terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Entrevista com Yara


Redação Maputo: Como descreves a Yara?
Yara: Eu sou uma jovem normal como todas as outras da minha idade. A única diferença é que eu canto, não tenho vícios e aprendi a ser independente muito cedo e a deixar de fazer certas coisas para não chamar atenção dos meus fãs e admiradores do meu talento.

Defeitos: teimosa, mimada, cumilona, viciada em chocolate e peluches, chorona (não consigo ver nada dramático que emociono-me e choro logo), “Fala-fala” – “estou sempre a falar”.


Qualidades: Simpática, amiga, compreensiva, paciente (para certas coisas), social, meiga e muito talentosa – a minha mãe chama-me de "jeitosa".

Quando é que começaste a cantar? Sempre quiseste cantar, ou esse fascínio veio mais tarde?
Comecei a cantar com 14 anos ia fazer 15. Tudo começou em Novembro em 1997, por pura brincadeira da minha “mamy”, ela sempre ouvia-me cantar na casa de banho e como o Mahel precisava de alguém para fazer os coros, ela sugeriu: “porque não levas a Yara?”
E foi assim que começou o bichinho da musica.
Nunca foi meu sonho ser cantora, nasci com essa dádiva de Deus, na verdade isso já vem de gerações por parte da família da minha “mamy” (é uma historia muito longa).

A música é para mim um hobby, é uma forma de me divertir e encantar os outros que gostam da minha voz.

Como foi gravar o primeiro álbum?
Vou confessar que tive medo, pois, era muito pequena e estava a entrar numa outra vida - eu não acreditava no meu talento - e estava muito constipada quando ligaram me e disseram que ia gravar com o grande músico e produtor angolano Yé-Yé, mas quando as pessoas começaram a comprar os meus discos, a participar nas minhas entrevistas (em televisão, rádio), e a elogiar-me comecei a ter mais confiança em mim.

Quem são os teus cantores favoritos?
Gosto muito da J-lo, Mingas, Ancha, Eminen, Swit, Dina Medina (foi com uma canção dela que me lancei na carreira musical), Kenny G, Djavan (adoro-o) e, claro o Michael Jackson. Enfim, gosto de todos os géneros de música desde que tenha qualidade de som e seja rica na composição.

Quem convidarias para fazer um dueto numa “love song”?
Não sei, pois não substimo o talento e a boa vontade de alguém que tenha boa voz e talento e que queira cantar comigo, para quem não sabe eu já gravei muitas "love songs", com o Mahel, Oliver Style, Ziqo e com o Nelton Miranda que é um dos produtores do meu mais recente álbum.

Como é que é ser-se conhecida? Ter fãs?
Ser conhecida e ter fãs é uma maravilha - sentir o afecto de alguém que faz de ti um mini “Deus” é outra coisa - adoro ser invadida por fãs, dar autógrafos, conversar com eles, ver o brilho no olhar de alguém quando me vê faz o meu dia.
Principalmente as crianças que adoram e fazem de mim o ideal daquilo que elas um dia gostariam de ser, ou serão, pois elas são de todos os meus fãs os mais sinceros, são os meus anjinhos (e eu não faço musica para crianças, imagina se fizesse!).
Mas tem a parte “chata”: não tens privacidade, não podes fazer nenhuma "macacada" que eles estão logo ali para criticar ou “fofocar”, enfim tens de ter cuidado com o que fazes.

Qual foi piropo mais maluco que já recebeste de um fã?
Foi quando fui a Quelimane e um fã tinha no seu carro a matricula com o meu nome. Já recebi cartas longas de uma família inteirinha que dizia que eu era a deusa deles, presentes sem identificação (só vinha escrito admirador secreto), telefonemas de todas as províncias no dia do meu aniversário, fãs de fora do pais (Inglaterra, Angola, Portugal, Espanha, Holanda, etc) que ligam e dizem o quanto gostam de mim e de me ouvir cantar.

Sabemos que estás a estudar comunicação. Depois de terminado o curso, largarás a música?
Não tenciono deixar a música, sempre que puder “vou dar um tostão da minha voz”, mas é claro que vou me dedicar mais a carreira de comunicação.

Como é que vês o actual cenário musical nacional?
A música moçambicana está a ir muito bem, tirando algumas coisas que com tempo mudará. Hoje já se vê novas caras, música diversificada e o povo moçambicano adere bastante a música do seu país.

Regra geral, os cantores moçambicanos não promovem os seus trabalhos junto dos media. Achas que é por falta de oportunidade?
Não, eu acho que os próprios não fazem a sua promoção, os media ajudam-nos bastante e é graças a eles que nós vendemos, pois promovem-nos.
A Yara cantora é vaidosa? Tem muito cuidado com a imagem?
Vaidosos somos todos, mas eu não gosto muito de pinturas nem de muitos adornos. Gosto de estar a vontade comigo mesma, sou muito natural, mas sempre com aquele toque especial, se não ninguém olhava para mim.

Preservo bastante a minha imagem e gosto de fazer uso da beleza que tenho.

Lançaste este ano o teu terceiro disco. Como o descreves?
A Outra Porta está a ser p’ra mim um grande desafio, pois tem nele tipo de músicas que nunca cantei e estou pela primeira vez a gravar com produtores moçambicanos e bons (Zé Pires dos K10 e o Nelton Miranda dos Sáldicos), canto em línguas diferentes da minha terra.
O disco está a ser um sucesso – até o tocam nas discotecas, coisa que não se faz sempre nas discotecas aqui de Maputo - nas províncias sempre tocaram muita musica moçambicana.

O que gostas de fazer nos tempos livres?
Dormir, ler, namorar, passear bastante para fora de Maputo, ir as lindas praias que tenho no meu pais, dançar, desenhar e ver televisão.

Que cidade gostarias de visitar?
Eu gostaria de conhecer a Ilha de Moçambique, os EUA, Brasil, Ilha de Ibiza e o México - são regiões interessantes.

Sida...
Sida é uma doença que as pessoas não levam a sério, pensam sempre que elas nunca vão ser atingidas pelo vírus, muita das vezes começa por uma pequena doença de transmissão sexual e a pessoa simplesmente balda-se se e não se trata. Outras vezes é por pura birra “não como banana com casca”, “porque, queres o preservativo andas a trair-me?”.
O jovem tem que acordar e ver que a vida não é um mundo de fantasias e que juntos todos combatem a SIDA.

Se tivesses que transmitir ao público uma mensagem, ou um pensamento importante, o que dirias?
Estudem, curtam a vida mais não abusem dela porque pode dar-vos a volta por cima e sem se aperceberem já vos aprontou.

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