QUANDO a selecção dos melhores timbileiros de Zavala (M’kwayo) subiu ao palco, sábado último em Quissico, para proceder à abertura do festival, gerou-se uma enorme expectativa no cordão humano que se formava no anel do miradouro de Quissico. E muitos se perguntavam, atónitos, ‘mas o que será o m’kwayo, depois de muitos anos sem termos uma selecção de timbileiros aqui em Zavala?’. Eram aos milhares as pessoas que se faziam presentes no miradouro.
E aos primeiros toques desta orquestra, uma estrondosa ovação ouviu-se do público. E reacendeu a chama da consagração daquela manifestação cultural, num palco em que estavam mais de trinta instrumentistas e perto de 20 bailarinos.
A execução com mestria dos hinos Nacional e da Amizava deixou claro que aqueles timbileiros queriam justificar a sua escolha para participação no M’kwayo, bem como a razão de serem considerados como os melhores marimbeiros da actualidade naquele distrito.
E aos primeiros toques desta orquestra, uma estrondosa ovação ouviu-se do público. E reacendeu a chama da consagração daquela manifestação cultural, num palco em que estavam mais de trinta instrumentistas e perto de 20 bailarinos.
A execução com mestria dos hinos Nacional e da Amizava deixou claro que aqueles timbileiros queriam justificar a sua escolha para participação no M’kwayo, bem como a razão de serem considerados como os melhores marimbeiros da actualidade naquele distrito.
Não admira, pois, que o Chefe do Estado, Armando Emílio Guebuza, que assistia ao acto, aplaudisse com regozijo. Aliás, Armando Guebuza fez história ao se tornar no primeiro Presidente da República que vai assistir ao M’saho, desde que ele é celebrado naquela perspectiva há 13 anos.
Venâncio Mbande (Timbila ta Venâncio Mbande), Filipe Feijão (Timbila ta Muaneni), Estevão Mathule (Timbila ta Mazivela) e Bernardo Mavique (Timbila ta Nhacutou) são alguns dos mestres que compõem a orquestra, à par de jovens como Bob Mahuaie, Horâcio Mbande e Sozinho Gomes Mathule.
Era o princípio de uma grande festa que, tendo iniciado às 08:00 horas, só viria a conhecer o seu término perto das 21:00 horas, mas também precipitada pela fraca corrente no palco.
Timbila ta Muaneni e de Mazivela são algumas das orquestras que se exibiram sabiamente naquele palco, exibindo não só uma renovação no que diz respeito aos bailarinos e um melhoramento na componente de execução rítmica, como também demonstrando maturidade no domínio do palco. Não estaremos enganados se dissermos que estas duas orquestras são um viveiros dos timbileiros do futuro, pois a sua formação é composta por crianças e jovens que tem uma capacidade de cantar e dançar extraordinária.
Tivemos ainda em palco, o Xigubo apresentado por uma orquestra de Funhalouro, de Homoine, Inharrime, Guilundo e Mavila.
Mas, em diferentes grupos, as pessoas continuaram a festa, cantando em entre eles ou assistindo conversando enquanto se deliciam com vários comensais que estavam disponíveis um pouco por toda a vila.
A Escolha do lema “O Grande M’saho, Preservando o Património da Humanidade” foi justificada, pois os grupos que desfilaram tiveram uma excelente actuação dos vários grupos de timbileiros que estiveram naquele palco.
M’KWAYO: UMA SELECÇÃO DE MESTRES
Esta não é a primeira vez que se forma um m’kwayo. Os timbileiros sempre procuraram fazer uma selecção dos melhores tocadores e compositores. Esta orquestra era chamada para participar nas grandes cerimónias da colheita e ou para casamentos dos chefes tradicionais. Mas, depois começaram a surgir conflitos entre os próprios tocadores, sobretudo derivados do facto de todos quererem liderar o m’kwayo porque considerados como os melhores tocadores. E todos se considerando uns melhores que os outros, queriam ficar no centro, lugar reservado aos mestres. Fala-se até de situações de feitiçaria. Muitos marimbeiros dos m’kwayo morriam em situações estranhas ou simplesmente desapareciam, uns eram acometidos por loucuras que lhes faziam falar a toda hora.
Assim, as selecções dos melhores timbileiros se extinguiram, passando cada um dos mestres a trabalhar sozinho no seu espaço e de forma individual e procurando, cada um deles, locais para tocar e dançar. Fala-se mesmo de timbileiros que pediam para tocar em cerimónias fúnebres e outros que simplesmente em suas residências, ficavam a tocar durante horas a fio.
Mas também, a forma como o m’kwayo se exibiu fez-nos perceber que os anciãos continuam a tocar e a dançar, da calada da noite à aurora, enquanto comem mandioca e galinha cafreal com m’tona (munhatse) e bebem aguardente de massala ou de laranja para relaxar.
E nesse sentido, a timbila vai continuar a ser o elixir que todos precisarão para se manterem vivos e erectos, pois ela é magia e sedução. É a exaltação suprema da história dos homens. Da humanidade.
Francisco Manjate e Victorino Xavier
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