quinta-feira, 13 de março de 2008

Ganância pelo lucro tira brilho ao “show” de Lura


A GANÂNCIA pelo lucro e a má qualidade do som marcaram negativamente os espectáculos da compositora e intérprete cabo-verdiana Lura, realizados fim de semana na capital do país. Com efeito, a classe e o talento de Lura foram “afundados” por uma desorganização a todos os níveis deplorável, caracterizada por uma sala superlotada, atraso de mais de uma hora do início do “show”, desconforto dos presentes e muita “caça” ao lucro por parte dos promotores do evento.

O primeiro dos dois “shows” de Lura em Maputo esteve marcado para as 23 horas de sexta-feira. Porém, a cantora só viria a fazer-se ao palco cerca de uma hora e quinze minutos depois, sob fortes apupos e assobios dos espectadores, agastados, que reclamavam já a presença da cantora na sala.
O atraso, segundo apurámos, foi propositado, alegadamente porque era preciso deixar “encher” a casa, um lugar que pouco depois das 23 horas já não tinha espaço para quem quer que seja circulasse, pois o mesmo, de longe, já se encontrava preenchido.
Aliás, esta é uma situação que fica no ar, uma vez que não havendo lugares sentados, fica ambígua a capacidade real do recinto.

O SOM
Os constrangimentos verificados foram vários. E foram agravados pela má qualidade de som apresentado, muito embora se saiba que aquele recinto apresenta uma das melhores aparelhagens do mundo, com mais de mil quilowatts de som e luz. Foi visível o esforço levado a cabo pelos técnicos ali destacados para melhorar a qualidade do som, o que de certo modo aconteceu, mas que se não mostrou suficiente para elevar a qualidade de espectáculo para níveis aceitáveis.


A ACTUAÇÃO
Alheia a esses problemas todos, a cantora subiu ao palco e espalhou o seu perfume. Uma “morna”, em jeito de pontapé de saída, até serviu para serenar os ânimos da plateia, ao mesmo tempo que permitia que as pessoas procurassem o melhor local para ver o concerto.
Trajando um vestido em algodão, roxo, que lhe permitia realizar os movimentos de dança com toda a agilidade exigida, Lura apresentou-se no palco acompanhada de cinco instrumentistas, com destaque para o organista, produtor e arranjista, Toy Vieira.
Cuidadosamente seleccionado, o repertório escolhido constituiu uma mistura das músicas do seu mais recente álbum e os sucessos dos três álbuns anteriores. Os sucessos, como “Nha Vida” ou “Na Ri Ná” foram entoados em coro com os presentes, fãs esses que entraram em delírio quando a cantora se despediu com “Oh Naira”.
Foi uma “viagem” de cerca de duas horas aos diversos ritmos de Cabo Verde, viagem que, de acordo com a maioria dos presentes, valeu a pena realizar não obstante os constrangimentos iniciais do espectáculo, maioria dos quais viriam a ser corrigidos no dia seguinte, sábado.

O PERCURSO
Lura iniciou-se nas lides musicais em 1996, depois de uma curta passagem por projectos teatro e coros. Aos vinte e um anos gravou o seu primeiro álbum, cuja canção com o título “Nha Vida”, foi um sucesso imediato que lhe rendeu um convite para participar no projecto discográfico “Red Hot + Lisbon”, o qual reuniu vários nomes da música lusófona.
Em 1998 acompanhou Cesária Évora, o expoente da música cabo-verdiana, em dois importantes projectos: abriu os espectáculos da “diva dos pés descalços” na Expo’98 e integrou o leque dos artistas que tomaram parte do concerto “Cesária And Friends”, realizado em Paris.
Em 2002, lançou o seu segundo álbum, “In Love”, e em Novembro de 2003, Lura foi uma das três cantoras escolhidas para o projecto “Women of Cabo Verde”, uma série de concertos realizados no Reino Unido, o que lhe rendeu convites e o lançamento dos seus álbuns em diversos países europeus.

Dois anos depois, portanto, em 2006, põe no mercado discográfico o seu quarto álbum, “M’bem di fora”, bastante aclamado na sua apresentação a 7 de Novembro do mesmo ano no clássico Tivoli, uma sala de espectáculos de referência da capital portuguesa, Lisboa. Uma obra mais sóbria, onde a artista revela uma maior maturidade musical, conseguindo imprimir o seu cunho pessoal a temas de diversos compositores, onde se destaca o nome de Toy Vieira, director artístico do projecto e compositor de algumas das suas músicas.

Fonte: Jornal Noticias de 19/03/2008 - Mussá Mohomed

Cantora Lura em Maputo

ESTARÁ de novo entre nós a estrela crioula da música lusófona, Lura, para dois grandiosos espectáculos, na sexta-feira, dia 14 de Março, às 23 horas, e no sábado, dia 15, às 18 horas, no Coconuts-Live.

Radicada em Portugal, Lura é tida como um fenómeno da música de Cabo Verde, como dona de uma voz sensual, doce e grave, e fazendo jus aos ritmos da sua terra.

“Nha Vida” foi o álbum de estreia, lançado em Lisboa, a 31 de Julho de 1996, dia do seu vigésimo primeiro aniversário. Em 2002, Lura apresenta o seu segundo disco de originais, intitulado “In Love”, do qual sete das doze canções foram escritas pela própria cantora.

Em 2005, com a voz já madura, Lura edita “Di Korpu Ku Alma”, um disco nobre e definitivo na sua afirmação musical.

Agora, apresenta-nos um disco luxuoso, recorte da sua qualidade e com treze temas que não nos deixarão indiferentes.

Que Lura espalhe com este seu novo magnífico disco “M’bem Di Fora”, o brilho da sua voz.
M’bem di fora é uma expressão cabo-verdiana utilizada para designar as pessoas que vieram de fora da cidade, do interior. Tal como a expressão, o novo disco fala de deslocações.

Oiçam Lura, e depois vejam-na em palco, em corpo e alma, pura beleza crioula, com uma voz que não cabe nela.

Lura mistura-se nas gentes e na música de Cabo-Verde, onde se sente em casa. Não canta sozinha quando canta em Cabo Verde, admiradores de todas as idades acompanham-na. Lura valoriza a simplicidade das coisas e pessoas em Cabo-Verde.

Fonte: Jornal Noticias

Sem comentários: