quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Gpro Fam e o Hip Hop

O grupo levou o hip-hop nacional aos tops das rádios nacionais com a música País da Marrabenta.

O grupo resulta dum projecto da Gpro, os Novos Talentos no Tchova. Após algumas sessões no Tchova, Djo decide dar “um passo em frente” e criar um grupo que pudesse representar a Gpro noutros espectáculos. De um grupo de 5 MC’s inicalmente pré-selecionados, e por vários motivos, sobraram 2; 2 caras e 100 paus. Sendo os que mostraram maior interesse e elevado talento, o grupo começou a funcionar. Esta dupla, também chamada de “Arco & Flecha ” já canta junta desde 98, embora 100 paus (antigamente conhecido por Stuped Man) pertence-se à AutoSquad e 2 caras actuasse sozinho. Ambos fazem parte até hoje de uma outra agremiação intitulada Tropas Do Futuro.

A esta dupla pertence o primeiro “ bounce ” produzido em Moçambique. Gravado em 99, a música tornou-se no primeiro track bounce.

Na busca de instrumentais, 100 paus apresenta alguns beats por ele produzido em casa, corria o ano 2001. ... “os beats eram mesmo de qualidade e davamos inicio assim á ideia de fazer um album.... estava formada a Gpro Fam.Em 2003 a Gpro Fam lançou Um Passo Em Frente, o 1º album de Hip Hop Moçambicano. O grupo levou o hip-hop nacional aos tops das rádios.

O single de avanço País da Marrabenta fez um sucesso enorme, em parte, devido a tentativa de censura imposta pela Rádio Moçambique, tornando-se num dos mais populares hits nacionais.

O Pais da Marrabenta
O disco Um Passo em Frente do grupo de música hip-hop moçambicano Gpro Fam faz uma incursão aos diversos assuntos sociais directamente vividos pelos artistas ou que de forma indirecta lhes afectam. Para além de procurar retractar tudo o que pela frente lhes passa é ainda um louvor ao hip-hop genuinamente moçambicano que pode ser consumido em todos os quadrantes do Rap.

Os seus temas aludem constantemente à crítica pela depravação que atingiu os Índoles culturais, sociais, políticos e económicos não só do país em que vivem, mas quase que genericamente. Lançado em princípios de Novembro em Maputo, Um Passo em Frente é o primeiro disco de Gpro Fam, composto por dois elementos, nomeadamente 100 Paus e 2 Caras, nomes artísticos de Sérgio Fernandes e Hermínio Chissano. Mas também encontra-se no disco música de discoteca, relaxamento e toda uma imagem da sociedade.

Pela primeira vez jovens moçambicanos decidiram juntar-se para produzir um disco de rap com fundos próprios, isto porque, segundo contaram os membros do grupo, as editoras não aceitam gravar discos somente de hip-hop, alegando que este estilo de música não vende.

O disco surge como uma forma de pretender contrariar o juízo das editoras que assim acham. Mas também é um desafio pelo qual nós preferimos embarcar. Se conseguirmos ter sucesso, aí pensamos que muitos jovens vão seguir os nossos trilhos, agora se o projecto fracassar, paciência, disse Joel Prista, um dos representantes da organização da Gpro.

Este projecto iniciou no ano 2000, numa série de espectáculos realizados no Tchova Xita Duma, quando esta procurava um grupo de hip-hop que pudesse representar a organização.

Ao longo de dois anos realizaram mais de dez espectáculos, onde no fim só o 100 Paus e 2 Caras conseguiram aguentar com a pressão das pretensões da Gpro. Depois de gravarem o disco nos finais de 2002, este foi reproduzido na África do Sul.

A reprodução no mercado sul-africano surge como alternativa ao facto de as editoras nacionais terem proposto reproduzir e vender o disco a preços demasiadamente baixos dos que custara a gravação do disco, o que em nada favorecia os autores do trabalho. Para a gravação deste disco usamos fundos próprios, empréstimos e de amigos. O que estava em falta era a colocação do selo, mas depois de muito esforço, e porque não queremos primar pela ilegalidade, acabamos conseguindo, explicou Joel Prista, avançando que um ano depois da gravação do disco já contam com uma página na Internet onde estabelecem contacto com o resto do mundo. Já tivemos perto de duas mil visitas de quase todo o mundo, isto porque este projecto aparece como o primeiro trabalho totalmente a sério que será um teste a todos os níveis e as pessoas dizem que gostam. Entretanto, o ritmo das vendas não é directamente proporcional às pessoas que congratulam a jovem banda pela qualidade do trabalho.

Até aqui ainda não atingimos o mínimo das vendas desejadas É o que nos frustra. As pessoas nos ligam diariamente a dizer que gostam do trabalho, mas quando perguntamos se já compraram o disco dizem que têm as músicas no computador. Este facto, conforme contaram, trará implicações futuras, pois se este projecto fracassar significa que não estarão em altura de gravar o segundo disco.

Na opinião dos membros da Gpro Fam, a pirataria de discos originais e a sua constante reprodução para maquetas está a empobrecer o mercado musical moçambicano e em particular o hip-hop moçambicano.

Como forma de contornar este facto os jovens estão a encetar contactos noutros quadrantes, primeiro a nível de África e depois trilharão mercados europeus e outros. Já estamos a trabalhar no sentido de inserir o nosso disco no mercado angolano porque lá temos informação de que as coisas são razoáveis. Depois esperamos mandar o nosso trabalho para Portugal e posteriormente para outros cantos. Mas, acima de tudo sabemos que para singrar primeiro temos que conquistar os PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e depois os países da CPLP (Comunidade de Países de Língua Portuguesa), referiu Prista, agastado com a questão da pirataria que graça severamente o país, para quem muitos preferem piratear discos e passá-los para os computadores do que ir comprar materiais originais para o benefício de todos.

O disco conta com treze faixas e na sua produção contaram com a participação de artistas emergentes no panorama do hip-hop. Foi também um desafio e uma aposta que os jovens abraçaram. No disco os ritmos que se ouvem são puramente de hip-hop.

Qualquer outro estilo que futuramente abraçarem, não será por obrigação das editoras, porque, como dizem os outros colegas da área, as editoras impõem que os rap incluam nos seus discos passada e outros estilos, pois o hip-hop não vende, mas por vontade própria. Agora temos este projecto que já está no mercado, será que devemos dar razão às editoras, que mesmo o hip-hop não vende?

O tempo é o sucesso do trabalho dirão.


Feef: Duas Caras em "Cu Gordo"

Radio Promo

Fonte: Jornal Noticias Notícias – 08.12.03

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