segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Governo deve pensar na pensão à velha guarda

O CANTOR moçambicano Xadreque Mucavele, também conhecido por “Ximbomana”, está a preparar o lançamento do seu próximo trabalho discográfico. Xadreque regressa aos estúdios para substituir temas antigos como “Atchava Ku Rima”, “Ximbomana”, “Sónia Utarandza”, “Xicoxana”, “Tatana Jossefa”, que o popularizaram na década oitenta, com outros novos que promete serem verdadeiros hinos na sociedade moçambicana.

Entrevista ao “Notícias” sobre o seu novo álbum, “Ximbomana” aproveitou a ocasião para desfiar algumas reflexões sobre a situação actual dos músicos da sua geração, a chamada “velha guarda”, referindo que ultimamente ela tem sido preterida nos shows realizados nas praças do país a favor dos jovens apostados em “Pandza” e “Zukuta”.

“Ximbonana”, começou por dizer que não pretende “desclassificar” o trabalho dos jovens artistas, até porque alguns fazem trabalho notório, todavia, deixou claro que há muita música que é feita sem qualquer rigor, desde a letra até a composição e instrumentação.

O nosso interlocutor disse não ser contrário ao modernismo, porém, na sua perspectiva, é importante que se empreguem as tecnologias disponíveis (computadores) tirando o maior proveito da qualidade que emprestam, mas sem descurar a valorização da tradição e da cultura nacionais.

Xadreque Mucavele considera, por outro lado, que é importante para os artistas da sua geração o Governo moçambicano fazer aquilo que o de Angola fez recentemente, que é atribuir uma pensão aos músicos que tenham uma carreira significativa para assegurar a sua sobrevivência.

Neste aspecto a fonte diz: “o nosso Governo devia imitar os angolanos. Eles criaram condições para o futuro dos músicos da velha guarda e entre nós também devia pensar-se em dar uma pequena pensão àqueles músicos que contribuíram na valorização da nossa música ao longo destes anos todos”.

Para sustentar a sua tese, aponta casos de certos músicos da velha guarda que morreram, por terem as suas condições de vida precárias. São os casos de Eugénio Mucavele “Male ya Phepha”, Lisboa Matavele, Alexandre Langa, Francisco Mahecuana e outros. “Vamos imitar os angolanos nesse aspecto”, reitera.
POPULARIZADO POR “XIMBOMANA”
Xadreque Mucavele é também conhecido por “Ximbomana” epíteto que ganhou na década oitenta, através do tema com o mesmo nome.

A música “Ximbomana”, faz-nos recuar no tempo. Estamos em 1972/73, é tempo do chicote, do cavalo-marinho, vulgo chamboco, que em Changana quer dizer “ximbomana”.

Retrata o tempo em que a Polícia de choque, com cassetete em riste, fazia-se transportar em Jeep e Land-Rover, sobretudo no meio suburbano de Lourenço Marques, hoje Maputo, espancando os nossos compatriotas com o pretexto de estar a repor a lei e ordem na via pública.

Assim, o lema era “distribuir” chambocadas a todo aquele que fosse encontrado a circular na via pública a partir das 20:00 horas. A ninguém era dado tempo nem chances para se justificar. Os cães polícias eram imediatamente soltos para atacar os “vadios” na via pública. O argumento que a Polícia de Segurança Pública (PSP, policia colonial) apresentava era que a noite foi feita para descansar e não para passear...

É esse tempo que marcou a nossa história de chicotadas que Xadreque Mucavele quis retractar nessa música que passados anos é o seu cartão-de-visitas e marca que lhe identifica.

Esta música foi criada por Xadreque em 1974, mas só foi em 1977 é que ele gravou num “single” pelo Instituto Nacional do Livro e do Disco (INLD).
Mucavele completou há dias o seu 58º aniversario natalício. “Ximbomana”, nome de que é popularmente conhecido, é de 5 de Setembro de 1955. Portanto, fez 58 anos de idade, dos quais mais de quarenta passados na música.

“Ximbomana” não só ganhou fama por essa faixa musical como também por temas como “Sónia Utarandza”, “Xicoxana”, “Tatana Jossefa”, “Atchava Ku Rima”.
58 ANOS DE VIDA
Maputo, Quarta-Feira, 22 de Outubro de 2008:: Notícias O músico celebrou no dia 5 de Setembro o seu 58º aniversário. Ele passou a data num ambiente sereno, próprio da idade de quem é já maduro.

Devido a contingências de índole financeira, “Xmbomana” não pude reunir os seus familiares, amigos e fãs para cantar e cortar o tradicional bolo de velas. Entretanto, não perde a esperança de um dia tal vir a acontecer.
Albino Moisés

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