segunda-feira, 20 de julho de 2009

Festival Tambu arranca com debate sobre literatura


INICIOU ONTEM (15/07/2009), na cidade de Pemba, o tradicional festival Tambo, organizado pela Associação Cultural Tambo Tambulani Tambo. O pontapé de saída foi dado pelos debates à volta da literatura, onde a figura de proa foi a escritora Paulina Chiziane, que falou da sua experiência a estudantes, candidatos à arte de escrever, na presença de convidados estrangeiros provenientes da Holanda, Estados Unidos e Brasil.


Paulina Chiziane foi “bombardeada” pelos seus fãs, principalmente estudantes “chateados” com o Niketche, uma das suas mais notáveis obras, recentemente reeditada pela sexta vez, referida nos exames extraordinários ainda em curso.

O carácter modesto, a frontalidade e a maneira como facilmente se confunde com o povo são algumas das características que foram levantadas para que ela esclarecesse àqueles que nunca haviam imaginado uma grande mulher colada na figura corporal que tiveram a possibilidade de com ela privar no centro cultural Tambo.

Esperam-se ainda delegações de outros pontos do mundo convidadas ao evento, que sempre utilizou o lema “celebrando a diversidade cultural”, bem assim pela Manuela Soeiro, do Mutumbela Gogo, e do artista nampulense que já publicou livros em banda desenhada, Justino Cardoso, que promete logo a seguir montar uma exposição sobre a província de Cabo Delgado, distrito por distrito.

Ainda ontem, já pela noite, houve uma sessão de “dizer poesia”, mais uma vez com o envolvimento de estudantes e outros poetas em miniatura. Destaque para Thomas, um burundês que levava na manga poemas escritos em francês, portugues e inglês e Buchulinho, que fez à questão de trazer um poema escrito e lido na sua língua materna, o shimakonde.
Entretanto, Paulina Chiziane anunciou ainda ontem o lançamento, para breve, de um concurso, no quadro de um festival de poesia dedicado a Eduardo Mondlane, para o qual se podem candidatar os nacionais, a título individual, com idades dos 13 ou mais anos, aconselhando-se que as obras sejam inéditas e escritas na língua portuguesa.

De acordo com o Regulamento, o júri será constituído por três individualidades de reconhecida competência por província e cinco a nível nacional.
Sairão os melhores 10 concorrentes por província, sendo que serão seleccionados três participantes por categoria de melhor técnica, em que o primeiro receberá livros no valor de 30 mil meticais e um computador portátil.

Ao segundo caberá o prémio de livros no valor de 20 mil meticais e um computador igualmente portátil, enquanto que o terceiro classificado vai receber livros no valor de 10 mil meticais.
Está prevista a atribuição de prémios à categoria popular, cujos prémios consistirão em equipamentos de som e computadores portátis. Mais importante ainda é o facto de o concurso prever que aos premiados será outorgada a edição das suas obras em colectânea e disco, obrigando-se os autores a transmitirem para os organizadores todos os direitos de autor relativos à primeira edição.

Paulina Chiziane diz que a iniciativa tem em vista falar de Eduardo Mondlane intelectual e social, “porque o Eduardo Mondlane, o político ou militar, está sempre a ser referido pelos políticos, queremos trazer Mondlane da maneira como os políticos nunca falam”.

Pedro Nacuo

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