segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Governo privatiza gestão de aparelhagem

ALGUNS músicos da cidade da Beira mostram-se bastante contrariados pelo facto de na semana passada o Governo provincial de Sofala ter decidido pela privatização da gestão da aparelhagem que recentemente adquiriu para a promoção destes e que foi entregue à Casa Provincial de Cultura para a sua gestão.

Falando em torno do assunto, eles argumentam que a aludida aparelhagem deveria, no mínimo, ser entregue à associação dos músicos para a sua gestão uma vez que, no seu entender, a privatização retira-lhes as oportunidades que se abriam para a promoção musical e consequente valorização.
Reunido na sua IX sessão ordinária na passada quinta-feira, na Beira, o governo provincial analisou entre as várias matérias constantes na sua agenda a gestão da aparelhagem recentemente adquirida ora entregue à Casa de Cultura local para a sua gestão, tendo chegado à conclusão de que esta deveria estar a cargo de privados pelo que um concurso para o efeito vai ser lançado oportunamente, segundo confirmou José Ferreira, director provincial da Indústria e Comércio e porta-voz do encontro.“O governo decidiu privatizar a aparelhagem recentemente comprada e entregue à Casa de Cultura para a sua gestão pelo que deverá ser elaborado um caderno de encargos, sobretudo para se acautelar a questão de promoção dos músicos”- disse.
O referido equipamento sonoro completo está orçado em mais de três milhões e meio de meticais e foi adquirido em resposta aos apelos dos artistas que não tinham meios para sua afirmação, bem como a promoção de espectáculos dado que os privados aplicam preços exorbitantes e nalguns casos até proibitivos. A entrega oficial do referido equipamento sonoro ocorreu no passado dia 7 de Abril numa cerimónia dirigida pelo governador local, Alberto Vaquina.
GOVERNO IGNORA-NOS
Para Said Aly, a privatização da aparelhagem mostra que o governo não confia nos músicos pois ”existe uma associação que acho que poderia ter sido consultada para a tomada desta decisão, mesmo a nivel local ou nacional. Com esta privatização voltaremos a ser usados e abusados quando viamos o nosso problema a ser resolvido”.

“Para que os músicos e a respectiva associação funcionem é preciso incentivos e esta aparelhagem seria um grande incentivo para nós”- disse.
Lize Mutava, artista beirense também referiu-se ao assunto nos seguintes termos: “A privatização do equipamento vai-nos prejudicar uma vez que o seu gestor não terá a promoção dos músicos como sua prioridade mas sim o dinheiro, que muitos não temos para a promoção de espectáculos. O que nos fizeram é o mesmo que ter comida no prato e não poder come-la”- apontou.

Outro músico com quem a nossa reportagem dialogou chama-se Ernesto Salimo o qual afirmou que “é uma pena o que vai acontecer porque o governo disse-nos que esta aparelhagem seria para nós e agora retira-a para privado”.

“A questão do equipamento musical era a que faltava para os músicos da Beira e a sua vinda já abria alguns horizontes para o nosso futuro melhor, ou seja, já era uma resposta oportuna das nossas necessidades o que vem contrastar com esta medida agora tomada pelo governo”- referiu.

Mariano Maia foi outro intérprete que sobre o assunto se mostrou constrangido tendo dito que a sua privatização em parte é positiva dado que “ nós os músicos não estamos bem organizados”.“Eu acho que a sua privatização é oportuna uma vez que a Casa de Cultura é uma instituição do Estado. O melhor seria a própria associação responsabilizar-se pela gestão porque trabalha ou, então, deveria trabalhar para os músicos e conhece as reais necessidades destes mas como não estamos organizados, defendo a sua privatização mas não a um grupo musical mas sim a um empresário”- apontou.

ANTÓNIO JANEIRO

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