A primeira reacção às bandas de rock de garagem pode ser de repulsa, mas depois habituamo-nos ao seu espírito irreverente e até encontramos alguma justificação para libertar o espírito rock que há em nós. Kaspa não foge à regra e mostra que a música não é apenas uma combinação de sons, mas também o resultado de um sonho.
São quatro, chamam-se Kaspa e não se dedicam apenas à música: são também estudantes e trabalhadores. O nome da banda pode não ser simpático, mas é resultado de um assaz peculiar sentido de humor.
Slim (guitarrista), Inútil (baixista) Délcio (baterista) e Pintas (vocalista) formam o “quarteto fantástico” do rock urbano nacional que, animado pelo género musical rock, decidiu um dia fazer carreira musical.
Presentemente, é uma das mais proeminentes bandas de rock de garagem do país cujas músicas são destinadas ao público mais jovem. Mas o trajecto foi difícil. A aventura começou quase como um sonho em 2003, através de um forte laço de amizade que os unia.
Abraçar este estilo musical foi desde cedo o sonho de todos. Os jovens músicos integravam bandas diferentes e conheceram-se no “universo rock”. Por esta razão, a opção a seguir – rock “New Metal” – não foi um dos principais entraves. Aliás, o primeiro obstáculo da banda foi encontrar um local para os ensaios, pois existiam poucos estúdios e havia muita procura.
Sem abonos familiares, decidiram montar um estúdio para colocarem em marcha o sonho de cantar. “Hoje, já temos estúdio próprio onde ensaiamos”, comenta Pintas vocalista e também apresentador de TV. Os jovens dizem que “valeu a pena o investimento”, uma vez que já não têm de esperar mais de duas horas para ensaiarem.
Kaspa ainda não tem álbum gravado. Em sete anos de existência, teve de mudar de baterista por quatro vezes, facto que, segundo o vocalista, atrasou as perspectivas de evolução da banda. “Queremos gravar um disco com qualidade, e não apenas para os amigos e familiares apreciarem. Queremos que qualquer pessoa, mesmo o que não seja amante do rock, se identifique”.
Neste momento, o grupo está a preparar músicas que vão compor o primeiro trabalho discográfico da banda e, neste princípio do ano, pretende gravar um videoclip.
Regra geral, nas suas apresentações, a banda apresenta um misto de temas originais e algumas versões de conceituados artistas. As músicas retratam questões políticas, sociais ou sobre o quotidiano dos moçambicanos.
As músicas da Kaspa são um “New Metal” – rock mais urbano – poderoso e atractivo, onde o talento de cada elemento do conjunto ganha alento. O sistemático recurso aos clichés de “air guitar” e ao som de percussão dão um novo fôlego ao rock, hipnotizando o público e ganhando cada vez mais admiradores.
“O número do público tem vindo a crescer porque sempre procuramos inovar. Colocamos alguns ‘ingredientes’ moçambicanos que dão um tom africano à nossa música”, conta Pintas.
Quando questionados sobre o motivo de o rock se apresentar sempre em ambientes fechados, o vocalista da Kaspa diz: “O rock não está fechado, as bandas é que se encontram confinadas nas garagens”.
Escrito por Hélder Xavier Quinta, 27 Janeiro 2011 11:23
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