Por ocasião dos cinco anos da «N´kuyengany Produções” têm lugar esta sexta-feira, no «Centro Cultural Franco Moçambicano», um espectáculo para a celebração da efeméride. Este evento irá contar com o retorno aos palcos de Chico António, com «Retrospectiva II».
Esta aparição será marcada por temas executados ao ritmo «Afro-fusion» resultantes de uma evolução notória nos mais de 25anos de carreira musical que já conta Chico António ou o homem de “Mercandonga”, que é um dos seus temas que fez sucesso na década 80.
O antigo vocalista dos «Kapa-Dech», Roberto Isaias que agora actua a solo, mais o «Grupo Coral e Tufo da Mafalala» são os convidados. O espectáculo começa as 20.30.
(Amarildo Valeriano)
CHICO António é um alquimista da música moçambicana. Escreveu isso um jornalista francês que viu o nosso compatriota actuar – há cerca de um mês - na terra de Charles de Gaulle. Não resistiu em dizer que o futuro da música africana está também nas mãos do nosso compatriota. E nós concordamos em pleno com ele. Porque o autor da mais do que célebre “Baila Maria”, está constantemente – em cada passo que dá – empenhado na transmutação dos ritmos tradicionais para obter o ouro.
Chico está na França – quinze anos após ter recebido o Prémio Descobertas da Rádio França Internacional – para recuperar a relação que estabeleceu com os franceses e o mundo. Ele leva no bornal uma espécie de roque africano, reggae, blues, jazz, para mistura-los ao tradicional, que traz no estômago desde os tempos em que recebe a luz. Ao encontro da qual ele vai. Sempre.
A Europa – para onde Chico António devia ir sempre, ou estar lá, por ser lá onde passa um dos paralelos mais importantes da música universal – anda à procura de um criador como o nosso Chico. E parece tê-lo encontrado. Encontrou-o. Mas o que falta, conforme nos disse o director do Centro Cultural Franco-Moçambicano, Jean Michel, é um manager para abrir as portas deste grande músico.
Chico António é um talento imenso. Nunca se deixou influenciar pela sua grandeza. Ele já diz, numa das suas canções mais profundas, mesmo assim pouco conhecida, que as coisas mais importantes da vida levam tempo para encontrar. É um tema da década de 80 e puxou-o para agora, revestindo-o de reggae. E isto significa que o músico soube esperar. Pacientemente.
Quinze anos depois eis que volta à França. Para avassalar os franceses e o mundo. Deu cinco espectáculos. Que despertaram a consciência dos garimpeiros da futura música africana. Ele esteve num festival onde pontuavam grandes nomes respeitados mundialmente, de entre eles Lokua Kandza e Rachid Taha, este último grande referência no Festival de Jazz de Montereal, que decorreu entre Junho e Julho deste ano. Chico era o único não francófono, no festival que decorreu na França. E numa das suas actuações incendiou completamente uma sala que comportava no seu interior cerca de mil espectadores.
COM POESIA NO ESTÔMAGO
Um jornal francês, o Télérama - num artigo assinado por Daniel Conrod –– escrevia que Chico António é um poeta que traz palavras profundas do estômago e do coração. É um diário de especialidade que escreveu isso. Um diário de pesquisa, que tem todos os dias 800 mil leitores. E o jornalista disse isso depois de ter visto o músico tocar no Xima, na cidade de Maputo, em Agosto deste ano.
Mas o director do centro Cultural Franco Moçambicano insiste em como Chico António tem que ocupar outros espaços na Europa. “O Chico não tem materiais gravados com qualidade, que hoje em dia é exigida na Europa e nos Estados Unidos. E é necessário que isso seja feito, porque este personagem tem um talento de ouro”.
Numa das salas – repleta - em que Chico António tocava, as pessoas, mesmo sem perceberem a língua, regozijavam perante o desempenho deste ídolo de muitos. Ou seja, deste ponto cardeal que a Europa anda à procura. É necessário – segundo Jean Michel - que se façam gravações dos espectáculos de Chico António, a fim de enviá-las para Europa. Só assim é que as portas deste artista podem estar definitivamente abertas. E Chico merece essas portas. Ele é muito bom. Muito bonito de coração. Muito humilde. “Gostaria de ter uma gravação de um espectáculo dele no Xima ou noutro local onde esteja a interagir com o público”. Aliás, ainda sobre o Xima, o jornalista da Télérama, diria que o trabalho de Chico António é sublime.
Ainda sobre o seu desempenho na França, Jean Michel disse-nos que esforços serão envidados para que os moçambicanos vejam o que o nosso compatriota andou a fazer pelo velho continente. “Ele tem todos os elementos para se tornar num dos maiores da Europa e do mundo, ao nível de Salif Keita, Yossou Ndour.
AINDA NA FRANÇA
Chico António ainda se encontra na Europa. Desta feita a fazer teatro. O grupo que lhe acompanhou no espectáculos musicais – composto por Carlitos Gove, Jorge Domingos, Stélio e Rufas Maculuve – já se encontra em Maputo. Chico ficou com cinco actrizes, nomeadamente de Congo Kinshasa, Congo Brazaville, Japão, França e Moçambique. A peça chama-se Talvez. É um trabalho que gravita à volta da mulher. Conta a História da mulher. Uma história contada por mulheres. E Chico António é um único homem no enleco, tendo como missão tocar, cantar e intervir como actor teatral. Nessa representação Moçambique, para além de Chico António, é representado por Açucena Manjate e Errónea Malate.
Eles vão percorrer toda a França com esta peça. Já apresentada em Maputo, nos dias 22 e 23 de Fevereiro deste ano.
Recorde-se que esta estada de Chico António na França teve um contributo do director do Centro Cultural Franco-Moçambicano, Jean Michel e do director da SONARTE, Filimone Mabjaia.
ALEXANDRE CHAÚQUE In Noticias de 16 Novembro de 2007
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