segunda-feira, 25 de maio de 2009

Concha Buika: O esplendor de uma voz … que passou por cá

AINDA que não seja sonora, esta referência, não resistimos em nos referirmos, aqui, à passagem pela nossa terra de uma voz esplêndida, de uma espanhola de sangue africano. Chama-se Concha Buika, cantora nascida em Palma de Maiorca, Espanha, de pais originários da Guiné Equatorial, e actuou recentemente em Maputo por ocasião do V Festival Internacional de Música Clássica, que para além dela trouxe artistas dos Estados Unidos, Taiwan, Dinamarca, França, Portugal, Itália e Rússia. 

Quem pensa na Espanha, musicalmente, remete-se “a priori” ao flamenco. Mas a música de Concha Buika não é apenas esse ritmo daqueles ibéricos. É também carregada de jazz, soul e sons latinos e africanos. Foi o que vimos numa dessas noites do festival anual que a capital do país acolheu, num Teatro Avenida repleto de gente que conhecia e desconhecia Concha.

O espectáculo, em que ela esteve acompanhada de um pianista e de um percussionista flamenco, foi centrado na mistura dos discos da cantora: “Niña de Fuego” e “Mi Niña Lola” e, o seu de estreia, “Buika”. Carregada de emoção ao actuar pela primeira vez num lugar em que, ao mesmo tempo, estava a ser unanimemente bem recebida por uma plateia que dela queria matar saudades (a comunidade espanhola em Maputo, que fazia a maioria dos espectadores) e os que a queriam descobrir.

Ao ritmo – e à melodia – de canções como “Volver”, “Buleria Alegre”, “Loca”, “Nostalgia”, “Mi Niña Lola” e tantas outras com que fez o espectáculo, Maputo conheceu outras sonoridades por via de um festival que potenciou a música clássica, mas que se não esqueceu de outros sons, como os de Buika ou do gospel do Majeschoral (que se casou durante o festival com o piano, de um norte-americano).

Concha Buika passou, mas a sua voz deixou marca num festival que, depois de homenagear artistas como Malangatana (um dos seus impulsionadores, pelo amor que tem à música clássica) ou Reinata, desta vez homenageou Gabriel Chiau.

O sucesso de Buika estalou há menos de uma década, depois de, tal como as grandes divas internacionais da música, ter experimentado de tudo um pouco. Tocou nos bares de Palma de Maiorca e chegou a imitar Tina Turner em casinos de Las Vegas, antes de se estabelecer definitivamente em Madrid. Agora que segue uma carreira firme, mais cheia de certezas do que de “ses”, já prepara o seu terceiro disco, que gravará com a estrela cubana do piano Chucho Valdez. 

:: Notícias Quarta-Feira, 6 de Maio de 2009

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