segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Stewart internacionaliza “Nkuvu” no Cabo


O compositor e intérprete Stewart, eleito pelos jornalistas do “Notícias” personalidade do ano no domínio da cultura em 2008, participará no próximo Festival Internacional de Jazz da Cidade do Cabo, que anualmente tem lugar no último fim de semana de Março naquela urbe sul-africana. Os organizadores do evento viram no artista moçambicano um músico de grandeza suficiente para participar num evento de tamanha importância, já que nele cintilam artistas de jazz – e de ritmos nele enquadráveis, como os explorados por Stewart – de classe mundial.


A ida de Stewart ao festival da Cidade do Cabo acaba por ser um prémio merecido a um artista que tanto fez em 2008 em prol do crescimento e da projecção da música moçambicana. Através dos vários espectáculos que este músico fez ao longo do ano passado, Stewart Sukuma atraiu as atenções de muitos amantes da música, mas, também, de produtores e promotores de grandes eventos internacionais.

Os produtores do festival do Cabo apreciaram a performance de Stewart durante a primeira edição do Moçambique Jazz Festival, que teve lugar no primeiro fim-de-semana de Abril do ano passado na Matola. Em 2008, Stewart fez vários espectáculos, na maioria virados para a promoção do seu disco “Nkuvu”, que editou em finais de 2007. Antes dos concertos – que ele fez “aos montes” desde os princípios de 2008 –, o grande mérito do autor de “Nkuvu” foi precisamente a produção deste disco. Como fazem poucos dos nossos artistas, o músico investigou ritmos de um pouco por toda a parte deste Moçambique e fê-los desaguar na marrabenta que é, incontestavelmente, a bandeira do nosso país no que à música diz respeito. E “Nkuvu” acabou por ser, ao fim e ao cabo, uma celebração e uma consagração da marrabenta.

Porque o ritmo mais divulgado da música moçambicana não se pode fechar em si mesmo, resumido a um artista ou a uma pequena porção deles circunscritos às fronteiras nacionais, Luís Pereira (o nome de registo do consagrado compositor e intérprete) fez questão de internacionalizá-la. Cantou com estrelas internacionais como o congolês Lokua Kanza – um grande amigo de Moçambique, tal é a frequência com que tem cá vindo actuar –, o angolano Bonga ou a brasileira Elizah.

Com estes e outros nomes, nomeadamente Hortêncio Langa (de quem recriou o tema “A Lirhandzo”, originariamente cantado por este, Arão Litsuri e João Cabaço no conjunto Alambique), Jimmy Dludlu, Costa Neto, Arthur Maia, Sheila Jesuíta ou Luís Represas, foi encantando Moçambique através de muitos espectáculos que merecem estar na galeria dos melhores de 2008, com destaque alguns dos que fez no contexto do programa “Verão Amarelo”.

Num nível mais particular, 2008 foi particularmente fabuloso para Stewart porque ele concentrou em si toda a popularidade que podia ser dedicada a um só músico. A sua canção “Felisminha”, do disco “Nkuvu”, destacou-se como a mais preferida dos vários ouvintes da Rádio Moçambique que votaram para o prémio Canção Mais Popular do ano no Top Ngoma, a principal parada musical do país.

Tal como “Felisminha”, do disco “Nkuvu” foram motivo de celebração ao longo de 2008 temas como “A Lirhandzo”, “Wulombe” (com que pôs uma brasileira a cantar em tsonga), “Hita Kina Marrabenta” ou “Olumwengo”.

Por todo este protagonismo, que veio de muita entrega numa modalidade cultural nos últimos anos dominado por produções néscias, sobretudo as feitas por certa vaga de jovens novatos nestas lides, consideramos ser Stewart uma figura consensual para figura do ano no campo cultural. Muito também por ser ele uma figura que navega perfeitamente, em termos de preferência, entre as gerações (em conflito?) de músicos ou de simples amantes desta modalidade cultural.

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