segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Entrevista com Moreira Chonguiça


Leia a entrevista com Moreira Chonguiça, aqui no teu canto 99fm...
99fm: Nestas festas, decidiste visitar a casa e nós gostaríamos de saber se vieste fazer algum show...
Moreira: Bom, estou aqui para visitar alguns amigos e vim também presenciar alguns eventos como o Moçambique Fashion Week, o lançamento da cerveja Laurentina Premium, muita coisa a acontecer em Maputo e eu vim presenciar isso.

99fm: Vamos falar um pouco daquilo que foi o início da tua carreira, sabemos que começaste a tocar aqui em Moçambique, mas vens trabalhando além-fronteiras. Como é que inicias a tua carreira?
Moreira: Bom, a minha carreira começou em casa, isso tudo pela qualidade de música que o meu pai e meu tio ouviam na altura, vários estilos, como bossa nova, rock, jazz, música africana, entre outros, e eu cresci a ouvir essas músicas já desde muito jovem, mas isso não significa que eu gostava dessas música na altura... e mais tarde matricularam-me na escola de música, não porque eu quisesse. Eu fiquei na escola de música dois ou três anos, acho, depois fiquei um ano sem ir às aulas, o meu pai a pagar as contas e eu não fui à escola, durante um ano.

99fm: Então, quer dizer que não era teu sonho cantar? Tinhas outros planos?
Moreira: Não, não, mas sabes porquê? Que projectos eu haveria de ter com oito naos de idade? Naquela altura, a ambição era jogar berlindes e estar sempre a brincar, havia vezes em que eu me sentia como o menino da mamã, enquanto outros jogavam berlindes eu ia à escola de música.

99fm: Quer dizer que eras uma criança diferente das outras?
Moreira: Sim, as pessoas riam-se de mim... quando comecei a tocar flauta, “aquela flauta doce...”, eu pequenino, todos a rirem de mim, então eu ficava envergonhado, e, a partir daí, parei e fiquei um bom tempo sem ir à escola. Mais tarde, acordei num certo dia, três anos depois, e fui matricular-me. O meu pai perguntou-me o que se passava e disse que a minha mãe o informara de que me tinha ido matricular. É por isso que geralmente eu digo que ” eu não escolhi a música, a música é que me escolheu”. O resto da história já conhecem, hoje estou aqui.

99fm: Estás a participar numa marcha em que falas daquilo que os nossos artistas estão a conquistar, são referências e são imagens de produtos. Eu sei que além de estares a “curtir” as festas cá, encontras-te a realizar um trabalho em que representas uma marca de cerveja...
Moreira: Sim sim, é para mim uma honra estar associado a esta marca nacional que é a Laurentina Premium, uma cerveja bem feita que vai competir com as cervejas internacionais e, acima de tudo, é moçambicana. É “produto nacional”, publicidade de que faço parte e a música também. Eu acho que isso é bom, já começámos a mostrar que os músicos de jazz também estão envolvidos nas campanhas publicitárias. Mais isso já acontece nas outras partes do mundo, na África do Sul fiz parte de uma campanha que começou nos Estados Unidos da América, e quem escreveu a música para essa campanha, há cinco anos atrás, foi o Lenny KravItz.

99fm: Eu sei que tens um projecto denominado “Moreira Project”, e que também ganhaste vários prémios. Quais foram os que marcaram, nos últimos tempos, a tua carreira?
Moreira: Olha, eu vou dizer-te que quando decidi fazer a minha carreira a solo, tive que analisar o mercado em que eu estava inserido, em particular na África do Sul, e havia duas maneiras de fazer isso: ou eu assinava com uma companhia do tipo Sony ou BMG, ou fazia uma produção independente, mas isso não é facil porque, para além de capital, requer muita energia. Criei o “Moreira Project” com os meus parceiros, na altura em 2005, se não estou em erro, acho que foi o disco mais caro produzido na África do Sul. Foi um atrevimento de todo o tamanho e todo o mundo estava a chamar-me maluco. Seis meses depois, o disco foi nomeado para quatro dos maiores prémios de África. As categorias foram : Melhor Álbum de Jazz Conteporâneo, Melhor Álbum de Jazz Instrumental, e Melhor Produtor. Eu ganhei na categoria de Melhor Produtor que para mim era a mais importante, porque também estava a competir com os “mais, mais” da indústria musical sul-africana.

99fm: Sabes que a 99fm tem apoiado o jazz. O que tens a dizer? Quero agradecer a tua disponibilidade em nome da 99fm e desejar muita felicidade e que continues a representar o nosso país.
Moreira: Eu querida dar os meus parabéns a vocês (99fm), por estarem envolvidos com o Jazz Festival, é uma das coisas importantes que vocês fizeram este ano, eu acho que foi muito positivo, a 99fm conseguiu ter o show ao vivo na vossa Rádio (99fm). Isso para mim foi muito positivo e importante, eu como Moreira Chonguissa e Moreira Project tenho de agradecer porque houve gente que não pôde lá ir, houve gente que não pôde comprar bilhetes, houve gente que tinha outros compromissos, mas conseguiram ouvir pela Rádio, isso é muito positivo, eu dou os meus parabéns e muito obrigado à 99fm.
Cortesia: 99fm

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