segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Elsa Mangue vai promover Muguanda

A vida provou-me que quero viver - afirma Elsa Mangue, restabelecida da doença que a apoquentava há longo tempo.
A cantora Elsa Mangue, desaparecida dos palcos por conta de uma doença que a apoquenta há alguns anos, é o rosto de uma mulher de vontade e de força.
Depois de em Maio ter estado entre a vida e a morte, por conta dessa mesma enfermidade – que a consumia dia após dia numa minúscula casa no bairro do Bagamoyo –, hoje ela está “a pessoa que os moçambicanos conheceram”, segundo ela mesmo disse, em entrevistada semana ao “Notícias”.
Um longo internamento num dos hospitais de referência de Maputo devolveu a vida – e a vivacidade – à artista de “Na Lamba”, que agora se mostra disponível para o trabalho, ou seja aos palcos e ao convívio com o público que a sempre a apoiou.

“Lutei contra a morte, lutei para a vida e estou aqui, de volta aos bons dias e pronta para tudo. Gostaria de dizer àqueles que sempre me admiraram que me podem voltar a ter em palco, porque já estou bem melhor e pronta para cantar”, começou por dizer a cantora, que se põe à disposição dos promotores de espectáculo da praça. “Já voltei à minha vida normal, faço normalmente as minhas coisas em casa, cuido dos meus netinhos como o fazia antes. Agora quero mais, quero o palco. A vida provou-me que quero viver e que posso viver”, acrescenta.

O longo calvário por que passou Elsa Mangue foi testemunhado de perto por algumas colegas e outras pessoas de boa vontade que a auxiliaram com tudo quanto ela necessitasse para que a vida lhe voltasse a sorrir. E, num momento em que dos maus tempos restam apenas “lembranças para apagar”, a compositora e intérprete de música moçambicana não se esquece de as agradecer.

“Estou aqui graças a esses meus amigos, alguns dos quais só agora descobri que são verdadeiros amigos. A Elvira Viegas (que nunca a largou desde os primeiros dias dos maus momentos), Stewart, Rosa Langa (jornalista da RM) tiveram um papel importantíssimo para esta minha recuperação. Para além de materialmente, dando-me o que pudessem, ajudaram-me moralmente. Sem eles talvez não conseguisse forças para lutar pela vida”, conta a nossa entrevistada, que não conseguiu evitar lágrimas de emoção ao recordar do seu trajecto ao longo de 2007.

NUNCA DESISTIR DE LUTAR
Para que a sua vida voltasse à normalidade, Elsa Mangue teve que aprender a conviver com o mal de que padecia. A força para tal veio principalmente das pessoas que a ampararam desde o início, grupo que inclui, para além dos artistas e da jornalista que mencionou, vizinhos de boa vontade e alguns (poucos) familiares.

“Esta estrada da vida é longa. Temos que aprender a encarar as coisas com normalidade. Ensinaram-me e aprendi isso durante este tempo. O mais importante, ensinaram-me os meus companheiros, é nunca desistir de lutar por dias melhores”, afirma, encorajando as pessoas que padecem das demais enfermidades que assolam o nosso país e mundo a seguirem o seu exemplo. “Eu estou aqui porque aprendi a ser isso. É lutando, e não deixando-se vencer, que se ganha algo, mesmo a luta pela vida”.

Quando em Maio visitámos Elsa Mangue – debilitada e de fala esforçada – nem ela acreditava numa recuperação plena do seu estado de saúde. Apesar de nesse momento ter mostrado alguma esperança. “Diz-se que a esperança é a última a morrer. A minha já tinha morrido, apesar de mesmo naquela altura não ter desistido, esforçando-me para cumprir o que me diziam os médicos e as pessoas que me auxiliavam. Mas por milagre cá estou, inteira e cheia de vontade”, revela.

QUERO PROMOVER O MEU DISCO
Antes de ser acometida pela doença, esta que é uma das artistas mais queridas dos moçambicanos entrou em estúdio para gravar temas para um álbum. O disco saiu há alguns meses e dele foi retirado um tema para concorrer aos prémios do “Top Ngoma”, parada que realiza esta semana a sua final. O álbum, de título “Muguanda”, é a próxima ocupação de Elsa Mangue.

“Já disse que estou melhor, já disse que quero voltar aos palcos. E a melhor forma de voltar é, para além de rebuscar as coisas que fiz antes, promover o meu álbum, editado pela Vidisco”, afiança.

Enquanto não chega a oportunidade de voltar a pisar um palco, a também autora de “Xindzequana” e “Ma Original” vai dando força aos colegas que estão no activo. A começar por aqueles que conseguiram votos suficientes do público para estar na final do “Top Ngoma”.
Ela já esteve na competição (no anterior formato que tinha o “Ngoma Moçambique” e o “Top Feminino”) e ganhou alguns prémios. “Desejo boa sorte a todos os meus companheiros que estarão na final. Esta seria uma oportunidade para voltar a conviver com os fãs, mas, infelizmente, a minha canção não conseguiu votos suficientes para estar nessa final. Não faz mal, ganharão os outros, que eu apoio muito”.

Elsa Mangue é uma artista que cimentou a sua grandeza na música moçambicana nos anos 1980, muito à custa das canções que interpretou inspirada no Moçambique social. Porque tinha referências na música moçambicana, interpretou o tema “Tindjombo”, de um dos seus ídolos, Fany Mpfumo.
Essa canção está inserida numa colectânea em homenagem ao “Rei da Marrabenta”, em que também contribuíram, entre outros, Neyma, João Paulo, Nanando, Miranda e Ancha.

GIL FILIPE

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