segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Wazimbo e Jose Mucavel em namoro...

Cerca de 10 anos depois

“Nwahulwana”, ou simplesmente pássaro irresponsável, é o título da música que destruiu uma amizade que datava desde a infância de dois gurus da música moçambicana. Estamos a falar de Wazimbo e José Mucavel, que entraram em diferendo quando disputavam direitos autorais do prestigiado e badalado tema “Nwahulwana”.
Aliás, o tema em alusão, para além de fazer parte dos spots da multinacional norte-americana Microsoft, foi usado como trilha sonora do filme “The Pledge”, pertencente ao actor Jack Nicholson.

Mas não é de mágoas do passado que queremos nos concentrar, e sim dizer que os dois astros do clássico moçambicano despiram-se de orgulho e abraçaram- se, numa iniciativa promovida pelo apresentador de televisão Gabriel Júnior.

A reconciliação surge como resposta ao apelo feito pelo ministro da Cultura, Armando Artur, onde ideia principal é criar um clima são no seio dos músicos moçambicanos. É caso para dizer que boas notícias não tardam, chegam no devido momento. Isto porque o país acolhe, desde última sexta feira, a quarta edição do Festival da Marrabenta e o entendimento dos músicos é um ganho só para os fãs e amigos, mas também para o país no geral, sobretudo para a cultura moçambicana.

Em declarações registadas, Wazimbo não só se desculpou a José Mucavel como também disse que “o Zé é uma luva para as minhas mãos e um sapato para os meus pés, por isso lamento pela situação que sempre me entristeceu, pelo que lhe peço desculpas”.

Mucavel não poupou verbo e rematou: “o único músico que sabe interpretar as minhas composições é o Wazimbo e desde já está autorizado a fazê-lo com todas elas”.

Recorde-se que, há dias, o músico Wazimbo disse ao “O País”, depois de um espectáculo realizado na Matola, que o tema “Nwahulwana” foi algo que partiu de um nome fictício de mulher, “que eu louvo pelos seus feitos e encorajo a batalhar pela vida. Não é que esta “Nwahulwana” exista de facto. não é uma pessoa concreta, mas sim uma criação que vem da minha inspiração. Não existe uma rapariga com o nome Maria Nwahulwana, é uma homenagem a todas as mulheres”.

Por seu turno, e em contacto telefónico, Umberto Benfica assegurou que o aperto de mão entre ele e o músico José Mucavel constitui uma mais-valia para a música moçambicana.

“Tal como viram na televisão, nós nos apertamos as mãos em nome da música moçambicana. Respondemos positivamente ao apelo feito pelo ministro da Cultura, Armando Artur. Na verdade, fizemos as pases em nome da nossa cultura”, disse Wazimbo.

De hoje em diante, tal como avançou o músico, é só consolidar as nossas relações e fazer crescer a amizade. Para José Mucavel, a reconciliação dá início a uma nova era no mundo da música moçambicana.

“Finalmente, nos entendemos da melhor maneira. Vamos voltar a falar-nos, a dividir os palcos.

Aliás, aceito a possibilidade de gravar novos temas musicais com ele, afinal de contas Wazimbo é um óptimo profissional.

Eu, particularmente, estou satisfeito. Estou disponível para esquecer tudo e tocar a vida para frente”, disse Mucavel.

Importa referir que José Mucavel e Wazimbo estão, neste momento, a gravar um novo tema para alegrar os corações dos seus fãs.

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Malawi espera por Dilon


Música para além da guerra dos rios

A “guerra dos rios” fica fora dos palcos. A música faz o seu diálogo longe da navegabilidade dos Chire e Zambeze, que criou “barricadas” diplomáticas entre Moçambique e Malawi.
Dilon Djindji é o rosto dessa relação artística. O “king” de marrabenta estará, este mês, na terra de Bingu Wa Mutharika para uma série de espectáculos.

Antes da partida, Djindji faz uma espécie de “retorno” às origens, para buscar um grupo que tem o nome do distrito onde se apresentou como músico, mesmo nas suas “disputas” com Fany Pfumo. Referimo-nos à banda Estrela de Marracuene, composta pelo baixista João Cossa, o baterista Samito, o seu filho Fernando Djindji na viola solo, e Ernesto Dzevo como contra-solo.
O “king” vai a Malawi a convite de um amigo que tem acompanhado a sua carreira. Fascinado pela forma como ele se impõe em palco e assume o espectáculo, não resistiu a fazer uma proposta para actuar naquelas terras. Djindji disse “sim” e prometeu ao amigo um “grande espectáculo”. É com segurança juvenil que assume os desafios. Pelo menos assim o disse na curta entrevista que tivemos. Primeiro, assume com simplicidade os seus 83 anos de idade e 70 de carreira, para depois garantir que se sente muito jovem e com capacidade de dividir o palco com muitos que marcam a nova música.”

“Toquei na guitarra pela primeira vez aos 11 anos. O meu tio gostava de andar comigo nas suas bebedeiras e, sempre que ficasse grosso, dava-me a guitarra para segurar e ai eu aproveitava e aprendia algumas notas.”

Mesmo desejando fazer apenas uma carreira musical, não resistiu às condições de vida e, em 1951, seguiu o mesmo caminho de muitos outros jovens que encontraram na África do Sul uma saída. Era o período de dzukuta em Moçambique.

“Em 1951, fui para África do Sul. nessa altura, aqui dançava-se muito dzukuta. Foi nesse momento que conheci Francisco Mahecuana, Fany Pfumu e Alberto Mutcheca. Aliás, em 1973, subi ao palco pela primeira vez com Fany Pfumu.”

É com Fany que Djindji “discute” a coroa de “rei” de marrabenta. “FanyPfumu sempre reconheceu que sou o rei da marrabenta, só que o público tem criado equívocos sobre o assunto. Numa das suas músicas ele diz, ‘a Marracuene kuni king ya marrabenta, nwine a mu ngue lungui ka yona’, aí ele reconhece que em marracuene existe um rei da marrabenta, diante do qual vocês não podem aguentar. ele diz ‘vocês’ e não ‘você’, ou seja, ele excluiu-me, automaticamente, nesse problema reconhecendo, de seguida, que eu sou o único rei da marrabenta no país.”


Quarta, 10 Novembro 2010 Gildo Mugabe.

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Video Doppas - Ele era meu melhor amigo.

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Conjunto Joao Domingos

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Video Costa Neto - Ava sati va Lomu

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Viagem ao âmago da nossa identidade identidade cultural


2010 é o ano da marrabenta há um festival da marrabenta, há um comboio da marrabenta e até “artistas unidos” pela defesa da marrabenta.

Os puritanos consideram que se está a registar uma deturpação no uso do termo “marrabenta”, para designar qualquer forma de expressão cultural de índole moçambicana, em termos de música ligeira. Até que ponto isso é verdade?

(...) e da noite para o dia, a marrabenta – ou pelo menos o termo marrabenta – começou a ser falado e propalado em todos os cantos. Um fenómeno sem precedentes, pelo menos a nível dos últimos tempos. “Ele” é Festival da Marrabenta”; “ele” é comboio da marrabenta, “ele” é artistas unidos e empenhados em fazer deste 2010 o ano da marrabenta, enfim! agora, falar de marrabenta é o que está a dar.

Porém, a questão que se coloca é a seguinte: até que ponto toda esta empolgação em torno da marrabenta contribui para a valorização e evolução da marrabenta entanto que estilo musical com características próprias? Será correcto atribuir-se a designação genérica de marrabenta para rotular qualquer forma de expressão cultural de índole moçambicana, em termos de música ligeira?

De uma coisa ninguém duvida, a marrabenta é um ritmo de música-dança que passou por várias fases, desde a sua criação até à actualidade. A As suas origens devem remontar aos finais da década de 30, mas será a década de 50 que a leva ao sucesso, tornando-a um dos produtos mais representativos da música ligeira moçambicana.

Dizem os conhecedores que a marrabenta tem um estilo próprio, uma batida característica que é sintetizada pelo tema “Elisa Gomara Saia”, do Conjunto Djambu. Este será o ícone, a matriz e o protótipo do que é a verdadeira marrabenta. Pelo menos é assim que pensa Rui Guerra, investigador, mestrado em Gestão do Património Cultural Moçambicano, pela Slinders University (Adelaide, Austrália), com quem conversámos e em cuja tese (de licenciatura) nos baseamos em larga escala para a elaboração deste trabalho.

QUEM, QUANDO E ONDE
Há muita controvérsia em redor desse assunto: quando e onde surgiu e quem criou a marrabenta? Há quem diga – e esta versão nos parece a mais coerente – que a marrabenta deriva directamente da mescla dos estilos magika e zukuta (sim, é antigo!). Para outros, a marrabenta foi simplesmente a evolução desses ritmos, ou seja, teria começado por se chamar zukuta, depois magika e finalmente marrabenta.

Também é difícil atribuir a alguém em particular a invenção deste ritmo. De uma maneira mais generalista, pode considerar-se que ele é produto da miscigenação cultural e da migração de grupos étnicos oriundos de diversas regiões do sul de Moçambique, e que a sua estilização contribuiu para que se tornasse popular.

A transformação e penetração da marrabenta no meio urbano deve muito ao movimento migratório de jovens de origem rural e suburbana (Manhiça, Marracuene, Inhambane, Gaza) para a cidade de Lourenço Marques, onde trabalhavam à espera de contratos para as minas.

Este grupo de emigrantes é de facto importante neste processo de introdução de novos ritmos, instrumentos e aparelhos - como a viola e os gramofones -, os quais eram enviados para as suas terras de origem, juntamente com os discos, contribuindo decisivamente para a divulgação no meio rural destes novos sons e instrumentos.

INFLUÊNCIA DOS TROVADORES
Os trovadores – executantes a solo – são os precursores da música ligeira moçambicana, antes mesmo do surgimento dos agrupamentos. Músicos como Muthanda Feliciano Ngome, Francisco Mahecuane Macovela e Fani Mpfumo constituem os precursores da música ligeira moçambicana, dado terem sido os primeiros músicos a gravar, apesar de fora de Moçambique.

Mahecuane gravou, pela primeira vez, em 1945, na África do Sul, o disco “Yi Xibalo Muni Makhandane” e em 1958, no seu regresso definitivo a Lourenço Marques, torna-se famoso com o tema “Moda Xicavalo, Marrabenta, Senta Baixo”, uma das primeiras marrabentas a serem tocadas e a alcançar sucesso, apesar de apresentar uma orquestração básica, envolvendo apenas guitarra e bandolim.

Outro artista de nomeada foi, sem dúvida, Fani Mpfumo. É o caso de maior sucesso, visto ter atingido o estrelato na África do Sul, com vários prémios ganhos, para além de ser visto em Moçambique como uma verdadeira estrela, tanto pelos mineiros que traziam na bagagem os seus discos, como pela população local que ouvia os seus números na rádio.

Para além de interpretar ritmos sul-africanos como jive, simandjemandje, kwela, etc., Fani tocava marrabenta. De tal modo que o seu primeiro disco, gravado em ronga, em 1951, foi “Georgina Waka Nwamba”, tendo a música que dá o título ao álbum obtido grande sucesso. Outros números de sucesso também se seguiram, como: “Nyoxanini”, “Famba ha Hombe”, “Hodi”, “King ya Marracuene”, “Nichelelani”, entre outros.

Pela sua veia compositora, versatilidade e pelo número de discos publicados, Fani Mpfumo foi considerado o verdadeiro rei da música ligeira moçambicana, apesar de ter estado emigrado por largos anos, tendo voltado definitivamente ao país em 1973. O resto é sabido: a sua ligação à música continuou até à altura da sua morte, em 1987, vítima de doença.

AS ETAPAS POSTERIORES
O período que vai do limiar dos anos 60 até 1974 é tido como o da divulgação e promoção da marrabenta. Efectivamente, a marrabenta passa a ser dançada e ouvida por negros e brancos sem preconceitos de qualquer espécie. Passa a ser vista como a verdadeira música de Moçambique e dos moçambicanos, daí que tenha começado a ser promovida pelo empresariado local.

É nesse quadro que, em 1971, é criada a “Produções 1001”, vocacionada à procura e promoção de talentos moçambicanos. Aí são descobertos artistas hoje famosos, como Wazimbo, Simião Mazuze, Jaimito, Pedro Ben, Alexandre Mazuze, Elsa Mangue, Matchote, João Wate, Abel Tchemane, entre outros.

Surgem, então, dois programas, destinados à população suburbana e à população citadina, nomeadamente, o “Xitimela 1001”, que se realizava no Cinema Olímpia, e o “Expresso 1001” que acontecia no Cinema Nacional (actual Centro Cultural Universitário).

A REVOLUÇÃO E A MARRABENTA
Depois da Independência, a marrabenta foi, supreendentemente, desqualificada, ao ser considerada um produto da cultura burguesa decadente pelo governo revolucionário. Aí se deu o grande marco da descontinuidade. Para o bem ou para o mal, a verdadeira marrabenta foi então profundamente abalada.

Não obstante, e numa fase em que tudo escasseava e as dificuldades por que passavam os artistas eram brutais, por iniciativa do Estado, foi criado o Conjunto RM, congregando uma série de músicos, nomeadamente, José Guimarães, Alípio Cruz, Chico António, Mingas, Zeca Tcheco, Wazimbo, Matchote, Milagre Langa, Sox, José Mucavel, Alexandre Langa. Nessa fase, surgiram ainda os grupos Hokolókwè, Mbila, Alambique e Ghorwane, caracterizados pela produção de temas e músicas de caris moçambicano.

Depois disso, vieram outros e mais outros, até se chegar aos dias de hoje, onde a profusão de estilos e ritmos é abismal. São todos (?) bons. São todos representantes da música moçambicana – se por mais não seja, porque são moçambicanos – mas são raros os que tocam aquilo a que se considera marrabenta.

E porque, conforme dissemos, se passou a atribuir aos ritmos tocados a designação genérica de marrabenta, os puritanos consideram que está a registar-se uma deturpação do uso do termo, para designar qualquer forma de expressão cultural de índole moçambicana, em termos de música ligeira. Será isso correcto?

Enfim, tire o leitor as suas próprias ilações.

Os conjuntos e a estilização da marrabenta
Os conjuntos musicais e as associações culturais tiveram grande influência na difusão e, sobretudo, na estilização da marrabenta. Como já se disse, o ritmo começa a ser “urbanizado” em finais da década de 50, quando surgem os primeiros conjuntos moçambicanos, como Young Issufo Jazz Band, Orquestra Djambu, Hulla-Hoop (que passou a Conjunto João Domingos), Conjunto Harmonia e Kenguelequêze, que começam a tocar ritmos locais, para além dos internacionais, que então estavam em voga.

É a partir desse momento que a marrabenta é divulgada, deixando de ser conhecida, dançada e tocada apenas nos subúrbios. A sua entrada para as associações, neste caso a Associação Africana e o Centro Associativo dos Negros da Província de Moçambique, muito contribuiu para a sua promoção, pois deixa de estar confinada ao subúrbio. Isto é, sai do caniço e entra no cimento.

A adopção da marrabenta pelas associações foi incentivada por duas importantes figuras do meio cultural moçambicano: José Craveirinha, na Associação Africana, e Samuel Dabula Nkumbula, no Centro Associativo. Culturalmente esclarecidas e politicamente conscientes, estas figuras defendiam que os agrupamentos que ali se exibiam deviam tocar ritmos moçambicanos.

O Young Issufo Jazz Band foi o primeiro conjunto, constituído por indivíduos de raça negra. Foi formado em 1956 como um quarteto, passando para sexteto, em 1957, ano em que se viria a desmembrar, porque Young Issufo, o líder, optou por tocar num baile de finalistas, no Liceu Salazar, enquanto os outros componentes do grupo preferiram tocar no Centro Associativo dos Negros. A sua dissolução deu origem à Orquestra Djambu e ao Conjunto Hulla-Hoop, os quais se tornaram famosos a tocar marrabenta.

A Orquestra Djambu nasceu em 1958 e começou por tocar jazz e blues. A marrabenta só seria tocada mais tarde, sendo o seu tema mais emblemático “Elisa Gomara Saia”. Já o Conjunto Hulla-Hoop – que mais tarde passou a designar-se Conjunto João Domingos – foi fundado por Young Issufo, Gonzana e João Domingos, também em 1958. Entre os seus números, destacam-se: “Júlia”, “Jorgina”, “Tampa ni Xicandarinha”, “Massoriana”. Curiosamente, este grupo só viria a gravar o seu primeiro CD no ano de 2000, captado num show ao vivo, em Macau.

Ainda em 58 surgiu o Conjunto Harmonia. De acordo com Gabriel Chiau, um dos integrantes desta banda, que ainda se mantém no activo, este era o mais humilde dos três conjuntos, mas tocava de forma mais original.

Sexta, 12 Fevereiro 2010 Homero Lobo.

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DJAMBU - Uma orquestra imortal


Desde a sua criação, a Orquestra Djambo toca com sentimento o quotidiano de um povo, suscitando um grande entusiasmo nos moçambicanos. E, diga-se, fá-lo com obrigação patriótica pois atravessou gerações e hoje é, sem dúvidas, uma das mais conceitudas orquestras do país.

“A Orquestra Djambo tem uma história longa”, começa por dizer Moisés Ribeiro da Conceição, de 91 anos de idade, um dos dois fundadores ainda vivos do agrupamento instrumental que começou por ser um conjunto e, depressa, se tornou uma orquestra, com sonoridades e ritmos moçambicanos.
A paixão pela música sempre esteve presente desde miúdo na vida dos fundadores da Orquestra Djambo. Mas a história da orquestra começa nos princípios dos anos ‘50, logo após um indivíduo de nome Young Issufo ter adquirido alguns instrumentos musicais. E convidou Moisés, Orlando, Domingos, Hassane, Tiago, Zé Manel e Zé Mondlane para ensaiarem na sua casa.

Porém, depararam-se com um problema – o primeiro de muitos que o agrupamento teria pela frente: um dos elementos não se exercitava, neste caso Domingos Mabombo, porque não dispunha de um instrumento (piano). O Centro Associativo dos Negros da Colónia de Moçambique era o único que dispunha de um piano na época. Domingos, cujo pai era um dos sócios daquela agremiação, teve a ideia de pedir o espaço de modo a que todos os elementos do grupo, da qual fazia parte, pudessem ensaiar. Foi-lhes concedido o lugar e a banda começa a dar os seus primeiros passos.

Os seus ensaios eram frequentemente apreciados por diversas pessoas. Certo dia, Samuel Dabula, trabalhador da Rádio Clube de Moçambique – actual Rádio de Moçambique – foi assistir a um dos ensaios do agrupamento, tendo ficado espantado com o virtuosismo que a banda apresentava e comunicou à direcção do Centro que se preparava para organizar um baile na quadra festiva.

E o contrato para actuar não tardou a chegar, aliás, na madrugada do mesmo dia, receberam uma proposta para se apresentarem no Natal e no fim do ano. Recusaram-se a tocar na passagem do ano porque não queriam ficar “presos” à agremiação numa época em que surgiam novas propostas, mas aceitavam actuar nos próximos eventos.

“Sentimo-nos constrangidos por não termos satisfeito o pedido do Centro, uma vez que nos oferecia espaço para ensaiar e um dos elementos da banda era filho de um dos sócios”, diz Moisés. O conjunto começa a ganhar forma e muita aceitação popular, mas ainda não tinha nome. Chamavam-no Conjunto de Young Ussufo.

Mais tarde, a banda atravessa um momento de crise. Young Ussufo leva os seus instrumentos musicais e um dos elementos – Orlando – decide abandonar o agrupamento para tocar numa outra banda, mas os outros integrantes convenceram-no a não fazê-lo.

Apenas com piano, trompeta, saxofone e trombone, o grupo de jovens músicos teve de conceber um plano para animar as noites de então cidade de Lourenço Marques. Surge a ideia luminosa de buscar a ajuda da direcção do Centro. A agremiação prontificou-se a adquirir o material, mas os músicos iriam pagar mensalmente com o dinheiro de espectáculos. Assim, a banda ganhou forma novamente e começam os ensaios no mesmo local.

À procura de nome
O conjunto actuou em diversos locais da cidade de Maputo sem nome. “Quando sentimos que éramos maduros o suficiente, decidimos procurar um nome”, conta o decano da Orquestra Djambo.

Cada integrante tinha de sugerir um nome, mas as propostas não colhiam consenso. Tempo depois, Domingos teve a ideia de baptizar o conjunto de “Djambo”, inspirado num tema de um disco de música cubana denominado “Mambo Djambo”. Os restantes membros do agrupamento concordaram com a ideia, pois apreciavam a música, mas ninguém sabia o significado da palavra “Djambo”. “Mais tarde, com ajuda de um brasileiro que sempre vinha assistir aos nossos ensaios ficámos a saber que Djambo quer dizer ritmo”, diz Moisés.

Na altura, existia um grupo musical com a denominação “Ritmo”. No entanto, optaram por chamar Conjunto Djambo de modo a que não fosse confundido com outra banda, e, mais tarde, passou a denominar-se Orquestra Djambo, visto que tocavam instrumentos de sopro.

Depois de muito trabalho, o agrupamento caiu na graça do público. “As pessoas admiravam bastante o nosso trabalho. Éramos a única orquestra de negros que tocava a verdadeira música tradicional moçambicana, por isso, recebíamos muitos convites para actuar em bailes”, lembra.
Os anos que se seguiram não foram fáceis para o agrupamento. A orquestra teve de sobreviver a tudo: começando pela desistência de alguns membros. Com bilhete de passagem na mão, viu-se impedida de actuar em Brasil e outros países. Viu as portas do Centro Associativo dos Negros da Colónia de Moçambique – espaço que era o local de ensaios – a serem fechadas pela PIDE com todos os instrumentos no seu interior em 1965. A orquestra começou a dissolver-se.

Desde sempre, a Orquestra Djambo foi um dos mais importantes agrupamentos. Animava as noites e eventos sociais da capital com o ritmo animado e melodias arrebatadoras da marrabenta, ndlama, xingombela, xigubo e nfena. Grande parte das composições era original. A orquestra também gravou um single com os sucessos “Elisa Gomara Saia”, “Bambatela Sábado”, “Laurinda” e “Xinwanana”.

Por volta de 1969, o agrupamento reaparece com alguns novos membros e uma nova denominação: Djambo 70. Mas esta “nova” orquestra não granjeou simpatia de um público habituado a uma marrabenta, com uma subtil mistura de pequenos insólitos da vida quotidiana e dos grandes eventos históricos, feita de sentimentos.

A orquestra do povo
Quando reabre o Centro Cultural de Xipamanine, marca-se uma nova fase para a Orquestra Djambo. Hoje, conta com sete integrantes, nomeadamente Moisés da Conceição, Raimundo Cossa, Inácio Magaia, Milagre Langa, Américo, Policarpo Dias e Cecília Xavier, para além de um corpo de bailarinos.

E é a orquestra mais aplaudida de sempre. “Sentimo-nos como peixe na água quando estamos no palco porque tocamos o dia-a-dia do povo para o povo. Expressamos a moçambicanidade ”, diz Policarpo Dias.

A orquestra é a figura de cartaz da quarta edição do “Festival da Marrabenta” que arranca esta sexta-feira (28). É a terceira vez que o agrupamento participa neste evento que tem como objectivo valorizar a marrabenta.

As composições da Orquestra Djambo estão registadas em bobinas na Rádio Moçambique. Não tem álbum gravado, mas dispõe de um single – composto por quatro temas – gravado por volta de 1964.

Escrito por Hélder chavier Quinta, 27 Janeiro 2011 10:56

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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Um ano sem o mestre Nanando

Mestre! É como Nanando era carinhosamente tratado, guitarrista de créditos firmados cujo talento o fez brilhar e granjear simpatia em grandes palcos nacionais e internacionais, a nível dos apreciadores da música afro-jazz e não só.



Com origens no berço das estrelas, o populoso bairro de Chamanculo, na cidade de Maputo, onde aprendeu a dar os seus primeiros toques na guitarra, muito inspirado por Jaimito Mahlatine, Nanando foi considerado professor de guitarra de Jimmy Dludlu em virtude de ter sido ele quem o iniciou nesta área.

Hoje, 2 de Fevereiro, passa um ano do desaparecimento físico do mestre Nanando. O guitarrista e compositor morreu aos 48 anos de idade, no leito do Instituto do Coração de Maputo, local onde esteve internado durante alguns dias. Segundo Manuel Libombo, teclista da banda Nanando, o guitarrista “queixava-se, nos últimos dias antes da sua morte, de fortes dores de cabeça que o levaram várias vezes aos hospitais de Maputo, tendo culminado com esta morte repentina”.

Um percurso invejável
Nanando fez parte de uma geração de artistas de ouro no nosso país, tendo sido uma das faces mais visíveis dos concertos que os músicos moçambicanos realizam nas casas de pasto, onde a música de fusão é o prato forte. Conseguiu, igualmente, fazer a fusão do estilo tradicional “ximandje-mandje” com o jazz e a marrabenta. Chegou a fazer parte do agrupamento Ghorwane, para além de ter trabalhado muitos anos na África do Sul e na Suazilândia, com outros músicos.

Depois da desintegração de Hokolókwè, Nanando fundou, com outros elementos, a banda Ngalanga. Mais recentemente, Nanando trabalhou num projecto musical que leva o seu nome: Nanando Project. Realizou igualmente vários concertos musicais, sendo que num dos quais contou com a participação do agrupamento Majescoral.

Quarta, 02 Fevereiro 2011

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Video Festival de Marrabenta

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Festival da Marrabenta: Uma noite de declaração de amor à Marrabenta

No concerto de estreia da quarta edição do Festival da Marrabenta, a música foi servida a uma temperatura artisticamente quente. Músicos de alto quilate reuniram-se ontem (28) no mesmo palco para fazer uma declaração extravagante de amor à marrabenta e à Mulher. E o resultado foi: a rendição do público.

Um evento grandioso, como é o caso do Festival da Marrabenta, não poderia ter uma estreia que não fosse grandiosa. E foi com uma autêntica chuvarada de estrelas da música nacional, com performance à moda skavalu, que, no Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM), se assistiu a abertura daquele que é considerado o maior espectáculo de sempre da música moçambicana do país.

Dentro de uma lista de 10 actuações em uma só noite, o desafio foi ter de escolher a apresentação que valeu a pena ver – diga-se também, não ver. Pois, os artistas esmeram-se, num choque de egos, a dar o melhor de si com intuito de cativar uma audiência sedenta de marrabenta. A qualidade da luz e do som não era das melhores, aliás, o ruído da bateria e das guitarras ofuscavam a voz dos músicos quebrando as melodias, além de em certo momento dar à impressão dos artistas estarem a improvisar e murmurar. Mas nem por isso a plateia deixou de vibrar e aplaudir a cada instante.

Apraz-nos registar que o público soube comportar-se, pelo menos até uma hora antes do término do espectáculo. Foi um concerto honesto e ideal para quem gosta de um festival com tudo no lugar. “Este ano o Festival da Marrabenta está melhor que o das edições passadas”, diz Joana Mucavele, quando a questionamos sobre o que estava achar do espectáculo, antes de soltar um grito de euforia. “Eu acho que não”, comenta um dos seus acompanhantes. “Com esse ruído da aparelhagem não dá para sentir a música. O som está a falhar”. Mas outro elemento foi mais comedido: “Ainda há muito espectáculo pela frente. De momento, está tudo positivo”. Este grupo de jovens faz parte de mais de duas centenas de pessoas que tomaram o espaço do CCFM.
O festival deixou muita gente à porta da sala de espectáculo. Muitos foram aqueles que não conseguiram lugar para sentar, havia pessoas de pé ao longo do corredor e outras encostadas ao longo das paredes.

Actuações memoráveis
A festa iniciou-se com a apresentação da Banda Militar que, qual exército infiltrado, criou uma atmosfera de brilho e vitalidade, interpretando alguns sucessos da música moçambicana – tocados como nunca ouvimos. O som de trompeta e trombone enchiam a sala e animavam o público que se mostrava, à primeira vista, recatado.

Mas a grande abertura do evento coube ao auto-intitulado “Rei da Marrabenta”, Dilon Djindji, e, diga-se, fê-lo com surpresa e competência. O músico subiu ao palco e assumiu as suas responsabilidades de “majestade da música moçambicana”. Com pouco mais de 80 anos de idade – boa parte deles dedicados à marrabenta -, o conceituado músico gabou-se de estar em forma, apesar da idade. “Hoje, vou surpreender-vos”, desafiava a plateia frequentemente. Musicalmente pode dizer-se que Dilon não apresentou nada de novo, ouvimos as mesmas músicas de sempre, mas com uma mistura dos sons da timbila. “A partir de hoje até o fim deste ano, vão ver-me actuar acompanhado pela timbila”, revela.

O músico mostrou os seus meticulosos e invulgares passos de marrabenta. Improvisou alguns passos de dança. Tropeçou algumas vezes. E público aplaudiu efusivamente. O seu repertório era constituído por três temas, mas o que colocou os espectadores em êxtase foi o sucesso “Va thekla Podina”. Seguiu-se um dos bons guitarristas moçambicanos, Xindiminguana, que não tem receio de exprimir o espírito da marrabenta que continua nele, volvidos mais de dez anos de carreira. O músico revelou mais uma vez o seu virtuosismo na guitarra, facto que lhe valeu um presente (uma nota de mil meticais) do antigo estadista moçambicano Joaquim Chissano que se encontrava na plateia a apreciar o festival.

Xindiminguana apresentou-se, como sempre, com a sua voz tímida e uma presença no palco recatada e monótono, mas galvanizou as atenções do público. Quando a jovem cantora Iveth subiu ao palco, a plateia reverenciou-a colocando-se de pé e aplaudindo a sua presença. Com o seu timbre de voz forte – acompanhada da cantora emergente Jutty –, Iveth aqueceu a noite com a sua entusiasmante música “Afro”. Depois seguiu-se o músico Victor Bernardo. O artista animou a plateia dando alguns passos forçados da marrabenta. No meio da sua música que tem no centro da história a mulher, o jovem polémico Azagaia entrou no palco, num dueto que se mostrou incongruente pois ritmo da marrabenta era demasiado lento para “reppar”.

Azagaia e Victor Bernardo declamaram um poema sobre o papel da mulher e depois o rapper controverso fez um “Freestyle” e incito-o público a juntar-se a ele em sua nova música. Momentos depois, abandonou o palco deixando os espectadores com água na boca. “Será que ele volta?”, pergunta, sem disfarçar alguma ansiedade, um espectador. “Acho que sim”, responde outro. Mas, para infelicidade do público, o músico não voltou dando azo à especulação de que ele desistira de actuar porque estava naquela sala o ex-presidente da República.
Mais uma dose de show

A segunda parte do espectáculo não poderia começar da melhor maneira. Quando a apresentadora do concerto Rosa Langa anunciou a entrada de Hortêncio Langa, o publico pôs-se a cantar um dos temas que colocaram o músico na ribalta. O músico apresentou duas músicas e retirou-se do palco. O público inconformado gritava insistentemente para que voltasse, acabando por regressar. “Esta música não estava no repertório”, justificava o músico para uma horda de espectadores que não queria saber dessa história. Hortêncio Langa pegou na guitarra e pôs-se a cantar “djim djim ó, djim ó”, a música que o público queria.
Hortêncio nunca esteve tão perto do seu público e foi o músico mais aplaudido da noite. Seguiu-se Costa Neto. Com a sua guitarra, fez uma viagem ao “reino marrabenta” e trouxe de lá o que há de mais profundo – Elisa Gomara Saia - tendo-lhe valido ovações. Não fosse também a actuação memorável da cantora Neyma, a segunda parte o concerto deixaria muito a desejar. A cantora mostrou grande qualidade nos passos de marrabenta e colocou o Centro Cultural do Franco-Moçambicano é constante ebulição. As suas músicas, com uma longevidade de pouco mais de 10 anos, revelaram-se tão actuais. Neyma terminou a sua actuação deixando o público de olhos a brilhar e queixo caído.

Depois entrou Roberto Isaías. O autor de “Lalani” mostrou-se mais à-vontade no palco e tomou conta do ambiente já criado pelo colega que lhe antecedeu. Embora com uma discografia a solo curta, Roberto Isaías hipnotizou o público. Já o conceituado Grupo RM, do qual Wazimbo é vocalista, não consegui manter o nível de agitação e emoção criado por outros músicos. O agrupamento realizou a menos interessante actuação da noite de que temos registo. Quando o grupo cantava a segunda música, o público foi abandonando a sala.

O calor que pairava naquele recinto começou a ser engolido pela brisa e as pessoas que lá permaneciam se mostravam recatadas. O repertório composto por seis temas foi monótono. A banda não esteve muito entusiasmada. “Ainda não começaram a tocar. Estão apenas a ensaiar”, comenta ironicamente um jovem encostado na parede. Depois de tocar quatro temas, a banda decidiu resgatar o êxito que marcou toda uma geração. Referimo-nos ao tema que aborda a história de um sapateiro. O público pôs-se de pé entusiasmado e mostrou conhecer a letra cantando, do princípio ao fim, a música.

Quando foi feita a apresentação da última música para o encerramento do concerto de abertura do Festival da Marrabenta, as pessoas começaram a abandonar a sala. O Grupo RM exibiu a última música do repertório. Terminava assim de forma fria a abertura de um festival que pretende animar as cidades de Maputo e Matola, e os distritos de Marracuene, Chibuto e Chokwe nos próximos dias.

Escrito por Hélder Xavier Segunda, 31 Janeiro 2011 14:57

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Video Festival de Marrabenta em Marracuene

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Kaspa: Banda de Rock New Metal


A primeira reacção às bandas de rock de garagem pode ser de repulsa, mas depois habituamo-nos ao seu espírito irreverente e até encontramos alguma justificação para libertar o espírito rock que há em nós. Kaspa não foge à regra e mostra que a música não é apenas uma combinação de sons, mas também o resultado de um sonho.

São quatro, chamam-se Kaspa e não se dedicam apenas à música: são também estudantes e trabalhadores. O nome da banda pode não ser simpático, mas é resultado de um assaz peculiar sentido de humor.
Slim (guitarrista), Inútil (baixista) Délcio (baterista) e Pintas (vocalista) formam o “quarteto fantástico” do rock urbano nacional que, animado pelo género musical rock, decidiu um dia fazer carreira musical.

Presentemente, é uma das mais proeminentes bandas de rock de garagem do país cujas músicas são destinadas ao público mais jovem. Mas o trajecto foi difícil. A aventura começou quase como um sonho em 2003, através de um forte laço de amizade que os unia.
Abraçar este estilo musical foi desde cedo o sonho de todos. Os jovens músicos integravam bandas diferentes e conheceram-se no “universo rock”. Por esta razão, a opção a seguir – rock “New Metal” – não foi um dos principais entraves. Aliás, o primeiro obstáculo da banda foi encontrar um local para os ensaios, pois existiam poucos estúdios e havia muita procura.

Sem abonos familiares, decidiram montar um estúdio para colocarem em marcha o sonho de cantar. “Hoje, já temos estúdio próprio onde ensaiamos”, comenta Pintas vocalista e também apresentador de TV. Os jovens dizem que “valeu a pena o investimento”, uma vez que já não têm de esperar mais de duas horas para ensaiarem.



Kaspa ainda não tem álbum gravado. Em sete anos de existência, teve de mudar de baterista por quatro vezes, facto que, segundo o vocalista, atrasou as perspectivas de evolução da banda. “Queremos gravar um disco com qualidade, e não apenas para os amigos e familiares apreciarem. Queremos que qualquer pessoa, mesmo o que não seja amante do rock, se identifique”.

Neste momento, o grupo está a preparar músicas que vão compor o primeiro trabalho discográfico da banda e, neste princípio do ano, pretende gravar um videoclip.
Regra geral, nas suas apresentações, a banda apresenta um misto de temas originais e algumas versões de conceituados artistas. As músicas retratam questões políticas, sociais ou sobre o quotidiano dos moçambicanos.

As músicas da Kaspa são um “New Metal” – rock mais urbano – poderoso e atractivo, onde o talento de cada elemento do conjunto ganha alento. O sistemático recurso aos clichés de “air guitar” e ao som de percussão dão um novo fôlego ao rock, hipnotizando o público e ganhando cada vez mais admiradores.
“O número do público tem vindo a crescer porque sempre procuramos inovar. Colocamos alguns ‘ingredientes’ moçambicanos que dão um tom africano à nossa música”, conta Pintas.

Quando questionados sobre o motivo de o rock se apresentar sempre em ambientes fechados, o vocalista da Kaspa diz: “O rock não está fechado, as bandas é que se encontram confinadas nas garagens”.

Escrito por Hélder Xavier Quinta, 27 Janeiro 2011 11:23

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Video de Mingas no Centro Cultural Franco Mocambicano

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Festival da Marrabenta: passado, presente e futuro.


Num dia em que se discutiu a evolução e o conceito da marrabenta, a Orquestra Djambo argumentou com a actuação sem precedentes e meticulosos passos de dança que lhe é característico. O terceiro dia do Festival da Marrabenta foi reservado para o debate sobre o passado, presente e futuro da marrabenta.
No Domingo (30) o Centro Cultural Municipal Ntsindya, em Ximpanine, foi demasiado pequeno para acolher mais de uma centena de pessoas ávidas em ouvir o percurso histórico-musical deste ritmo. O debate foi antecedido de uma actuação de uma banda de jovens que se estreia neste estilo. Com um repertório desconhecido, o agrupamento musical conquistou a simpática do público, apesar de se ter revelado tímido.

Com um painel composto por dois músicos (Dilon Djindji e Rufas) e um académico (historiador Rui Guerra), a discussão sobre a marrabenta equiparou-se a de “quem nasceu primeiro: ovo ou a galinha?”. Ou seja, de modo geral, o debate não reuniu consenso mostrando-se inacabado. Houve opiniões diferentes e contraditórias sobre o surgimento e definição da marrabenta. O académico Rui Guerra defendia que a marrabenta é uma música urbana que se tornou popular na década de 50 com duas grandes associações, uma das quais fazia parte a Orquestra Djambo. Mas um certo grupo de pessoas defende que ela é uma dança – e não música. E há quem preferiu falar de um género e, outros, de um ritmo.

A maioria dos intervenientes afirmou que a marrabenta é um ritmo em constante evolução e também transformação. Ou seja, ela está a resistir à passagem de tempo, deixando antever que estes são apenas os primeiros anos de um ritmo que atravessou – e continua a fazê-lo - gerações e tende a impor-se num mundo marcado por influência estrangeira.

A nível nacional, a marrabenta proclama-se como a música de unidade nacional, embora tenha surgido - e seja tocada frequentemente - na região sul do país. Orquestra Djambo de sempre Depois de uma hora e meia de debate, a Orquestra Djambo provou que a marrabenta não se discute, canta-se e dança-se. Numa actuação de 40 minutos, pode-se dizer que musicalmente o grupo não apresentou nada de novo. Ouvimos as mesmas músicas de sempre com uma longevidade de mais de 30 anos.

Mas a orquestra transmitiu uma energia única com as músicas e os passos de dança invulgares. Só havia olhos e ouvidos para o grupo. O público aplaudiu euforicamente. Ouvia-se suspiro da plateia. Os espectadores pediam repetição das músicas. O sucesso “Elisa Gomara Saia” fez com que os espectadores se levantassem e dançassem. Assistiu-se a passos de danças desajustados mas pouco importava, pois o importante era juntar-se à festa.

A orquestra inovou ao cantar com o jovem músico Simba, neto do decano da Orquestra Djambo Moisés. Numa apresentação que cortava o ritmo dos passos de dança, o rapper Simba deu o seu melhor e o resultado não foi satisfatório: a marrabenta “recusava-se” à influência.

A magia, a popularidade, a criatividade aliadas aos passos de dança, à modaskavalu, e a sabedoria e conhecimento do mais velho da orquestra, os “Djambos” tiveram como resultado a total rendição do público que superlotava o centro Ntsindya.

Escrito por Hélder Xavier Segunda, 31 Janeiro 2011 13:44

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MINGAS

Mingas vive e trabalha em Moçambique, onde nasceu e onde ela cresceu. Destinado a cantar, Mingas participou de uma série de shows de talentos em sua juventude. Através deste processo, ela acabou se tornando o vocalista de uma das bandas mais populares em Moçambique na época, Hokolókwé. A banda excursionou extensivamente em todo Moçambique sob condições difíceis da guerra civil.

Mingas estabeleceu-se durante o período de desafios de transformação em Moçambique. Sua determinação e amor pela música foram as chaves que a puxou pela realidade tumultuada política do país.

Ela era uma cantora em 'Orquestra Marrabenta Star de Moçambique' durante turnês pela Europa em 1987-88. gravações a solo durante este período incluíram 'Ava Sati Va Lomu', 'Elisa Gomara Saia ". Mais tarde ela gravou "Nweti" e outras faixas com o grupo Amoya em Paris. Sua gravação de "Nweti" foi incluído na coleção Putumayo Records, "Mulheres da Internacional World '. Como parte do grupo Amoya, ela foi premiada com o "Grand Prix Decouvertes 90 'em um show Gala na Guiné Conakry.

Por alguns anos na década de 1990, Mingas apresentou ao lado de Miriam Makeba como backing vocal e artista solo durante as turnês internacionais Mama África que se estendeu por quatro continentes. Profissional destaques na carreira Mingas "durante esses passeios incluem apresentações no Opera House de Sidney, na Austrália e um desempenho para o Papa João Paulo II durante sua visita ao Brasil.
Durante sua carreira, Mingas foi realizada com artistas internacionalmente famosos como Hugh Masekela, Gilberto Gil, Mariza, Jimmy Dludlu, Yvonne Chaka Chaka e muitos outros.

Mingas passeios amplamente em todo o Moçambique, África do Sul e internacionalmente, ganhando um estatuto lendário em seu país. Para mais informações visite: www.mingas.com

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