“Eu nunca estive apagado na música e também, nunca ameacei expulsar Roland de Moçambique” - Dilon Djindji, veterano da música ligeira moçambicana
O veterano da música ligeira moçambicana e um dos arautos do estilo "marrabenta" muito tocada e dançada no sul de Moçambique, Dilon Djindji, disse em declarações ao «Canal de Moçambique» que “não é verdade” que já estivesse “apagado na música antes de integrar o Projecto Mabulu”. As palavras de Dilon Djindji surgem em reacção as declarações de Rolland Hohberg ao «Canal de Moçambique» ( vsff canal nº 511 de 19 de Fevereiro de 2008). Na referida edição, Rolland Hohberg disse, entre outras coisas, que, “foi com o Projecto Mabulu que Dilon Djindji voltou a ganhar projecção na arena musical nacional e internacional pois antes disso ele já estava apagado”. No entanto, o Djindji refutou a posição do seu antigo produtor e disse cheio de convicção: “eu nunca estive apagado na música”. Contudo, algo contraditório, o mesmo Dilon Djindji disse também: “houve um momento em que estive mais dedicado a agricultura”. O que pode pressupor que enquanto a agricultura foi a sua prioridade a música esteve em plano secundário.
Sobre a alegada ameaça de expulsar Roland de Moçambique dita por este na referida edição do jornal, Djindji disse: “eu nunca ameacei expulsar Rolland de Moçambique”.
Na conversa com o cantor que, em algumas vezes, exaltou-se, o repórter do «Canal de Moçambique» quis saber sobre as alegações de Rolland Hohberg de que Dilon Djindji terá pontapeado o contrato de exclusividade de som e imagem que existiu entre ambos. Sobre este ponto, o cantor disse o seguinte: “o meu contrato com Roland rescindiu no ano 2005”. Contudo, o cantor não foi capaz, pese a nossa insistência, de exibir um documento que prova a rescisão do mesmo. Aliás, alguns dias antes do seu contacto pessoal com o «Canal de Moçambique», o artista deixou nas instalações do jornal «Zambeze», para que se fizesse chegar ao autor destas linhas, um documento datado de 26 de Junho de 2007, da sua autoria, dirigido à «Mozambique Recording, Lda» (empresa de que Roland Hohberg é sócio-gerente) no qual ele solicitava a rescisão do contrato que ligava a ambos. Na entrevista com o «Canal de Moçambique», Dilon Djindji, distanciou-se do documento que ele próprio fizera chegar ao autor destas linhas. “Isso não é nada. A verdade é que eu não tenho contrato com o senhor Roland desde o ano 2005”.
Serve de referência dizer que as desavenças entre Dilon Djindj e a «Mozambique Recording Lda.», representada por Roland Hohberg, tiveram como catalizador o facto do músico ter rubricado um contrato com a empresa de publicidade «DDB» para ser rosto dos «spots» publicitários da empresa de telefonia móvel «Vodacom». O sócio-gerente da «Mozambique Recording Lda», defende que o cantor passou por cima do contrato de exclusividade de som e imagem que mantinha com a sua empresa. Na mesma ocasião, o veterano músico da " marrabenta", argumentou que a sua ruptura com a «Mozambique Recording, Lda» liga-se sobretudo ao facto de, “o senhor Roland ser insensível a problemas sociais”. “Mesmo em situações de doença ou de falecimento ela não ajudava os artistas com quem tinha contratos”. E questionou: “Porquê os Djaaka, o Grupo Eyphuru e o Mr. Arsen deixaram de trabalhar com o Roland?”. Sem disfarçar a sua emoção enquanto falava, Dilon Djindji disse ainda que, “em várias ocasiões enquanto estivemos na Europa actuámos sem sermos pagos”. E disse mais: “que contrato de exclusividade é esse em que o artista morre à fome?”. Segundo o artista o seu contrato com a «Mozambique Recording Lda», “só era válido para a Europa”.
“Estou muito bem com a Vodacom”
Na entrevista com o «Canal de Moçambique», Djindji fez questão de ressalvar, repetidas vezes, “estar muito satisfeito com o relacionamento que mantém com a «Vodacom»”. “Ganho 48 Mil MT por mês e a «Vodacom» vai agora financiar a reabilitação da minha casa em Marracuene”. Depois de ter procurado, por iniciativa própria, e não ter encontrado na sua bolsa os comprovativos dos seus salários, o artista questionou: “Roland é capaz de me dar essas condições? Se for capaz, rompo com a «Vodacom» e volto a trabalhar com ele”.
Dilon Djindji não quis terminar a sua entrevista com o «Canal de Moçambique» sem dizer: “não acredito que haja artista que goste tanto do Roland como eu”. E sem antes dizer que “o vice-ministro da Educação e Cultura, Luís Covane aconselhou-me a não abandonar o Projecto Mabulu em virtude deste ser uma das bandeiras de Moçambique além-fronteiras”. Contudo, os factos mostram que o veterano cantor não acatou o conselho do vice-ministro da Educação e Cultura, por sinal, alguém com responsabilidades nas questões culturais do governo do dia.
“Não estou preocupado com Dilon Djindji” - afirma Rolland Hohberg
Contactado pelo «Canal de Moçambique», o produtor Rolland Hohberg, minimizou as declarações do músico Dilon Djindji. “Não estou preocupado com o que Dilon Djindji diz”. Segundo Hohberg, “foi Dilon Djindji que pediu-me para integrar o Projecto Mabulu, eu nem sequer o conhecia, pese o facto de residir há vários anos em Moçambique”. Roland Hohberg disse estar, sim, “preocupado com a falta de fiscalização e apoio do governo e com a falta de ética empresarial de algumas empresas”.
Na sua opinião, “o governo cobra impostos mas não protege as empresas licenciadas”. Segundo ele, “na cidade de Maputo as editoras estão a recorrer a estúdios piratas e o governo nada faz para travar essa situação”. Nas palavras de Rolland Hohberg perante o actual estado das coisas, “as empresas licenciadas estão a ser empurradas para falência porque os estúdios piratas cobram muito barato e, nem sequer pagam impostos”. Outra preocupação do sócio-gerente da «Mozambique Recording Lda», prende-se com “a falta de apoio do governo para um projecto que promove a música moçambicana em vários cantos do mundo”. Situação que encerra um paradoxo em virtude do vice-ministro da Educação e Cultura ter dito ao músico Dilon Djindji que “o Projecto Mabulu é uma das bandeiras de Moçambique além-fronteiras”. Caso para dizer que o governo apesar de reconhecer a importância do Projecto Mabulu na divulgação internacional da música moçambicana não o apoia. Sobre o alegado incumprimento da parte de Dilon Djindji, Roland Hohberg, disse o seguinte: “penso que houve falta de ética empresarial da parte das empresas que contrataram o artista na medida em que ele tinha contrato comigo”. O entrevistado da «Canal de Moçambique» lembrou que aquando da criação do Projecto Mabulu ele pretendia trabalhar com o já falecido músico Jeremias Nwenha e, também com Xidiminguana. Contudo, segundo ele, “como eles tinham contratos com as suas editoras tive que recuar”. “Qualquer um sabe que foi com o Projecto Mabulu que Dilon Djindji e
Mr. Arssen apareceram juntos”, conclui.
(Celso Manguana) 13/03/2008
Produtor alemão desiludido com músicos moçambicanos por incumprimento de contratos.
“ Temos contrato de exclusividade com vários músicos mas, para nosso espanto, eles assumem compromissos com outras entidades à nossa revelia”- Roland Hohberg, Sócio-gerente da Mozambique Recording Lda,
“ Temos contrato de exclusividade com vários músicos mas, para nosso espanto, eles assumem compromissos com outras entidades à nossa revelia”- Roland Hohberg, Sócio-gerente da Mozambique Recording Lda,
Maputo (Canal de Moçambique) - O produtor musical Roland Hohberg, de nacionalidade e há vários anos a trabalhar em Moçambique área de produção e divulgação da música moçambicana além fronteiras, disse em entrevista exclusiva ao « Canal de Moçambique», estar “ muito desiludido com os músicos moçambicanos” Segundo ele a sua empresa firmou contratos de exclusividade com vários artistas moçambicanos que, nas suas palavras, “ violaram os respectivos contratos o estabelecer contratos com outras entidades à revelia da nossa empresa e sem sequer terem nos informado”. Visivelmente agastado com a instituição, o interlocutor do «Canal de Moçambique», disse que a sua empresa estabeleceu com alguns artistas “ contratos de edição e produção de discos e também, contratos de agenciamento”. O passo seguinte, segundo Roland Hohberg, “ é fazermos contactos no sentido de colocar o artista e a sua obra no mercado internacional”.
O interlocutor do «Canal de Moçambique», fez questão de referir que a colocação do artista e da sua obra no mercado internacional “exige muito investimento”. “ colocar um artista num stand internacional exige um investimento na ordem dos 10 Mil ou 15 Mil US dólares”.
Sobre os artistas que, segundo Roland Hohberg, violaram os contratos com a sua empresa, ele citou os seguintes “ Grupo Eyphuro, Grupo Djaaka e Dilon Djindji”. Hohberg fez questão de ressalvar que, “ o caso de Dilon Djindji é o mais grave”. Segundo ele, o decano da música moçambicana que tinha um contrato de exclusividade com a sua empresa , “ violou o referido contrato e foi estabelecer um contrato de trabalho com a agência de publicidade DDB para ser o rosto das publicidades da operadora de telemóvel «VODACOM»”. O interlocutor do nosso jornal , disse ter se aproximado as duas empresas no sentido de resolver a situação mas não logrou êxitos em virtude das mesmas terem referido não ter antes tomado conhecimento da situação contratual do artista.
Dilon Djindji ameaça expulsar Roland de Moçambique
Segundo Roland Hohberg, numa das ocasiões em que esteve reunido com o artista e com representantes das referidas empresas, Dilon Djindji terá dito que, “ caso Roland persistisse em levantar a questão de violação de contrato ele poderia recorrer as suas influências para a sua expulsão de Moçambique”. Roland Hohberg disse estar amargurado com a atitude de Dilon Djindji visto que, segundo ele, “ foi com Projecto Mabulu que o seu nome voltou a ganhar eco na arena musical moçambicana e internacional, antes disso ele já estava apagado”. Sempre amargurado, o entrevistado do «Canal de Moçambique» disse que, “ perante o actual cenário é complicado investir no agenciamento dos artistas moçambicanos em virtude destes não cumprirem com os contratos, o que inviabiliza o negócio”. Roland Hohberg fez questão de referir que,” de todas as vezes que levamos artistas moçambicano para actuarem no exterior nunca tivemos apoios ou patrocínios. Tudo foi feito com o nosso dinheiro que perante tal atitude dos artistas acaba não tendo retorno”. A título de exemplo disse que o «Projecto Mabulu» foi convidado para actuar num grande concerto no estádio londrino de Wembley mas não chegou a ir por que das várias entidades a que se pediu patrocínio nenhum se dignou a patrocinar a referida viagem. “ Era um concerto com fins humanitários e, por isso, os artistas não tinham direito cachet mas foi um concerto em participaram grandes nomes da música mundial e que seria uma óptima montra para a música moçambicana”.
TVM na berlinda
A dado passo da conversa com o «Canal de Moçambique», Roland Hohberg, também mostrou-se desiludido com o canal público de televisão, a «TVM». Segundo ele, a referida estação, nos seus serviços noticiosos, quando se referia ao « Festival de Marrabenta 2008» que recentemente decorreu em Maputo, recorria a imagens de espectáculos do «Projecto Mabulu» cujos direitos são detidos pela sua empresa. Na opinião do nosso entrevistado, está situação “ é paradoxal”, pois , segundo ele, houve um período em que recorreu à «TVM» no sentido de ter acesso a imagens do «Projecto Mabulu», contudo, funcionários do referido canal de televisão disseram que não existiam as imagens pretendidas no acervo do canal público de televisão.
Fonte : Celso Manguana in Canal de Mocambique
Sem comentários:
Enviar um comentário