segunda-feira, 16 de março de 2009

Cantar Avelino Mondlane “o romântico”

ASSINALA-SE em 2009 o quinto aniversario da morte do conceituado músico moçambicano Avelino Mondlane. Um espectáculo musical aprazado para domingo, pelas 16:00 horas, no Cine África, marcará essa homenagem, da autoria de colegas e admiradores deste cantor que em vida recebeu o epíteto de “o romântico”.
Para este “show”, a editora RAM Multimedia, em coordenação com a família e ex-colegas de Avelino Mondlane, preparam esta gala com todos os detalhes para que o evento corra tal como se espera.
O espectáculo tem uma particularidade importante: parte da receita de bilheteira vai reverter à favor da família, nomeadamente a viuva e filhos.

Abubacar Sumaila, da RAM Multimedia, e o músico Tinito, em representação dos artistas convidados, falaram ao nosso Jornal que esta iniciativa pretende recordar uma das grandes vozes da nossa música que infelizmente dele pouco se fala. Assim, os músicos em cartaz no Cine-África totalizam 25, esperando-se que em duas horas, cada um interprete uma música da autoria de Avelino Mondlane.

À este propósito, Tinito refere que “cantar neste espectáculo de Avelino, é recordar os bons momentos em que junto partilhamos o mesmo palco, são os casos de grandes espectáculos do ‘Ferroviário da Baixa’, campo do Maxaquene, Cine-África etc”.

Para o líder das “Mangunhuta Girls”, esta será uma homenagem merecida. “È isso que temos que fazer para todos os artistas, pois isso revela um gesto de solidariedade e união entre os músicos”.

Enquanto isso, Esmeraldo Mondlane, por sinal familiar de Avelino Mondlane, é uma honra cantar em memória de um grande artista que em vida cantou a beleza e o amor na família moçambicana. Sempre privilegiando a sua língua materna, o tsonga, Avelino soube sustentar de forma firme a sua carreira e, morreu no topo de preferencias.

Xadreque Mucavele, autor de “Ximbomana”, também convidado a esta homenagem, falando ao “Notícias”, recorda que “Avelino foi mais que um irmão. É uma ideia interessante e vem mesmo a calhar, recordarmos um grande músico. Por volta de 1975 e 76, eu e Avelino estivemos integrados numa banda chamada ‘Avafana Vankomé’, na qual também, fazia parte Dimas que tocava viola ritmo”.

No mesmo diapasão, alinhou Fernando Chiúre que sustentou a ideia de se dar a continuidade a este projecto social. Quando me convidaram para este show, senti-me honrado, pois, cantar para Avelino é cantar a beleza e tudo o que de bom representa. Eu por exemplo, vou cantar uma música que me marcou bastante, “Dza Landza Ussiwana”.

Sobre este show de cunho social e beneficência, conta-se com um naipe de vozes de primeira linha, tais são os casos de Wazimbo, Xadreque Mucavele, António Marcos, Esmeraldo Mondlane (músico e jornalista da TVM), Tinito, Rafik Mamad, Fernando Chiúre, Aniceto Guibiça, Humbe Benedito (produtor de Avelino), H20, Tony Django, Nelson Nhachungue entre outros.

E essa “noite romântica de Avelino” não estaria completa se não integrasse vozes femininas. Assim, darão graça do seu ar as cantoras Joana Coana, Júlia Mwito, as irmãs Belita e Domingas, Liloca entre outras.

Neste momento, reina uma grande expectativa de todos os intervenientes e todos aguardam ansiosamente a hora de se fazerem ao palco do “África”.

Para que esta homenagem tenha o sucesso que se espera, neste momento decorrem ensaio no estúdio privado de Humbe Benedito, antigo produtor do malogrado músico.

UM MÚSICO DISTINTO
O músico Morreu a 15 de Setembro de 2004 vitima de malária. Avelino Mondlane e ficou conhecido como “o romântico”, por ter apostado em abordagens profundas sobre o amor. Toda a sua letra era atravessada por itens como carinho, amizade e afecto. Por causa dessa característica, Avelino Mondlane chegou a ser alcunhado também “o Roberto Carlos Tsonga” .

Avelino Mondlane iniciou a sua carreira em 1973 antes como dançarino. Fez parte do grupo “Os Mesmos”, tendo depois passado para a banda “Surpresas” e com esta ultima, Avelino Mondlane viria a gravar o tema “Ngwendza”, que serviu de archote para a sua afirmação.

Anos mais tarde, este cantor começa a executar alguns instrumentos musicais, destacando-se a guitarra. É nesta fase em que o artista começa a criar as suas próprias composições procurando uma afinação mais romântica, sua principal característica. Este estilo diferenciou-o e colocou-o numa posição distinta em relação aos seus colegas, cujos temas aludiam a situações de conflito armado, política e sociais. Nota de particular interesse aponta para o facto de o seu repertório em pouco tempo ter povoado o imaginário dos seus admiradores e fãs.

Às suas musicas românticas, o malogrado em palco associava os seus passos incomuns trazendo ao de cima a sua veia de bailarino. Quando tivesse o microfone nas mãos e cantasse, apresentava uma expressão de dor e nostalgia, contagiando até com lagrimas a sua plateia. Assim era em "A Lirandzo a Vachavhi e Mali", "Swilo Swa Missava", “Mamane na Bhava” entre outros. Todas as musicas cantadas com muita alma e delicadeza.

Nestas músicas o musico privilegiava o amor entre cônjuges, amor entre pais e filhos, a beleza, a família. A este propósito, convém recordarmos canções como “Nakuranda”, “Nacurivalela”, “Uniukuele”, “Akufa Kuyetlela”, “Alirandzo Avachavi”, “Hinga Holovi, “Raci”, “Pswilo pswa Misava” e “Hanya Hi Lirandradro”. Estas musicas eram compostas pelo próprio musico, e no palco sempre fazia-se acompanhar invariavelmente pela banda “Central Line” do baixista Humbe Benedito, por sinal, seu produtor.

No palco, o cantor prezava por uma imagem e postura muito cuidada. Trajava formalmente: com gravata ou um “blaiser”.
Na editora J e B Recording em que gravou parte significativa das suas musicas, detinha o recorde de vendas. Chegou a vender 50 mil copias do seu último CD.

Este cantor consagrado que será homenageado no domingo, em vida trouxe muitas alegrias as famílias e lares moçambicano. Ele cantou tudo e “mais alguma coisa” sobre o amor.
No dia em que Faleceu, a 15 de Setembro de 2004 vitima de malária, o cantor iria entrar em estúdio para gravar mais um álbum musical.

com 45 anos de idade ele deixando viuva e três filhos. A noticia sobre a sua morte, caiu que nem uma bomba de “Hiroxima e Nagasaki”: os seus fãs foram apanhados de surpresa e mostraram-se incrédulos. E para homenagea-lo, os seus admiradores estiveram em massa na cerimonia fúnebre no Cemitério de Lhanguene para render a ultima homenagem.

Ainda hoje, as suas musicas continuam a tocar nas rádios e a serem comercializadas em vários centros comerciais.

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