segunda-feira, 1 de março de 2010

Moçambique estara no Mundial 2010


Mesmo sem ter conseguido se qualificar para a África do Sul, Moçambique estará presente no Mundial de Futebol a realizar-se este ano naquele país vizinho. Não será através dos “Mambas”, claro, mas sim do saxofonista Otis, um moçambicano a residir nas terras lusas há 25 anos. Alípio Cruz, de seu nome oficial, vai cantar, na companhia de cerca de cinco músicos e compositores lusófonos, o tema “Sons da Distância”, dedicado ao primeiro Mundial neste continente que a História diz ser o “Berço da Humanidade”.

Natural de Inhambane, sul de Moçambique, o saxofonista recebeu um convite da Federação Portu-guesa de Futebol para integrar a selecção das Quinas para o Mundial 2010. Do lado moçambicano, Otis é convidado do Ministério do Turismo para promover a imagem e as potencialidades turísticas da chamada “Pérola do Indico” durante a prova a decorrer em Junho.
O título dedicado ao Mundial faz parte das 11 faixas que compõem o disco “MozamVerde”, uma inicia-tiva que Otis está a levar a cabo em parceria com o músico cabo-verdiano, Tito Paris, também radicado em Portugal. “É um projecto idealizado por Tito, o Mozam refere-se a Moçambique o Verde a Cabo-Verde”, explica o artista o sentido do trocadilho. O disco a ser lançado em Março integra títulos cantados em Crioulo e Bitonga, a língua materna de Otis falada na cidade de Inhambane.

O “Sons da Distância” conta com a participação de mais de cinco músicos lusófonos, de entre eles Manecas Costas (Guiné-Bissau), André Cabaço e Otis (Moçambique), Mariza e Tito Paris (Cabo-Verde) e Paulo de Carvalho (Portugal).

Quem é Otis
Pouco conhecido na sua própria terra, Otis é um dos poucos artistas moçambicanos que escolheram Portugal para seguir uma carreira musical. Filho de um maestro, Otis cresceu em Inhambane ouvindo o som de vários estilos musicais e esteve na escola de música local aproximadamente 10 anos. Actual-mente, é considerado um dos saxofonistas mais sonantes a residir e a actuar em Portugal. Com seis discos editados, sendo o último intitulado “In the House”, lançado em 2008, Otis é figura de eleição para representar Portugal em muitos eventos. Como irá faze-lo na África do Sul quando em Junho se jogar o Mundial de Futebol.

Em 1975 mudou-se para a capital Maputo, onde integrou vários grupos, até ficar efectivo na banda da Rádio Moçambique, durante seis anos. Com a banda, o “saxman”, como lhe chamam, integrou uma digressão em 1978 que percorreu países como Cuba, Alemanha e Checoslováquia.
Otis aproveitou a viragem na direcção da banda, em 1985, para rumar para Lisboa, onde ainda reside. Em Portugal começa por se integrar em pequenos projectos, sendo até músico convidado do Festival da Canção, no final dos anos 80. O cantor popular Roberto Leal viu-o e convidou-o de imediato para a sua banda, mas Otis só aceitou à terceira. Durante 12 anos, o saxofonista percorreu, na companhia de Roberto Leal, as comunidades lusófonas de Caracas a Washington, de Paris a São Paulo.

A viragem para o House
Seguiram-se as colaborações com Paulo de Carvalho (quatro anos), Miguel & André (três anos), João Portugal (um ano) e Beto (um ano). O cabo-verdiano Tito Paris tembém o chamou. “Desenvolvi mais a ‘world music’ e conheci o outro lado do mundo, de Hong Kong a Madagascar. Sou um previlegiado”, admite. Vieram também convites de Rui Veloso. E até de Dulce Pontes, que em 1997, o desafiou a tocar consigo em Nova Iorque num concerto para o representante máximo da Organização das Nações Unidas, Kofi Annan.

Mas o admirador de jazz e dos saxofonistas Grover Washington Junior, Dave Kose e Kenny G (o que mais discos vendeu até hoje: 30 milhões) também é autor e compositor. O seu quinto disco, “Olhar para Trás”, a fixar o espelho do tempo e a perspectivar a carreira; conta com colaborações de uma cantora alemã de jazz ou das coristas Dora & Sandra, dos Delfins. Nos discos anteriores de Otis, participaram igualmente Nucha, Paulo de carvalho e os Anjos, entre outros.
Ultimamente, o saxofonista de Inhambane tem-se dedicado mais ao House, fazendo duplas com Djs em bares, discotecas ou casinos de Norte a Sul de Portugal. “Sempre me abri à fusão de estilos, influên-cias e novas tendências. É outra etapa da minha evolução como músico, e estou a gostar!”, concretiza. Aliás, seu último trabalho discográfico chama “In the House”. Nome sugestivo.

Fonte: Savana

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