quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Timbila Muzimba Firme no Sucesso


O AGRUPAMENTO Timbila Muzimba vai lançar no próximo dia 21, no Instituto Camões, em Maputo, um projecto de homenagem ao mestre moçambicano da Timbila, Venâncio Mbande. Esta homenagem é o ponto de partida de uma série de acções que irão decorrer em Maputo e em Inhambane, e conhecerão o seu ponto mais alto em Maio. Grupos como Timbila Muzimba, Timbila ta Gwevane e a orquestra de Eduardo Durão, que actuarão no dia 21, sairão de Maputo numa romaria que os levará a Zavala, Guilundo (terra natal de Venâncio Mbande) e culminará na cidade de Inhambane.

Com esta iniciativa pretende-se lançar um apelo no sentido de se angariar apoios para Venâncio Mbande que está a atravessar momentos críticos na sua saúde – é diabético -, devendo ser ajudado na compra de medicamentos, e ainda para a aquisição de materiais usados na produção de instrumentos musicais.

Até agora o agrupamento Timbila Muzimba só conta com o apoio do Instituto Camões, que cedeu o espaço onde vai decorrer o evento. No entanto, está em falta o transporte que vai trazer Venâncio Mbande, de Guilundo, em Inhambane, até Maputo, e levá-lo de volta. Os Timbila Muzimba ainda não conseguiram encontrar um parceiro que lhes ajude a pagar ou dar acomodação e alimentação para o mestre.

O Director Artístico de Timbila Muzimba, Matchume Zango, explicou que ao lançarem esta iniciativa pretendem, por um lado, chamar atenção para a necessidade de preservação e perpetuação da timbila – elevada a Património Cultural da Humanidade em Novembro de 2005 - , sem, no entanto, esquecer-se dos seus fazedores, neste caso Venâncio Mbande. E, por outro, os organizadores desta acção querem que a mesma sirva de coro para dizer alto, e em bom tom, que Venâncio Mbande está doente e precisa de apoios moral e material.

“O que nós não queremos é falar da necessidade de se apoiar uma pessoa que ninguém está a ver. Venâncio Mbande está doente, mas vamos fazer o esforço de trazê-lo para aqui e dizermos que este mestre da timbila precisa de ser apoiado”.

Venâncio Mbande já não tem a mesma pujança de outrora, e aos 74 anos de idade começam a faltar-lhe forças suficientes para compor e produzir instrumentos. Mais ainda, quando sabemos que os materiais para a produção destes instrumentos musicais estão a preços incomportáveis para o nosso mestre da Timbila.

A par disso, os Timbila Muzimba estão a compor um tema denominado: “Solo para Timbila”, que é uma exaltação à figura que ajudou a elevar para o topo a nossa timbila.

No dia 21 a organização vai também projectar imagens recentes onde mostram vários momentos da vida que Venâncio Mbande leva na sua aldeia em Guilundo, distrito de Zavala, província de Inhambane.

A sua vida confunde-se com a própria vida artística da pacata localidade de Guilundo. Muito cedo aprendeu a dançar Makara e Ngalanga e aprendeu a tocar mbila.

Ele impulsionou a criação de pequenos grupos de timbila.

Depois de uma passagem pelas minas de ouro da África do Sul, onde também continuou a cantar e a tocar, onde também foi um verdadeiro sucesso, Venâncio Mbande regressou ao país, criando uma série de orquestras de timbila.

As qualidades no toque, no canto e na dança e a qualidade dos instrumentos que produz levaram-no a realizar várias viagens pelo mundo, tais são os casos de países como Holanda, Dinamarca, Alemanha e Portugal.

A sua actual orquestra é composta por 14 timbilas, que são tocadas por ele e pelos seus filhos e outros parentes seus.

Francisco Manjate


QUEM agendou a sua sexta-feira para ver os Timbila Muzimba no Teatro Avenida, poderia estar a pressentir que iria encontrar uma banda cautelosamente ensaiada para aquele show. Por outro lado, houve ainda aqueles que aguardavam para crer, pairando sobre eles o ambiente de receio, já que na prática quotidiana é com frequência crescente que somos confrontados com bandas que hoje se exibem em alta, mas passado algum tempo acabam reduzidas a nada por múltiplas causas, sendo uma delas a vaidade e falta de modéstia.

Mas como a orquestra Timbila Muzimba gere uma carreira experimentada de dez anos, logo que subiu ao palco, não deixou os seus créditos em mãos alheias, mostrando que não perdeu a sua marca de qualidade. Até porque não podia ser de outro modo, com um disco editado e vários concertos em festivais dentro e fora de Moçambique.

Foram aqueles sons de fusão de ritmo chope com de outros pontos do país que contagiaram a plateia multicultural convidada pelo Instituto Cultural Moçambique-Alemanha-ICMA ali no “Avenida”.

Numa noite em que os instrumentistas estavam inspirados, tocavam obcecados na timbila, como se estivessem em terras de Zavala ou Inharrime...e o público, tomado de emoção, festejava gritando, “Warethwa!” “Warethwa!”, “Warethwa!”.

A dado momento, o palco foi invadido pelos fãs que cantaram e dançaram livremente com os seus ídolos. Foi interessante ver que a música não tem definitivamente fronteiras...e as ovações nao paravam, afinal a festa era rija!

E assim o Timbila Muzimba confirmava mais uma vez que eles têm sabido manter-se num nível aceitável; e que mantinham firme o sucesso que transportam há anos. É que para se chegar a celebridade pode ser fácil, porém difícil será conseguir manter-se incólume.

Convém anotar aqui que um dos momentos mais altos desse show, foi quando o grupo anunciou que iria tocar um tema da autoria de Fofinha, uma antiga bailarina já falecida e que foi membro fundadora do Timbila Muzimba.

Com oito elementos em palco, os quase sessenta minutos, foram poucos para estes jovens trazerem todas as melodias complexas e mágicas do povo chopi, que viu a timbila a ser considerada património mundial da humanidade pela UNESCO em 2004.

http://www.jornalnoticias.co.mz/pls/notimz2/getxml/pt/contentx/117368
Dois anos depois de terem participado juntos em "Num Abril e fechar de olhos", Timbila Muzimba, Fran Pérez e o Trigo Limpo teatro ACERT, voltam a encontrar-se num novo espectáculo – "Chovem amores na rua do matador".

Esta nova criação, com estreia marcada para dia 4 de Dezembro, é da autoria de Mia Couto e José Eduardo Agualusa, e marca a segunda etapa do projecto Interiores e o resultado do desafio lançado a estes dois escritores para criarem um texto inédito para o Trigo Limpo teatro ACERT.

A banda sonora original do espectáculo conta ainda com as participações do Galego Fran Pérez e dos Moçambicanos Timbila Muzimba.

Ouça o tema de abertura do espectáculo:

1 comentário:

Anónimo disse...

www.myspace.com/timbilamuzimba