Foto: Noticias
Músicos do centro e norte reclamam oportunidades Constancio é um músico que se divide entre Sofala e Zambézia. Gravou o seu mais recente trabalho em Pemba, e há dias esteve em Maputo para promove-lo, ocasião que serviu de pretexto para uma conversa.
Entre os vários assuntos tratados, Constâncio deteve-se na questão da falta de intercâmbio entre os músicos do país inteiro. Para ele, só os músicos da capital do país, deslocam às províncias, entretanto, o mesmo já não acontece com os artistas de outros pontos do país. O entrevistado refere que há um certo abandono dos músicos das restantes províncias. O entrevistado não hesita em usar a palavra «injustiça» e acrescenta: “penso que os realizadores e produtores de espectáculos deviam saber que o país é grande e há muito talento espalhado a espera também de uma oportunidade”. É prossegue, “«talvez por esse facto, os músicos se vejam na contingência de serem eles próprios a organizarem os shows que nem sempre conseguem, já que esta é uma outra área de especialidade. As pessoas procuram fazer tudo sozinhas”.
Questionado se não teme de ser mal interpretado um posicionamento regionalista, o cantor observou tratar-se de um facto inegável que assenta na base de constatações directas, de alguém que trabalha na área. “Por exemplo, na Beira, quantos músicos vem actuam aqui em Maputo, tirando os Djaakas? O mesmo acontece noutros pontos do país. Todavia, quase todos os cantores da capital do país desloca as restantes províncias, isso não mau, mas sinto que deveria haver mais entrosamento entre todos os músicos”, anotou.
Questionado se não teme de ser mal interpretado um posicionamento regionalista, o cantor observou tratar-se de um facto inegável que assenta na base de constatações directas, de alguém que trabalha na área. “Por exemplo, na Beira, quantos músicos vem actuam aqui em Maputo, tirando os Djaakas? O mesmo acontece noutros pontos do país. Todavia, quase todos os cantores da capital do país desloca as restantes províncias, isso não mau, mas sinto que deveria haver mais entrosamento entre todos os músicos”, anotou.
INSULTOS MINAM NOSSA GERAÇÃO
Aliado a isso, o artista aponta para a degradação dos conteúdos, sobre as mensagens difundidas nas músicas cantadas particularmente pelos jovens.“Para além de temas insultuosos, os artistas passaram a cantar-se a si próprios, dizem eu sou fulano, eu sou sicrano”.Antigamente, os mais velhos cantavam músicas educativas, canções que ensinavam as normas sociais, no lar, na familiar etc.Ele vê que se há um grande desequilibro à nível dos patrocinadores que apostam nesses músicos que insultam e aqueles que mesmo tendo mensagens positivas não encontram espaço para gravar e expor a sua obra.A conversa passou em revista a pirataria, um fenómeno que está a lesar músicos, editoras, produtores e público consumidor. “As pessoas continuam a copiar abusivamente as nossas obras, e ninguém pune ninguém”, disse.
NOVO ALBUM “PAPÁ”
O álbum intitulado “Papa” acaba de ser editado pela Vidisco e vem substituir a colectânea “Dúvida” que passou aparentemente despercebido junto dos seus fãs.Neste momento, paira no foro do seu íntimo alguma preocupação, pois, não sabe de como este último será recebido junto dos seus admiradores, embora Constâncio esteja seguro quanto a qualidade do trabalho final. “Penso que me entreguei de corpo e alma nesta obra. Trabalhei durante um ano. Parti da Beira para Pemba, onde trabalhei com o produtor Carlos de Lina, um jovem empreendedor que assina na produção várias colectâneas”, observa.“Durante o trabalho de estúdios trocamos ideias e procurámos fazer tudo com o maior rigor exigido numa obra que se preze”
.Nessa gravação, foram registadas dez temas, sendo um instrumental.Questionado sobre o titulo, a fonte explica que “estava em pleno estúdio a gravar, quando de repente toca o meu celular: era meu irmão a informar-me que o nosso pai estava doente. Corria risco de vida. Fiquei muito triste. E foi no meio daquela “magia” de estúdio que imediatamente me inspirei a cantar esta música que deu titulo ao álbum”.
Hoje, felizmente o pai de Constâncio, está fora de perigo.
Sobre o repertório, lembra o tema “waba”( fofoca tradução do português para o chuabo), em jeito de resposta a algumas “bocas” que apregoavam a morte precoce da sua carreira, por ter ficado algum tempo sem apresentar o novo disco...Entretanto, há um tema que na óptica do autor é interessante, intitulado “Mano José”, nele fala de um homem que ao receber o seu salário dirige-se ao bar e não abandona enquanto não acaba o seu dinheiro. Durante a sua permanecia o “mano Zé” paga tudo e a todos. É o dono do mundo. Ele é um autêntico “Zé pagante”. Constâncio iniciou-se na carreira musical há cerca de dez anos na Beira ao lado de um amigo de infância, Djei, este último uma das mais importantes figuras musicais da Beira. Ambos nasceram de sonhos e cresceram para a música e tem estado a empenhar-se, continuamente. Os seus trabalhos tem grande audiência no país inteiro, mas com o destaque para as províncias de Sofala, Zambézia e Nampula.
A par de muitos nomes da região centro e norte, o nome do jovem Constâncio faz parte dos que se recomendam, pois, as suas mensagens falam de realidades do dia-a-dia na nossa sociedade.Baseado na cidade da Beira este músico possui um repertório totalmente cantado em chuabo, falado em Quelimane.
• Albino Moisés
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