sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Matias Damásio "abre em grande" temporada da Casa 70, na condição de anfitrião pela primiera vez

Actuar ao vivo, como convidado e sem playback, há muito deixou de "assustar" o criativo músico angolano Matias Damásio que, apesar da fama, não deixou de exteriorizar, na noite da última quinta-feira, uma emoção invulgar por actuar, pela primeira vez na carreira, na condição de anfitrião da Casa 70.

Habituado a pôr à prova a sua qualidade vocal e veia compositora, o autor de "Mboa Ana" recorreu à experiência acumulada para "vergar" o participativo público de uma interactiva gala, sem, contudo, conseguir disfarçar o habitual nervosismo de entrada num "show".

Em pouco mais de duas horas e meia, o compositor brindou a plateia com 22 músicas, grande parte delas do novo álbum (Amor e Festa na Lixeira), que figura entre os mais procurados, vendidos e dançados nas pista de dança de todo o país, em apenas três meses de "consumo".

A noite era de gala, especial para um artista que continua a afirmar-se no mercado, quer em género semba como em ritmo zouk, mas nada limitava a "estrela da Lixeira" na sua comunicação com a plateia. Matias até vestiu-se a rigor, trajando fato branco em símbolo de paz, mas, em momento algum, deixou de parte o seu linguajar popular.

Mesmo antes de dar a cara pela primeira vez na noite, já os sorrisos faziam morada no rosto dos mais 350 espectadores que coloriram a casa e suportaram mais de quatro horas, para ouvir de perto e viva voz alguns dos temas que "agitam" as festas e discotecas nacionais, como "A Outra" e "Evita Problemas".

O aparente nervosismo de Mota Lemos, empresário de Matias, espelhava, desde então, a responsabilidade de não desfraldarem na primeira, de uma série de três espectáculos que a Casa 70 confiou ao músico do momento.

"A Casa 70 dispensa comentários no que concerne à organização de espectáculos. Estamos prontos e à espera da hora, para atacar esse show, preparado ao longo de alguns meses", expressou o empresário à Angop, antes do início da festa.

Com a casa completamente composta, o show iniciou-se mesmo à hora marcada, 22:00, depois de o público ter apreciado o habitual “buffet” da casa que serviu de aperitivo para uma contagiante actuação de Damásio e convidados.

Para início de "operação", escolheu o tema "Luanda", em sinal de boas vindas. "Boa noite! Eu e a banda viemos cantar Luanda, no dia da nossa cultura. Minha Luanda bate só palmas, levanta poeira, sai do chão", incita o artista, e a plateia correspondeu.

Os três primeiros temas foram ovacionados, mas a participação do “corista de bancada” ainda não é a ideal. Matias apercebe-se e apela a maior participação da plateia, que solta-se por altura do tema “Esperança”. O músico testa, pela primeira vez na noite, a afinação vocal do público, que canta em coro “mãe dele é mbica, pai dele é João…”.

A festa ganha outro ritmo e, nesse clima, sai “Maria dos Calundus”, outro tema onde o autor evidencia a falta de sorte de um ente querido que luta contra tudo e todos para assegurar um esposo, todavia sem sucesso. No final, outra vez palmas.

“Se alguém chegasse para vocês e dissesse me beija, o que vocês fariam?, questiona Matias, antes de interpretar o tema “Me Beija”. “Vocês são a razão da minha existência. Sem vocês não há Matias Damásio”, expressa o artista, que agora chama perto de si a primeira convida da noite, curiosamente sua corista.

Djamila Miranda tem pouco tempo de palco. Canta apenas um número, em dueto com o autor de “Amor e Festa na Lixeira”, e, rapidamente, volta à posição de corista.
“Vamos ver essa miúda. É um grande talento que vai sair pela minha produtora – MD Produções. Apoiem-na”, apela o músico em solidariedade à colega de grupo.
O segundo bloco é mais agressivo, animado e vibrante. Nessa etapa, o autor canta “Sempre Maria”, “Porquê” e “Declaração de Amor”, o último um tema novo de homenagem ao semba, que promete incluir no seu próximo disco, ainda sem data de publicação.

Depois de interpretar “11 de Novembro”, chama o segundo convidado da noite. Gabriel Tchiema que entra em dueto com Matias, antes de soltar um dos temas do seu novo álbum, saído em finais de 2008.
A sua actuação também é curta, de quase 10 minutos, mas dá ainda tempo de cantar “Nga Mussolo”, antes de devolver o microfone ao dono da festa, que regressa agora com um tema poético dedicado à Nação. “Angola - País Novo” é cantado por todos.

O público já pede os maiores sucessos do novo disco. Mas o autor mantém o “suspense” e opta por “Mãe Querida”, tema com o qual chama a terceira convidada: Pérola. A cantora apenas faz dueto nessa sentimental canção e, logo, se retira.É hora do “ataque final”. O show entra no terceiro e derradeiro bloco, o mais animado e participativo. A começar, dois temas de Jacinto Tchipa são cantados por Damásio.

O primeiro é pausado e sentimental, “Cartinha da Saudade”, mas o ritmo vibrante de “Maié Maié” levanta toda a plateia, pela primeira vez na noite.
Em ambiente de euforia geral, o músico vem agora com "carga máxima", tirando da “cartola” os sucessos do momento. Primeiro sai “Evita Problemas” para, logo a seguir, interpretar “Você não Acreditou”. O público pede bis, mas o artista resiste, seguindo o alinhamento do guião feito pelo director artístico do espectáculo, Pirica Duya.

“Podemos repetir essa música no fim? Se não o dono do espectáculo nos corre do palco”, acalmou Damásio, antes de cantar outro grande tema de sucesso “Mboa Gi”.
O termo do show já se adivinhava, mas tudo e todos esperam pelo último número.
Ao som de “Mboa Gi”, ele apresenta a banda, deixando o melhor para o fim.
E o fecho não pode ser diferente. “A Outra” vem encerrar em alta uma festa animada e interactiva. O público canta, dança, grita e reforça o coro da canção do momento em Angola. “Desculpa só, eu sou a outra, também mereço ser feliz…”, expressam os mais de 300 espectadores, emocionados com o lado poético da letra.

Os relógios marcavam 00:35 minutos. Os rostos alegres da plateia deduziam a satisfação geral da assistência, sentimento plasmado no desabafo de um espectador . “Nossa! Valeu a pena”, expressou um fã de Damásio, ao lado dos repórteres da Angop.

FNT/angop


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