quinta-feira, 5 de junho de 2008

Festival Crossroads de Nampula

Certamente que aqueles que conceberam o Festival de Música Crossroads tinham como propósito celebrar a música. Ou melhor fazer com que a juventude celebre a música ao ritmo da que é feita por si, para eles e para as próximas gerações. E se o propósito é, de facto, celebrar, então temos nós a dizer que o objectivo foi conseguido na realização da 9ª edição deste festival, que teve lugar na cidade de Nampula, entre os dias 1 e 3 deste mês.Depois de quatro dias de muita música, com o público a aderir ao máximo e as bandas a se esgrimirem para mostrar as suas potencialidades, a nível de produção musical, foram conhecidos os resultados da festa.Deste modo, a banda Dulce Band, de Maputo, ficou em primeiro lugar, tendo o segundo sorrido à banda de Nampula, denominada Marrove.


A performance musical, a qualidade do som e a harmonia nos instrumentos e no canto ditou a escolha destas duas bandas para representarem Moçambique na fase inter-regional, em Lilongwe, no Malawi.As bandas Dulce Band e Marrove tiveram ainda uma boa apresentação no palco, tendo pesado, sobretudo, o facto de terem sido bastante originais.

Afro Star, uma banda de Sofala, conseguiu ficar com o terceiro lugar, e os Túdulos, de Zambézia, foram classificados com o quarto lugar. Torres Penicela, de Inhambane, ficaram com o quinto lugar, e Ndjaz, de Manica, foi a banda que ficou com o sexto lugar. O júri decidiu ainda que o sétimo, oito e nono lugares deviam ser para as bandas Ulongo, de Cabo-Delgado, Projecto Modja, de Nampula, e Cassimbos, de Niassa, respectivamente. Evans Africa e Sipijhi Band, de Nampula, e Marrava, de Cabo-Delgado, são as bandas que se quedaram nos três últimos lugares.

Entretanto, o júri, presidido por Aníbal Matine, representante do Music Crossroads em Moçambique, reconheceu as dificuldades que teve para encontrar um vencedor, pois todas as bandas que se fizeram ao palco exibiram-se bem. Vai daí, segundo ele, que a diferença entre as duas primeiras bandas seja apenas de dez décimas, estando, portanto, próximas uma da outra.O júri diz haver um equilíbrio entre elas, daí que, segundo Aníbal Matine, devem trabalhar de modo a poderem singrar na fase que se segue.

“Todas as bandas fizeram coisas belas, mas estas duas conseguiram ser extraordinárias. Estamos satisfeitos com o desempenho delas porque demonstraram muita originalidade e achamos que as belas coisas que fizeram com as suas próprias mãos são uma mais valia para a história da nossa música”, disse Matine.

Para ele, “é importante que os jovens músicos saibam que a árvore não cresce de cima, mas sim debaixo e depois temos que regá-la. E isso significa que os jovens precisam de beber das raízes, devem ir à fonte porque ela existe. Tem que aprender a pesquisar os nossos ritmos e a história da música”, apelou.

Com o lema “Pela Criatividade Juvenil”, os organizadores fizeram questão de dizer à juventude presente no evento que ser jovem é ser criativo. E ser criativo significa fazer acções ímpares que alimentem o espírito dos Homens de hoje e do amanhã. Significa também não imitar o que os outros já produziram, mas a partir do que já foi feito ter a capacidade de criar coisas novas e belas.

É BONITO O NOSSO MOSAICO CULTURAL
Logo no início do evento, o governador da província, Felismino Tocoli, disse ser importante que os jovens tenham em mente que não estão a disputar entre si, mas sim que estão numa festa onde o mais importante não é a vitória, mas sim a celebração da festa da música tradicional e contemporânea.Frisou a ideia de que o que se pretende é mais o desenvolvimento das capacidades e potencialidades musicais dos jovens nesta área, daí que aqueles que perderem não se ressentir e os que ganharam em momento algum deverão pensar que são heróis e superiores aos outros.Na perspectiva de Felismino Tocoli e da organização, os jovens devem se concentrar-se na ideia de que se cruzaram para trocar experiências e transmitirem-se experiências dos doces sabores rítmicos das suas origens.

Vai daí que durante os workshop’s tenham discutido aspectos como os direitos dos autores, execução da guitarra, toque de guitarra, que é para saberem como saber, futuramente, reclamar os seus direitos enquanto criadores e como melhorar o seu desempenho. A acontecer isso, a música moçambicana e os seus fazedores vão vingar também do nosso país.

“E com estas acções, o país cria condições para que haja uma juventude robusta e que esteja em altura de produzir um estilo de música forte e esteja em altura de ser testemunha de um tempo e marco da nossa história e dessa geração para todo o sempre”, disse Tocoli, congratulando-se com o facto de a sua província ter sido escolhida como anfitriã de um evento como aquele.“É sempre bom juntar jovens para entre eles fazerem uma festa como esta. Este evento, mais uma vez, veio mostrar que o bonito o nosso mosaico cultural. E eles souberam o valorizar”.

GANHAR É CERTIFICADO PARA MAIS TRABALHO
O Festival veio a Nampula, porque Nampula é Moçambique, é também a capital do norte. O nosso país é também de celebração da música, com artistas de renome internacional e jovens que estão despontar e que já são a esperança de um futuro promissor e brilhante, no que à música diz respeito.

Depois de quatro dias de muita música, com o público a aderir ao máximo, foram conhecidos os resultados da festa. E porque, tal como dizia o estadista moçambicano, o saudoso Samora Machel, “a cultura é o sol que nunca desce”, os jovens mostraram que tem potencialidades e que podem continuar com a história da música deste país. Para quem esteve presente no evento, saiu com a ideia clara de que, de facto, as nossas raízes culturais ainda não estão ameaçadas, e que a nossa música vai permanecer intocada.

Presente na festa do Crossroads, David Simango, ministro da Juventude e Desportos, instituição promotora do evento, em parceria com a Music Crossroad Moçambique, o Ministério da Educação e Cultura e a Associação dos Músicos Moçambicanos, disse que, aqueles que ganharam devem ter a consciência de que este certificado é mais um voto de confiança e dá-lhes responsabilidades para continuarem a trabalhar mais de modo a glorificarem o nosso país nas próximas etapas, que são a fase inter-regional, que terá lugar no Malawi.

Congratulando-se com o desempenho de todos os jovens artistas em palco, David Simango confessou ter ficado impressionado com a qualidade de execução dos instrumentos, a maneira como eles exibiram as danças das suas origens, bem como a capacidade de misturar o canto, a dança e os ritmos de diferentes partes do nosso país. “Com isso, vocês mostraram que conhecem a história tradicional de Moçambique, por isso quero dizer que os que não ficaram em primeiro lugar não é porque não são bons, mas devem ficar conscientes de que o mais importante é continuar a trabalhar. Trabalhar de modo a continuarem nos próximos eventos. Há boas bandas e vocês representaram com muita facilidade a história e a cultura moçambicana”, disse, prometendo que o Ministério da Juventude e Desportos, com os seus parceiros, vão continuar a acompanhar a evolução das bandas e a apoia-las no que for necessário.

“Os nossos jovens demonstraram aqui em Nampula que estão preparados para continuar a história deste país na componente cultural e a tradição do povo moçambicano”, disse.

Fonte: Jornal Noticias

Sem comentários: