-colo. Let’s dance. E Jimmy batia as palmas no ar, com elegância, enquanto os instrumentistas arrancavam melodias. E o público, de pé, dançava na sala do “África”.
Jimmy começou a dedilhar de forma auspiciosa. Deu o primeiro, deu o segundo e, quando deu o terceiro número – Wene Unga Yale – então era o orgasmo da noite. Porque “Felismina”, de Stewart, não vai ter asas suficientes para dar o golpe final. Esse golpe foi dado por Jimmy Dludlu.
Foi um espectáculo de ouro.

No rol dos artistas que também abrilhantaram o festival figuras como MC Roger, a 9 de Novembro, tendo como convidados Zico, DJ Ardiles, Doppaz, Dikey, Ali Angel, Maysa.


Click neste link para ver o video do tema Oluwenko com participacao especial de Roger.


Stewart Sukuma com a banda Afritiki em Boston nos E.U.A.


Notícias 5 de Novembro de 2007 . ALEXANDRE CHAÚQUE

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Moreira Chonguica... e Sama Awards!

Na penúltima vez que Moreira Chonguiça veio actuar à sua terra, em 2006, deixou-nos com água na boca. Porque esse espectáculo - no Coconuts - acabou e queríamos mais. Daí a grande expectativa que rodeou a sua última aparição, sexta-feira no Cine África. Casa cheia foi o que tiveram os organizadores e palco cheio o que contemplaram as mais de mil almas que acorreram ao recinto.


A música, essa estalou logo de início, quando Moreira inventou uma forma para si invulgar de começar um espectáculo. Ao invés de entrar escalar o palco pelos bastidores, como é normal, preferiu fazê-lo pela porta do público, pela frente. Entrou aos sopros, em solos que fizeram estalar uma euforia própria de uma assistência que estava ávida de bons momentos musicais. A boa música anda, realmente, um bocado longe dos nossos palcos, infestados muitas vezes pela mediocridade que tende a caracterizar muitos espectáculos.
O saxofonista moçambicano baseado na Cidade do Cabo, África do Sul, estava cheio de vontade – pelo menos demonstrou-o – de fazer da noite de sexta-feira uma ocasião inolvidável para si e para a plateia. Para isso serviu-se do talento dos colegas que o acompanhavam naquela noite: os irmãos Frank e Tony Paco nos instrumentos de percussão, Hélder Gonzaga, jovem baixista a quem Moreira faz rasgados elogios (não é para menos, o jovem que deixou há poucos anos o país engrossar a colónia moçambicana do Cabo é mesmo bom de dedo), mais um guitarrista e, finalmente, o seu braço direito Camilo Lombard, pianista e organista sempre apetecível de ver. Apesar de todo este potencial – não há qualquer mácula nas habilidades de todos e cada um dos acompanhantes de Moreira Chonguiça – aquele não foi um grande concerto. Quer dizer, Moreira quis fazer espectáculo, mas não o conseguiu.

POUCO SAL EM MUITA ENTREGA
O começo foi promissor, com a entrada de rompante a que nos referimos atrás, mas pouco passou disso. Pelo que Moreira fez noutros espectáculos que veio efectuar a Maputo, exigia-se uma performance no mínimo igual a desses eventos. As várias e memoráveis actuações que rubricou em épocas recentes em recintos como o Centro Cultural Franco-Moçambicano ou o Coconuts fizeram disparar em alta a expectativa com que se esperou esta actuação de Chonguiça no Cine África. Muito alta ainda – a expectativa dos amantes da sua música – porque a figura da noite era o jovem que em finais de 2005 lançou um super-disco, o primeiro volume do seu Moreira Project, “The Journey”, que é realmente um hino ao talento, à perseverança e, acima de tudo, ao sentido que este artista tem de música moçambicana e universal.
Ora, à medida que ia fluindo o som dos metais em palco, os espectáculo ia ganhando contornos de monotonia. Mesmo tocando o que praticamente se conhece dele, não se pode catalogar esta uma ocasião feliz de Moreira Chonguiça neste seu regresso a Maputo.

Entretanto, apesar da monotonia – e da excessivamente longa duração do espectáculo –, houve alguns momentos para recordar no “show”, como a combinação de solos e do canto a rap de “Personality and Good Look”, um dos temas dos 19 – e bons – temas de “The Journey”. Também a apresentação de “Mganami” (que aparece no disco em duas versões) se destaca, pois através desta composição soube – e mereceu – cativar um público que, realmente, precisa de música elaborada com destreza, o que, sinceramente, tende a escassear nos nossos palcos. Houve igualmente espaço para Moreira Chonguiça apresentar um dos temas que fará parte do seu próximo álbum – o segundo -, que segundo ele sairá em finais do próximo ano.

Em suma, a aparição de sexta-feira de Moreira a um palco moçambicano pela primeira vez desde que foi consagrado (em parceria com o seu colega do Cabo Mark Fransman) melhor produtor nos SAMA (os maiores prémios musicais da África do Sul) foi uma comida boa mas que podia ter, para saber melhor, um bocadinho mais de sol. Não se tratou de falta de aplicação do músico – que foi enérgico o bastante - nem dos seus pares, mas de algum défice de inspiração para satisfazer a grande expectativa que rodeou o evento.

Ele é o músico moçambicano do momento. Vive na Cidade do Cabo, África do Sul, há dez anos, tempo que se foi definindo como artista. Toca saxofone, que aprendeu ainda criança, na Escola Nacional de Música, e com o professor Orlando da Conceição, em Maputo. Aperfeiçoou depois nos grupos por que passou: Ghorwane, Nondje... e foi ao Cabo porque queria aprender mais, deixando para trás o pequeno mundo que, infelizmente, ainda é Moçambique. Moreira Chonguiça, o artista de quem falamos, é hoje um senhor da música, muito por força do que faz quando vai aos palcos e do seu disco de estreia, “The Journey”. Este álbum, em que mistura o seu gosto pelo jazz e as suas influências na música, desde os ritmos tradicionais moçambicanos e internacionais. Moreira está, nos dias que correm, bem perto do céu, pois acaba de ver a sua criatividade reconhecida ao ser distinguido com o prémio para melhor produtor na edição deste ano dos “South African Music Awards” (SAMA), entregues recentemente. Nas linhas que se seguem, revisitamos com este jovem artista, de 30 anos, a sua carreira que já leva uma longevidade aceitável. Fala dos seus horizontes e, claro, da satisfação pelo prémio e pelo momento que atravessa. Diz ele, sobre o SAMA, um dos maiores prémios musicais em países africanos (apenas abaixo dos KORA, os African Music Awards), que...

- Os SAMA têm a importância de reconhecer e/ou projectar o artista. No seu caso, que logo no primeiro trabalho teve três nomeações, que significado teve vencer uma delas, a referente a melhor produtor (em parceria com Mark Fransman)?- Muito especial, porque estou a trilhar o meu caminho sem pensar em prémios. Penso, isso sim, em crescer, em fazer mais do que faço no momento. Essa é que é a minha filosofia e a minha ambição passa por chegar mais longe do que estou agora. Em relação aos SAMA, que são prémios muito ambicionados na África do Sul, posso dizer que me sinto bastante honrado.


In, Noticias de 31 de Outubro de 2007



Gil Vicente

Nokia Fashion Week

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sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Fernando Luis



Fernando Luis, o chamado cantor das crianças, lançou o seu primeiro disco compacto.
Editado sob o sêlo da Rádio Moçambique, o álbum tem 16 dos maiores sucessos do artista, destacando-se "Maninha".


O CD foi gravado ao vivo em Moçambique, em som integral.


(Agosto 1999)


Fonte: http://maosdemocambique.blogspot.com/

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XmikeZ Lanca Maning Nice.

XmikeZ nasceu na cidade da Beira, Moçambique.


Em 1991 entra para o grupo recreativo da Igreja de Nossa Senhora de Fátima da mesma cidade, chamada "Improvisos" e tocavam as kizombas da altura. Em 1996 o mesmo grupo ganhou o nome "XS ZOUK". A banda era constituída por XmikeZ (teclas), DinhoXS (voz e teclas), Carlitos (bass e voz), NelsonXS (bateria e voz) e Zé Barreto (guitarra). Lançaram dois álbuns, o primeiro foi Disco de Ouro em Moçambique.

Em 2000 XmikeZ , imigra para Portugal onde depois de sete anos produz o seu primeiro projecto com vários interpretes para cada tema, vozes como a de A.T.A Djudja, Djipson, Calú di Brava dão a palavra ao trabalho deste artista. O projecto chama-se MANING NICE e acaba de chegar ao mercado. Sendo o seu primeiro trabalho como compositor , produtor executivo, produtor musical e manager XmikeZ descobriu por si mesmo que adora fazer música mas ao dar agora os primeiros passos na produção sente que muito mais e melhor estará para vir.
Disfrutem deste trabalho, Maningue Nice.
Contactos e espaços xmiikez@hotmail.com

Interpretacao de Djudja

http://www.xmikez.com/




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quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Celso Paco Updated



Born in 1966 in Maputo, Mozambique. Multi-instrumentalist and dancer instructed at the old traditions in local schools and dance groups in Maputo since the age of 9. Sings, dances and plays a variety of traditional and comntemporary musical instruments such as timbila(marimba), kalimba/mbira(thumb-pianos), xitende(musical bow), xigovia(dry-hard-shel-fruit ocarina), xikitsi(rattle board), ngomas(drums), jews-harp, congas, bongos, small percussions and drum-set to a variety of musical vibes such as jazz, pop, funk, afro reggae, high-life and many more on big/small stages, theater places, clubs and festivals. In many occasions was guest artist at Mozambique’s National Song and Dance Company where he worked as drum instructor. With the same company, toured USA perfoming, conducting percussion workshops and accompanying dance classes. After some years of teaching “O” level in Portuguese Language decided to change in to percussion teacher. Majored in percussion at the Ethnomusicology Program offered by the Zimbabwe College of Music, by the Indiana University and by the Associated Board of Royal Schools of Music, (1993 - 95).
He worked as drum teacher at the National School of Music and at the Swedish School in Maputo as well as at Prince Edward School in Harare. He was also the first drum teacher at the music department in the Eduardo Mondlane University, in Maputo.
As stage performer and workshop conductor toured in many occasions since 1987 Scandinavia, Africa, Europe, the United States and Australia . Back to school studies folk music and jazz at the royal college of music in Stockholm. In music and theater he was musician/part-composer for ”Sultanens Hemlighet” theater play at the Royal Dramatic Theater - KDT in Stockholm (2005/06).
He was also musical director/composer in “Nas teias de Maputo” musical by Henning Mankell at Teatro Avenida in Maputo. In film-music composed sound-track to “Dancing on the Edge” film by Karen Boswall, for Day Zero film & vídeo, 2001 and to “Berättelse vid Elden” children-film series for Swedish Educational Radio - UR, 2001. In story telling for children uses traditional songs and music instruments from Mozambique. He is a member of Swedish story telling group Berättarlabbet www.berattarlabbet.se
He is also an active member in groups such as Celso Paco & Dynamo De Luxe www.dynamodeluxe.com, Ageli www.ageli.se , Golbang, www.golbang.se, Tanganyika Sound www.tangasound.com, Amadu Jarr and the Highlife Orchestra. An active soloist and djembe player at “Mangfaldsmassa” a multicultural mass composed by Yamandu Pontvik .
He shared stage with Papa Wemba and Natacha Atlas at “Göteborgs Stadsteater Festival 2006, Youssou Ndour, Remi Ongala Rossi and many others at WOMAD 91, Tribut to Miles – (Wayne Shorter, Herbie Hancok, Toni Williams, Ron Carter och Wallase Roonie) at the Skeppsholmen Jazz and Blues Festival, 92, with Hugh Masekela, Oliver Mutukudzi and the Art Ensemble of Chicago at the Chicago Jazz Festival, 2000; with Ale Möller & World Musik Ensemble at the Falun Folkmusik Festival, 2001.
Recorded live/studio with amoung others from Mozambique the group Ghorwane, album ”Majurugenta” at the Real World Studios of Peter Gabriel in England, 1991; with Pazedi, album ”Music from Moçambique” for Caprice Records, 2001; with band Tucan Tucan with brothers Frank Paco and Tony Paco album ”Xiluva” for Xiluva Music, 2003, with Mangafaldsmassa and many more.

Celso Paco recently played with Carlos Amado a musician from Sao Tome & Principe and with Bizy Kongo a band from Congo. All based in Stockholm.
Celso Paco Mob: 0762 366 581

celso_paco@yahoo.com

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Azagaia Solta o Verbo

Música: Povo no poder
Artista: Azagaia
Label: Cotonete Records

Já não caímos na velha história
Saímos p`ra combater a escória
Ladrões
Corruptos
Gritem comigo p´ra essa gente ir embora
Gritem comigo pois o povo já não chora

I

Isto é Maputo, ninguém sabe bem como
O povo que ontem dormia hoje...perdeu o sono
Tudo por causa desse vosso salário mísero
O povo sai de casa e atira pra o primeiro vidro
Sobe o preço do transporte sobe o,
Preço do pão
Deixam o meu povo sem Norte deixam o,
Povo sem chão
Revolução verde, só vemos na nossa refeição
Agora pedem o que?...Ponderação
Pondera tu, antes de fazeres a merda
De subires o custo de vida
E manteres baixa a nossa renda
Esse governo não se emenda mesmo...NÃo
Vai haver uma tragédia mesmo...SIM
Mesmo...
Que venham com gás lacrimogéneo
A greve tá cheia de oxigénio
Não param o nosso desempenho
Eu vou lutar, não me abstenho

Malhazine-PRESENTE
Magoanine-PRESENTE
Urbanização-PRESENTE
Jardim

Coro: POVO NO PODER (16X)

II

Senhor presidente, largaste o luxo do teu palácio
Finalmente te apercebeste que a vida aqui não está fácil
E só agora é que reunes esse conselho de ministros
O povo nem dormiu, já tamos há muito reunidos
Barricamos as estradas
Paralisamos esses chapas
Aqui ninguém passa
Até as lojas estão fechadas
Se a policia é violenta
Respondemos com violência (O quê?)
Muda a causa pra mudares a consequência
Mais de metade do meu salário vai pra impostos e transporte
Se o meu filho adoece fica entregue a sua sorte
Enquanto isso, esse teu filho está saudável e forte
Vive na fartura leva uma vida de lord
Viver aqui é um luxo, o custo é elevadíssimo
Trabalhamos como escravos e entregamos tudo no dízimo
Baixa a tarifa do transporte ou sobe o salário mínimo
Xeeeeeeeee...isso é o que deves fazer no mínimo
À não ser que queiras fogo nas bombas de gasolina
Assaltos a padarias, ministérios, imagina
Destruir os vossos bancos comerciais, a vossa mina
Governação irracional parece que contamina
Que tenham aprendido a lição
E não esperem pela próxima
Aviso-vos meus senhores que terão pela próxima

O Norte-PRESENTE
O Centro-PRESENTE
O Sul-PRESENTE
MOÇAMBIQUE

Coro: POVO NO PODER (16X)



"...Manos e manas,
Quando a comunicação social anunciou o recorde do preço do barril de petróleo, já se adivinhava uma nova subida do preço do combustível no nosso país o que causaria um agravamento de preços de produtos básicos. A seguir a comunicação social veio e confirmou os receios de todos nós, o combustível ia subir, o pão ia subir, e pior que tudo isso... o chapa ia igualmente subir, ora... ninguém estava a espera desta, talvez porque fosse inconcebível para um moçambicano que ganha o que ganha pensar sequer na hipótese do chapa subir. Bem..., o chapa ia subir mas discutia-se ainda para quanto ( o governo e os transportadores), as propostas eram tão absurdas que ou preocupavam-nos muito ou faziam-nos rir, veja-se esta: de 5Mt à 7.5Mt para14.5Mt à 19Mt se não estou em erro, uma subida na ordem de mais de 100%... he he he éramos nós a rirmo-nos da vida ou a vida a rir-se de nós.

Depois do tal braço de ferro entre os chapeiros e o governo, chegou-se a marca de 7.5Mt à 10Mt (bem, há quem diga que aquelas propostas absurdas eram só para o governo se fazer passar por herói baixando tudo aquilo...bocas!). Estávamos nas vésperas do fim de semana longo do Dia dos Heróis, e devido a tranquilidade que se vivia(embora alguns depoimentos que passavam na TV indicarem um desespero do povo) pensava-se: ou as pessoas conformaram-se, ou estão tão desnorteadas que nem sabem que fazer.

Na segunda-feira dia 4, circulavam algumas sms sobre uma possível greve no dia seguinte, dia em que entrava em vigor a nova tarifa, mas...duvido que se tenha levado à sério dada a passividade que nos é característica. Terça-feira dia 5, pela manhã, estava eu fora de casa a fazer os meus exercícios matinais quando comecei a ouvir rumores duma greve que estava a acontecer na periferia... será?...recebia varias sms que reportavam o mesmo, e só quando o meu companheiro Keleza ligou-me a dizer que estava a presenciar a confusão, é que eu me dei conta da seriedade do assunto. Diziam que estava a ser transmitido em directo pela TV, nem mais...corri de imediato para casa e pelo caminho (na zona da baixa) notei um certo alvoroço nas ruas e...sim senhora! Estava a acontecer mesmo, o povo se rebelava contra a nova tarifa, aquilo foi o que se viu, nenhum chapa estava autorizado a circular e eu mesmo presenciei um deles a ser apedrejado pelo povo. Coisa igual há muito que não se via, lembro-me de algo pior no ano de 1992 se não me falha a memória e pelo mesmo motivo, o povo literalmente destruiu a cidade.

O povo queria destruir tudo que fosse sinónimo de riqueza e bem estar, carros, lojas, bancos, e não escaparam as bombas de gasolina e padarias. Grande cagaço...o pessoal da classe média e alta nem punha o nariz fora de casa, o povão estava dicidido. O governo reagiu de forma cobarde, mandou os seus cães de guarda, a nossa famosa policia que foi lá e fez o que melhor sabe fazer, violentou o povo, tiros para o ar com balas de borracha para dispersar o povo rebelde...tiros para o ar? Balas de borracha só? Bem, o que se sabe é que houve vítimas mortais desses tiros, quem paga? Isso é outra história. E por aí à fora...não quero aqui fazer um rescaldo, era só para lembrar.

Agora, o que me fez escrever este texto é facto de eu ter feito uma música sobre estes acontecimentos e a coragem heróica do povo. Povo...afinal quem é o povo? Sabe... eu que julgava saber muito bem a resposta para esta pergunta, confesso que na terça-feira fiquei em dúvida, isto porquê...
ora vejamos: ouvi muita gente conhecida a dizer que o povo está fazer greve mas com uma expressão de claro distanciamento, curiosamente esse discurso vinha de pessoas da classe média e alta que provavelmente não se incomodavam assim tanto com a subida dos chapas...perdoem-me se me engano. Eu penso que se dependesse da classe média não haveria greve nenhuma, reclamaríamos sim nos corredores do serviço, nos murros dos prédios, na segurança dos nossos lares mas não passaria disso. E foi enjoado com essa apatia que liguei para o Keleza e disse-lhe claramente que nós tínhamos que nos manifestar, mostrar a nossa posição, afinal de contas somos povo não somos?! Para a minha felicidade e conforto ele concordou imediatamente, nós como artistas também somos povo e temos que mostrar a nossa posição perante este problema que também é nosso, estávamos no momento cheios de emoção mas vazios de estratégias, mas íamos pensar...surgiu à tardinha a ideia de convocarmos outros artistas e nos dirigirmos a imprensa, aproveitariamos a conferência de imprensa que seria dada pelo governo naquela tarde, mas depois achamos melhor esperar pelo pronunciamento do governo para reagirmos, o Joe votou para esta posição e ficamos à espera, mas nunca mais se ouvia algo da comunicação social, o que só veio a acontecer à noite na hora do telejornal.

Durante a manhã e a tarde eu recebia varias mensagens de pessoas a pedirem-me para escrever uma música sobre a greve, ligaram-me outras a dizerem que eu já devia ter preparado uma bomba para a ocasião, mas eu à principio não queria ser o ladrão feito pela ocasião e quase que nem considerei essa hipótese, pensava para mim que seria demasiado óbvio, inclusive o meu companheiro Izlo fez o mesmo comentário, que o tema cansaria as pessoas...política e mais política. Estava convencido de que não ia escrever nada sobre o assunto até que vendo o tempo passar e confrontado com a triste realidade de ninguém para além do povo da periferia se "pronunciar" sobre o assunto, decidi começar a rabiscar qualquer coisa só para libertar o desejo de me manifestar. Não estava certo se gravava aquilo...estava puro, vinha do fundo meu coração mas...receava ser demasiado óbvio e previsível...
QUE SE LIXE A PREVISIBILIDAE!!!!!!! Eu é que não vou ficar alheio a isto, pensem o que quiserem pensar, chamem-me os nomes que me chamar, oportunista, comercial, o rapaz dos desabafos ou sei lá o quê! Mas antes de me apelidarem, perguntem-se onde vocês estavam, o que estiveram vocês a fazer quando o povo da periferia estava a manifestar-se. A greve resultou, mas não resultou apenas para os que arriscaram as suas vidas nas ruas, resultou também para ti que estavas a curtir o fim de semana que se prolongou, tu que estavas a fazer piadas sobre os que se entregavam de corpo e alma à luta, tu também vais pagar 5Mt e 7.5Mt no chapa e não 7.5Mt e 10Mts, e de certeza vais poupar um pouco mais e vais respirar de alívio. As várias associações da sociedade civil não mostraram a sua posição, os músicos, os escritores, e todos que seriam afectados directa ou indirectamente pela subida dos chapas. Detestei essa falta de organização nossa, esse distanciamento, podíamos ter feito mais, podíamos ao menos ter sido mais solidários e mostrado a nossa união. Eu fiz humildemente esta música para mostrar a minha solidariedade, podia ter feito mais reconheço, mas cada um na sua frente. Eu uso a música para lutar e tu??

"Povo no poder" é uma música de celebração do poder do povo, júbilo e glória, quero dedicá-la em especial aos que perderam a vida nesta greve, vítimas da nossa polícia, esses para mim são verdadeiros heróis, dignos de repousarem na cripta dos nossos corações, com a chama sempre acesa. POVO NO PODER!!!!...".

Por: Azagaia

http://cotonetemoz.blogspot.com/

O rapper Azagaia, autor da polémica música as mentiras da verdade, e lançou o seu novo trabalho. Confira aqui a letra duma das músicas que já está a fazer muito sucesso, sobretudo nos círculos de debates intelectuais.
Veja e ouça aqui:

A Marcha
Eu falo de povo para povo
Porque eu sou povo e tu és povo
Usamos a mesma linguagem
E quando tu falas eu te oiço
Quando eu falo tu me ouves
Partilhamos as mesmas dores
Se te cansaste de pedir favores
Então venha para Marcha
Tu que és mal pago
Mas te esfolas no trabalho
Tu que não és pago
E recebes esmolas no trabalho
Sim tu que és humilhado por não teres ido à escola
Ninguém percebe que tiveste que pegar cedo no trabalho
Tu que pagas impostosficas sem nada nos bolsos
Tu que fazes dirigentes engordarem como porcos
Tu que não percebes economia nem política
Dizem que o país desenvolve mas no teu prato não vês comida
Tu que serás lembrado só nas próximas eleições
E verás o candidato em helicópteros e aviões
Tu que vieste pra cidade à procura de sustento
Porque no campo a agricultura não dura sem investimento
Tu que te apertas com os teus filhos num quarto de dependência
Acordas cedo, dormes tarde a lutar pela independência
Sim tu que és escorraçado nos passeios da cidade
A mesma polícia que te escorraça não quer criminalidade
Tu que te formaste mas isso não basta no currículo
Mais importante que habilitações é ser membro do partido
Tu que és do Centro, és do Norte e às vezes dói-te muito
Ver tua província empobrecer, será que Moçambique é só Maputo?
Tu que perdeste a tua família no Paiol de Malhazine
E não viste os culpados serem julgados pelo crime
Tu que perdeste heróis e amigos vítimas deste regime
Se não gritares comigo eles não pagam pelo crime.

Refrão:
Ladrões——foraCorruptos——foraAssassinos——fora

Gritem comigo pra essa gente ir embora

Ladrões——foraCorruptos——foraAssassinos——fora

Gritem comigo pois o povo já não chora
II
E o povo apenas pede transparência
Queremos uma auditoria nos ministérios e presidência
Um levantamento de bens e orçamento
Os zeros no vencimento
Pra combatermos a pobreza vamos combater o enriquecimento
Baixem o salário dos deputados
Directores e ministros
E essas regalias dos Mercedes e subsídios
É tanto luxo, no meio do desemprego e do lixo
Porque que num país tão pobre os dirigentes são tão ricos?
Declarem os vossos bens antes de assumirem as pastas
Ao povo o que é do povo
Não é pra construírem casas
No Triunfo e Belo Horizonte
Enquanto jovens recém-formados vêem o futuro sem horizonte
E é mesmo lá na fonte
Que esse Fórum Anti-Corrupção
Tem que apontar os corruptos
Se não encontram corrupção
Então vocês são os corruptos
Mudem o modo de governar ou então mudem o governo
É que nem o Império de Gaza foi eterno
Vamos mudar a nossa estratégia de luta
Se os ricos roubam os pobres
vamos combater a riqueza absoluta
E se há salário mínimo que haja salário máximo
Pra cada cidadão um cargo de chefia no máximo
E a Constituição da República que seja distribuída
Nas escolas, nas igrejas e divulgada pelos media
Abaixo o pacifismo, vamos andar de cabeça erguida
Nem que pra isso tenhamos que sacrificar alguma vida.








SAVANA - 09.11.2007

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