segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Rescaldo do Azagaia e Iveth na Beira


DA GARAGEM PARA O MONTE VERDE
Sentir-me-ia mal se não aceitasse ao convite do meu amigo… para ir conhecer a GARAGEM, a primeira loja oficial do Hip Hop moçambicano, atendendo que durante a metade do mês oitavo estive a justificar o meu pão na cidade das Acácias, Maputo, o que aconteceu no sábado dia 15 de Agosto depois de tomar o meu pequeno-almoço.


A chama da paixão adormecida reacendeu Quando os meus olhos foram obrigados, com gosto, a contemplar a montra sonora repleta de vários álbuns de hip hop cantados em português e diversos consumíveis para tapar a parte superior do corpo que davam cor e brilho àquela humilde casa.

Um CD e uma T-Shirt foram os produtos que os meus bolsos conseguiram me oferecer, depois de convencidos pela técnica dos vendedores que com simpatia tornam da casa um lugar agradável de se estar e comprar.
Despedi-me com a promessa de um dia aí voltar, pois para as bandas do Chiveve iria completar o meu labor, ao que fui sugerido para assistir o espectáculo doas artistas da Cotonete Records, ou seja, do mano AZA e da minha colega de faculdade CBC aka Iveth que iria acontecer no dia 16, no Monte Verde.

Na paragem do Q-400, no Chiveve, sou recebido pelo filho do meu pai que alguns o chamam de Quatro Ases, tendo me abordado, durante a tragectoria para o Hotel, que iria avaliar MC’s num concurso de Hip Hop, a ter lugar numa das casas da terra do Daviz e que estariam lá cuspindo rimas e skills o mano AZA e a mana CBC.

Chega o domingo, sou escorraçado da cama com a luz do sol que teimava em invadir o quarto onde pus a minha alma descansar e com uma chamada do meu mano CC convidando-me a ir assistir o show da CBC que o havia telefonado naquela manha dizendo que já estava na Beira para o efeito.

Uma hora depois da marcada estavamos no local, vindos do caldeirão do Chiveve onde testemunhamos a incompetência dos nossos pontas de lança, ao contribuirem negativamente para que as suas respectivas equipas tivessem mais um ponto cada, sem se quer marcar golos.
Sentimo-nos estranhos quando entramos no local onde seriam cuspidas rimas, pois só haviam adolescentes a espera da hora do crime. Mas, a vontade de ver pela primeira vez a CBC, após se ter desligado dos Beat Cru, passou por cima de qualquer juizo de valores e de qualquer outra coisa que nos pudesse inibir de aí estar.

Chegado o momento esperado, o MC perguntou ao público se poderia chamar a CBC, ao que em coro responderam sim e sem esperar que o MC voltasse a perguntar se poderia ou não chamar a nossa diva de hip hop o público, sem parar, clamou pelo nome gritando sem parar IVETH; IVETH; IVETH.

Com a sua maneira formal de se apresentar, quer na sala de aula a transmitir conhecimentos aos seus pupilos, quer a elaborar pareceres juridicos aos seus superiores, subiu ao palco a menina de voz rouca que interagindo com o público cantou alguma das musícas conhecidas e surprendeu o púbico com o seu novo tema “Rosa Ana Paula”, uma música com que transmitiu ao publico o amor que sente pelo R.A.P.

Mal se despediu do público este sem querer pacientemente ouvir o MC a chamar pelo mano AZA para continuar com a festa clamou pela sua presença, tendo este, depois de um momento de suspense subido ao palco diante de um público que mantém com ele uma relação de irmandade e que conhecem as suas letras do princípio ao fim.

A responsabilidade do mano AZA, perante o seu público acresceu ainda mais, porque deveria “superar” a actuação da CBC, o que tornou-se facilitado graças ao respeito que este MC tem para com o seu público, como o mesmo manifestou, ao se dirigir ao público e dizer que apesar dos mesmos serem aproximadamente de centenas, pareciam milhares, pois os que estavam presentes saíram de casa para ver actuar aqueles dois artistas e não atraídos por mais coisas, o que manifestado pela sua reacção aos beats e rimas.

A simpatia e colaboração do público proporcionaram um bom domingo àqueles artistas que estiveram menos de 10 horas na cidade da Beira.

Espero em breve poder voltar à Garagem e comprar o álbum a CBC. Do mano AZA não espero pelo segundo, pois o primeiro ainda dá para consumir por muito e muitos anos.
O Altruísta.
http://www.asitholemz.blogspot.com/
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Este artigo (e a foto) foi enviado pelo nosso Amigo "O Altruísta", directamente do Chiveve, na cidade da Beira, província de Sofala, a quando da actuacao da Iveth e Azagaia no dia 16 de Agosto, Domingo, no Monte Verde.

Postado por Cotonete Records::.. às 01:18

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Se me fecham a porta entro pela janela ... Diz MC Roger

MC Roger fala do seu “MC Roger Showbiz Produções

O cantor e compositor MC Roger acaba de lançar a sua mais recente produtora “MC Roger Showbiz”, uma empresa que irá se dedicar à produção de programas televisivos. Trata-se de um projecto que vem se juntar a “MC Roger Initiative”, uma iniciativa de responsabilidade social e sem fins lucrativos que se dedica à advocacia sobre os direitos da criança. Em entrevista ao SAVANA, a propósito do seu mais recente projecto, cuja cerimónia de lançamento contou com a presença do ministro do Turismo, Fernando Sumbana, o cantor descreveu o seu espírito empreendedor como sendo de um artista que encara a arte como sendo um negócio, mas sempre norteado pelo espírito de auto-estima e pelo orgulho de ser moçambicano.

Há muito tempo que deixou de fazer parte do grupo dos artistas que fazem a arte pela arte, pois tende a fazer a arte pelo negócio. Você matou a arte pelo negócio?Eu sempre considerei o meu trabalho artístico como algo que faz parte do mundo do negócio e essa é uma questão que muitas pessoas, incluindo vários artistas e individualidades afins, não conseguem perceber com muita facilidade. Não matei a arte pelo negócio, muito pelo contrário. É a minha visão de que a arte é um negócio que faz sobreviver a própria arte que desenvolvo, pois se não fosse por essa via eu já não existiria como artista. Na indústria musical é preciso fazer a contagem dos discos produzidos do mesmo jeito que se faz a contabilização de outros produtos comerciais e saber qual é o lucro que advém disso. As editoras têm uma visão contabilística dos investimentos que fazem com vista à produção dos discos do artista assim como de elementos de outra natureza com vista à sua promoção, como o caso dos vídeos. Tudo isso é que faz o negócio e não deve ser ignorado pelos artistas que pretendem alcançar o sucesso. A minha recente deslocação ao Brasil, por exemplo, resultou de um alto investimento que deve ser recuperado, ora através de contratos em que forneço a minha imagem a determinadas empresas, assim como das vendas dos meus discos. Durante a minha vida inteira investi na minha carreira, é natural que daí tenha que vir
algum retorno.


Em que medida essa sua visão começa a influenciar o modo de pensar no panorama artístico moçambicano? Este é um modo de pensar que irá nos levar para a frente. Em geral, penso que os artistas começam a reagir nesse sentido. Mas posso garantir isto através de um exemplo muito simples. Mesmo os artistas que acham que fazem a arte não propriamente como um negócio, eles acabam se envolvendo com a perspectiva da arte como negócio porque eles têm gastos para produzirem e editarem as suas músicas, eles têm que pagar a energia, o estúdio e outras questões afins.

Mesmo os escritores, ganham dinheiro através dos seus best sellers e melhoram as suas vidas com isso. Não é o facto de eu olhar para a arte como um negócio que fará de mim um artista menor que os outros. Principalmente agora que tenho a minha filha como fonte de inspiração, não gostaria que ela passasse pelas mesmas dificuldades que eu passei para chegar a este estágio. Isto não quer dizer que eu tenha uma vida facilitada, pois quem olha para mim poderá pensar que para mim todas as portas se abrem. Muito pelo contrário, há portas que eu bato e me fecham na cara. Até porque, se queres mesmo saber, a minha teoria é de que se me fecham a porta, eu entro pela janela e se me fecham a janela, eu entro pelo tecto.
O meu objectivo é chegar lá, orgulhoso de ser moçambicano e com orgulho nacional. Temos que tomar de assalto o mercado estrangeiro e para isso precisamos de investir cada vez mais no marketing artístico. Veja só que sou o único africano que conseguiu fazer parte dos programas “Hoje em Dia” e “Eliana”, da Rede Record, no Brasil. O Guilherme Silva vive no Brasil e nunca foi ao “Hoje em Dia” ou ao programa da Eliana, pois não é fácil. Não tenho conseguido alcançar esses feitos sentado em casa à espera que o telefone toque. Não existe isso no meio artístico. O artista tem que ir atrás, ser persistente, ter a capacidade de sonhar e nunca desistir.

É esse, certamente, o espírito que irá impor na equipa com a qual irá trabahar na “MC Roger Showbiz”, a empresa que acaba de criar? É evidente que é esse espírito que irei transmitir aos meus colaboradores. Primeiro é o orgulho de ser moçambicano. Depois é o espírito de auto-estima, porque isso não é um discurso vazio do Presidente da República.
A pessoa deve gostar de si mesmo e de defender as suas ideias. As pessoas que irão transpirar comigo nesta iniciativa terão que estar em condições de trabalhar sob pressão. Aliás, é por isso que eu nunca aceitei ser agenciado por alguém, pois para que alguém me possa agenciar no mínimo tem que ser mais forte que eu e trabalhar mais que eu. Noto que tenho trabalhado mais que os agentes, daí que sempre preferi trabalhar sozinho. Espero que possamos conquistar o nosso espaço.

Esta nova iniciativa, a “MC Roger Showbiz”, veio juntar-se a uma outra anterior, neste caso a “MC Roger Initiative”. Por sinal, ambas funcionam no mesmo escritório. Onde é que termina um e começa o outro projecto? Pode-nos dizer em que medida um influencia o outro?É preciso que as pessoas entendam que se trata de duas iniciativas completamente diferentes. Sempre abracei a causa social e continuarei a abraçar, por isso criei, motivado por esse espírito, a “MC Roger Initiative”. Neste projecto tenho o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) como o meu principal parceiro, o que acho que para mim foi uma benção de Deus.
Trata-se de um projecto que visa essencialmente fazer a advocacia sobre os direitos fundamentais da criança, através dos meios de comunicação social, pois é importante que as pessoas ganhem a consciência de que já se sanciona quem viola os direitos da criança. Já o projecto “MC Roger Showbiz” é mais comercial, como a própria palavra diz “showbiz”. A nossa intenção é vender programas televisivos, realizar iniciativas de entretenimento assim como fazer o agenciamento de artistas. A ideia é inovar cada vez mais com vista a conquistar o mercado nacional e internacional.

No lançamento da empresa, semana passada, ficámos a saber que há algumas televisões, nacionais e estrangeiras, que já estão interessadas em trabalhar com o vosso projecto. Já é possível revelar os nomes dessas televisões ao público? Não, honestamente. Posso apenas dizer que há televisões de países falantes de língua portuguesa que estão interessadas nos produtos que temos para oferecer. Temos alguns programas-piloto e vai ser uma lufada de ar fresco ver caras novas na televisão. Mas eu próprio também irei apresentar alguns programas, porque para mim isso já é uma paixão antiga, mas também com vista a transmitir a minha experiência aos mais novos. Estou na televisão e no mundo do entretenimento há sensivelmente 18 anos. Minha cara é conhecida em vários países, daí que acho que é necessário continuar a fazer o meu trabalho de apresentador.

In Jornal Savana, Escrito por Armando Nenane

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Stewart Sukuma & Banda no Festival de Kasumama 2009 Austria , Moorbad Harbach

Festival Kasumama 2009

Stewart Sukuma no Mocambique Jazz Festival

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As incongruências do Mahel

1. Não consigo arranjar um qualificativo capaz de descrever melhor o comportamento negativo que o cantor moçambicano Ivo Mahel tem vindo a demonstrar nos últimos tempos. Mahel é um artista que poucos são os que saberão indicar quaisquer defeitos no seu trabalho artístico. Aliás, eu pessoalmente faço parte do grupo dos que não têm dúvidas de que falar de Mahel é o mesmo que se referir a um artista com créditos firmados no panorama musical moçambicano, graças à alta qualidade das suas composições, assim como ao facto de ser hábil na execução vocal.Com efeito, entre a arte que desenvolve e o discurso com que o artista defende o seu trabalho vai aí uma grande distância.

Eu cá por mim, devo confessar, tenho andado a preferir mais ouvir as suas músicas do que ouvir o Mahel a falar das suas próprias músicas, pois quando fala parece mentir com a mesma habilidade com que canta. Em entrevista ao semanário Magazine Independente, conduzida pelo jornalista Azael Moiana, há sensivelmente seis meses, Mahel não fez outra coisa senão mentir, contar histórias falsas. Mas a verdade, já dizia o procurador nos seus tempos de juiz, a verdade é como o caju, não tarda muito para que ela amadureça e caia por si própria. É que, para sermos sinceros, não são todos os dias que um artista consegue uma página inteira num jornal, para falar de si e dos seus projectos.

Mahel usou mal a oportunidade que lhe foi concedida. Aliás, tem estado a fazer um mau uso do espaço público que lhe tem sido dado pelos órgãos de comunicação social.Entre o que o músico disse ao Magazine Independente há sensivelmente seis meses e o que andou a dizer nas últimas semanas à Televisão Independente de Moçambique, quando entrevistado por Sérgio Faife no programa “Na Primeira Pessoa”, vai uma enorme distância. Na verdade, não sei mais em qual das suas declarações devo acreditar, se naquelas antigas ou então nestas últimas.

Na entrevista ao Magazine, Mahel já nos tinha avisado sobre o efeito das suas próprias mentiras. Quando o jornalista perguntou sobre aquela famosa notícia segundo a qual Mahel ia posar nu para uma revista Play Boy, o músico respondeu que na verdade tratou-se de uma invenção sua, um golpe de marketing que nas suas palavras funcionou muito bem na altura pois elevou ainda mais a sua carreira. Como dar crédito a uma pessoa que volta e meia vem-nos dizer que a notícia que nos fez divulgar não passa de uma pura invenção, de uma pura mentira?

Mesmo assim, o jornalista parece não ter duvidado do que Mahel continuaria a dizer depois de ter dito que da outra vez mentiu, tendo prosseguido com a entrevista, insensível do golpe de marketing que poderia estar na mesma a sofrer e que de novo os leitores sofreriam.

Mahel deve saber que está a lidar com jornalistas, profissionais de comunicação social e tentar no máximo evitar justificativas dessas, pois o marketing com que tanto se defende não se faz com mentiras tão feias quanto essas. Aliás, não se percebe muito bem por que razão uma mentira tão feia quanto essa – de querer posar nu para uma revista Play Boy – iria elevar ainda mais o seu ego artístico. O que mais me intriga é que o artista mente com um discurso tão polido que até passa despercebido aos menos avisados.

Questionado sobre os seus projectos do futuro, Mahel manifestou a sua insatisfação com Moçambique, tendo afirmado que estava de malas aviadas para a Inglaterra onde seguirá sua carreira musical. A pergunta que o jornalista já não fez, e que se calhar era suposto que a fizesse (me perdoa o Azael), era se essa pretensão de Mahel de deixar o país para viver na Inglaterra não seria mais um golpe de marketing à americana que o artista estaria a dar mais uma vez para granjear simpatias junto dos seus. (O Marconi Ferraço, o da telenovela da noite, diz categoricamente que há tolos que ficam à espera de ser enganados e que alguém tem que prestar-lhes esse favor). Mahel anda aqui a mentir. A entreter-nos. Aliás, nas suas últimas entrevistas – como há poucas semanas a Sérgio Faife – Mahel já não fala mais da sua pretensão de deixar o país para ir viver na Inglaterra ou eu sei lá que outro país. Sérgio Faife, se calhar por não ser propriamente um jornalista mas sim um animador televisivo e “promotor de estrelas”, não fez uma entrevista que visava saber a verdade, por isso não chegou a se dar ao trabalho de perguntar ao nosso artista das mentiras se continuava com aquela sua ideia de abandonar o país.

Mas mesmo não tendo sido perguntado, se continuava a ser sua pretensão abandonar o país, Mahel devia ter dito a plenos pulmões, como fez ao Magazine Independente. Muito pelo contrário, o nosso artista falou de outros objectivos, outros sonhos. Na entrevista com o Faife, falou do “bom trabalho” que tem vindo a ser feito pela mCel, empresa de telefonia móvel da qual até muito bem pouco tempo era um crítico assumido. Mahel agora elogiou o facto da empresa celebrar contratos com artistas como Lizha James e Stewart Sukuma, como quem em muito pouco tempo voltou a morrer de amores pela Pátria desamada. Mahel já não fala mais de partir para lugares além mar. (“Ampla e aberta é a porta do mar” – Mia Couto, in “Raízes de Orvalho”). Aliás, Mahel manifesta agora a sua vontade de também poder ser contratado pela mCel, ele e outros artistas. Pelo que, ao que tudo indica, ouvir Mahel ainda vai doer.

2. A outra parte do discurso de Mahel que nos deixa com a boca aberta, tem a ver com o facto de se declarar um artista realista, justificando-se, pois, pelas suas músicas que alegadamente abordam coisas reais da sua vida e da sociedade. Não acredito muito que a verdade poética se manifesta pela exposição plena da sua vida íntima e privada para o consumo da sociedade. Realismo não é bem isso. Os problemas que Mahel teve com a sua ex-consorte – a ponto de cantar que “filho que é meu não é meu” – dizem respeito à sua vida privada, íntima, a nós não nos interessa para nada, tanto mais que se tiverem que ser discutidos em tribunal, vai ser à porta fechada. Pertence à privacidade familiar. Por outro lado, tanto o seu filho, quanto a sua ex-consorte, não têm direito de ver as suas vidas íntimas e privadas expostas publicamente como acontece no seu discurso e na poesia das suas músicas. (Outro dia, o MC Roger, homem de marketing por excelência, disse aqui uma coisa interessante: “A minha esposa não precisa de ser exposta apenas porque eu sou uma figura pública, pois ela tem a sua própria privacidade”. Uma lição interessante esta!).

Ser um artista realista, tal como Mahel diz que é, não é falar, falar e falar sem ter em conta que onde termina a liberdade de um começa a liberdade de outro. Isto porque, se bem analisadas as coisas, Mahel poderá estar a atentar contra a privacidade dos seus.

3. Mais não disse.

In Jornal Savana, Escrito por Armando Nenane

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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Chico António - “o mais velho sempre sabe”

Chico Antonio no Gil Vicente

Chico António é uma figura que dispensa qualquer tipo de apresentação quando se fala de música moçambicana. Iniciou a sua carreira nos meados da decada 60 e destacou-se nos anos 80. Em 1990 ganhou o prémio Rádio França Internacional (RFI) com o qual teve direito a dar continuidade com estudos ligados a música. Com passagem por vários países de África, América e Europa, o entrevistado desta semana vai nos falar da sua trajectória artística, assim como das suas realizações como profissional de música desde que se iniciou até aos dias que correm.

Quando é que entra no mundo da música?

Entrei no mundo da música quando sai de Magude para Lourenço Marques em 1962. Durante dois anos vivi como menino de rua e em 1964, uma familia de portugueses acolheu-me e pôs-me a estudar na Missão José onde comecei realmente a ser músico. Integrei num grupo de 60 pessoas que cantava na igreja e eu era o solista. Mais tarde, integrei numa banda de 70 pessoas. Foi nesta banda que aprendo a tocar trompete, solfejo, canto, leitura de música ao mesmo tempo que fazia os meus estudos primários.

Como conciliava os estudos com a música?

Bom, é importante dizer que entrei para a Missão com 8 anos e fiquei lá durante 12 anos. Durante periodo em que estive na Missão, tinha duas actividades básicas, os estudos e a música, e é isso que resumia o meu dia a dia, pois era um processo contínuo e combinado.

Depois de terminar os estudos na missão, o que se seguiu?

Em 1978, havia um grupo de jovens que tocava em casamentos, festas e bailes. Este grupo tinha uma coisa muito curiosa, porque para além de tocar nos locais a que me referí, tocava também na igreja. Os padres emprestavam-lhes aparelhagem e em troca tinham que tocar nos cultos, era uma espécie de troca de serviços. Então, depois de concluir o nono ano de química, entrei para o grupo ABC78.

Como foi a sua integração no grupo ABC78?

Foi muito feliz, porque acabava de sair de um colégio de padres e integrei-me neste grupo que tinha um certo “relacionamento” com a igreja. O ABC78 também alugava aparelhagem da igreja, no entanto, não estava muito distante do ambiente onde crescí.

Dentro do ABC78, quais foram as suas realizações?

Um ano depois de integrar o grupo, passamos a tocar no SANZALA. Nesse período, como era uma das poucas pessoas que tocava trompete aqui em Maputo, recebia convites de muitos músicos. Posso citar exemplos dos grupos como os de Fani Mfumo, Xidiminguane e Wazimbo.

Qual era a razão de “escassez” de trompetistas?

Trompete, saxofone, clarinete e outros instrumentos de sopro, eram aprendidos em bandas e a banda que existia era a Militar Portuguesa e o resto eram os jovens que saiam dos colégios dos padres. Havia muitas pessoas que sabiam tocar, mas o facto é que a maioria tinha outras profissões e escolheram outras maneiras de viver, deixando desta forma a carreira musical para trás. Estes elementos é que levaram a carrência de executores destes instrumentos.

Nos anos 80 começa a tocar em palcos de luxo, como é o caso do Hotel Polana, como foi essa experiência?

Foi muito boa, tocava no grupo Faz Força, que pertencia a um baterista que infelizmente perdeu a vida recentemente, esta banda levou-me a uma zona de elite. Porque tocar no Hotel Polana era diferente de tocar numa boate. O nível de exigência era outro. Aprendi a dominar a minha voz e o meu próprio instrumento. Foi depois deste grupo que passei para o grupo 1 Experimental e ali estava o André Cabaço, Sérgio Gonçalves, Paulinho Chembene, Totozinho, que já faleceu, e faziamos frente ao grupo RM em termos de comparação dos maiores grupos da época. Com este grupo comecei a viajar para representar Moçambique em vários eventos internacionais.

E como entra para o Grupo RM?

Entrei no Grupo RM a convite de Américo Xavier e parmeneci no mesmo durante 10 anos. Neste grupo aprendi muito porque encontrei músicos bastante experientes, falo de Alexandre Langa, Wazimbo, Pedro Ben, José Mucavel, José Guimarães e Sox. No meio deste grupo, fiz parte do projecto marrabenta dirigido por Aurélio Lebon, para além de integrar o projecto Orquestra Marabenta, que também foi uma outra experiência marcante, uma vez que envolvia vários músicos como é o caso de Stewart, Lidia Mate, Mingas, Dulce, dentre outros.

O que te marcou no grupo RM?

Como é do conhecimento geral, o grupo RM foi criado para representar Moçambique, tinha apoio e fundos provenientes do governo. A gravação do disco com a Orquestra Marrabenta foi uma experiência interessante. Este disco foi um dos poucos que a Europa conhece tirando alguns casos de músicos que actuavam a solo. O facto de integrar um projecto que representava o país é que teve grande peso em mim.

Do grupo RM o que seguiu?

Bom, quando vários membros fundadores deste grupo desvincularam-se, fiquei a trabalhar com músicos jovens que acabavam de entrar para o grupo. A Mingas, por exemplo, era um talento recém descoberto e a sua voz despertava muita atenção do público. Juntamente com outros poucos que tinham restado, tivemos que acordar e dar uma nova dinâmica a música. Optamos em criar coisas novas, uma vez que era muito dificil continuar com o estilo dos fundadores do grupo. Neste contexto, trabalhamos e o resultado foi o prémio Baila Maria e colocamos o grupo no topo. Com o prémio, tivemos direito a gravar um CD e eu tive a bolsa para estudar técnica de estúdio de gravação, aranjos, técnica básica de piano e ainda conseguí desenrascar um lugar para a Mingas ir estudar canto com a vocalista da banda Kassav. Depois daí, comecei a trabalhar como freelancer até hoje.

Com toda experiência adquirida no mundo da música, porque é que ainda não tem nenhum CD a solo?

Bom, é meio complicado porque a competividade está dificil e, para além disso, as condições para gravar são escassas, faltam estúdios sérios, com isso não estou a dizer que em Moçambique não ha estúdios. Mas ainda não encontrei um para o que almejo.

Na conjutura actual, acha que há espaço para os músicos da velha geração?

Eu não gosto muito dessa separação, porque não há velha nem nova geração. Essa separação é muito pejorativa e isso não edifica a classe dos músicos. Você não vai chamar teu avô de madala. É mais correcto chama-lo avô. Todos precisamos um do outro, o mais novo sobretudo, precisa de aprender dos mais velhos porque não estou a ver o mais velho a aprender dos mais novos. Para mim, isso é utopia porque o mais velho tem sempre mais por transmitir ao mais novos e eu não sei o que os mais novos podem transmitir em termos práticos se não forem apenas coisas de coração. Acho que a nova geração sempre tem que existir porque nunca vi a velha.

Em relação aos instrumentos de sopro acha que hoje há mudanças significativas em relação aos anos 70?

Penso que o cenário continua o mesmo dos anos 70, não ha músicos que executam instrumentos de sopro em Moçambique, para além da banda militar e a banda da policia. Temos pouquíssimos casos de alguns jovens que vão para Africa do Sul para aprender saxofone porque aqui não há escolas de instrumentos de orquestra de bandas. Isso cria uma lacuna muito grande porque, se formos a ver, a nossa geração aprendia desde pequenino e com 25 anos já tinha um bom domínio do instrumento.

Fonte: mozhits

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segunda-feira, 10 de agosto de 2009

We Run Maputo - Magnezia


Razão mais que suficiente para colocar este álbum no seu carinho de compras, mas olha que ainda não é tudo, pois o CD está recheado de mil e uma razões, que começa na produção e termina nas inumeras participações.
O álbum estará brevemente nas prateleiras da GARAGEM, aproveite agora para fazer a sua pré-encomenda, faz a reserva pelos contactos 84 4471440 ou garagemloja@gmail.com - envie SEU NOME, QUANTIDADE a reservar e o seu CONTACTO.

Magnesia - Ja chegamos boy

Fonte: Garagem

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Inaugurada loja de Hiphop, A Garagem



Foi inaugurada no pasado dia 01 de Julho, a primeira loja especializada na cultura Hip Hop nacional, a Garagem, na rua Simões da Silva, número 106 . Segundo os mentores da iniciativa, esta surge para colmatar o problema da falta de um ponto de distribuição, venda de material/produto HipHop produzido tanto em Moçambique.
Embora seja especializada em conteúdos Hiphop, a iniciativa abrange também outros estilos "alternativos" como, por exemplo, Raggae, Ragga, RnB, Soul, Afrojazz, Funk, dentre outros.
Fonte: mozhits

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Apresentação de Miss Zav na 2ª,4ª e 5ª Gala do Dança dos Artistas Vodacom



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Albertina Pascoal Embaixadora de Boa Vontade

Albertina Pascoal é uma das lindas vozes da Radio Moçambique e Embaixadora de Boa Vontade.O seu trabalho é sempre dedicado aos problemas sociais de Moçambique.

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Guilherme Silva, a estrela moçambicana que brilha no Brazil

Guilherme Silva no Brasil

Guilherme Silva deixou Moçambique e desembarcou no Brazil há cerca de 6 anos, para uma apresentação no clube Oasis, ao que tudo indica que o artista, com uma carreira reconhecida internacionalmente, caiu de amores e apaixonou-se pela terra do Pelé, hoje, pode-se afirmar que o Show Man como é apelidado nos circuitos muisicais, escolheu Fortaleza e fez dela seu lar. Seu estilo versatil e contagiante criaram facilidades para que rapidamente, conquistasse um público fiel que curte a sua bela voz e seu ritimo animado.

Quando é que inicia a sua carreira de musico?

Iniciei a minha carreira na decada de 80, na altura, desloquei-me para a vizinha Africa do Sul onde tocava em restaurantes e bares de renome.

A sua técnica da-nos a impressão de estares a ser acompanhado por uma banda. Quer nos falar um pouco dela?

A minha técnica é pouco comum no mundo, uso uma bateria eletrónica sofisticada que é controlada por uma pedaleira-teclado que faz o baixo, executo os acordes de piano com os pés, ao mesmo tempo que toco guitarra harmonica, procurando dar o meu melhor no canto para alegrar os meus fãs e todos que acorrem aos meus espetaculos.

Como foi a sua integração na Africa do Sul, uma vez que vivia-se ainda no regime do apartheid?

A minha integração não foi fácil, sabe-se que as relações entre brancos e pretos eram somente de serventia, para o meu caso como musico e negro, tive que em várias circunstancias, após terminar os meus shows, dirigir-me a cozinha e não para junto dos clientes “brancos”. Contudo, não desisiti de fazer o meu trabalho, continuei a lutar e so foi dessa forma que consegui conquistar um lugar cimeiro nas várias casas de pasto por onde passava e graças ao meu talento e trabalho, consegui superar as bareiras raciaias.

Para além da Africa do Sul, sabemos que seguiu viagem para Europa, como foi esse percurso?

Da Africa do Sul, embarquei para Portugal, terra onde fui bem acolhido. Cantei e encantei para além de participar em campanhas politicas de algumas figuras de destaque daquele país, como é o caso do actual presidente Cavaco Silva. Mas Portugal não respondia as minhas aspirações e desta forma, optei pelo país Leão e Castela (Espanha), onde fui considerado o melhor músico Intertainer da Costa Blanca. Este feito valeu-me três Oscar’s musicais em Benidorm (Espanha), tendo ainda sido considerado o Melhor Show Man entre 1989 a 1994, e fui finalista no festival da canção de Benidorm em 1994 onde partilhei o palco com Juan Luis Guerra vencedor do Gremmy Latino 2007.

Qual foi a sensação de regressar para Moçambique?

Positiva! Voltar a casa é sempre agradavel, pois para além de rever a familia e amigos, continuei firme no meu trabalho. Gravei vários cd’s e participei em programas de televisão, tendo ainda criado uma casa de pasto onde tocava aos fins de semana. Tinha o meu proprio estúdio de música onde promovia novos talentos que hoje são referência na música jovem, como são os casos de Doppaz, Neyma, Ziqo, entre outros.

Como é que foi parar ao Brasil?

Fui convidado a participar da inauguração do Hotel Oasis na Fortaleza e, por força do destino, aliado a admiração que o publico e os gestores daquele estabelecimento turistico sente por mim, perguntaram se eu não queria ficar para fazer parte da equipe que iria animar o local, ao que respondi positivamente, e hoje, volvidos seis anos tornei-me na principal estrela do Ceara, conquistei os cearenses e por consequência, o povo brasileiro. Prova disso tem sido o vasto leque de participações que venho tendo nos concertos dos grandes do Brasil, como é o caso da Alcione, a rainha do Samba, Roberto Carlos entre outros.

Sente-se realizado profissionalmente?

Bom, realizado não, mas sinto-me orgulhoso pelo meu trabalho, não é por acaso que se diz que é chic ter-me num concerto, pois ha pessoas que tocariam com figuras como Alcione mesmo sem cobrar nenhum caché, o que não é o meu caso. Já estive presente em quatro anos consecutivos no Festival dos Vinhos da Guramiranda, fui eleito no ano passado como a melhor atracção do evento.

Quais são os teus projectos para o futuro?

Estou a poucos passos de me afrimar como um World Music e tudo estou a fazer nesse sentido. Já tenho contactos com a Castle e outras empresas de renome que irão patrocinar a minha participação no mundial de futebol 2010 a realizar-se na Africa do Sul. Tenho uma grande bagagem na arena musical que fui adquirindo em toda minha trajectoria como artista e é chegado o momento de saltar para a categoria “A” da musica.

Qual é a sua avaliação do estagio actual da musica moçambicana?

Por incrivel que pareça, estou muito surpreso com a forma como a musica moçambicana tem evoluido. Esta num nivel aceitavel e sinto-me satisfeito pelo facto de haver muitas inovações, sobretudo na musica tocada pela nova geração e ao mesmo tempo triste, visto que as instituições que velam pela área cultural não disponibilizam nenhum apoio aos artistas e nem criam condições para que as crianças, que são os continuadores da patria, tenham acesso a escolas apropriadas para desenvolverem as suas capacidades criativas e talento.

Qual é a recomendação que deixa para os musicos nacionais?

Para os musicos que ainda tocam na base do “dó” e “ré”, julgo que ainda é tempo de procurar inovar, porque nessa base, não vejo como podem tornar-se competetivos a nivel internacional, há uma necessidade de se investigar mais os acordes musicais, o tempo do dó e ré já passou, e se um musico quer se afirmar no panorama internacional, tem que entrar com um produto de qualidade e deixar de tocar arroz com feijão.


Hélder Samo Gudo

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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Ivan Mazuze em disco

“MAGANDA” é o título do disco do jovem saxofonista moçambicano Ivan Mazuze. O disco vai ser lançado em Outubro próximo e reúne 11 faixas musicais, nas quais predomina o afro-jazz.
Dentre vários temas, Ivan Mazuze presta homenagem ao saudoso Samora Machel, cujo título da música é “Papá Samora”. Nascido em Maputo, em 1980, Ivan Mazuze vive e trabalha na África do Sul, para onde se dirigiu afim de ir dar continuidade dos seus estudos na cidade de Cabo.

Ivan Mazuze em Jam Session no Gil Vicente com Moreira Chonguiça

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Dimas - "Há muito que fazer para desenvolver a nossa música"


Dimas é compositor de muitos temas musicais que marcaram os anos 90 e ainda hoje fazem sucesso. O músico, que iniciou a sua carreira nos anos 70, tornou-se mais notavel após ter participado do Ngoma Moçambique em 1990. Do seu vasto e brilhante repertório, figuram temas como “Txotxoloza”, tema com o qual baptizou o seu primeiro trabalho discográfico. Para além de seguir carreira como artista, Dimas é hoje empresario e as suas actividades estão viradas para a promoção da música moçambicana de raiz. É com esta figura que a equipa do Mozhits procurou iniciar uma conversa, embora não cabal, com vista a dar a conhecer um pouco daquilo que foi a sua trajectória artistica da Manhiça local onde nasceu até aos dias que correm.

Como é que entra para o mundo da música?
A minha entrada para a música, não se diferencia da história de muitos artistas da minha geração. Cresci num distrito (Manhiça) que dista cerca de 80km da cidade de Maputo. Foi la que tive o primeiro contacto com a famosa guitarra de lata e tocava com uma afinação tipica do campo, pois não tinha muita relação com as notas padrões como é o caso de “lá”, “dó” e por ai em diante. Curiosamente, fiz a minha primeira guitarra que infelizmente não tirava o som que almejava, insatisfeito, tentei melhorar o meu instrumento fabricando um outro com base em uma lata de azeite de 5 litros e a terceira dimensão que toquei destas guitarras de lata, foi de 20 litros e foi feita por um vizinho mais experiente. Creio que o meu interesse pela música fluiu em grande escala naquela altura visto que tornei-me numa figura notável no abrilhantar dos Xingonbelas durante as noites juntamente com os rapazes e as raparigas da zona.

De lá para cá nunca mais parei, fui melhorando as minhas técnicas de execução, passei da guitarra de 3 cordas para 4 e 5 cordas. Com um espaço já reservado para as minhas actuações no cair da noite, imitava em grande estilo as músicas tocadas pelos mais velhos, para além das músicas estrangeiras provenientes do Kenya e do Zaire. Foi desta forma que passei a tocar e sentia-me um verdadeiro guitarrista.

Da guitarra de lata a convencional, como ocorreu este processo?
Depois do golpe de estado em Portugal, começa a euforia da revolução em Moçambique sobretudo para os jovens. Lembro que foi neste momento em que mudei de residência de Manhiça para Lourenço Marques (actual Maputo). Foi nesta altura que juntei-me a alguns amigos aqui de Maputo e formamos a nossa primeira banda. Ai, começa a operar-se algumas mudanças, a minha face de músico muda, a música do campo e os outros ritimos do Kenya e Zaire começam a perder espaço.

Com o grupo, procuramos ir mais além executando temas provenientes dos Estados Unidos de America, do Brasil, da França e foi também nesta onda que começo a tocar a guitarra convencional ao mesmo tempo que fui aperfeiçoando o canto no palco como vocalista auxiliar. Como a nossa banda ainda não era conhecida, contactavamos as bandas que já tinham alguma influência no meio músical e quando estas tocavam num casamentos ou em outros eventos, cediam-nos um espaço para tocar-mos a nossa melhor música e a banda procurava na medida do possível, trazer um tema cantando em inglês para poder imprenssionar os presentes, desta forma o contacto com a música universal foi ganhando maior espaço.

Como aprendeu a tocar?
Para tocar guitarra, não fui a nenhuma escola, fui trocando algumas experiências com amigos e dedicava-me a explorar o braço da guitarra. Mais tarde descobri juntamente com alguns amigos que existiam livros que continham cifras que nos facilitavam a aprendizagem da guitarra e foi assim. Já na segunda banda que integrei, tive a oportunidade de cantar para além de tocar. Portanto, nesta tentativa de associar as funções, fiquei marcado até hoje, ha quem diz que sou parado quando estou no palco, mas na verdade é que sempre tive uma moleta para me apoiar enquanto cantava, esta moleta é a guitarra. A primeira vez que cantei em palco sem guitarra, tive alguns problemas visto que já estava habituado a subir ao palco tocando.

Quando é que entra pela primeira vez em um estúdio de gravação?
A minha primeira entrada para o estúdio foi em 1976, infelizmente foi uma coisa que acabou falhando e muitas pessoas acabaram não conhecendo essa passagem no meu trajecto como músico. Foi no estúdio da 1001 pertecente a uma companhia que já esta fechada hoje, a mesma funcionava na Machava. Nessa altura gravei um seven single e um exten play que era um disco composto por quatro músicas.

Foi possível gravar os quatro temas, mas é importante realçar que isto sucede numa altura em que a industria músical esta em crise e a própria companhia estava a entrar em falência. No entanto, cheguei a ter o produto final comigo, mas o mesmo nunca chegou no mercado. Só em 1990 é que gravo um tema que chegou a ir até as rádios e foi com esta música que concorri pela primeira vez no Ngoma em 1991 só que infelizmente não consegui levar o prémio, contudo, a música foi muito bem aceite pelas pessoas e de lá para cá nunca mais parei de gravar em estúdio até que conclui o meu primeiro CD intitulado Txotxoloza em 2005 e o mesmo, só veio a entrar no mercado em 2006.

Qual é o segredo do sucesso nas suas composições?
O segredo é muito simples, na minha opinião, é nunca termos pressa de atingirmos a fama, pois há riscos quando se pretende atingir a fama porque é possivel ficar no top por dois dias e depois quando acordamos estamos no chão. Penso que para quem ouve as minhas músicas ainda fica com a sensação de ouvir algo gravado ontem, já comigo é diferente, ao ouvir os meus temas antigos, encontro imperfeições. Então é um processo que me ajuda a alcançar a qualidade que desejo ter nas minhas músicas. Procuro sempre trabalhar muito mais com a música de forma a encontrar um ponto de maturação. Não tenho muita pressa de levar os meus temas ao público e faço um trabalho de base para que quando chegue aos meus fãs, tenha uma qualidade e uma harmonia aceitável. Acredito que é este o segredo que ajuda a longar a vida das minhas composições.

Hoje Dimas para além de músico é empresario, de onde surge esta ideia?
Trata-se de uma ideia muito antiga, talvez muito mais antiga em relação ao tempo em que muitas pessoas conheciam-me como compositor pois, ha muitos que conhecem-me como interprete. Já antes de gravar temas originais da minha autoria, fazia empresas de enterteinimento e as mesmas creio que deixaram muitas saudades na memoria de muitos músicos. Sempre tive uma visão de como o músico deve ser tratado, quis sempre fazer diferença olhando para os palcos que era convidado a actuar. As condições oferecidas eram lastimáveis.

Neste ordem de ideia, tenho que assumir modestamente que fui o primeiro a oferecer melhores condições aos artistas que levava para o palco. As minhas empresas de produção de espetaculos não só se preocupavam em levar os artistas já firmados mas também fazia audições nos bairros a procura de bandas que executam música de raiz. A titulo de exemplo está a banda Xitende que fui buscar no Chamanculo e trouxe para a cidade. Então, foi neste rolo de acontecimentos que firma-se a ideia de continuar a melhor servir aos músicos e criei a editora Diamante.

Qual é a avaliação que faz do estágio actual da música moçambicana?
Positiva, hoje há um pouco mais de preocupação em fazer música boa e não despachada. Já é possivel consumir música produzida em todo territorio nacional, embora ha muita coisa a ser feita para o desenvolvimento da nossa música. Só para referir um exemplo, a nova geração de músicos, resolveu um problema que nós a velha geração não conseguimos solucionar.
Estilos como Rap, Pandza, Dzukuta e por ai fora, vieram servir de bareirra a invasão que estavamos a ter de músicas de Cabo Verde, Africa do Sul, EUA e de vários países ocidentais. Os jovens procuraram criar estilos que se assemelham aos de fora, mais dando-lhes uma tónica nacional e desta forma, hoje já é possivel ouvir Rap feito em Moçambique e hoje já dança-se a nossa maneira. Para terminar, talvez convidar os jovens a reflectir melhor sobre as mensagens que veiculam, pois, é preciso dizer coisas que educam a sociedade.

Fonte: mozhits

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Marllen ft Dama do Bling - Preta Negra


Marllen ft Dama do Bling - Preta Negra
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Video de LCD ft F Kay - Niggas Desistam

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Tony Django acredita que os artistas precisam ser representados

O JOVEM músico Tony Django, vocalista da banda Kapa Dêch e que em noites de canícula e de frio aparece em diversas casas de pasto com uma turma de amigos a realizar concertos, bem como cantando para a sua banda de coração, fala da necessidade de os artistas começarem a pensar em ter quem lhes represente. Esta acção é vista por ele como uma mais-valia, pois o artista deixaria de pensar em que coisas que não estão intrinsecamente ligadas a ele para se dedicar mais à música, aos espectáculos que se pretende que sejam de grande qualidade, e também à composição.

Por exemplo, diz, os músicos precisam de ter representação para que possam ter tempo de se organizar e ter ainda poder ensaiar, discutindo alguns pormenores técnicos com os seus colegas, relacionados, ou não, com o espectáculo que vai dar.
“O que se assiste hoje é que o músico vai falar do espectáculo, negoceia cachés e tem que carregar os seus instrumentos e arranjar carro para o transportar. Como é que queremos que um artista chegue cedo ao local do evento se o promotor do mesmo não se preocupa com os detalhes inerentes à vida do músico. E quantas vezes os músicos vêm-se obrigados a arranjar-se na boleia de um amigo ou ‘entrincheirar-se’ nos chapas?”, questiona.

Tony, que é um dos vocalistas mais destacados da sua geração, diz ainda que não fala de um nível de agenciamento, por ainda estar-se longe disso, embora já comecem a surgir sinais que indicam isso, mas de uma organização que permita aliviar o músico de transtornos que, à partida, podem parecer pequenos, mas com uma influência muito grande no final da acção que ele vai fazer. “Com uma representação, o músico passaria a ficar um pouco mais liberto e com tempo para cuidar da componente musical e não andar a carregar violas e ainda conduzir carros”, comenta.
Tony Django entende que, para lá de uma produção musical de grande qualidade, o sucesso do artista faz-se também sentir com o seu bom espectáculo no palco e a sua excelente performance, com os aplausos incontidos do público.

“Mas todo este exercício deve começar nos bastidores, na produção e na forma como os organizadores dos eventos olham o músico, como o tratam. Este trabalho deve começar na forma como os empresários olham para o músico, pois, caso contrário, nunca chegaremos a lado nenhum”, sublinha.

PAGAR IMPOSTOS
O vocalista, que já fez dueto com o conceituado músico Ismaelo Lo, fala dos impostos que os músicos e os organizadores dos espectáculos devem pagar, da importância de não se fugir ao fisco, pois isso traz riscos, desvantagens e toda uma desmesura que não abona ninguém.
“Para que não sejamos apanhados por situações anómalas e ficarmos a pensar que estamos a ser perseguidos é melhor começarmos a fazer as coisas dentro daquilo que está estabelecido, das normas estatuídas. Esta é uma situação real a que não podemos e nem devemos fugir dela”.

Diz ainda que: “penso que o nosso trabalho deve ser regrado. Se eu canto e ganho dinheiro, então tenho que pagar impostos, mas também é obrigação de quem me faz cantar pagar esses impostos, como forma de encontrarmos um estímulo. E ainda, àquele a quem pagamos os impostos cabe a responsabilidade de nos ajudar a criar um ambiente de trabalho são e profícuo. Esta é a minha maneira de ver o mundo no qual estou inserido e estas são as minhas opiniões”. Na sua perspectiva, se cada um se dedicar um pouco e tecer as suas opiniões conseguir-se-á moldar a sociedade. E ela será como os mesmos cidadãos a desejam que seja.
“Das várias opiniões iremos colher o essencial para construirmos o nosso mundo artístico e belo”, comenta.

TONY E AMIGOS... PARA NOITES FINAS
Tony Django, para além da sua banda, com quem já trilhou o mundo e roçou palcos que deixaram extasiados públicos e públicos, sobretudo os amantes da boa música, tem aparecido com outros jovens instrumentistas que são da sua enseada, como são os casos de Kaliza, Pipas, Iva Chitsondzo, Bernardo Domingos, Eduardo, Jorgito e Amone. E pelos sítios por onde passam – tal como acontece com os Kapa Dêch – deixam saudades.

Em entrevista à nossa Reportagem, Tony Django diz que vê na frequência de espectáculos que realiza algo de bom, e isso é sinal de que há quem acompanha a sua carreira.
“Significa que as pessoas estão a acompanhar o meu trabalho e, certamente, a gostar do esforço que faço para que ele tenha o mínimo de qualidade”, anota.
Mas isso, adianta, tem também a ver com épocas, pois sabe-se que chega um período em que as pessoas querem actuar e não conseguem ter espaço.

Por outro lado, a frequência de realização de espectáculos é vista por Tony Django como resultado de um crescente número de espaços de música na cidade de Maputo, embora estes sejam mais casas de pasto.

Aliás, ele diz que é nas casas de pasto onde os músicos continuam a ter os seus rendimentos. Cita o caso de espaços musicais como Bar dos Amigos, África-Bar, Gil Vicente, Xima, Vila-Sabié, Khuwana, Matola-Jazz que tem tido uma programação regular levando para lá músicos que vão animar a plateia em noites de canícula e de frio.

“Os músicos giram muito e sabe-se que em Maputo, contrariamente ao que se pode pensar, ainda não existem muitas bandas organizadas e a música que se pretende tocar a noite é de animação e própria dos fins-de-semana. Quando falo de bandas organizadas refiro-me àquelas que estão especializadas para tocar música para a noite, música diversificada e de animação.

Temos muitos grupos de música especializada, com destaque para o jazz, o blues, o afro e ou a marrabenta, até mesmo o rock. Mas estes estilos musicais têm os seus próprios espaços, a sua hora e o seu público”, diz, anotando que quando os grupos empresariais começaram a explorar as províncias, montando infra-estruturas adequadas e capazes de acolher vários espectáculos musicais os artistas vão rodar o país todo, facto que permitirá o desenvolvimento da música e o melhoramento das condições de vida dos músicos, pois eles irão ganhar dinheiro.

“Isso vai nos dar muito trabalho em curto espaço de tempo e isso significará dinheiro. Mas, para que isso aconteça é preciso que as coisas estejam organizadas”, diz. E sublinha que a respectiva organização não deve vir somente dos músicos ou dos empresários. Deve ser uma organização colectiva.

A título de exemplo, Tony Django vai cantar esta sexta-feira ao lado do guitarrista, no espaço Khuwana, num concerto que é repetição do que aconteceu semana passada. Este espectáculo acontece a pedido do público que gostou da prestação dos artistas que actuaram sexta-feira última.

Francisco Manjate


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RASTONY E TREVOR HALL NO COCONUTS

Artigo de 8 de Julho de 2009
É JÁ amanhã (09/07/2009) que o músico jamaicano Trevor Hall volta a actuar na capital do país, num concerto intitulado “Duas Mentes”. Trevor Hall é uma das mais conhecidas figuras do reggae na Jamaica e no Mundo. O concerto está inserido num projecto de intercâmbio musical entre os fazedores de música reggae, e Trevor Hall vai dividir o palco com o músico moçambicano Ras Tony, líder da banda Maputoland. Aliás é dessa partilha de palco que nasceu o título do concerto; “Duas Mentes”. “Duas Mentes” é uma iniciativa de troca de experiências entre os dois artistas depois que se conheceram há mais de 20 anos, num concerto havido na vizinha Suazilândia.
O objectivo do concerto, conforme disse Ras Tony é a partilha de experiências entre o reggae que se faz na Jamaica e o que se pratica em Moçambique. “Conheço o Ras Tony há mais de 20 anos. Respeito a sua entrega pela música reggae e estar em Maputo é uma possibilidade de intercâmbio com os fazedores do reggae aqui em Moçambique. Aliás, o reggae tem origens em África e foi levado para Jamaica pelos escravos africanos”, disse Trevor Hall em conferência de imprensa convocada para o anuncio da realização do concerto. Noutro desenvolvimento, mostrou-se satisfeito com a qualidade dos músicos que existem em Moçambique, particularmente os que trabalham na música reggae.
Tendo igualmente se mostrado satisfeito com o facto de muitos dos músicos da actualidade no país serem filhos de artistas com que teve privilegio de trabalhar quando da sua passagem por Moçambique na década de 80, altura que trabalhou com a banda Hokolokwé. Disse na ocasião que com o concerto, os moçambicanos terão a oportunidade de conhecer a essência do reggae.
Entretanto, Ras Tony disse que o projecto “Duas Mentes” poderá ser lavado para outros países da região da África Austral, exemplo do Zimbabwe, onde Trevor Hall trabalhou durante vários anos. De referir que a nível da região Trevor Hall é mais conhecido na vizinha Suazilândia, reino que na prática é a sua segunda pátria depois da Jamaica.

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Apresentação de Miss Didy na 5ª Gala do Dança dos Artistas Vodacom, com muito ritmo.

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