segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Um olhar ao programa "Show de Talentos".


SR. DIRECTOR!

Agradeço por receber e mandar publicar esta carta que expressa a decepção, desconfiança e tristeza de alguns acompanhantes do programa “Show de Talentos” organizado pela Vodacom-Moçambique. Terminou recentemente o programa que unia e animava algumas pessoas (crianças, jovens, adultos e idosos). Um programa televisivo que passava nas tardes de domingo e que juntava várias pessoas para assistir aos grandes talentos moçambicanos descobertos, em áreas distintas, uma vez que tivemos dança, poesia, humor, etc.

Não deixo de louvar também a iniciativa da Vodacom pelo programa que apesar de tudo proporcionou um bom entretenimento e umas tardes de domingo bem passadas e bem ocupadas. Porém, convencida, digo eu, para não dizer convencidos, que se tratava de mais um programa educativo e ocupacional para os nossos jovens abrindo-lhes caminhos ou portas para o futuro, assistia-se com muito interesse, animação, alegria, confiança e ansiedade.

Interesse e ansiedade de saber quem seria o vencedor do grande prémio (500.000,00MT), animação e alegria porque animava e deixava todos alegres ao ver nossos filhos, amigos, sobrinhos, netos ou mesmo vizinhos a fazerem algo de bom e com muito talento. Confiança porque tratando-se de uma empresa grande, e tão prestigiosa criou de uma certa forma confiança na atribuição do prémio ao verdadeiro vencedor quando chegasse o momento (que seria também difícil de escolher porque haviam muitos talentos e como disse antes, em áreas distintas).

Assim, assistimos e ficamos a conhecer as duplas Bruno e Miklety, Labiba e Lasanta, o João Nelo, Ana Cristina, o Pato Donaldo, o jovem-avô Castigo Muchanga, a Matilde Conjo, os grandes declamadores de poesia Octávio Raul e a outra que saiu mesmo no início, a Lúcia Makina só para mencionar alguns. Grandes talentos revelados, muito trabalho realizado pelos concorrentes, que também com confiança e esperança lutaram para chegar à final e ao grande prémio.

Chegou o grande dia, domingo, 10 de Agosto, assistimos o programa, e para tornar mais agradável o momento fizemos apostas, mas desculpem dizer nenhuma das apostas recaía no vencedor do prémio.

Infelizmente, recordo-me agora ao escrever esta carta com muita tristeza a grande decepção quando a apresentadora anunciou com muita emoção, porque deu para ler a expressão facial dela, as lágrimas que só não escorreram devido ao seu auto-controlo, o nome do vencedor “Gatoma”, ficamos todos nós (o grupo que comigo assistiu o programa final) revoltados e decepcionados com a Vodacom, como se costuma dizer, caiu-nos um balde de água fria, porque nunca imaginamos por um segundo sequer que aquele pudesse ser o vencedor.

Não nos restava mais nada senão apenas aceitar a decisão. Cada um de nós lamentou, fez o seu comentário como seria de esperar. Que talentos é que a Vodacom procurava? Qual era o objectivo do concurso? Será que o público votou mesmo naquele jovem porque se assim foi, então tudo bem que seja.

Mas não deixo de frisar que estamos a ser injustos com os concorrentes ao não reconhecermos o verdadeiro talentoso ou talentosos como diriam os membros do júri, Jorge Vaz, Ivo Garrido e Maria José Sacur, cada um por sua vez “estou orgulhoso por fazer parte deste júri e por te ter seleccionado no casting porque tu és um verdadeiro talento, um verdadeiro artista, criativo, postura no palco e bom/a comunicador/a com o público”, claro que nunca deixaram de criticar, dar orientações e sugestões sempre que fosse necessário. Porém, nenhum dos talentos que ouviu estas palavras foi o vencedor.

Será que a opinião do júri não significou nada para este concurso? Ou já se sabia quem seria o vencedor como se dizia antes mesmo de terminar o programa que o fulano vai ganhar. A questão que eu coloco é: como é que já se conhecia o vencedor e até o nome dele antes mesmo de terminar o concurso? Enfim..., verdade ou não, aconteceu. Mas gostaria que todos aqueles jovens não parassem porque eles são mesmo talentosos, o verdadeiro talento e acredito que todos aqueles que acompanharam o programa vão concordar comigo.

Aproveito para dar os meus parabéns aos Mikletinhos como eu os chamava, ao Suleimane, avô Muchanga, a Labiba e Lasanta, Matilde Conjo, ao grande declamador de poesia Octávio Raul e todos aqueles que não mencionei aqui os nomes porque não me recordo. Dizer apenas “a luta continua”! Força, porque vocês são os talentosos e são vencedores independentemente de não terem levado os 500.000,00MT, aceitaram o desafio, portanto são vencedores, aproveitem a oportunidade que tiveram de aprender na academia as técnicas e toda a experiência obtida.

Bem, perdoem-me se ofendi ou feri alguém, mas precisava expressar a minha decepção com a Vodacom, desabafar e pedir que os próximos concursos sejam ganhos pelos verdadeiros talentosos se, se tratar de concurso de talentos e não brinquem com os nossos concorrentes depois de muito trabalho realizado e de tempo longe dos seus familiares, dos seus lares e sem contacto com os mesmos.

Pedir que nos próximos eventos a Vodacom seja justa na atribuição do prémio e sugerir também que para este tipo de concursos existam o 1º, 2º e 3º lugares, assim como um prémio de participação aos finalistas, e, porque não separar as categorias, uma vez que se tratava de áreas distintas, isto se possível como forma de estimular e incentivar mais os nossos jovens.

Obrigada.

C. Frós 14-Ago-2008

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