sexta-feira, 30 de maio de 2008

Sociedade Anonima



Formado em 1999, por Wrong Mind e Chaminé, então adolescentes e colegas de carteira no décimo segundo ano na Escola Secundária Francisco Manyanga, o grupo inicialmente denominou-se Psycho Basement, em alusão ao estilo liríco inspirado em comportamentos esquizofrenicos e psicopáticos aliado a uma sonoridade instrumental seca e dura, que faz lembrar os grupos hardcore de garagem ou caves.
Até então Wrong e Chaminé, tinham trilhado caminhos diferentes. Enquanto Wrong Mind participava activamente em alguns sons no projecto Squad Secreta ao lado de Brada El e 1788, Chaminé escrevia rimas e prosas desde 1995 ao som dos AC/DC, Nirvana, Metálica, Rage Against The Machine sem pensar em fazer rap algum dia, de facto, até hoje duvida que seja rapper.
Escreveu rimas para alguns rappers e grupos, como é o caso do extinto grupo BBC Family, que usou muito material escrito pelo seu punho em 97-98-99 para músicas e sessões de freestyle no programa Hip Hop Time da Radio Cidade.


É nos bancos da Francisco Manyanga, entre freestyles de colegas que nasce Psycho Basement, que no mesmo ano grava o seu primeiro som no então estúdio de Guilherme Silva ao lado dos Religious Masters.
Uma experiência que Chaminé prefere esquecer, a música Deep True, era pra ele um tremendo fracasso artistico, onde a inexperiência esteve muito bem patente. Mas uma coisa ficou bem definida com esta experiência, Wrong Mind revelou-se um promissor produtor e Chaminé, assumiu-se como um dos liricos principais do grupo, pois, o outro, Icenel, só entraria para o colectivo no ano seguinte. Icenel, liricamente irreverente e criativo, torna-se numa mais valia para o grupo e aumenta o estilo combativo e cínico que é caracteristíco do grupo.
Tudo estava nos eixos, Icenel e Chaminé, assumem a responsabilidade no que diz respeito ao que seria a filosofia do grupo em diante, na verdade o caminho nem seria tão duro assim, pois Ice e Chamí, são grandes amigos, cada um é o melhor amigo e confidente do outro, e partilham de alguns gostos comuns como é o caso múscia electronica, indie rap (thug e nerd) bem como o gosto pelos frenéticos filmes de Quentin Tarantino que lhes permitem buscar outras atmosferas artisticas para enriquecerem as suas obras.. 2002 foi um ano muito intenso para o grupo, em termos criativos e produtivos, para além de participarem na compilação Atenção: Desminagem! da Kandonga Produções, este ano quase resultou no album HEKATOMBE, cujas musicas contaram com a colaboração de Triplo 6, de onde eram membros integrantes e co-fundadores, e Shackal, membro da Alizé, que goza de muita simpatia no seio do então grupo Psycho Basement.
O album não saí, a constante dinámica do grupo em termos de temática é a principal razão, havia que filtrar mais o conteúdo para que a mensagem chegasse com efeito devastador aos ouvidos alvos, além disso, depois da gravação destas músicas, Chami e Ice começam a viver uma outra realidade em termos de técnicas de escrita e difusão de mensagens, defendem que a liríca deve ser um retrato falado da sociedade, mas também cada palavra deve ser por si so um momento unico e de orgasmo continuo ao longo de toda letra, e que todos os detalhes, até os mais insignificantes devem estar lá. Falhada a primeira tentativa de album, no ano seguinte o grupo passa a chamar-se Sociedade Anonima, Icenel revela a sua veia produtora, e introduz um sabor mais indie na sonoridade do grupo, as letras assumem-se cada vez mais explicitas e descomprometidas com qualquer tendencia, corrente ou sistema do cenário hiphop local, admiram alguns grupos locais, mas não se identificam com nenhum deles. Nao sabem definir a sua música, e nem querem fazê-lo, pois acham que o artista não se deve padronizar, tudo o que Sociedade Anonima quer é cantar realidades do seu proprio imaginário e de onde são integrantes. Não inventam nada, pois , escrevem como se estivessem diante do espelho, são os actores principais de suas músicas, sejam eles vilões ou heróis, não estão interressados em passar a imagem de pessoas perfeitas ou bons samaritanos, pois, são pessoas comuns, eventualmente impudicas, politicamente incorrectas, eventualmente cínicas e com as suas culpas no nosso kamassutra social.
O Rap é um hobbie, fazem-no quando estao inspirados e nao como uma causa, sao artistas anonimos e nao missionarios, tem pavor do comprimisso. Raramente fizeram apariçoes publicas, e esta realidade nao mudara nos proximos tempos "Espectaculos nao me cativam, é dificil encontrar uma atmosfera como a do historico show da Kandonga no Franco, sinceramente falando nao estamos muito interressados em espectaculos, nem em participar nem em assistir, queremos ouvintes e nao mirones, eu pessoalmente nao simpatizo muito com os espectaculos convencionais de rap, cansam-me, o rap pra mim é tezão, nao gramaria de me sentir um cavalo de troia nisto, nao somos operarios, somos pensadores-Palavras de Chaminé", estao muito mais interressados na evoluçao do seu estilo do que na integraçao com outros estilos que nao lhes dizem nada, assumem esta posiçao sem qualquer tipo de extremismos... "We hope someday to be saints, but not martyrs".
Desde 2005 que o grupo anda parcialmente retirado dos meios convencionais de difusão da musica rap, ora por motivos profissionais, pessoais ou académicos, ora pela busca de ferramentas de difusão que se adaptem a filosofia do grupo e que não restrinjam a liberdade criativa do grupo.
É assim que o grupo decide trabalhar discretamente e descomprometido, sendo este espaço o inicio de uma nova era no que diz respeito a forma como as suas obras poderão ser encontradas de hoje em diante. Paralelamente, o grupo encontra-se a trabalhar nas letras e sons daquele que será a sua enciclopédia do kamassutra social, o album PORNO SAPIENS, relatos insólitos e de espanto cheios de tezão. Se O Todo Poderoso Quiser, o Album Sairá... e quem viver Verá (Escutará)

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quinta-feira, 29 de maio de 2008

Hip Hop Kara Kara

HIP HOP KARA KARA

O programa vai ao ar todos os sabados das 15h as 17h na Radio indico, na frequencia modulada 105.5, e é apresentado por Duas Caras.

Espalhem a mensagem no vosso block!!!!

Publicada por xitapora em Sábado, Maio 17, 2008

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quarta-feira, 28 de maio de 2008

Nelma Mpfumo


Nelma Mfumo, de seu nome completo (e verdadeiro): Nelma Adélia Lázaro Fumo, nascida em Agosto de 1986, em Maputo, Moçambique.

Apesar de, agora, Nelma nos brindar com notáveis performances vocais, só veio a descobrir-se a si mesma há cerca de quatro anos. Em 2004, quando integrou o agrupamento Da Flipe, do qual foi também fundadora, começou a experimentar e a por à prova as suas cordas vocais. Nessa altura, Nelma, até por não ter ainda um estilo musical pessoal bem vincado, aventurou-se do R&B ao RAP, coadjuvada pelos seus companheiros de banda, Idiamin, Leo Dukapa e Mandinga. Porém, e apesar da amizade que unia os membros da Da Flipe, a banda durou pouco menos de doze meses, tendo chegado a gravar em estúdio dois temas, que não vieram a público. Por outro lado, esta experiência serviu de catapulta para todos, sendo que Nelma destaca-se na área musical.

Os quatro amigos, como que magneticamente atraídos, voltaram a encontrar-se, quando, um a um, foram aderindo ao NELO, Núcleo de Estudantes Amigos do Livro, uma associação afilhada da Escola de Artes e Letras da UEM – Universidade Eduardo Mondlane. Desta feita, cada um deles parecia ter se encontrado com as suas vocações. Foi no âmbito do NELO que Nelma passou a conviver mais com Mashani, que também era membro do NELO. Mashani, no início da caminhada a solo de Nelma, foi de extrema importância, pois, além de seu instrumentista, era uma espécie de mentor. Mais tarde, Mashani e Nelma, foram companheiros de banda, a Ndjango, da qual foram também fundadores.



A Ndjango é a banda onde Nelma tem vindo a evoluir, como a vocalista principal, e que lhe permitiu dar asas a sua carreira solo, novamente, dado que tratar-se de um projecto jovem, flexível e dinâmico. E é no âmbito da carreira a solo que nesta quinta-feira, dia 14 de fevereiro de 2008, no sítio de costume, Café e Bar Gil Vicente, será lançado do primeiro vídeo clip da carreira da nossa estrela em ascenção, que contou com a participação especial de Miguel Xabindza, igualmente um membro da Ndjango. A produção esteve a cargo da Killombo Produções em parceria com a Maocha’s (Produtora Independente) e ao Direcção do video a cargo de Leonardo Nhavoto, o actual manager da carreira a solo de Nelma Mfumo. O lançamento do clip de Decisão está inserido no evento Noite d’amor do Projecto Poder na Voz “Minha Voz Meu Direito” do British Council.

Fonte: Kilombo Kultural

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Tufo

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terça-feira, 27 de maio de 2008

Letra da "Base de Vida" de L. Nato

Intro (L.Nato)

Yeah…..
Yeah…..
A base da Vida
Qual e A base?
A Base da Vida……..
A Família e os Amigos……..
A Base da Vida e Essa………

Verse 1 (L.Nato)

Eu sempre vivi de Maneira Muito Simples
A educação que tive foi com regras e Limites
A minha mãe esforçava se em dobro nunca me dava o Pouco
+ Também nunca me Enchia de Tolices
+ Eu não Achava bom Porque Ambicionava muito
Como qualquer miúdo queria que me dessem o mundo
Montes de brinquedos eram os meus desejos
+ A minha mãe lutava para que eu tivesse Deus no Peito
E o que eu achava Mal Ontem Hoje Vejo Como Melhor
Ninguém se faz homem sem produzir Suor
Hoje Sinto Efeito daqueles conselhos de Mãe
E de um pouco de Chinelo para que eu não mentisse mais
Só agora Considero aqueles momentos como importantes Momentos
Só agora pois muito Tempo Compreendo
Pois eu e Alguns Amigos Chegamos ao Consenso
Que sem Boa Educação o Homem Não Tem Bom Senso
A Vida Começa Ai ao Nascer Crescer
Aprender a Por um Sorriso no Rosto Saber Viver
Procurar amigar se com quem se parece connosco
Pois isso e Fundamental para nossa maneira de Ser
A Base da Vida e Isso, os Princípios Morais
A Educação, a Família e Os Amigos de Verdade
Yeah.......

Refrão (S.Gee from Xitiku Nbaula)

Aku hanya hidondra Kayala Ndeleni Niva Nganu
Naninu Vana Xitxavu(Litandru) Loku(Djaku)
Hanya Ni Vanu

Verso 2 (L.Nato)

O que sou hoje e tudo fruto do meu passado
De todos aqueles dias de vitorias e de fracassos
De Todas aquelas conquistas em cada um dos meus passos
De todas horas de fôlego e de Cansaço
Hoje já nem me arrependo apenas, uso como incentivo
As barreiras que vou Encontrado pelo caminho
Pois eu Tenho Fé na Base que me suporta No sofá que me conforta
A família e os amigos o que seria de mim 100 eles
Com certeza vivia num Mundo com azul + sem verde
Não conseguiria caminhar num deserto 100 ter sede
Se eu Tivesse Essas Pessoas por Perto
Pois eu já vi tantas vezes Eles Sacrificarem se por Fim
Trocarem o não Pelo Sim
E eu também já me sacrifiquei tanto
Deixei papéis em Branco
Comecei letras que não cheguei ao Fim
+ Eu não cobro nada pois foi por amor que o fiz
E eles também não, eu sinto que e pelo mesmo motivo
Numa relação e preciso dar a mão a palmatória
E Ate mesmo apagar da memória Alguns Momentos Vividos

Refrão

Meus amigos
Minha Família
Vocês vivem dentro de Mim
Dentro de Mim
Dentro do meio peito
Ahah…..
Yeah…..
Nunca se esqueçam disso
Não dinheiro no mundo
Que pague um verdadeiro amigo
Um compaheiro assíduo
Ou alguém que nos de carinho
Ou alguém que nos de carinho
Ou alguém que nos de carinho
Que nos carinhos que nos de Amor

Publicada por 911 Estudio Generico

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segunda-feira, 26 de maio de 2008

Banda Azul, vencedor do Inter Regional Festival de 2001



Winners of the 3rd InterRegional Festival, this seven member afro-pop sensation from Maputo went on to perform throughout Sweden. They continually perform across Mozambique and plan to record an album in the near future.
One of the band's member's Fanuel Macuacua is currently involved in our Couleur Solidarity PA Technician Program, progressing in the Music Crossroads' spirit of development through music.


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Cotonete Records apresenta Pitcho ft Bhakka & Fellin

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sexta-feira, 23 de maio de 2008

Hip Hop Tiime na Radio Cidade

Atenca: NO AR! Assim acontece o Hip Hop Time da Radio Cidade.
E nos espreitamos da janela.
Foto: Mak Da P

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Dj Damost

Dj Damost, Um dos "toquistas" mais badalados da cidade

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quarta-feira, 21 de maio de 2008

NeuroToxina, o Produtor



Santos de Abrantes L. Francisco, nascido a 8 de Setembro de 1986 melhor conhecido por NeuroToxina (ou simplesmente Neuro por amigos, próximos e a namorada), e um produtor e MC (emcee) moçambicano residente em Maputo.

Inicia a sua carreira no cenário Hip Hop como Tremendous Rapper Thug, e passa mais tarde para True Terrorist Of Islam, começa a produzir em 2002, em casa do seu amigo de infância Carlone, e já integrou vários grupos de Hip Hop destacando-se 4rto Céu (quarto céu) com Lírico Nato, Olho Nú, Origimoz, e outros

Em finais de 2005 lança o seu álbum de estreia + Sentir Do Q Receber (Mais Sentir Do Que Receber), com o selo da 911 Estudio Genérico, álbum este independente, que despertou a atenção de muitos emcees e produtores e conquistou muito respeito e admiração. NeuroToxina inspira-se em RZA, Pete Rock, Madlib, Jay Dee e Dj Premier…… e todos que não façam weak shits.





NeuroToxina descreve-se a si próprio como sendo “primeiro produtor e depois por ultimo emcee” e tem feito alguns trabalhos de DJ como misturar seus beats com algumas acapelas, ou simplesmente remisturas, mas não se assume DJ. Em 2006 através de Nunas Emcee conhece AlJazZ e começam a trabalhar juntos, e no ano seguinte juntamente com AlJazZ e FreeYaMind formam o grupo de produção Paiol Sonoro

Em 2007 lança um álbum de remisturas denominado Tenta Isto Em Casa vol.I, juntamente com o seu grupo de produção Paiol Sonoro um dos primeiros álbuns de remisturas no cenário hip hop Moçambicano.

NeuroToxina é um dos principais fundadores da 911 Estudio Genérico juntamente com o seu irmão FreeYaMind.

Discografia NeuroToxina

+ Sentir Do Q Receber, EP (2005)

Paiol Sonoro

Paiol Sonoro Clássicos (2007)
Tenta Isto Em Casa (2007)

Outros Créditos de Produção

2006:”Lighter Day”,”Hot Rhymes” – Overdose
2006:”Pátria”, “A Vinda” – Olho Nú
2006:”Amor é” – SDR
2007:”A Sempre Uma Esperança”, “A Sempre Uma Esperança (remistura)”,

“Ela Não Te Merece”, “Debaixo Da Ponte” – Gilman
2007:”Dingzwayu Ani Ritu” – Xitiku Ni Mbaula
2007:”Enquanto o Coração Bater” – Decimu Terceiru
2007:”Hoje O Dia Ta Bom” – 9na Xpada


Contactos: neurotoxina911@yahoo.com.br
Cell: +258 82 569 0316

Publicada por 911 Estudio Generico

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terça-feira, 20 de maio de 2008

Didácia e Júlia Duarte já se impõem na Beira


VOZES FEMININAS DO “CHIVEVE”:
SABIA-SE que os falecidos músicos da Beira, David Mazembe, Taz, Beirão e Inácio de Sousa, os cantores Romualdo, Madala, Jorge Mamad, Gil Pinto, João Suto, Stima lançariam sementes que, mais tarde ou mais cedo, iriam brotar. Hoje, o “Chiveve” é um “caldeirão” que se pode orgulhar ao testemunhar o nascimento de uma legião de novos talentos da música moderna e tradicional.

Neste momento esses jovens músicos estão cada vez mais nas vistas, e tem dado cartas por este país. São os casos de Djei, Constâncio, Sslowli, Carlos de Lina, “os inocentes”, Djakas, Nhacha, Mussodji, Júlia Duarte e muito recentemente o “fenómeno” Didácia que surgiu inesperadamente com o “Ndhaneta”, sucesso de rádios, televisões e pistas de dança do país.
Há dias, parte destes nomes da Beira estive na capital do país, para apresentar as suas obras mais recentes.

A nossa Reportagem entrevistou duas vozes femininas, oportunidade que serviu para sabermos um pouco mais acerca das suas carreiras e sobre o que eles pensam da música moçambicana no geral.
Didácia, conta que entrou no mundo da música, há pouco tempo. Conta apenas com cinco anos de carreira, mas foi graças ao “Ndhaneta” que fê-la sair, de súbito do anonimato. Hoje , esta jovem é actualmente um nome incontornavel no panorama musical da zona centro e não só.
Didácia explica que a sua carreira tem génese na Igreja Católica Romana, onde ela participava em corais juvenis.

Na altura, formar-se um grupo musical do bairro, denominado “Diesel”, apostado em ritmo “afro” e passada. Como sempre acontece com as pequenas bandas de garagem, esta acabou dissolvida, cada um tomou o seu rumo.
Mais tarde, tudo reiniciou quando Didácia se cruzou com o jovem produtor Sslowli( hoje um produtor de referencia nos jovens), que lhe gravou alguns temas seus.
Parte dessas músicas incluindo “Ndhaneta” fizeram parte de uma colectânea dedicada aos jovens talentos da Beira.


O SUCESSO “NDHANETA”
Questionamos o significado de “Ndhaneta”, e a entrevistada diz que ficou surpreendida com o sucesso, pois, a reacção do público foi rápida.
“Ndhaneta” significa estou farta. È o desabafo de uma mulher cansada de maus tratos por parte do seu parceiro. Esta música fala de alguém que já não suporta mais o clima de humilhação. São coisas que infelizmente acontecem em muitas famílias do nosso país”, explica.
Prossegue, “Muitos homens formam lares e não prestam a devida atenção a sua família. Esses lares ficam destruídos por vezes por bebedeira que muitas vezes acaba em violência doméstica”.
Muitas vezes sou abordada na rua por senhoras adultas que dizem, “Didácia você cantou um facto verídico. Isso acontece na minha casa. Algumas vezes quando quero chamar atenção ao meu marido, ponho a tocar a sua música e ele fica a ...”

NOVO ALBUM “MISSERU”
A cantora Didácia tem já nas mãos o seu primeiro álbum, que reúne todos os temas produzindo ao longo dos cinco anos de carreira. O álbum chama-se “Misseru” que significa problemas, numa tradução livre de sena para o português.
Com oito temas, este disco é editado pela Vidisco.
Com oito temas este CD está na mesma linha de abordar os problemas sociais dos moçambicanos e dos beirenses em particular.

Neste momento, paira no foro do seu íntimo alguma preocupação, pois, não sabe de como este último será recebido junto dos seus admiradores, embora Didácia esteja seguro numa coisa: a qualidade do trabalho final, produzido por Sslowli.
“Eu e meu produtor entregamo-nos de corpo e alma nesta obra”, assegura.
“Durante o trabalho de estúdios trocamos várias ideias e procurámos fazer tudo com o maior rigor exigido numa obra que se preze”.

Nessa gravação, nota de particular interesse vai para a inclusão do tema “Ndhaneta”.
Questionado sobre o titulo, a fonte explica que “estamos numa sociedade em que se vivem muitos problemas, que a nível familiar, social, laboral etc”.
Sobre o repertório, que compõe este “Masseru” ela ponta títulos como “Ndinabwera”, “Fungulani massu”, “Já não dá”, “Ti Amo”, “Wataica” e “Volta pra mim”.

LETRAS SEM CONTEÚDOS
Aliado a isso, a artista aponta para a degradação dos conteúdos, sobre as mensagens difundidas nas músicas cantadas particularmente pelos jovens.
“As letras e mensagens são insultuosas, isso faz com que alguns adultos se sintam agredidos moralmente”, observa.
“è preciso cantar como os nossos “mais-velhos” com temática educativa, que ensinam a sociedade, o lar, a familiar etc.

Ela acha que deveria haver mais patrocinadores a apostarem em talentos que prometem, particularmente àqueles que apostam em mensagens positivas”.

JULIA DUARTE: PRODUTO DE “FAMA SHOW”
JÚLIA Duarte não é propriamente desconhecida por grande parte do público. Ela esteve durante dois meses na Academia do Fama Show em Maputo em representação da província de Manica. Embora não tenha saído de lá com qualquer prémio, conseguiu valiosas noções básicas de música.
Quando regressou à Chimoio, sua terra, resolveu dar prosseguimento ao seu sonho de infância.
Na sua estada em Maputo, Júlia Duarte, aceitou uma entrevista com o “Notícias”, à propósito do seu CD de estreia “Fitulica”, igualmente editado pela Vidisco.

Composto por oito temas, foi produzido por Sslowli e é atravessado por vários balanços, desde marrabenta, passada, Kwassa-kwassa, pandza e outros.
A cantora para além do português que canta, também privilegia o sena, a sua língua materna.
O título “Fitulica” é um conselho que chama a atenção a todos aqueles que tem um objectivo a alcançar na vida, mas que devem faze-lo com a calma necessária. “Deve-se ir devagarinho. È preciso queimar etapas. Não se deve agitar e precipitar em chegar ao destino”.

A cantora recorda os momentos que permaneceu no “Fama”, “foram dois meses de grande aprendizagem. As aulas de música valeram-se muito e, hoje posso dizer com orgulho que valeu a pena ter passado por e sinto-me habilitada para tentar trilhar a minha carreira”.
Sobre o seu percurso musical, o “Fama Show” que ela integrou, foi antecedido por uma passagem nos corais da sua igreja. Mais tarde, foi levada por uns amigos para fazer coros num grupo musical denominado “Stil Boana”.

Esta jovem cantora produto do “Fama Show”, como não deixaria de ser, é de opinião que as televisões deveria aumentar o número de programas sobre descoberta de novos talentos, pois, é a partir dos quais, se abrem janelas de oportunidade para os jovens artistas.
Na óptica de Júlia, hoje muitos artistas jovens com oportunidade para gravar não se preocupam com a qualidade, à nível das mensagem e vocalização”.

Lamentou o facto de as vozes femininas que surgem, acabam pouco tempo depois desaparecidas. “É preciso ter o espirito de perseverança e de paciência”, aconselha.
Júlia Duarte diz que veio para ficar e espera que o seu disco de estreia, seja aprovado pelos seus admiradores em Manica, Beira e outros pontos do país.

ALBINO MOISÉS


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domingo, 18 de maio de 2008

Entrevista com Helvio

EventosMZ -Como é que se sente em Moçambique? (EventosMZ)
Hélvio : Sinto-me muito bem como se estivesse em casa, como se diz em todos os países Africanos temos uma historia de vida muito parecida o que nos faz sentir em casa quando estamos no nosso território. (Hélvio)


EventosMZ- Quantas vezes é que já esteve aqui em Moçambique?
Hélvio : Já estive cá duas vezes pelo Big Brother, mas desta vez tive a oportunidade de fazer mais espectáculos, sendo que da vez passada que vim foi no ano passado e só fiz 1 espectáculo e desta fiz 3 espectáculos.
EventosMZ - Que balanço faz a sua carreira até aqui?

Hélvio : “Com +tempo aprofundaria + esta questão”, mas diz que: para os objectivos que ele pretendo alcançar, acho que esta de boa saúde e prometo dar muita musica e permitir que as pessoas cheguem mais ao Hélvio (aquele que muita gente não conhece no palco e como artista).
EventosMZ -Há quanto tempo é que cantas?

Hélvio : Canto desde miúdo (tinha 6anos quando dançava “em palco”), + tinha já os meus 12 anos quando entrei para cantar em palco.

EventosMZ -Quais são os títulos dos seus álbuns?
Hélvio : Eu tenho somente dois álbuns dos quais o ultimo se chama “Lua Dela” que é um tema escrito por Círio Cruz que é um compositor que me tem acompanhado bastante. E também o primeiro que é o “Muximawamie” que ja tem 2 anos.
EventosMZ -Háquanto tempo e que saiu esse álbum?

Hélvio : O “Lua Dela” saiu em Fevereiro deste ano.
EventosMZ -Qual tem sido o impacto?
Hélvio : Bom, estive a fazer uma digressão pela Europa, Portugal e mesmo alguns países dos Palop’s e não tive tempo de promover o álbum (em Moçambique, Angola, etc), + algumas pessoas juntaram-se e decidiram apoiar nesse sentido, fazendo com que as musicas começassem a ser mais ouvidas através de Dj’s, rádios, enfim.

EventosMZ -Já trabalhaste com algum artista moçambicano?
Hélvio : Já trabalhei sim,+ só como produtor.Com o Phill Baby a cerca de 6 ou 7 anos atrás, com o Pedro Mulima (Que não e um artista em alta nos últimos tempos), e com o Swit.Pretendo também fazer dueto com alguns artistas, que não vale a pena nomear de momento, o mais breve possível.

EventosMZ -Conhece bem a nossa musica?O que acha dela?
Hélvio : Acho que esta em bom estado de saúde, boa música, africana, tem essência e raiz. As coisas quando não têm raíz é que morrem cedo.

EventosMZ -Ja pensou alguma vez em gravar algum videoclip aqui em Moçambique?
Hélvio : Já pensei, mas para este álbum, que já saiu há algum tempo, ja me comprometi a gravar vídeos com algumas pessoas em Angola, + a minha próxima composicao terá, certamente, um vídeo gravado em Moçambique também por uma questão de custos, que sai relativamente + em conta no vosso pais, mas mantenho a PROMESSA de que o vídeo sai em Moçambique.

MZ -Perspectivas para 2008?
Hélvio : Tenho um CD acústico (com guitarras, clarinete, contra-baixo, bass) gravado no edifício da RTP em Lisboa onde faço a junção entre os dois álbuns para poder comercializar mais as musicas, apesar de já serem conhecidas, mas também tornar aquelas musicas que não foram muito ouvidas mais conhecidas.Este álbum esta pronto a sair com registo de imagem um DVD (tipo de 3 musicas), que conta também com a promoção da EventosMZ.EventosMZ -Mensagem para os fãs?

Hélvio : Para mim a grande bênção parte dos meus os fãs, o sucesso que tenho tido nestes últimos anos é graças a eles, porque eles é que me dão energia e força para continuar a trabalhar, espero bem que continuem assim a abraçar e apoiar a minha música cada vez com mais força e mando um grande beijo e abraço a todos os fãs.

EventosMZ -Em relação a EventosMZ?
Hélvio : Considero uma iniciativa bastante boa, que deveria ter + apoio e patrocínios, no caso se eu pudesse apoiar ou incentivar em alguma coisa seria neste tipo de projecto como ao vosso.Acho interessante acima de tudo por serem jovens a trabalhar numa iniciativa bastante boa e louvável, muita forca para vocês e que não fiquem por aqui.


Com a devidavenia extraida do www.eventosmz.com (Por lapso havia publicado a entrevista da autoria do site Eventos Mz atribuindo credito a uma fonte infiel. Pelo facto as minha cinseras desculpas aos editores. Aproveitando, endereco-vos os parabens pela iniciativa de uma agenda cultural inteiramente Mocambicana. Saudacoes Bloguistas Caro Carlos Osvaldo)



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Entrevista com Stewart Sukuma


No decorrer da década 70, um jovem de uma família sem meios chegou a Maputo vindo de Quelimane, Zambézia. Na bagagem trazia sonhos, incluindo o de se tornar músico de verdade e gravar discos. Se é verdade que todos temos o direito de sonhar, concretizar é o mais difícil. Stewart, natural de Cuamba, Niassa, terá materializado muitos dos seus sonhos, mas o de hoje é dos mais importantes: Afrikiti já é realidade.

Promusic: Gostaríamos que nos falasse do seu primeiro trabalho em CD.
Stewart: Foi o primeiro a sair porque já tinha havido uma tentativa de gravar o disco em Lisboa mas saiu frustrada por razões alheias a minha vontade, então o AFRIKITI foi o primeiro trabalho a sair.

Promusic: Tinhas de lutar muito para este trabalho?
Stewart: Muito mesmo, foram quase 10 anos de luta, para chegar a um ponto onde a maior parte dos músicos querem chegar: ter um trabalho compactado num disco ou numa cassete.

Promusic: Você trabalhou mais com músicos Sul-Africanos?
Stewart: Eu iria responder essa pergunta da seguinte maneira: eu acho que isso foi equitativamente um trabalho entre Moçambicanos e Sul-Africanos na execução. Foram mais os Sul-Africanos que trabalharam no disco, naquilo que é AFRIKITI na composição. No que diz respeito à vocais da música que foi gravada no AFRIKITI foi todo o produto da vivência que eu tive com Moçambicanos, porque o trabalho foi feito praticamente todo num "HOME STUDIO", foram gravados na RM, propriamente a maior parte da instrumentação foi feita no Maputo, então os músicos Sul-Africanos seguiram uma linha que já estava traçada, então ficamos com uma fusão entre músicos Sul-Africanos e Moçambicanos equitativamente.
Promusic: Qual é o balanço que fazes dos seis meses após o lançamento do CD em Moçambique, a reacção dos compradores, do público e dos músicos por exemplo. Quais são as opiniões que existem?



Digite aqui o resto do postStewart: Já é tempo de eu ter um balanço daquilo que foi AFRIKITI. O AFRIKITI saiu numa altura em que a música Moçambicana começa a renascer. Foi uma surpresa porque eu não esperava a reacção do público , e que as coisas mudassem assim drasticamente em relação ao artista Moçambicano. Houve reacções muito positivas, e houve reacções negativas. Como é de esperar num trabalho do género houve pessoas que tiveram críticas porque o trabalho não foi gravado aqui, porque o trabalho estava muito Sul-Africano, mas isso é bom , porque são críticas de pessoas que compram o trabalho. Então vêm aparte das pessoas que acham que a Julieta ou a Sumanga deveriam ser as primeiras, pois são as mais comerciais e as mais difundidas pela inprensa Moçambicana. Também acho que é flagrante e acertado quem sabe dizer que isso tem o seu tempo.

Promusic: Já fizeste lançamentos fora de Moçambique?
Stewart: Ainda não. Normalmente estaria programado para um mês depois do lançamento aqui em Maputo uma digressão para África do Sul. Mas a componente logística foi um dos problemas de ter uma banda. Na altura já tinha uma banda que era uma mistura de Moçambicanos e Sul-Africanos montada, que deveriam esperar um mês. Mas os músicos profissionais não esperam pelo artista, eles estão sempre a trabalhar e isso significaria uma nova logística para fazer um novo reajustamento para uma digressão. O disco foi lançado na África do Sul mas não houve promoção do disco. Eu hoje não sei ao certo quantos discos venderam, não estou muito optimista em relação à África do Sul; porque mesmo a EMI, que é uma das maiores produtoras na África do Sul e no mundo inteiro não tomou o cuidado necessário para promover o disco, apesar de não ser comercial. Este ano há planos, eu vou assinar com uma editora Alemã que é a "Tropical Music". Eles lançaram a Cesária Évora. Neste momento não estou preocupado com a escolha em termos de editoras grandes, pois a experiência que eu tive na África do Sul foi muito má, pôs não quero que a experiência aconteça no mundo inteiro, se calhar é melhor trabalhar com uma editora mais pequena para talvez crescemos juntos. Eles vão fazer força para vender o meu trabalho assim como o trabalho dos outros músicos que não são conhecidos. Então devo assinar dentro de uma semana, só estou a espera para a gente acertar as questões contrac-tuais com eles, para toda a Europa com excepção de Portugal, França e Inglaterra, para que eu já tenho outros contactos e para o Canadá com uma editora lá, para fazer a distribuição do AFRIKITI. Acho que as coisas começam à acontecer este ano quando as pessoas já começam a ouvir falar do disco. Há muitas perspectivas boas para o futuro.

Promusic: Existem outros artistas que seguiram e fizeram produções na África do Sul...


Stewart: E o caso do Aly Faque, que trabalhou directamente comigo, também seguiu os mesmos passos mas com maior participação de artistas Moçambicanos no disco do que no meu. Também, participaram músicos moçambicanos residentes na África do Sul, e tivemos muito mais cuidado com este disco do Aly, porque já estamos com uma experiência do meu disco e do disco do Wazimbo, que foram gravados no mesmo estúdio. Esses são os meus dois trabalhos onde eu estive 100% envolvido o meu e do Aly Faque, porque também fica difícil até nós termos uma estabilidade de gravadoras em Moçambique. Neste momento começam a aparecer produtoras, que é o caso da Mozambique Recording, pois ela vai ficar muito subcarregada dentro dos próximos tempos porque agora o fluxo de músicos aparecem muito grande e praticamente é a única gravadora séria que nós temos aqui no sul, eu sei que existe outra na Beira que é do Marcelo e do Marcos, mas vamos precisar de mais de certeza.

Promusic: AFRIKITI foi piratado?
Stewart: Um mês depois do disco ser lançado recebi uma informação de que o disco estava a ser piratado, alguém disse que tinha comprado a cassete mas não conseguimos ver a cassete e depois fomos ao tal sitio, mas não foi possível encontrar nada. Eu acho que uma das razões do meu trabalho não ter sido piratado, foi porque as músicas que estão lá não eram as músicas que as pessoas normalmente escutam. Foi bom para mim no meu caso pessoal, mas não me satisfaz em termos do que está acontecer. Já passamos mal porque não conseguimos vender as quantidades que gostaríamos de vender. Quando têm alguém por trás a roubar-nos dessa maneira, isso fica mais difícil para nós, e o mais chato de tudo e que é difícil criar uma estratégica de luta contra a pirataria. Na situação em que o País se encontra não há nenhuma lei, não há humanidades nenhumas que ajudam a criar uma situação de luta contra esses mesmos elementos que fomentam a pirataria. Porque nós as vezes até sabemos onde eles fazem essas cassetes mas é quase impossível lutar contra eles , destruiram-se já sítios, mas criaram-se outros e as coisas são em cadeia esse é um tipo de pirataria caseira. Depois vêm a pirataria industrial que são fabricadas fora do Pais , essas cassetes em termos de qualidade até concorrem com a original que até confundem ao comprador, mas uma grande ajuda deveria ser feita pelo próprio comprador, em saber comprar produtos com qualidade e originalidade.

Promusic: Esperamos que este ano o Governo tome medidas para combater esta situação.
Stewart: Segundo algumas informações o processo parece que está andar e quanto mais depressa for melhor, que é o caso dos direitos do autor que é muito urgente, porque há muitos atropelos em obras nossas. Não estamos protegidos.

Promusic: Quais são os teus planos para o futuro, o futuro breve neste caso.
Stewart: Tenho um disco a sair agora daqui a três meses que gravei em Lisboa talvez renovar algumas faixas; e até este momento estou a tentar negociar o disco com a Sensações que foi a editora do meu primeiro disco, e provavelmente vai sair com a etiqueta da Sensações se nada mudar e se calhar antes, porque eu vou para escola, vou estudar durante dois anos em Boston, nos Estados Unidos, estudar música. Antes disso se calhar vou fazer mais um disco e não sei ainda quem vai fazer o lançamento desse. Quero fazer um disco com um outro artista, com um outro ou mais artistas mais novos que surgiram agora e faremos um disco a maneira Moçambicana, se calhar fazer umas passadas boas, no mesmo disco fazer uns rap's, uns kuduros "nices", música para dançar nas discotecas, isso era uma coisa que eu gostaria de deixar antes de ir estudar. Vou estudar os arranjos e produção musical, e acho que é uma coisa que nós temos falta aqui. Temos bons músicos porque a tarefa do músico é tocar e fazer música pois quem arranja , quem produz são outros. Como se custuma dizer "CADA MACACO NO SEU GALHO", então, cada coisa no seu lugar . E uma das coisas que agente tem falta são produtores e arranjistas. Quando vou voltar já posso formar mais alguns aqui mesmo em Moçambique, só para melhorar a qualidade da nossa música porque ainda quem faz a música é privilegiado. Não sei se concordam comigo, porque agora está o Roland, estou eu, está o Luis Moreira e estão alguns produtores da RM.

Promusic: No teu ponto de vista como é que achas que está a situação da música Moçambicana. Parece que vamos entrar, estamos a entrar, ou já entramos num lançamento muito forte à nível internacional. Um País quase desconhecido está de volta, concorda com isso!


Stewart: 100% até 200%, a revira volta da música Moçambicana é impressionante e eu acho que muita gente já percebeu isso fora de Moçambique, e infelizmente dentro do País há muita gente que duvida que a música Moçambicana possa ter um espaço. Eu acho que o esforço deve-se a Sensações, a Orion do outro lado, que estão a fazer um trabalho de louvar. Neste caso a Orion com muito mais lançamentos, neste momento de música comercial que é muito bom agente precisa de ter as nossas músicas a serem tocadas nas discotecas, porque até a bem pouco tempo não tínhamos nem uma e hoje vou ao Mini Golfe, vou ao ClubeV ou a uma outra discoteca qualquer, temos pelo menos em 100 músicas que se tocam 10% das músicas cá da terra. Eu acredito que daqui a dois anos no mínimo teremos a música Moçambicana a liderar os PALOP; Muita gente se ler esta passagem vai-se rir, mas vamos dizer quem ri por ultimo ri melhor, eu sei que a rapaziada que está a surgir agora está com muito mais força, com novo sangue e muito dispostos a vencer de qualquer jeito, em relação à velha guarda, um exemplo disso são os lançamentos que tem acontecido ultimamente.

Promusic: Agora existem várias deslocações de produtores de fora para aqui para investigar e procurar talentos novos para lançar. Você está a ver isso positivamente ou como um perigo de que a música Moçambicana, corre o risco de ser explorada talvez por falta de informações que muitos artistas ainda não têm sobre a matéria de edições. Uma exploração sem lucros ou sem resultados para a cultura Moçambicana.

Stewart: Não sei qual seria a resposta certa mas eu iria dizer que perigo sempre vai haver, como houve antes, mais não vai ser pior do que antes, porque nós temos conhecimento de que a música Moçambicana não começou a sair de Moçambique agora, já começou a sair à muito tempo; O músico já está mais informado em relação à cinco anos atrás, muitos músicos como eu já estão mais bem informados se calhar não na totalidade, mas estão prevenidos.
Promusic: Qual é o balanço que fazes em relação aos artistas que vêm de fora para actuações e muitas das vezes não têm a capacidade de ser a estrela da noite, mas conjuntos Moçambicanos que muita das vezes têm mais capacidade e tocam melhor, ficam apenas para abrir o espectáculo, sem ganhar nada e ter que sair do palco com muita rapidez possível. Estou a notar que o nível das actuações em Moçambique dos conjuntos de fora, baixou muito nos últimos anos.
Stewart: Sim, mais muito mesmo, um dos problemas que existe é esse mesmo, porque o músico Moçambicano não tem mais oportunidade de ter trabalho. Quanto mais trabalho houver, mais desenvolvimento vai haver na área musical, e quanto mais sítios houver com música ao vivo mais desenvolvimento vai haver , mesmo os poucos grupos que existem há alguns que são muito bons, muitas das vezes são muito melhor que os grupos que a gente recebe de fora. Não vou sitar nomes de artistas, porque não interessa neste momento, mas tem artistas que vêm de fora, tocam música comercial a maior parte vêm de Lisboa, que em situações normais nunca iriam cantar, fazer um espectáculo ao vivo.

Promusic: Talvez numa discoteca, para um público de 100 a 200 pessoas, mas não num estádio.
Stewart: É isso que eu ia dizer, mas isso tudo não é só culpa do empresário Moçambicano, a culpa vai ser repartida por toda a comunidade, porque a sociedade de consumo que nós temos está virada para produtos de fora, não só na música mas também em outras coisas. Mas as coisas já estão a mudar, porque por exemplo já temos a coca-cola, a cerveja nacional, o sabão nacional, etc. As coisas já começam a mudar e nós começamos a comprar as coisas que são nossas, fabricadas aqui mesmo. Mas isso tudo passa por um desenvolvimento e informação que as pessoas tem que estar informadas sobre a qualidade dos nossos produtos, o que não acontece neste momento. Então as pessoas não estão informadas sobre a qualidade da nossa música. Com mais informação vai-se falar desses discos e de outros que não sejam feitos pela MOZAMBIQUE RECORDING. Existe uma falta de informação, no empresáriado, na imprensa nacional e na arte. Ainda não temos revistas, uma quantidade de revistas que falam de música, que deveriam lutar em conjuto para ultrapassar esta situação. Existe agora a revista PROMUSIC que é uma boa iniciativa, uma iniciativa fora de série, que as pessoas vão começar a ouvir falar de produções nacionais.

Promusic: O jornal Notícia falhou duas vezes em noticiar que todos os grupos que fazem parte do CD dos Novos Sons de Moçambique, haviam gravado em Portugal. Normalmente um jornalista deveria pensar como é que esses conjuntos jovens poderiam ir a Portugal todos para gravar, é incrível...
Stewart: Então quando nós temos uma imprensa que não informa o público como deve ser é um perigo muito grande, mas não há maior perigo num Pais onde a imprensa não informa ao público correctamente, mesmo que seja em qualquer situação, mesmo em entrevistas, pois eu já dei entrevistas à alguns jornais aqui no Pais, mas as informações saíram deturpadas. O outro problema é que nós não temos críticos musicais.

Promusic: Em Janeiro houve uma actuação que para nós foi a primeira experiência que se assistiu, que no mesmo palco estava um conjunto de zouk da Beira, os XS ZOUK, grupos de RAP, BLACK MAGIC e ILLEGAL RAPPERS que trabalharam no álbum dos NOVOS SONS DE MOÇAMBIQUE e o conjunto do CARLOS E ZAIDA CHONGO, no mesmo palco, no mesmo lançamento e com o mesmo público. Você com mais sucesso no Ngoma Moçambique qual é o balanço que fazes em relação a participação dos conjuntos jovens no próprio concurso Ngoma; porque á vários conjuntos que estão bastante conhecidos lá fora e até já lançaram CD's ou estão a trabalhar para isso e é o caso do K10, ARAKAS BAND, ELECTRO BASE e vários outros conjuntos jovens. Não sabemos se nunca foram convidados ou já pois nunca vimos como participantes no Ngoma.
Stewart: Eu tenho uma opinião muito pessoal em relação a isso que acontece na Rádio Moçambique, pois acontece por exemplo na televisão, porque são produtos que geralmente não são feitos na televisão, são muito pouco passados na televisão, estou a falar de produtos Moçambicanos que são feitos por outras produtoras Moçambicanas que não a televisão, são muito pouco passadas na televisão. O semelhante acontece na RM. No que acontece comigo na RM, digamos que por eu ter participado muito no Ngoma, não quer dizer que eu fui lá e pedi, pelo contrario eu pedi para não participar no ultimo Ngoma, mas é o seguinte o Ngoma do ano passado já desceu um bocadinho de qualidade em relação ao Ngoma dos anos anteriores, em todos os aspectos mesmo a qualidade de músicas que foram apresentadas, não foi dos melhores Ngomas mesmo que tenha sido com os artistas grandes. Mesmo eu sou contra a participação de artistas que já vêm a 5 ou 6 anos a participar no Ngoma; Que neste caso especifico do Dimas que participou sempre no Ngoma. Os produtores deviam criar uma lei que dispensa-se esses mesmos artistas, porque já estão mais que promovidos e devem dar lugar a artistas mais novos, pois o Ngoma é um concurso de divulgação de novos valores Moçambicanos; Talvez é esperarmos mais um bocadinho para ver qual vai ser o Ngoma deste ano se é que vai ser feito, esperar para ver qual será a decisão que os produtores vão tomar em relação a esta questão, pois considerarem que há grupos novos que deveriam ser mais conhecidos, por exemplo no que eu falo em termos de informação e comunicação o Ngoma é o meio mais forte das pessoas conhecerem a música Moçambicana; Então independentemente do estilo da música Moçambicana que se toca entre o Zouk, Rap, devia-se dar o espaço para cada estilo de música, então eu sou apologista e sou a favor disso. Foi por isso mesmo que eu no ano passado tomei a decisão de pedir, que olha este ano estou a pedir para não ser escolhido para participar no Ngoma, porque eu até sei que outros artistas que tem mais relações em termos de produções de esúdio mesmo em termos de contactos a um nível mais profissional com a rádio, não em termos de ir lá gravar sempre, mas em termos de colaboração. Então a RM têm colaborado comigo em certas coisas que eu acho que são imprescendiveis, que agente não deve fazer sozinhos nesse aspecto eu não tenho queixa da rádio, mas têm outra parte da RM, que é sobre a divulgação Moçambicana isso não há duvidas, seja a RM, seja em relação a emissão da televisão, a qualidade não foi muito melhorada em relação a produção de video clipes. São videos clipes que saem e acho que as vezes as pessoas as vezes têm medo de fazer críticas frontais aos produtores; eu acho que não há dinheiro para produzir, mas também acho que existe falta de imaginação nas pessoas e falta de mais trabalho.

Promusic: Agradecemos muito a disposição que nos deste; Sucessos na tua carreira artística e estudantil.
Stewart: Obrigado. Eu também queria desejar neste caso especial a revista que ainda é bebé, que nasceu agora que provavelmente com ajuda de outras organizações, outros músicos e outras pessoas na área cultural do pais, vai crescer mais que vai fazer diferença no panorama, então que a revista cresça muito depressa e outra parte para a Mozambique Recording, para crescer mais, acho que vamos crescer todos juntos, agora que estamos a começar a fazer um trabalho e não só música comercial mas também música de raiz e termos mais escolha em termos de música; E neste caso a ORION que também têm estado muito ligada a MOZAMBIQUE RECORDING que acho que apareceu numa boa altura e não queria dizer que a espaço para muitas editoras, mas como disse a bocado poderiam apareser mais quatro editoras e mais quatro gravadoras, porque neste momento haveria pão para todos, pois normalmente a muitas críticas que vêm de fora em relação a editoras novas que aparecem, mas ninguém aparece a saber, nós as vezes não temos a paciência na vida para fazer um trabalho mostrar aquilo que sabemos fazer. Para os críticos também vai um pedido de paciência e compreensão e esperar também que cresçam um bocadinho para fazerem críticas com mais cabeça e não só e também para todas aquelas editoras que fazem este pais crescer a SENSAÇÕES, a CONGA PRODUÇÕES onde esta o Isidine Faquirá e o Luis Moreira, eu acho se nós trabalharmos juntos a música Moçmbicana vai crescer.

Boletim Promusic, Abril de 1998

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sábado, 17 de maio de 2008

Entrevista com Azagaia




Capa do CD Babalaze autografado (Ofertado ao Djo da Gpro)

1- EVENTOSMZ- Como foi que começou a cantar?
AZAGAIA- Comecei a cantar em 1997. Antes já escrevia poesia, muito inspirado em Craveirinha. Eu nasci em Namaacha. Vim para Maputo com 10 anos e com as novas influências comecei a outros estilos de música, como Bone Thugs N´Harmony, Gabriel o Pensador, SSP, Busta Rhymes, Woo Tang, Method Man e mais tarde Boss Ac. Foi a partir daí que comecei a escrever as minhas rimas. Por volta de 1999 juntei-me ao Escudo e formámos a Dinastia Bantu, e foi mais ou menos esse o meu trajecto inicial.

2- EVENTOSMZ- O seu primeiro single foi As Mentiras da Verdade. Quais são, afinal, as verdades de Azagaia?
AZAGAIA- (Risos)...as minhas verdades...hum...é complicado. Eu fiz a música porque tinha muitas dúvidas. Notei que havia muita manipulação da informação, principalmente após a assinatura dos Acordos de Paz. E foi num papo com o Hernâni que vi que as pessoas seguem o que vêm na rádio e na tv. Foi por aí que surgiu a música, para questionar as “ditas verdades” que conhecemos: Samora Machel, Anibalzinho, Carlos Cardoso, Cahora Bassa. São todos casos mal explicados. Eu acredito que nós podemos ser um pouco mais verdadeiros uns com os outros...

3- EVENTOSMZ- Tem consciência de quão polémicas são as suas mensagens? Num país como Moçambique, não é perigoso ser tão frontal?

AZAGAIA- Ya. É assim, realmente é um risco que se tem que correr. Todas as profissões têm os seus riscos. E, naturalmente, se quisermos alcançar os nossos objectivos temos que correr esses riscos. Quanto a ser polémico ou não...bem, eu acho que a polémica é o dia-a-dia, não quando alguém diz aquilo que pensa. Quando surge alguém que diz como uma mensagem diferente é facilmente apelidado de polémico. Eu sei que é perigoso, mas acho que é mais perigoso quando quem se quer expressar está sozinho. Mas agora já começo a sentir mais calor humano à minha volta. Sinto-me mais acompanhado e seguro até, de certa forma.


Cartaz Babalaze de Azagaia

4- EVENTOSMZ- Lancou o seu album recentemente, "Babalaze",porque escolheu esse nome como titulo? Como e que o album esta a ser recebido dentro e fora de Mocambique?
AZAGAIA- Babalaze significa ressaca. Surge inspirado num livro de Craveirinha, Babalaze das Hienas, que retratava o período pós guerra civil. Então peguei na palavra, Babalaze, que simboliza um momento pessoal: eu estava numa altura em que ia lançar o meu álbum a solo e quis que o título simbolizasse o meu estado de espírito. E eu procuro sempre pegar o que é nosso (moçambicano) e daí essa palavra: Babalaze e não ressaca, em português, como forma de valorizar o que é nosso. Quando falamos da receptividade do álbum, posso dizer que dentro de Moçambique está a ser muito bem recebido. No primeiro dia foram quase 700 cópias vendidas.

Foi um momento único e marcante! Muito mais que vender, foi um espaço de sinceridade, de partilha e troca de sensações. Aquele dia foi um espelho do quanto o cd era esperado. E tenho tido um feedback muito positivo. Tive a oportunidade de viajar para a Beira, e acho que foi o melhor concerto que já dei. O calor humano foi mesmo incrível! Espero voltar lá mais vezes. Fora de Moçambique não sei bem. Só sei através de alguém que compra para levar para amigos ou familiares que estão fora. Dei entrevistas à BBc, à Agência Lusa e à Revista Visão, por exemplo. Ah, os meus discos vão passar a ser vendidos em Portugal, a partir de Março, numa edição especial para Portugal.

5- EVENTOSMZ- Quais são as suas referências musicais?
AZAGAIA- Actualmente o people da Cotonete Records. É um pessoal nota 10 para mim. Saindo um pouco da label, a GPRO, 100 Paus, 2 Caras, 3H, o Simba, Xitiku Ni Mbuala. Fora de Moiçambique...hum...em Portugal admiro o Valete, o Boss Ac, Sam the Kid. Nos EUA, Talib Kweli, Common Sense. E recentemente Jay Z, curiosamente. Na África do Sul, gosto de Proverbe. Fora do hip hop, curto Stewart, Kapa Dech, Wazimbo, Baka, que toca fusion e a banda Ndjango. Uma vez perguntaram-me o que era música moçambicana. Eu acho que música moçambicana é aquela que é feita com elementos da nossa terra. Senão a nível instrumental, pelo menos a nível de mensagem. Dizer o que as pessoas vivem, falando daquilo que os moçambicanos vivem e sentem. Eu faço música para o meu povo.

6- EVENTOSMZ- Sabemos que já trabalhou em parceria com rappers como a Dama do Bling ou com Valete. Como foram essas experiências? Com quem gostaria de trabalhar, no futuro?
AZAGAIA- Começando pela Dama do Bling. Eu fui muito criticado mas, desde o princípio, sempre gostei do flow dela. Ela tem uma segurança quando canta e também tem um espírito rebelde, de querer afirmar-se diferente. Ela tem uma linha própria. E sempre achei que devia ter um espírito crítico dentro dela. Quando nos encontrámos, eu sugeri que falássemos de crítica social. E decidimos falar sobre a hipocrisia das pessoas. Ela é muito talentosa e simpática. Foi positivo e acho que deu para quebrar alguns preconceitos que existem. Com o Valete foi muito mais fácil. Estamos na mesma área e fazemos o mesmo hip hop. Foi uma ideia dele fazermos a música alternativos. Falámos sobre o que é ser alternativo para cada um de nós. Conhecemo-nos pela net. Ele gravou a parte dele lá e eu a minha cá e fizemos a troca via net. Até hoje ainda não nos conhemos pessoalmente. A net dá-nos essa hipótese de encontrarmos outras pessoas que pensem como nós noutras partes do mundo. Quanto a futuras parcerias...fora do hip hop, gostava de trabalhar com o Tony Django, dos K10, que tem uma voz excepcional. A nível de hip hop nacional, acredito que acabarei fazendo música com quase todos, dada a dimensão do nosso mercado. Quem sabe um dia com a Sara Tavares e com os rappers que mencionei de Portugal . Enfim, gostaria de fazer música com os músicos que admiro.

7- EVENTOSMZ- Onde se inspira para escrever as suas músicas?
AZAGAIA- Eu procuro inspirar-me no que eu leio. A leitura é uma base para interpretar a realidade. O que eu leio, associado ao que eu vivo...e também pelos sentimentos: o amor; as tristezas, algumas lamentações... Hoje em dia, cada vez mais me assumo como uma pessoa que quer combater esta banalização dos sentimentos das pessoas, o capitalismo selvagem, o consumismo. Já não temos tempo para bater um papo com um amigo. Vivemos num fenómeno de informatização do mundo. A falta de tempo que temos vindo a sentir é um sinal da vida que estamos a levar, nesta época de globalização. E nós, africanos, somos vítimas; somos peões nesse jogo de xadrez.

8- EVENTOSMZ- O que podemos esperar do Azagaia para 2008?
AZAGAIA- Primeiro, tenho agendados três novos vídeos. Quero também apoiar os outros artistas da Cotonete: o Islo, o Pitchó e talvez a Iveth. E começar a gravar o meu próximo cd. Quero conhecer mais gente e aproximar-me mais de outras pessoas.

9- EVENTOSMZ- Assume-se como um porta-voz da juventude moçambicana?
AZAGAIA- Na medida em que sou jovem e faço música, acho que sim. Acho que sinto e vivo o mesmo que muitos jovens também passam e sentem. O mais importante é que acho que falo de povo para povo.

10- EVENTOSMZ- Foi considerado figura do ano de 2007 e uma das cinco(5) figuras de 2007 pelo jornal Online "Canal de Mocambique" e pelo Blog "Diario de Sociologo", respectivamente. Como se sente?
AZAGAIA- Sinto-me muito lisonjeado. Eu não sei se é todos os anos que alguém tão jovem é considerado figura do ano. Penso que foi uma lição para quem pensa que a juventude moçambicana está adormecida. É gratificante sentir que há reconhecimento pelo trabalho que tenho feito.

11- EVENTOSMZ- Que mensagem gostaria de deixar para os seus fãs? E qual o seu comentário ao site http://www.eventosmz.com/?
AZAGAIA- Fãs? Prefiro a palavra admiradores. Agradeço pela força e apoio que me têm dado. São muito importantes. E desejo que continuem a apreciar mais Azagaias que tragam uma mensagem diferente e vos façam pensar e não apenas dançar. Quanto ao site é extremamente positivo. Acho que o pessoal já tem um espaço para ter acesso à agenda, para conhecer os artistas. Dou-vos os parabéns e espero que cresçam cada vez mais. E para o people da Cotonete, dizer que nós vamos limpar os ouvidos de muita gente e trazer-vos muito boa música em 2008.
Local: Centro Cultural Franco-Moçambicano.
Data: Segunda feira, 14 de Janeiro de 2008.
Fonte: Eventos Moz

Com a devida venia extraido da www.eventosmz.com

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sexta-feira, 16 de maio de 2008

Still Doin'it - DRP

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VIBEAT Atinge 50 Edicoes


O programa televisivo Vibeat, que resulta do trabalho do produtor Júlio Silva em parceria com a TVM, chegou às 50 edições. Passa ao domingo na TVM com repetição às quartas-feiras de manhã, o que faz com que na verdade sejam 100 edições.

O Vibeat é um magazine televisivo que combina a música com aspectos culturais nacionais, o que faz com que atinja vários segmentos de mercado.
“Podemos dizer que é uma aposta ganha no que respeita à inovação”, adianta à TVZINE o produtor, “e tentamos que haja sempre criatividade quando da apresentação de momentos culturais e didáticos”.

O programa incorpora uma vertente de responsabilidade social ao levantar questões sobre o HIV Sida, a malária, a cólera e lepra, entre outras maleitas.
A equipe da Vibeat é constituída por um apresentador-residente, Ildo Ferreira, e tem como colaboradores o DJ Serito e Harcilia Mondlane. A apoiarem o trabalho de Júlio Silva estão Sulemane Salimo e Elsa Verginia.

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terça-feira, 13 de maio de 2008

D' Dream ate ao fim...

Dream Girls

Um grupo musical composto por seis raparigas são elas: Noémia”Lady O” Mambo(18), Margarida “D-LL” Manganhela(17), Eunice”D-Tox” Manganhela(17), Vanessa “V-A” Munguambe(16), Quitoza “D-KY” Narciso e Denise “Young Du” Sitá(15).
O sonho de cantar já é antigo no grupo, são amigas de infância e começaram a cantar entre 1997 a 1998. Eram muito novas e levavam a musica como divertimento era mais uma forma de brincar que tinham descoberto.

A priori sendo apenas cinco(5) começaram por se chamar “Penta Girls”, cujo o significado era “5 meninas”, isto em 1999. Limitavam-se apenas a imitar artistas como: Whitney Houston , Toni Braxton, Celine Dion e Michael Jackson.
Em 2002 decidiram levar a musica a sério, porque descobriram aprender muito mais mostrando a sua musica para um publico mais vasto, um publico que pudesse criticá-las

Com a entrada de Denise para o grupo, passam a ser 6 e mudando nome de “Penta Girls” para “D’ Dream”, que significa naturalmente “o sonho”. Este foi criado a propósito de todas elas terem o sonho de cantar. Em Julho de 2003 D’ Dream entra pela primeira vez em estúdio para gravar um tema denominado “africa”, a musica foi composta e produzida pelo “Tio Ernest Mudaka” carinhosamente tratado por elas, musico que consideram ter sido uma das maiores influencias na vida do grupo. Depois do tema Africa o grupo achou que ainda não estava preparado para se apresentar em publico. Tendo passado um ano praticando o canto e escrevendo canções até 2004.



É de realçar que o grupo não tem nenhuma formação musical daí que é maior “o sonho” de se tornarem grandes artistas.
Surge de uma conversa entre DJ Beat Keepa e a Ex; dançarina Mamatinha, a necessidade de se arranjar um grupo feminino que cantasse e dançasse. Mamatinha entra em contacto com Denise e Marcia dois membros do grupo D ‘Dream e fala-lhes da possibilidade de fazerem parte da da RBK/Trackrecords e passarem a gravar as suas musicas. Depois de uma audição feita nos estudios por DJ beat Keepa, estas são aprovadas e gravam logo o Hit single “Curtir a partir” feat Johnny produzido por DJ BK e escrito por Noémia a.k.a. Lady O. Este foi o carimbo de entrada para a Track records em Abril de 2005. A musica começou a rodar nas radios locais tendo sido convidadas para uma entrevista em menos de uma semana para o programa “Terramoto” da cidade FM na altura apresentado por André Manhiça. No mesmo ano realizam mais um sonho, desta vez a viagem pelo mundo do espectáculo. Tiveram a sua primeira apresentação para um grande publico no dia 22 de Julho no Coconuts-live num evento denominado “Ladys Night” .



Num ambiente musical em que a maior parte dos grupos jovens apresentam-se em playback de mimica vocal, D’Dream vai longe e apresenta-se colocando as suas vozes ao vivo. Neste momento tem partcipado em varios “shows” a nivel de Maputo e encontram-se em estudio a gravar o seu 1º album mas sendo neste momento prioridade lançar um clip e o single. Para além do tema Curtir a partir com Johnny , está o mesmo tema em remix com Kloro de Trio Fam e Turaz do grupo EleX ,ambos membros da Track records. D Dream tem participação em musicas de outros membros da produtora como é o caso de Trio Fam e Elex como também fazem aprencias nos videos J’yeah J’yeah de vou bazar respectivamente. Algumas das musicas que estão na Manga do grupo são produzidas por DJ Beat Keepa, G2 e Origin Moz. DJ BK tem dupla tarefa para além de produtor é manager do grupo juntamente com Mamatinha que tem sido um grande suporte na vida do grupo. As referencias musicais do grupo são: B2K, Destinys Child, Michael Jackson, Spice Girls, Kapa Dech e MC Roger deixam já agora alguns desejos: carimbar Moçambique com shows do Rovuma ao Maputo e quem sabe? Representar Moçambique além fronteiras. Outro desejo é o de criar uma associação de ajuda aos necessitados, juntando nela Musicos e não só. Para já ideia é cantar, cantar, cantar até o ultimo dia das suas vidas.

Lema do Grupo
A vida nos trouxe aqui
Sempre unidas e sem desistir
Respondemos pelo mesmo nome
D’Dream até ao fim

E-mail: D Dream (dream@track-online.com)


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quinta-feira, 8 de maio de 2008

Entrevista com a Cantora Isabel Flores


O amor nunca está fora de moda
É ASSUMIDAMENTE romântica. É dona de uma voz cálida. Canta baladas sobre o verdadeiro amor. É apaixonada e defende as coisas belas da vida. As letras das suas mensagens homenageiam o amor. De caracter meigo Isabel Flores, Prémio Revelação do “Top Feminino/1996” é uma mulher que continua a escrever músicas românticas como na época dos “bayles”.


Ela preserva este estilo que na óptica de alguns anda fora de moda, particularmente certas editoras que não apostam neste tipo de música, com a desculpa de que comercialmente não atraem.
Semana passada o “Notícias” encontrou-a ocasionalmente pela cidade tendo-a proposto uma conversa, tendo amavelmente aceite. A entrevista serviu de pretexto para falarmos sobre o seu sumiço na arena musical, e seus projectos.
Hoje, embora sem grande visibilidade pública, Isabel, também conhecida por Bela, é uma referência entre as vozes femininas aclamadas na década 90, casos de Gueguê, Albertina Pascoal, Elvira Viegas, Aida Humberto, Helena Nhantumbo, a malograda Resiana Jaime, entre outras.
Nesta conversa ela dá a possibilidade do público conhece-la um pouco mais sobre a sua carreira.
O seu lado romântico e poético é incontestável, tal como pode ser constatado nesta letra sob seu punho: “Meu amor vem me dizer porque você não vêm/o que foi que eu fiz/ se eu errei peço perdão/ eu só quero compressão entre nós/ quantas vezes eu sonhei/ quantas vezes eu passei sem poder dormir/ se você já não me quer por favor vem me dizer/pensei em teu nome amor/ se você já me esqueceu por favor vem me dizer/ eu preciso saber.

Apostada em música de balada, ela defende que ao contrário do que se pensa, “o amor não está fora do tempo. O amor sempre esteve na moda.”
“Eu canto o que me vem de dentro da alma. Canto aquilo que tenho prazer e gosto. Sou romântica e nunca irei abdicar deste estilo, pois, se identifica com a minha forma de ser e estar na música”, observa acrescentando que “respeito aquilo que os meus colegas fazem”.
È inquestionável o teor daquilo que lhe vem da alma, tal como atentam estes versos, “Meu Deus/ me ajude preciso de saída p`ra minha vida/ viver sem compaixão sem amor é ilusão/ o que é que faço/ p`ra quê sofrer assim se você junto de mim é um fracasso/ preciso falar com Deus p`ra me dar um outro alguém/ já não suporto nem quero viver essa dor/ eu sempre choro e nem durmo só pensando em você/ já me disseram que o melhor é conversar com Deus/ Eu vou conversar com Deus”.

E O PRÉMIO VAI PARA…ISABEL FLORES
A entrevistada conta como conseguiu, em 1996, conquistar o “Prémio Revelação” na renhida competição radiofónica da Rádio Moçambique- o “Top Femenino”.
“Bela” tinha participado com a canção “Amor e Ilusão”, letra que surpreendeu positivamente o júri pela riqueza do seu conteúdo.
“Amor e Ilusão’ foi a primeira música que gravei na Rádio Moçambique, incentivada por uma prima minha, Angelina Nur. Na altura ela levou-me à presença do senhor Domingos Macamo, dos serviços editoriais tendo decidido favoravelmente”.
Prossegue, “no dia seguinte, o falecido produtor Fernando Azevedo recebeu-me no estúdio para gravar. Foi um momento particularmente feliz da minha vida. Foi uma grande emoção estar naquele ambiente de microfones, mesas de som. Tive um ensaio de dois dias. A gravação ocorreu no terceiro dia, sob acompanhamento de Paito Tcheco, e Fernando Azevedo nos teclados.”
Não tardou que a música fosse rodada frequentemente naquela estação emissora e em pouco tempo, Isabel ainda anónima, passou a ser conhecida junto dos ouvintes.
“Amor e Ilusão” foi mais tarde, como não deixaria de ser, seleccionada para a grande parada musical que
Rádio organiza há mais de vinte anos.
Na final, o júri acolheu favoravelmente e acabou por coroar merecidamente a sua canção com o “Prémio Revelação”.

CANTAR O BELO
Sobre a polémica dos conteúdos das mensagens actualmente cantadas, ela afirma que, “ser cantor é ser mensageiro do povo. Cantar é uma grande responsabilidade. È preciso escrever algo que eduque e oriente a sociedade. O músico deve ser o espelho e modelo da sociedade, porque tem seguidores que acompanham rigorosamente as suas vidas”.
Na óptica de Bela, a música moçambicana embora registe crescimento à nível de surgimento de novos talentos, peca precisamente na qualidade dos conteúdos, onde os artistas empregam palavras obscenas, em vez de escrever letras do belo, do agradável, do útil.
A este propósito, aconselha que parte das músicas deveriam passar pela censura à nível editorial. “É necessário recomendar e explicar aos jovens a importância usar a música como veiculo educativo”.
Neste momento, a cantora tem conta com os préstimos sinceros da estilista Teresa Chiziane e da Ana Cristina do “Salão Naucha”. Os verdadeiros amigos- Belinha e Danny- também estão sempre do seu lado e encorajam-na permanentemente a nunca desistir enquanto não editar o seu CD, porque ela possui talento que baste, faltando-lhe apenas uma oportunidade para mostrar o seu potencial artístico ao mundo.

QUEM AJUDA A ROMÂNTICA A REGRESSAR AOS SEUS FÃS
Nasceu a 3 de Maio em Luabo, província da Zambézia ( não se diz a idade das mulheres). Cresceu no seio de um família sem tradições musicais.
Iniciou-se na música desde a infância. Sempre cantou em casa e mais tarde para um circuito de família, mas sempre interpretando nomes românticos da música brasileira, caso de Roberto Carlos, Lindomar Castilho Ellis Regina entre outros
Sempre incentivada pela família, particularmente do pai, que na altura trabalhador na Sena Sugar States de Luabo ( mais tarde, transferido para Marromeu, onde Bela viveu outra parte da infância).
A sua primeira actuação em público, não poderia ser a mais marcante: foi em Luabo num espectáculo que teve como cabeça de cartaz a lendária banda João Domingos que tinha entre outros nomes o falecido cantor Gonzana.
E recorda o dia que tal aconteceu. Era ainda adolescente, “tudo parecia um sonho, eu ali em pleno palco a cantar para uma plateia linda…recebi vários aplausos e fiquei emocionada. Guardo com saudades dessa data e figurará como um dos marcos da minha carreira musical”.
“Foi precisamente a partir desse show que tive confiança que um dia poderia ser cantora, partilhar os meus sentimentos com o público”.
Sempre apoiada pelos seus progenitores, Bela inicia uma nova fase da sua vida, quando decide vir a Maputo, tendo sido também surpreendida positivamente pelo apoio moral dos seus amigos e familiares que gostariam de vê-la com obra gravada.
Uma vez conseguido este feito, decide fazer uma pausa à nível de actuação em espectáculos, dedicando-se exclusivamente à escrita de suas músicas, para oportunamente gravá-las.
Ao longo dos anos, tem registado no estúdio as suas músicas a “conta gotas” , sem contudo nunca conseguir editar, devido a dificuldades financeiras.
“Não tenho patrocínios para gravar o resto das minhas músicas. As gravações que fiz foi por conta própria, sem qualquer patrocínio”.

Neste momento, Bela com voz mais madura e com a doçura a que sempre nos habituou, pretende “regressar” brindando aos seus fãs com um CD editado.
Neste momento, a grande dificuldade da cantora é encontrar uma editora que aceite uma obra da linha romântica que ela propor. “Muitas editoras que me recebem ao ouvirem o repertório devolvem-se, aconselhando a mudar para outros estilos musicais, que não vão de acordo com a minha inspiração”.
“O meu estilo é romântico. Eu não consigo fazer outro género, mesmo que fosse capaz, não teria aquele cunho e alma que trago no fundo do meu íntimo”, sustentou.
“Para mim, há géneros musicais para todos os gostos e ouvidos. Sendo assim, não faz sentido que todos façamos, por exemplo, pandza, dzukuta, ou hip-hop. Temos que valorizar a diversidade e multiplicidade de gostos na sociedade. Isso até porque valoriza e desenvolve, de certo modo a nossa moçambicana”, anota.

Terça-Feira, 6 de Maio de 2008:: Notícias

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Musica e Artes plásticas na Bolsa de Turismo



VII BOLSA de Turismo que Maputo acolhe de 15 a 18 do corrente apresenta uma componente de artes plásticas cuja participação será assinada por Victor Sousa, Muando, Xerinda, Mario Tike, Kheto Lualuali, Ndlozy e Neto.

A mostra exposição segundo os organizadores- Associação Mozolua- visa reforçar o valor e a importância da cultura, em particular das artes plásticas, para o turismo, pois, este não se limita só e somente aos parques nacionais e parais mas também a factores históricos e culturais. E conciliação destas áreas pode melhorar cada vez mais o nível de turismo nacional elevando-o aos padrões internacionais.
Com efeito, a Associação Mozlua promove a cultura do país como base fundamental que identifica os povos e as suas nações e pretende também trabalhar junto com instituições ligadas ao turismo e não só, para que ela desempenhe um papel preponderante na elevação e dignificação do país.

LISBOA-MAPUTO-BELIM COM MÚSICA PARA O MUNDO
Depois do sucesso do projecto “Lisboa-Maputo-Berlim”, organizado pelo ( ICMA) no ano passado, eis que novamente é reatado, estando em vista um concerto a 17 do corrente intitulado “Música para o mundo” em que tomaram parte músicos de Moçambique, Portugal, Alemanha e Guine-Bissau”.
De Moçambique estão convidados Orlando da Conceição, Lídia Maté, Chico António, Tinoca Zimba.
Lisboa-Maputo-Berlim é um projecto musical afro-europeu. Este projecto foi apresentado pela primeira vez no ambito do Fórum Internacional sobre Imigração.


MAPUTO E MATOLA ACOLHEM CICLO DE CINEMA EUROPEU
“O Reverso da Medalha” é o titulo de um filme finlandês legendado a ser visto hoje no Centro Cultural Franco Moçambicano em Maputo. A projecção do filme enquadra-se no 7º ciclo de cinema europeu que arrancou ontem no mesmo local.
Realizado por Mika Ripatti, a película com 98 minutos fala de Katri e o Janne são jovens, bonitos e ricos. Estes jovens de trinta e tal anos e com nível académico superior vivem num bairro prestigioso e convivem com os seus pares. Os seus amigos gostam de viagens extremas. Eles querem estar um passo à frente dos outros e procuram experiências derradeiras. Já faz algum tempo que Katri e Janne não tem feito nada juntos. Eles embarcam numa aventura que nenhum dos seus amigos alguma vez viveu.
Durante perto de duas semanas, os cinéfilos de Maputo e da Matola terão a oportunidade de ver outras propostas cinematográficas, casos de “O Último Rei da Escócia”, “A música e o Silêncio”, “Klimt”, “La caja 507”, “O último Beijo”, “Zwartboek”, “Pequeno Almoço em Pluto”, “Víbora ao Punho” entre outros.

MAGID MUSSÁ COM REGGAE
Eis uma oportunidade para o público rever um dos ídolos mais idolatrados da década 90: Magid Mussá, cantor que com o seu reggae, assinou o seu nome na lista das preferencias musicais da praça. Com efeito, este cantor actua sexta-feira acompanhado pela banda Xitende, agrupamento-residente do espaço musical “Xima” que se tornou num ponto de encontro dos homens da cultura e da música em particular.
Por seu turno, o jovem Kaliza dos Mozpipa actuando à solo junta os seus amigos no mesmo espaço para uma noite de “batidas” de zouk, marrabenta passada e outros géneros fundidos entre si.

DOIS “PLÁSTICOS” EXIBEM TELAS NA AMF
Está patente desde ontem até 16 de Maio uma exposição colectiva de pintura e desenho dos artistas Nhackotou e Momed Aly.
A mostra intitulada Signo I é a primeira de uma série que a dupla se propõe a oferecer aos seus admiradores nas próximas temporadas. Este tipo de projecto pretende-se que os artistas mostrem as suas últimas criações nas modalidades que apostam, nomeadamente, desenho e pintura.

Terça-Feira, 6 de Maio de 2008:: Notícias


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terça-feira, 6 de maio de 2008

Entrevista com FaceOculta


Como anunciado, aqui esta a entrevista EXCLUSIVA com Helder "faceOculta" Leonel Malele, este que tem nos entretido nas tardes de domingo no Programa Radiofonico "Hip Hop Time" na Radio Cidade 97.9 FM das 14h as 16h (HORA LOCAL), tambem um dos pioneiros do Hip Hop Moçambicano.

HL: Helder Leonel
makdap.blogspot.com:
De onde vem o “Nickname” “Lil Brother H” e porque hoje FaceOculta?
HL: O “Nickname” “Lil Brother H”, vem na sequência da antiga tendência de nos atribuirmos nomes artíticos em inglês, mas levei tempo para me chamar “Lil’Brother H”. Desde o inicio fui sempre Helder Leonel, pois achava que era mais original com o próprio nome, mas o meu grupo Rappers Unit influenciou-me e arranjei, como diziamos na altura um “a.k.a” e escolhí “Lil Brother H” porque achei-me de repente num movimento que queria desenvolver o Hip Hop e numa vertente de nacionalismo e “manias” de Black Power. Tendo assistido filmes como “Fight the Power”e ouvido muito sons de Public Enemy e BDP (Boggie Down productions) e porque os movimentos Hip Hop e afros no geral se consideram irmãos, eu me acho também um irmão dentro do Movimento Hip Hop em Moçambique por isso ficou “Pequeno irmão Hélder”.

O nome FaceOculta veio depois, porque houve de repente uma necessidade de encontrar um nome em Português de fácil pronuncia e que tenha também um significado para mim, assim como tem o Lil Brother H. Face oculta espelha o inicio de uma outra fase, em que fui muito traído, assistí a muitas tentativas de se abafarem minhas acções em termos de oportunidades para desenvolver o Hip Hop em Multi-media. Senti que era uma FaceOculta e assim escolhi ser uma especie “Lowprofile”, mais criativo, melhor definido e equilibrado nas minhas ideias.

makdap.blogspot.com: A quanto tempo nesta estrada do Hip-Hop?

HL: Como ouvinte, estou a sensivelmente 19 anos, tou a falar dos momentos em que tive as primeiras cassetes de Rap, tipo... Red Head King Pin, Big Daddy Kane, Public Enemy etc Run DMC, etc. Como activista estou há 15 anos, falo de andar em Battle Freestyles produzir, repar, organizar festas, shows e fazer radio.

makdap.blogspot.com: Rappers Unit ainda existe como grupo? Podemos contar com o vosso Album? Para quando?
HL: Rappers Unit ainda existe como nome, os seus membros nunca aceitaram mesmo sem estarem activos que o grupo se extinga, há sempre uma cena tipo: ”temos que gravar uma cena simbólica porque somos parte significativa da história do Hip Hop Moçambicano”. Não vou fazer promessas, mas um dia vai sair qualquer coisa, e acho que não vai ser com elenco original. Mas pode-se esperar pelo menos uma musica de Rappers Unit constituido por Gina pepa, FaceOculta, Squiza, Doggystyle, Nito MCzaleen e talvez Eduardo PM nos Breaks... não sei há de ver.

makdap.blogspot.com: Já tens muitos sons lançados isoladamente. Podemos esperar por um Album teu? Para quando?
HL: Eu tenho muitos sons gravados, há muito que precisam de arranjos, e tenho apenas dois que andam na radio tou a falar de “Fúria das Agúas” e “Amor Real” A verdade porém é que não consigo fazer música a correr, mas reconheço que passou bastante tempo para que eu lançasse alguma coisa e parte dessa coisa desapareceu num disco duro nos estúdios da Track, de facto falhei no Backup. Mas este ano vou lançar algumas músicas e um vídeo talvez, há de se ver.

makdap.blogspot.com: Como vês a nova geração dos MCs em Moçambique, em termos de letras, flows e música no geral?
HL: Por um lado temos bons Liricistas, a escrever seriamente com fluencia de se tirar o chapéu, por outro lado temos bons rappers de talento, mas a dizer coisas muito difusas e infelizmente muitas dessas coisas difusas estão cheias de egocentrismos... é o que a nova rapaziada gosta. Falar de música no geral, o que lhe posso dizer é que estamos a afirmarmo-nos com estilos próprios, já dançamos e convidamos os estrangeiros também a dançar maior parte do que é nosso, mas ao mesmo tempo poderosos enterteiners estão a dar cabo e a distorcer percepções sobre cultura no seio do povo. Tudo isto com a ajuda de grandes empresas, TV’s e rádios. Parece bonito e politicamente correcto mas os estragos vão se fazer sentir com o tempo.

makdap.blogspot.com: Qual foi para ti o Album do ano, o MC do ano, a Música do ano e o Produtor do ano em matéria de Hip-Hop Moçambicano?
HL: Estas coisas são difíceis de responder porque há pouca coisa lançada e eu sou amigo de muitos bons rappers e produtores. sem querer tirar o mérito de nomes como Seven, Scam, Singer, Mr Dino, G2, Inflomatic, etc etc o melhor foi para mim Gringo. Quanto ao MC do ano acho que deve ter sido L Nato(Mais para Revelação), embora reconheça o protagonismo de Duas Caras como o Rapper e não MC do ano. Já o melhor álbum embora seja uma compilação foi “Mais Hip Hop no teu Ouvido”.

makdap.blogspot.com: Tens uma ligeira queda para o Jazz, é um ar clássico. Notabilizou-se mais este lado quando apareceste como apresentador do magnifico programa SABOR AZUL. Pensas em fugir do Hip-Hop para estas linhas acima referidas ou pretendes fazer sempre um casamento perfeito entre elas?
HL: Um casamento perfeito entre e isso vai se reflectir bastante na minha música no futuro, aliás acho que “Fúria das Aguas” e “Amor Real” reflectem esse novo plano musical.

makdap.blogspot.com: Em que passo está o movimento Hip-Hop Laranja? ou morreu de morte natural? Ainda existe? O que tem feito? Quais são os planos futuros?
HL: Hip-Hop Laranja foi um projecto interessante mas mostramos não estar prontos para a Revolução pelo menos no modelo Humanista. Para não andarmos em contradições, Eu pessoalmente preferí ser Humanista não estrutural mas na vida em sí. Planos nesse sentido talvez pegar o ideal e fazer Palestras e Workshops em prol da Sociedade atravês do Hip-Hop. Há umas ideias estruturadas nesse sentido. “O papel do artista na Inovação da Cultura” coisas assim percebes né?

makdap.blogspot.com: Qual é a ideia do projecto/grupo/movimento AQUÁRIO SOUL? Podemos esperar Albums ou tudo ficará entre shows e ponto final?
HL: Eu não gosto de divulgar ideias, há muitos sovinas por aqui, é bom que todos nós façamos o mesmo mas em algum ponto temos de ser diferentes para que nossas acções fluam bem para o publico em geral, veja que hoje há muitos shows Hip hop e principalmente com banda, Mas há maningue falta de “Know How” e criatividade por parte de produtores de eventos. Pensando apenas que um show para ser bom tem de ser feita uma boa publicidade e tem que estar cheio, mas há muitos pormenores de produção artistica que tão muito mal. Mas Ok, Aquário é tipo se podermos chegar a um DVD vamos chegar...

makdap.blogspot.com: A Track Records parece uma espécie de mini- Rappers Unity. Concordas? Qual tem sido o seu envolvimento neste colectivo?
HL: Concordo, mas prefiro dizer Trio Fam é uma versão evoluida dos Rappers Unit, acerca do meu envolvimento com a Track, tenho sido tipo membro honorário, há divergências de princípios mas somos maningue brothers, e há sempre lugar para mim na tabela dos contribuintes da produtora. Eu exerci durante algum tempo o posto de produtor Artístico, mais para eventos, Mas actualmente criei a Khenani produções que naturalmente vai estar algumas vezes ao lado dos selo Track records em algumas realizações sejam discográficas ou até de eventos. É apenas uma nova forma que escolhi de continuar a relação com a Track Records mas sendo independente, para que o negócio não estrague antigas amizades.

makdap.blogspot.com: Por uma vez organizaste uma espécie de entrega de “GRAMMY” aos que mais se destacaram durante um certo período. Porque esta boa iniciativa parou?
HL: A Esta iniciativa chamei Festival de Prémios Hip Hop Time, que é um nome para ficar e supostamente outras gerações darem, continuidade. Ela parou como qualquer projecto que precisa de apoio, da outra vez em 2005 tivemos prejuízos pelo facto de não haver apoio, é uma pura tolíce acreditar-se que a bilheteira pode pagar a produção integral de um evento daquela natureza. Mas estamos a pensar em dar continuidade porque devia ser anualmente, mas... talvez num show de pequena dimensão, tipo... Estúdio Auditório da R.M. ou algo parecido.

makdap.blogspot.com: As músicas como "O PAIS DA MARABENTA" e "AS MENTIRAS DA VERDADE" que pouco ou nada passam noutros programas de radio Cidade, como é que te sentes passando estas músicas? Serás um desalinhado ou remetente?
HL: Tenho sido chamado a atenção por uma e outra musica, mas o Clássico Hip Hop Time goza de alguma liberdade( Nunca fui directamente dito) como o único espaço onde se podem fazer abordagens politicas nos estágios de “Äs mentiras da verdade” ou “O País da Marrabenta”, mas desde que estejam dentro das éticas de radiodifusão e para o Clássico Hip Hop Time especialmente que não sejam musicas de conteúdo violento. Na verdade sinto me como uma pessoa de perfil singular, sempre no equilíbrio entre a liberdade individual e a autoridade.

makdap.blogspot.com: O que achas da nova geração de MCs em termos de Flow, letras e outros aspectos relativamente aos “menininhos” dos anos da década noventa?
HL: É verdade que há uma diferença, são contextos diferentes e acho que nem se devia comparar, aquela era a fase de absorvimento das influencias ocidentais, fossem elas coerentes ou não coerentes, letras demasiadamente misturadas com inglês, e mesmo esse inglês deficiente, pura mímica, mais com o tempo, todo o movimento Hip Hop aperfeiçoou-se sozinho. Esta é a fase do auto conhecimento, embora muitos auto-escolarizam-se com muito erros. É claro que há muitos bons rappers hoje do que ontem.

makdap.blogspot.com: Como foi fazer Hip-Hop Time neste todos anos? Muito sacrifício, um grande desafio, muito prazer e emoção, etc?
HL: Fazer o Hip Hop Time, foi como namorar alguém e entregar a vida por essa pessoa, ser varias vezes traído, perdoar por amar, compreender acima de tudo as várias facetas da consciência humana. Pelo caminho, muitos orgasmos, muitos tropessos, tensões relaxamentos, curtos circuitos, uma aventura na arte e na radiodifusão. Anima comunicar!

makdap.blogspot.com: O sucesso do Pandza/Dzukuta, a fuga de MCs para estes ritmos podem te levar a dizer “Real Hip-Hop is Dead”?
HL: De forma nenhuma o Hip Hop verdadeiro está morto. O problema não é com Pandza ou com Dzukuta. O problema é que pouco se sabe sobre um verdadeiro artista, há muita atitude por emoção, muitos nem se quer tem real dimensão do que andam a fazer seja bom ou mau para sociedade. O que há sim é um problema de falta de orientação de pessoas sobre aspectos como: marketing, direcção artística, géneros musicais, as influencias estrangeiras e o que é nosso de tradição. É uma fase de pedras da estrada, muita “salada russa” mas, vai passar.

makdap.blogspot.com: Tendo em conta o sucesso da música “Cu Gordo” pode-se afirmar que os “Beefs” melhoram a audiência e atenção ao Hip-Hop?
HL: Não diria que esse “beef” melhorou alguma coisa prefiro dizer que atraiu uma atenção sem qualidade, ou seja é uma qualidade de publico que gosta de “Beef”. Parece ser bonito mas simplesmente perdemos tempo com um problema entre um grupo de pessoas. Acho que tenho boas relações com essas pessoas mas desculpem-me e permitam dizer que o núcleo desse beef está entre um grupo de amigos. Lembram-se que Denny OG, N-Star, DJ Damost, Cem Paus eram um único grupo, o “Auto Squad”, e tinham como amigos de rimas Jay Pee e Duas Caras. Na verdade assistimos a uma confusão entre o membros do ex-Auto- Squad e amigos, de entre eles rappers, ou rappers tornados pandzistas. Não condeno a direcção que cada um leva como musico, condeno é o facto deste grupo de amigos a dado momento ter se distraído na sua direcção e criar atritos entre sí. O que é importante actualmente é que cada um esteja tranquilo e que se sinta bem na a sua actividade.

makdap.blogspot.com: Já que tocamos em “Beefs”, tens beefs com alguém ou algum grupo de Hip-Hop?
HL: Eu não tenho “beefs” com ninguém, eu existo para servir o outro. É possível que haja um grupo de pessoas que se opõe as obras levadas a cabo pela minha figura. Fala-se por aí em conversas de esquina, as opiniões divergem sobre mim, tenho ouvido de terceiros. Tenho até familiares que contam, ouviram um grupo de pessoas falar mal de mim e o assunto era as musicas que ele toca na radio...O que é verdade acho eu, é que qualquer adolescente da nossa época é rapper e quer tocar a sua musica na radio , todos somos músicos agora. Não há quem é, quem não é ou tá ainda aprender. E isso é um pouco a história de todas a urbes mundiais onde há uma historia do Hip Hop.

makdap.blogspot.com: Como é que te sentes quando tens de tirar da selecção de música para Hip-Hop Time uma track de um MC que tanto queria ver a sua música passar na Radio? HL: Tirar é dizer que já rodou e depois nunca mais rodou. Acho que a tua questão é o que sinto quando não rodamos a musica de um rapper que quer ouvir a sua musica tocar. Olha o que me dói é a sua falta de compreensão da nossa recusa, muitos de nós estamos presos a leis que inventamos nas nossas cabeças, eu não sou conhecedor de tudo. Mas estou em continuo estudo das funções que exerço e procuro ser o mais social e profissional possível, e dói quando o musico não entende o lado profissional da coisa.

makdap.blogspot.com: Tens muitos anos no Hip-Hop e consequentemente muita experiência, podes deixar algumas dicas para os MCs mais novos?
HL: Só sugiro que investiguem um pouco mais para além do que sabem e do que lhes é apresentado na T.V. e que conheçam melhor os passos mais importantes da musica. A carreira artística(efeitos positivos, negativos), discografia, a produção musical, o shows, o estúdio, a engenharia de som etc etc que sejam mais reais do que egocêntricos. Auto –formação e um trabalho muito bem orientado para não haver acidentes no futuro.

makdap.blogspot.com: O que achas do Blog www.makdap.blogspot.com – O Blog de Hip Hop Nacional ?
HL: O que eu acho é que as fontes de info do Hip Hop Moçambicano devem se multiplicar o Hip Hop pode se afirmar com categoria se houver uma acção multi-media conjunta, Classico Hip Hop Time sozinho não é nada! Veja que eu também encontro muita nova info neste mesmo Blog e público-a no “classicohiphoptime”.

makdap.blogspot.com: Queres deixar mais algumas considerações que julgas pertinentes? HL: Moçambique é um país muito novo ainda 32 anos é absolutamente nada, falta-nos acima de tudo consciência no lugar. Somos novos em tudo, perdemos muito tempo a chutarmo-nos uns aos outros no lugar de projectarmos a construção de coisas novas. Em 1994 nós decidimos que queríamos fazer um programa de Hip Hop na radio lutamos até conseguirmos muita da musica que rodamos na altura era de cassetes. Hoje vê-se muito avanço tecnológico e pouco avanço da inteligência humana, ou seja muito avanço tecnológico e muita estupidez na inteligência das pessoas “chaves”para o desenvolvimento da cultura em Moçambique.

Com e devida venia, extraido do:
Exclusivo www.makdap.blogspot.com
Fotos por: mak.da.p

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