A CIDADE de Maputo foi palco no pretérito fim-de-semana, ou seja, de sexta-feira a domingo último, da primeira edição do festival internacional de artes – o Festival Tunduro. Tratou-se de um movimento cultural multidisciplinar que englobou várias expressões artísticas, dentre elas a música, dança, artesanato, teatro, gastronomia, fotografia, moda, artes plásticas, entre outras, envolvendo fazedores de arte e cultura nacionais e internacionais, representando ao todo um total de 17 países.
Tunduro conforme os organizadores, é um festival de carácter internacional que pretende tornar-se uma referência cultural mundial.
O evento teve como cabeça de cartaz a veterana cantora sul-africana, PJ Power que se evidenciou na era da luta contra o apartheid. Na altura PJ Power apresentava-se em público com calçado preto e branco, numa clara alusão à necessidade de reconhecimento de que África do Sul é um país multiracial e que, por conseguinte, não havia espaço para o "apartheid".
Da Costa do Marfim veio Aly Keita, um exímio tocador de Balafone, da Alemanha o rapper Amewu, da Itália o músico Giorgio Mirto (viola clássica), da Zâmbia a cantora Maureen, da Espanha a companhia Palo Q’Sea.
Da vizinha África do Sul além da PJ Power vieram Natalie Rungan, Tucan Tucan, Moreira Chonguiça, João Cabral, estes últimos músicos moçambicanos radicados naquele país vizinho.
No entanto, contra todas as expectativas o festival não logrou sucesso. Pouco público aderiu ao festival, houve muita desorganização na realização das actividades previstas.
A programação previamente feita foi somente para o “inglês ver” como sói dizer-se na gíria popular. Nada foi cumprido com todas as consequências daí decorrentes. Havia muitas pessoas associadas à produção, mas pouco se via do seu trabalho.
A cantora sul-africana PJ Power, que à partida era assumida como cabeça de cartaz e que nos anos 90 enchia o campo de futebol do clube Maxaquene, passou a margem do sucesso. Os Massukos, banda da província do Niassa, granjeou mais simpatia do público que PJ Power. Só quem esteve no Centro Cultural Franco Moçambicano (CCFM) pode testemunhar.
Facto curioso é que o director executivo do festival, Filimone Mabjaia, ao invés de se preocupar a gestão do evento, apareceu repetidas vezes no palco do CCFM a fazer papel de Mestre-de-cerimónias (MC).
EVOCANDO OS ESPÍRITOS
Como que evocando os espíritos, o tradicional “Kuphahla”, o festival iniciou nas primeiras horas da noite de sexta-feira, com uma homenagem aos grandes colossos da música moçambicana, nomeadamente, Fany Fumo e Alexandre Langa.
A evocação foi feita por um naipe de classe, nomeadamente os músicos Xidiminguana, António Marcos, Seth Swazi, João Cabaço, Chico António, Hortêncio Langa, Moreira Chonguiça, Carlitos Gove e Zito. Para o delírio do público que se fez presente no anfiteatro do Centro Cultural Franco Moçambicano (CCFM), tocaram e cantaram com mestria as músicas de Fany Pfumo e Alexandre Langa. Assim começou o festival internacional de artes – Tunduro.
Depois daqueles colossos da música moçambicana, foi a vez do costamarfinense Aly Keita que se fez acompanhar no palco por músicos moçambicanos, nomeadamente João Cabral (guitarra), Machume (Timbila). Foi uma mistura agradável de guitarra, timbila e balafone.
Maureen, cantora que veio da Zâmbia “fechou” a primeira noite do festival.
NAS RUAS DA BAIXA
O segundo dia do festival foi caracterizado por um espectáculo de rua que juntou dezenas de artistas entre nacionais e estrangeiros que no ambiente festivo percorreram a Avenida 25 de Setembro até à Praça 25 de Junho, local onde havia sido montado o palco Tony Django, em homenagem àquele jovem líder vocal da banda Kapa Dech, recentemente falecido.
Foi uma mistura das artes cénicas moçambicanas, com as tradições de teatro de rua europeias e o som dos batuques. A grande atracção do espectáculo foi a Companhia PALO Q´SEA, oriundo da Espanha. Foi a primeira vez que aquele afamado grupo se apresentou no continente africano, trazendo a versão completa do espectáculo ROMPE CANDELA.
Entretanto, a maior decepção do público foi a não realização do grande concerto que estava previsto para aquele local com início programado para as 15 horas e o término as 4 horas de madrugada de domingo.
O espectáculo seria a grande presença moçambicana no festival pois, estava previsto que desfilassem músicos como Ziqo, Filipe Nhassevele, João Bata, Baptista Tsinini, Leman Pinto, Yolanda Chicane, Rafael Bata, Pureza Wafino, Isabel Flores, Maisha, as bandas A-xikunda, YPG – Ragga, Rãs Haitrm, Marrabenta Vodacom, Black Roots, Moticoma, Mbilu.
UMA LIÇÃO …
O festival internacional de artes – Tunduro não foi de todo ele um sucesso. Desde o primeiro dia assistiu-se a várias situações que revelavam desorganização. Filimone Mabjaia, director executivo do festival na hora do balanço reconhece que muitas actividades não foram realizadas e outras revelaram alguma falta de sintonia entre o pessoal envolvido na produção, incluindo com algumas empresas fornecedoras de serviços.
Nalguns casos, Mabjaia apontou excessiva burocracia, mas no fundo desdramatiza, afirmando que se tratou de uma primeira experiência, portanto, susceptível de erros.
“As coisas não aconteceram por razões de força maior, mas no cômputo geral e, tratando-se de uma primeira experiência, a nossa avaliação é positiva. As falhas que se verificaram vão servir de lição para os próximos eventos”, disse Filimone Mabjaia.
Maputo, Quarta-Feira, 1 de Setembro de 2010:: Notícias
O evento teve como cabeça de cartaz a veterana cantora sul-africana, PJ Power que se evidenciou na era da luta contra o apartheid. Na altura PJ Power apresentava-se em público com calçado preto e branco, numa clara alusão à necessidade de reconhecimento de que África do Sul é um país multiracial e que, por conseguinte, não havia espaço para o "apartheid".
Da Costa do Marfim veio Aly Keita, um exímio tocador de Balafone, da Alemanha o rapper Amewu, da Itália o músico Giorgio Mirto (viola clássica), da Zâmbia a cantora Maureen, da Espanha a companhia Palo Q’Sea.
Da vizinha África do Sul além da PJ Power vieram Natalie Rungan, Tucan Tucan, Moreira Chonguiça, João Cabral, estes últimos músicos moçambicanos radicados naquele país vizinho.
No entanto, contra todas as expectativas o festival não logrou sucesso. Pouco público aderiu ao festival, houve muita desorganização na realização das actividades previstas.
A programação previamente feita foi somente para o “inglês ver” como sói dizer-se na gíria popular. Nada foi cumprido com todas as consequências daí decorrentes. Havia muitas pessoas associadas à produção, mas pouco se via do seu trabalho.
A cantora sul-africana PJ Power, que à partida era assumida como cabeça de cartaz e que nos anos 90 enchia o campo de futebol do clube Maxaquene, passou a margem do sucesso. Os Massukos, banda da província do Niassa, granjeou mais simpatia do público que PJ Power. Só quem esteve no Centro Cultural Franco Moçambicano (CCFM) pode testemunhar.
Facto curioso é que o director executivo do festival, Filimone Mabjaia, ao invés de se preocupar a gestão do evento, apareceu repetidas vezes no palco do CCFM a fazer papel de Mestre-de-cerimónias (MC).
EVOCANDO OS ESPÍRITOS
Como que evocando os espíritos, o tradicional “Kuphahla”, o festival iniciou nas primeiras horas da noite de sexta-feira, com uma homenagem aos grandes colossos da música moçambicana, nomeadamente, Fany Fumo e Alexandre Langa.
A evocação foi feita por um naipe de classe, nomeadamente os músicos Xidiminguana, António Marcos, Seth Swazi, João Cabaço, Chico António, Hortêncio Langa, Moreira Chonguiça, Carlitos Gove e Zito. Para o delírio do público que se fez presente no anfiteatro do Centro Cultural Franco Moçambicano (CCFM), tocaram e cantaram com mestria as músicas de Fany Pfumo e Alexandre Langa. Assim começou o festival internacional de artes – Tunduro.
Depois daqueles colossos da música moçambicana, foi a vez do costamarfinense Aly Keita que se fez acompanhar no palco por músicos moçambicanos, nomeadamente João Cabral (guitarra), Machume (Timbila). Foi uma mistura agradável de guitarra, timbila e balafone.
Maureen, cantora que veio da Zâmbia “fechou” a primeira noite do festival.
NAS RUAS DA BAIXA
O segundo dia do festival foi caracterizado por um espectáculo de rua que juntou dezenas de artistas entre nacionais e estrangeiros que no ambiente festivo percorreram a Avenida 25 de Setembro até à Praça 25 de Junho, local onde havia sido montado o palco Tony Django, em homenagem àquele jovem líder vocal da banda Kapa Dech, recentemente falecido.
Foi uma mistura das artes cénicas moçambicanas, com as tradições de teatro de rua europeias e o som dos batuques. A grande atracção do espectáculo foi a Companhia PALO Q´SEA, oriundo da Espanha. Foi a primeira vez que aquele afamado grupo se apresentou no continente africano, trazendo a versão completa do espectáculo ROMPE CANDELA.
Entretanto, a maior decepção do público foi a não realização do grande concerto que estava previsto para aquele local com início programado para as 15 horas e o término as 4 horas de madrugada de domingo.
O espectáculo seria a grande presença moçambicana no festival pois, estava previsto que desfilassem músicos como Ziqo, Filipe Nhassevele, João Bata, Baptista Tsinini, Leman Pinto, Yolanda Chicane, Rafael Bata, Pureza Wafino, Isabel Flores, Maisha, as bandas A-xikunda, YPG – Ragga, Rãs Haitrm, Marrabenta Vodacom, Black Roots, Moticoma, Mbilu.
UMA LIÇÃO …
O festival internacional de artes – Tunduro não foi de todo ele um sucesso. Desde o primeiro dia assistiu-se a várias situações que revelavam desorganização. Filimone Mabjaia, director executivo do festival na hora do balanço reconhece que muitas actividades não foram realizadas e outras revelaram alguma falta de sintonia entre o pessoal envolvido na produção, incluindo com algumas empresas fornecedoras de serviços.
Nalguns casos, Mabjaia apontou excessiva burocracia, mas no fundo desdramatiza, afirmando que se tratou de uma primeira experiência, portanto, susceptível de erros.
“As coisas não aconteceram por razões de força maior, mas no cômputo geral e, tratando-se de uma primeira experiência, a nossa avaliação é positiva. As falhas que se verificaram vão servir de lição para os próximos eventos”, disse Filimone Mabjaia.
Maputo, Quarta-Feira, 1 de Setembro de 2010:: Notícias
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