segunda-feira, 20 de julho de 2009

Música de Wazimbo apaixona Microsoft e Hollywood

Wazimbo“Nwahulwana”faz parte dos spots da multinacional norte-americana Microsfot

Wazimbo, figura incon­tornável da música moçambicana, está de pedra e cal na arte de cantar e anuncia para o Natal um novo disco do agrupamento RM e a reedição brevemente do históri­co álbum Makweru.
O autor de “Nwahulwana” está feliz da vida e revela-nos, de entre outros aspectos, que este tema popular faz parte dos spots da multinacional norte-americana Microsfot, está a ro­dar em vários canais do mundo e faz parte da trilha sonora de um filme de Sean Pean. Noutro desenvolvimento, o músico exi­ge que sejam feitas eleições na Sociedade Moçambicana de Au­tores (SOMAS).

“Nwahulwana”, um dos seus temas mais badalados é, sem margem de dúvidas, um best sel­ler. Qual foi a inspiração para esta canção?

Foi algo que partiu de um nome fictício de mulher, que eu louvo pelos seus feitos e en­corajo a batalhar pela vida. Não é que esta “Nwahulwana” exista de facto. não é uma pessoa con­creta, mas sim uma criação que vem da minha inspiração. Não é que exista uma rapariga com o nome Maria Nwahulwana, é uma homenagem a todas as mu­lheres. mas devo dizer que faz parte da minha inspiração, tal como os outros autores se ins­piram.

A autoria desta composição levantou muita polémica, com o músico José Mucavel a reivin­dicar que é dele. O que pode nos dizer sobre isso?

Vinte anos depois, surge um artista que reivindica a autoria deste tema. Só o facto de ele vir agora dizer isso, cheira a estur­ro! Nós falámos. Ele foi aos ór­gãos de informação e eu respon­di o que era verdade. A canção é minha. Registei-a e ponto final. O que posso dizer é que ele está a agir de má-fé.

Poucas são as vezes que um artista se junta à Microsoft. Como surgiu a possibilidade de “Nwahulwana” ser escolhida para figurar como trilha sonora de um spot da mega-empresa de informática Microsoft?

Eu estou registado na Socie­dade Alemã de Autores, sedia­da em Berlim. Eles agenciam a Orquestra Marrabenta Star de Moçambique, de que faço par­te, e gravei com o grupo as mi­nhas músicas. Ganho os meus direitos (royalities) pelo uso das minhas músicas. Eles informam quando é que a música foi usada e como é que está a ser adapta­da para qualquer fim. A editora Piranha, sediada em Berlim, é que cuida do meu trabalho. A música foi ouvida pela Micro­soft. Gostaram e sugeriram a sua inclusão num spot da empre­sa.

Quanto ganha pelos direitos na Microsoft?
(risos...) Não existe um bud­get claramente definido. Depen­de do uso. O que lhe posso dizer é que de seis em seis meses eles dão um informe sobre o que está a acontecer com as obras da minha autoria.

A canção “Nwahulwana” fez também parte da trilha sonora do filme americano “The Pled­ge”, de 2001, dirigido por Sean Penn. Como é que se abriu essa porta?
A editora que cuida dos meus trabalhos discográficos em todo o mundo recebeu um con­vite dos realizadores do filme, em 2001. Gostaram da melodia e decidiram incluí-la na banda sonora do mesmo.

TRABALHO COM O GRUPO RM
O seu colega José Guimarães disse, em entrevista ao nosso jornal, que saiu do Grupo RM por alegadas desinteligências com a direcção da RM após o concerto de Eric Clapton. O que significou a saída deste membro da vossa banda?

Nunca há uma saída volun­tária de um grupo. Houve um pequeno conflito. Acredito que a saída do Zé abalou o grupo e veio a criar um certo défice. Hoje, lametamos e sentimos a falta dele. Veja que recriámos o grupo e somos poucos.

O que está a ser feito pelo Grupo RM?
A nossa missão de há um tem­po a esta parte tem sido ensaiar e apresentar espectáculos. Re­cuando no tempo, permita-me dizer que foram anos de muito trabalho. éramos a única banda representativa e tinha o apoio incondicional da Rádio Mo­çambique. Existia este e outro grupo, mas o nosso era uma referência em Moçambique. Agora, estamos em estúdio a gravar um disco de 10 temas, quase todos novos. Écerto que iremos incluir algumas músicas antigas, mas a maior parte é iné­dita. Este disco vai sair no Natal. Quanto a mim, vou reeditar o álbum “Makweru” para satisfa­zer o mercado. Lembro-me que vendi 3 mil exemplares e isso é pouco, pois apenas chega para dar vazão à cidade de Maputo.

ELEIÇÕES NA SOMAS SÃO URGENTES
A Sociedade Moçambicana de Autores (SOMAS) foi cria­da há mais de oito anos e tem como objectivo a protecção das obras dos legítimos autores. Que avaliação pode fazer da actividade desta instituição?

À semelhança de outras asso­ciações, penso que devia existir uma auditoria na SOMAS para se saber o que está a acontecer naquela casa. Queremos ter o quadro real da SOMAS e essa auditoria podia ajudar a per­ceber o andamento da insti­tuição. A quem presta contas a SOMAS? Já há muito que devia ter havido eleições para se en­contrar novos dirigentes. Não quer dizer que a SOMAS esteja a funcionar mal, mas o certo é que, como outras associações, nós temos o direito de saber so­bre o seu funcionamento. Veja o que aconteceu na Associação dos Músicos, o Hortêncio Langa ficou 20 anos a dirigir. Teve que ser feita uma auditoria para se conhecer a questão das contas e, naturalmente, foi feita uma nova eleição. Isto é que tem que acontecer na SOMAS.

À PARTE
Músico preferido?
Stevie Wonder
Prato predilecto?
Bacalhau
Escritor preferido?
Agatha Cristhie
O que mais detesta?
Pessoas presunçosas que fingem ser aquilo que não são.
O sal da vida?
Trabalhar e ser bem pago. Gosto que respeitem aquilo que faço e respeito as pessoas de bem. A vida só tem sentido se for abordada com calma e serenidade.

Por: Edmundo Chaúque

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