A ASSOCIAÇÃO dos Músicos Moçambicanos anunciou para Setembro a realização da sua primeira conferência nacional, acto que terá lugar de 26 a 28, na cidade de Maputo. O encontro contará com 200 participantes, entre delegados e convidados, sendo estes últimos proeminentes figuras ligadas às artes e cultura, bem como parceiros da agremiação dos músicos. Esta reunião realiza-se cerca de 20 anos depois da criação da Associação dos Músicos Moçambicanos, liderada, desde a sua fundação, pelo músico Hortêncio Langa. Com mais de 800 associados, esta é uma das mais antigas agremiações existentes no nosso país.
Há muito que os músicos ansiavam por um encontro desta natureza, no qual se sentarão para expor as suas ideias, de modo que cada um possa dizer o que deve ser a agremiação, isto numa perspectiva de desenvolvimento da classe dos músicos e da música na grande e doce nata que é a cultura moçambicana.
A conferência dos músicos deve ser encarada como um momento no qual se pretende uma união para defender interesses colectivos, não significando, no entanto, o arrebatamento das convicções de cada um dos músicos.
Este é um flagrante momento para que os músicos, independentemente das circunstâncias, não se lancem pedradas, pois isso somente os conduzirá ao cadafalso. Esta é também uma soberana oportunidade para o secretário-geral Hortêncio Langa explicar-se, dando a conhecer os passos que a associação vem dando ao longo desse período em aspectos como a gestão da casa ou mesmo o que é que o seu elenco (?) terá feito em prol dos artistas nacionais.
Ele que já levou muitas pedradas, mas também deu muitas, tem uma oportunidade de não só se “reconciliar” com os seus confrades, mas também de todos se abraçarem, encontrando uma solução de sair do lodo em que a música e os seus fazedores estão mergulhados.
Alguns dos artistas ouvidos pela nossa Reportagem, que vai continuar a trazer opiniões até à realização da conferência, são da opinião que este é o momento de trabalhar para resolver os problemas dos músicos, muitos dos quais são conhecidos. Mas também encaram a conferência como uma soberana oportunidade de Hortêncio Langa explicar, dentre outras coisas, as razões da demora de uma reunião como esta, mas também de se saber se a convocação deste encontro apenas dependia da vontade do secretário-geral, ou era necessária uma outra atitude por parte dos demais associados.
Para uns interessa que a conferência discuta questões concretas e não afinar-se pelo diapasão da vozearia, uma vez que há problemas como “cachets” e profissionalização da carreira do músico.
A realização deste encontro está avaliada a cerca de 500 mil meticais, dinheiro que sairá dos cofres da Embaixada da Dinamarca em Maputo.
Hortêncio Langa- Resultado do crescimento da casa
O secretário-geral dos músicos, Hortêncio Langa, referiu que esta conferência destina-se a discutir aquilo que foi feito ao longo dos anos de existência da associação bem como traçar novas perspectivas para os próximos anos.
Com efeito, durante a conferência serão discutidos vários aspectos relacionados com a vida dos músicos e reflectir sobre o desenvolvimento da música no país.
Na sua perspectiva, a realização desta reunião é justificada pelo crescimento da agremiação que dirige, e é importante, segundo refere, que os músicos não só falem dos problemas que têm, mas também das suas ansiedades e dos sucessos alcançados.
Quanto à agenda de debates, disse que vão falar da revisão dos estatutos, adequando-os à realidade actual, mas também avaliar o desempenho dos núcleos e delegações provinciais dos músicos. “Mas também foram criadas associações que, não estando filiadas à associação nacional, desenvolvem os mesmos trabalhos, daí que nesta conferência saberemos qual é seu propósito e que papel estão a ter para o melhoramento da vida e dos músicos no país. Temos casos da Beira e de Inhambane que são associações mais activas nos locais onde estão”, apontou.
A criação de uma ordem dos músicos, que possa levar avante a questão da profissionalização dos músicos, é outra questão que vai ser discutida durante a conferência. Com a ordem dos músicos pretende-se trazer uma outra dinâmica de trabalho no panorama musical nacional.
A expectativa é que este sirva de momento para haja uma maior consciência dos problemas que os músicos enfrentam e ainda uma maior clareza em relação ao papel dos músicos na defesa dos seus próprios interesses, isto enquadrados numa associação.
Hortêncio Langa chamou a atenção para a necessidade de os músicos que ainda não regularizaram a situação das cotas que o façam como forma de poderem estar presentes na conferência, participando como membros de pleno direito, usando da palavra, debater e votar.
Filipe Nhassavele - Momento de haver valores mínimos para os cachés
O MÚSICO Filipe Nhassavele disse ao nosso Jornal que já era o momento de a conferência se realizar. “Já era sem tempo, pois há mais de 20 anos que não acontece nada de género”, disse. Para ele, a realização desta conferência vai mudar muita coisa, quebrando a monotonia que se assiste actualmente no seio da agremiação, e, por via disso, dos próprios músicos. Entende também que muitos dos associados não se sentem à vontade quando se trata de frequentar a sua “casa”, mas acredita que com este encontro tudo poderá voltar a tomar um outro rumo, uma vez que o encontro poderá servir como uma lufada de ar fresco para todos. “Os músicos andam chateados porque não há nada que acontece, para além de se ter uma situação de secretário-geral vitalício. Por exemplo, a nível da província de Maputo nós já começamos com as conferências, na cidade de Maputo também está em preparação a realização de uma conferência. Geralmente, os músicos tem falado mais de criar estratégias que possam concorrer para a mudança da situação”, disse.
Quanto às eleições, que foi anunciado que elas terão lugar, Filipe Nhassavele é da opinião que existem condições suficiente para que elas se realizem. Por outro lado, refere ainda que os delegados à conferência, que são em número de três por cada província, tenham que trabalhar no sentido de criar a maior transparência possível no decurso do pleito.
A uma pergunta sobre se a província de Maputo havia indicado candidatos, Filipe Nhassavele, que é o presidente da delegação da província, disse que a província que lidera ainda não tem condições suficientes para apresentar um candidato, tanto é que só recentemente que tomou posse o órgão directivo. A prioridade para ele é trabalhar para a organizar a situação dos músicos. “A delegação dos músicos na província de Maputo acaba de ser criada, daí que não seria oportuno avançar com nomes”, disse, deixando claro que votarão a favor de quem apresentar um bom programa que tenha em vista o desenvolvimento dos músicos.
Sobre os documentos levados à conferência para debate, Filipe Nhassavele comentou que, todas as estratégias já estão traçadas carecendo apenas de quem as toque em consonância para formar uma música bela e harmoniosa. Contudo, disse ser fundamental que a conferência discuta, exaustivamente, questões como a pirataria, que graça, sobremaneira o trabalho dos músicos. Nesta componente, falou de casos em que os piratas se antecipam aos proprietários das obras, conseguindo eles ter primeiro os discos. “Muitas vezes o músico se surpreende com o seu trabalho já a ser comercializado na rua, sem que lhe tenha sido informado que o seu produto já estava no circuito comercial”, disse.
Nhassavele diz ainda que devia ser criado um mecanismo que permita marcar valores mínimos para as editoras pagarem os músicos na edição dos discos, e também que se criem mecanismos que determinem um valor mínimo para os “cachets” aos músicos espectáculos.
Há muito que os músicos ansiavam por um encontro desta natureza, no qual se sentarão para expor as suas ideias, de modo que cada um possa dizer o que deve ser a agremiação, isto numa perspectiva de desenvolvimento da classe dos músicos e da música na grande e doce nata que é a cultura moçambicana.
A conferência dos músicos deve ser encarada como um momento no qual se pretende uma união para defender interesses colectivos, não significando, no entanto, o arrebatamento das convicções de cada um dos músicos.
Este é um flagrante momento para que os músicos, independentemente das circunstâncias, não se lancem pedradas, pois isso somente os conduzirá ao cadafalso. Esta é também uma soberana oportunidade para o secretário-geral Hortêncio Langa explicar-se, dando a conhecer os passos que a associação vem dando ao longo desse período em aspectos como a gestão da casa ou mesmo o que é que o seu elenco (?) terá feito em prol dos artistas nacionais.
Ele que já levou muitas pedradas, mas também deu muitas, tem uma oportunidade de não só se “reconciliar” com os seus confrades, mas também de todos se abraçarem, encontrando uma solução de sair do lodo em que a música e os seus fazedores estão mergulhados.
Alguns dos artistas ouvidos pela nossa Reportagem, que vai continuar a trazer opiniões até à realização da conferência, são da opinião que este é o momento de trabalhar para resolver os problemas dos músicos, muitos dos quais são conhecidos. Mas também encaram a conferência como uma soberana oportunidade de Hortêncio Langa explicar, dentre outras coisas, as razões da demora de uma reunião como esta, mas também de se saber se a convocação deste encontro apenas dependia da vontade do secretário-geral, ou era necessária uma outra atitude por parte dos demais associados.
Para uns interessa que a conferência discuta questões concretas e não afinar-se pelo diapasão da vozearia, uma vez que há problemas como “cachets” e profissionalização da carreira do músico.
A realização deste encontro está avaliada a cerca de 500 mil meticais, dinheiro que sairá dos cofres da Embaixada da Dinamarca em Maputo.
Hortêncio Langa- Resultado do crescimento da casa
O secretário-geral dos músicos, Hortêncio Langa, referiu que esta conferência destina-se a discutir aquilo que foi feito ao longo dos anos de existência da associação bem como traçar novas perspectivas para os próximos anos.
Com efeito, durante a conferência serão discutidos vários aspectos relacionados com a vida dos músicos e reflectir sobre o desenvolvimento da música no país.
Na sua perspectiva, a realização desta reunião é justificada pelo crescimento da agremiação que dirige, e é importante, segundo refere, que os músicos não só falem dos problemas que têm, mas também das suas ansiedades e dos sucessos alcançados.
Quanto à agenda de debates, disse que vão falar da revisão dos estatutos, adequando-os à realidade actual, mas também avaliar o desempenho dos núcleos e delegações provinciais dos músicos. “Mas também foram criadas associações que, não estando filiadas à associação nacional, desenvolvem os mesmos trabalhos, daí que nesta conferência saberemos qual é seu propósito e que papel estão a ter para o melhoramento da vida e dos músicos no país. Temos casos da Beira e de Inhambane que são associações mais activas nos locais onde estão”, apontou.
A criação de uma ordem dos músicos, que possa levar avante a questão da profissionalização dos músicos, é outra questão que vai ser discutida durante a conferência. Com a ordem dos músicos pretende-se trazer uma outra dinâmica de trabalho no panorama musical nacional.
A expectativa é que este sirva de momento para haja uma maior consciência dos problemas que os músicos enfrentam e ainda uma maior clareza em relação ao papel dos músicos na defesa dos seus próprios interesses, isto enquadrados numa associação.
Hortêncio Langa chamou a atenção para a necessidade de os músicos que ainda não regularizaram a situação das cotas que o façam como forma de poderem estar presentes na conferência, participando como membros de pleno direito, usando da palavra, debater e votar.
Filipe Nhassavele - Momento de haver valores mínimos para os cachés
O MÚSICO Filipe Nhassavele disse ao nosso Jornal que já era o momento de a conferência se realizar. “Já era sem tempo, pois há mais de 20 anos que não acontece nada de género”, disse. Para ele, a realização desta conferência vai mudar muita coisa, quebrando a monotonia que se assiste actualmente no seio da agremiação, e, por via disso, dos próprios músicos. Entende também que muitos dos associados não se sentem à vontade quando se trata de frequentar a sua “casa”, mas acredita que com este encontro tudo poderá voltar a tomar um outro rumo, uma vez que o encontro poderá servir como uma lufada de ar fresco para todos. “Os músicos andam chateados porque não há nada que acontece, para além de se ter uma situação de secretário-geral vitalício. Por exemplo, a nível da província de Maputo nós já começamos com as conferências, na cidade de Maputo também está em preparação a realização de uma conferência. Geralmente, os músicos tem falado mais de criar estratégias que possam concorrer para a mudança da situação”, disse.
Quanto às eleições, que foi anunciado que elas terão lugar, Filipe Nhassavele é da opinião que existem condições suficiente para que elas se realizem. Por outro lado, refere ainda que os delegados à conferência, que são em número de três por cada província, tenham que trabalhar no sentido de criar a maior transparência possível no decurso do pleito.
A uma pergunta sobre se a província de Maputo havia indicado candidatos, Filipe Nhassavele, que é o presidente da delegação da província, disse que a província que lidera ainda não tem condições suficientes para apresentar um candidato, tanto é que só recentemente que tomou posse o órgão directivo. A prioridade para ele é trabalhar para a organizar a situação dos músicos. “A delegação dos músicos na província de Maputo acaba de ser criada, daí que não seria oportuno avançar com nomes”, disse, deixando claro que votarão a favor de quem apresentar um bom programa que tenha em vista o desenvolvimento dos músicos.
Sobre os documentos levados à conferência para debate, Filipe Nhassavele comentou que, todas as estratégias já estão traçadas carecendo apenas de quem as toque em consonância para formar uma música bela e harmoniosa. Contudo, disse ser fundamental que a conferência discuta, exaustivamente, questões como a pirataria, que graça, sobremaneira o trabalho dos músicos. Nesta componente, falou de casos em que os piratas se antecipam aos proprietários das obras, conseguindo eles ter primeiro os discos. “Muitas vezes o músico se surpreende com o seu trabalho já a ser comercializado na rua, sem que lhe tenha sido informado que o seu produto já estava no circuito comercial”, disse.
Nhassavele diz ainda que devia ser criado um mecanismo que permita marcar valores mínimos para as editoras pagarem os músicos na edição dos discos, e também que se criem mecanismos que determinem um valor mínimo para os “cachets” aos músicos espectáculos.
Francisco Manjate