FOI como um daqueles pratos de aspecto suculento que, servido à mesa, todos os comensais apressam-se a servi-lo, mas quando provado descobrem que falta-lhe algo para ser completo: é sal a menos? Faltou alho ou pimenta? A salsa e coentros estarão na medida certa? Será que faltou o vinho ou o vinagre no tempero? O prato é picante ou simplesmente não tem sabor? E no final, quase ninguém sabe explicar com exactidão o que efectivamente falta ao suculento prato...contudo, de uma coisa todos têm certeza: falta-lhe algum ingrediente, ou então teve-o a mais!
Tudo isto vem a propósito do concerto de gala havido sexta-feira no Café Gil Vicente, em Maputo, para celebrar os 50 anos de vida e 32 de carreira do veterano Alexandre Mazuze, o homem das "mil e uma vozes".
O público esteve atento a cada movimento do aniversariante. Vestido a negro, Mazuze tinha a plateia a seguir-lhe a cada passo e não lhe pouparam as palmas quando a interpretação fosse admirável. Ainda assim, uma espécie de tensão pairava na sala de espectáculo e de vez em quando, Alexandre dialogava com a plateia, mostrando a outra sua veia de um bom comunicador. Comentou, por exemplo, a falta de seriedade por parte dos empresários ligados à área musical, dando a entender que não foram fáceis estes 32 anos de carreira num país que não valoriza os seus artistas. A parte final não poderia ser de outra forma: simplesmente emocionante. O Majescoral corou o aniversariante e a plateia ao cantar a canção "Vai com Deus" (transportando-nos momentaneamente para uma noite antecipada de natal) e ainda o tradicional "Parabéns a Você" distribuído pelas 14 vozes esculpidas entre sopranos, tenores, baixo e contralto.
ALBINO MOISÉS
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