segunda-feira, 23 de junho de 2008

Associação dos Músicos da Beira sob fortes contestações

O ELENCO directivo da Associação dos Músicos da Beira (AMBEIRA) está sob fortes contestações movidas por alguns dos seus filiados. Começam por dizer que a agremiação, desde a sua constituição há mais de 10 anos, nunca realizou pelo menos uma Assembleia Geral. A falta de qualquer assistência aos compositores e intérpretes Gil Pinto e Vicente Ceiva, bem como ao guitarrista Lucas, internados na maior unidade sanitária da região centro do país foi “a gota que fez transbordar o copo”, com alguns membros a exigirem prestação de contas alegando que há fundos que circulam e que não são tornados públicos.

Os músicos da Beira citam o exemplo de Gil Pinto, um dos músicos mais antigos da cidade da Beira, que foi há semanas internado no Hospital Central da Beira. Foi submetido a uma intervenção cirúrgica, mas não beneficiou até então de qualquer apoio nem da AMBEIRA, onde é membro, nem de qualquer outra instituição.


A mesma situação está a acontecer com o compositor e intérprete Vicente Ceiva e com o seu guitarrista Lucas. O primeiro está doente há bastante tempo e já ficou internado por vários meses no Hospital Central da Beira. O segundo foi há dias vítima de um acidente de viação que fez com que fosse internado na mesma unidade sanitária.

Todos estão entregues às suas sortes, por conseguinte, clamam por apoio. Este facto fez com que um grupo de músicos, da velha guarda e da nova geração, exigisse no final de semana passada à direcção da AMBEIRA que se pronunciasse sobre as contas da agremiação e movimentasse alguma “palha” em prol daqueles infortunados.
Entre os que reivindicam consta o nome do decano João Sutho. Ele acusa a associação de inoperância e falta de transparência na gestão da coisa pública. Não só, diz haver arrogância no seio da direcção, com particular destaque para o Secretário-Geral, Said Aly, que na sua apreciação tem tratado os associados como se de seus empregados se tratasse.

Sutho afirma ainda de “boca cheia” que circulam fundos de organizações governamentais e não governamentais na AMBEIRA, mas a direcção continua a gerir o silêncio suspeitando-se que haja desvio de aplicações.

Carlitos, dos Mussodji e Manune Jackson são outros dos nomes dos artistas que final de semana passado, na Casa Provincial de Cultura de Sofala, tentaram sem sucesso pressionar a direcção da AMBEIRA a falar publicamente sobre o estágio da agremiação, uma vez que nos últimos tempos o “staff” anda de reuniões em reuniões sem no entanto explicar aos associados o que na verdade estava a acontecer.

Os artistas referem igualmente que desde o passado 21 de Maio de 2007 a AMBEIRA nunca realizou uma actividade e/ou encontro com todos os seus associados, estimados em mais de 200 pessoas, entre músicos, guitarristas e outros instrumentistas.

VAMOS REVITALIZAR A AMBEIRA – segundo Saidinho, SG
Diante deste cenário, o nosso Jornal contactou o secretário-geral da Associação dos Músicos da Beira, Said Aly, mais conhecido por Saidinho. Ele reconheceu a inoperância da agremiação, mas afirmou que o seu “staff” está nos últimos tempos envolvido numa série de actividades que visam revitalizar a AMBEIRA que de facto nunca realizou alguma Assembleia Geral desde a sua criação em 1994.

Saidinho disse ainda que entre várias coisas a agremiação está na fase de reestruturação dos seus estatutos que já não vão ao encontro da realidade.
Este assunto, segundo o secretário-geral da AMBEIRA, culminará com a realização, num futuro breve, da Assembleia Geral da organização.

Questionado sobre os músicos que se encontram hospitalizados no Hospital Central da Beira, Saidinho disse que a AMBEIRA não tem verbas capazes de dar resposta a qualquer assistência médica e medicamentosa aos visados. Ademais, maior parte dos membros da agremiação não pagam quotas, mas assegurou que ira tentar fazer “lobbies” junto de parceiros para apoiar os até então internados.

“Desconheço os fundos de que os músicos têm vindo a falar. Mas nós temos procurado responder a algumas questões pontuais, como é o caso de compra de caixões para os músicos e seus familiares. Este é um esforço que fazemos através de alguns “lobbies”. O maior problema é que a associação não é coesa. Nós não podemos adivinhar que o músico fulano está doente, tem que nos aproximar”, disse.

Fonte: E. SIXPENCE

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