segunda-feira, 28 de julho de 2008

Diario de Uma Irreverente (Part 2)


O cartaz de cantores foi de acordo com o título do livro, sob o tema da irreverência. Calculo que se fosse realizada uma rápida auscultação das vozes que circulam pelas ruas da capital, no sentido de saber quais os músicos da jovem geração que mais se associam à ideia de irreverência, os três nomes mais sugeridos seriam os de Azagaia, Ziqo e Dama do Bling.

Cada um com os seus motivos, estes três nomes marcam, sem dúvida, uma forma de estar e de ser na música moçambicana. O que faz deles grandes, é que, para lá de gostar ou não dos seus trabalhos ou das suas personalidades, conseguem atingir o estatuto de artistas por um motivo muito maior: ninguém fica indiferente perante a sua presença.
Todos falam deles, para o melhor e para o pior. E ser artista é isso: estar exposto ao risco de ser amado e odiado ao mesmo tempo. Azagaia, por um lado, cresce em palco a cada nova actuação. É um daqueles casos em que o público faz o artista. Azagaia é, cada vez mais, a voz de uma geração. Dos irreverentes de que falava há pouco é, certamente, o menos espectacular, mas o mais acutilante nas suas mensagens, como um poeta que parece saído das origens do hip hop perdido nos tempos modernos. Um rebelde selvagem que nos seduz com a promessa de libertação intelectual que sempre desejamos mas pela qual nunca lutámos. Azagaia é a utopia da música moçambicana...
Ziqo é, goste-se ou não, a pedra mais talentosa que a música jovem moçambicana tem, neste momento. Apesar das polémicas, das críticas, da sua falta de fluência ou sofisticação linguística e das suas letras, ninguém, como ele, toca no público jovem moçambicano. E não só de Maputo, atenção! Ziqo é um cantor amado pelo povo de todo o país. Estava curioso por ver a receptividade do público face às mais recentes polémicas, e fiquei absolutamente envolvido pelo banho de multidão que teve, neste seu regresso aos grandes palcos. Ziqo tem o dom de saber ser simples e falar da forma que as pessoas gostam de ouvir.
Uma das coisas mais curiosas na sua forma de ser é que tanto em cima dos palcos como fora deles, vê-se um jovem que saboreia o estrelato como poucos; sentindo-se uma estrela, age e vive a sua própria fantasia, de uma forma simples. E essa simplicidade é, afinal, a chave do seu sucesso. Dama do Bling é todo um fenómeno. Uma marca só por si. Dentro da Bang Entretenimento ela é quem melhor entende o poder do marketing, junto do próprio manager da label, Bang.
Depois do lançamento do seu site oficial, esta jovem volta a surpreender os seus admiradores com o lançamento de um livro (atrevo-me a prever lançamentos de mais uns quantos livros de cantores, ainda este ano!). Sou seu admirador, confesso. Muitas pessoas ficam surpreendidas e chocadas com esta minha situação. Mas assumo-a, de peito aberto. Dama do Bling é, hoje em dia, um nome sólido da música moçambicana. Sabe o valor da imagem desde cedo, tem letras com conteúdo (quando as quer fazer). E para mim, a grande confirmação que a noite da irreverência trouxe: uma postura em palco completamente distinta dos demais cantores da praça. Com uma noção de espectáculo que poucas vezes atingem os nossos demais cantores. Dama do Bilng é, actualmente, a cantora moçambicana com melhor presença em palco, no sentido de espectáculo que este tipo de concertos visa proporcinar.
No que diz respeito a espectáculo visual; saber estar em palco; não há quem se compare, no actual cenário musical. E, mais do que tudo, Dama do Bling é profissional no verdadeiro sentido da palavra. A artista que vemos em palco não circula de forma escandalosa no dia a dia. Não é pessoa de noitadas e maluquices públicas, como se poderia pensar. Dama do Bling é uma figura, uma personagem que choca e provoca polémica, sim, mas no palco, na televisão e através da sua voz. A Ivannea é uma mulher diferente que, suspeito, muito poucos conhecem.
A Bang Entretenimento, assim como o Coconuts Live estão de parabéns por uma noite de qualidade superior. Nivelaram por cima, como deve ser, o que deve ser um verdadeiro espectáculo de entretenimento para um público jovem de discoteca. Quanto ao livro, confesso que ainda não o li, nem adquiri. Deve ser curioso, mas da Dama do Bling já podemos conhecer um pouco pela sua forma pública de estar. Curioso, mesmo, seria o lançamento do diário da Ivannea, a mulher que fez nascer a Bling e que tão pouco conhecemos...fica lançado o desafio!
Carlos Osvaldo
Tlm: 82 6046560

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