segunda-feira, 7 de julho de 2008

O Diário de uma Irreverênte (Part 1)

Coconuts-Live recebeu "o Diario de uma Irreverente"

Coordenadas:
Sábado, dia 24 de Maio de 2008.
Local: Coconuts Live, Maputo, Moçambique.

“I feel like role models today are not ment to be perfect,
but more like Angels with broken wings.” 2PAC

Uma das coisas que uma noite de festa tem de fascinante é a eliminação do efeito do tempo. Vivemos momentos sem data no calendário, como que perdidos numa linha imaginária que atravessamos sem dar conta. É por isso que a noite é tão propensa a excessos e desvios: pela própria surrealidade da sua existência. Estar uma noite em claro, dançando, cantando, saltando, pensando, amando, sofrendo ou vivendo é a criação de um tempo mágico, tão pessoal como intransmissível.


Comecei por apresentar as coordenadas do evento que me serve de pretexto para este pequeno artigo por acreditar que ele pudesse ter acontecido em qualquer outra parte do mundo. Mas foi aqui: em Maputo. Em Moçambique. Num Moçambique colectivamente ferido pela traição de um vizinho mais forte de quem esperávamos protecção e não agressão.
O Coconuts Live viveu mais uma noite para lembrar. Uma noite concebida pela Bang Entretenimento, para celebrar o lançamento do livro da Dama do Bling, intitulado Diário de uma irreverente.

O motivo que me leva a escrever não é a inspiração que tal noite me possa ter proporcionado. Mais do que inspiração, foi uma noite de transpiração. Transpiração por diversão, da parte do público que se fez presente, e transpiração de trabalho, por parte dos produtores. Na verdade, escrevo para celebrar o orgulho que senti por ver a área de organização de eventos moçambicana dar um passo adiante, no que diz respeito à qualidade do trabalho e do produto final.


Com uma casa cheia, foi apresentado um verdadeiro espectáculo de entretenimento. O que surpreende muita gente é a aderência que este tipo de eventos tem. Alguns intelectuais, por vezes pseuso-intelectuais, questionam-se sobre qual a explicação da preferência do público por eventos de menor (dizem os mesmos) cariz cultural face a eventos culturalmente mais enriquecedores (seguindo o mesmo fio de pensamento). A verdade é tão simples que chega a ser absurda: porque é mais fácil. É mais fácil sentir que pensar. É mais fácil olhar do que ver. É mais fácil escutar do que ouvir. O sucesso deste tipo de eventos deve-se à compreensão do sogredo mais importante do marketing: dar ao público o que o público quer. E, muitas vezes até, o segredo se assume como mais profundo e passa por dar ao cliente “aquilo que nem ele sabe que precisa”, como li algures...


E a noite da irreverência trouxe isso: uma resposta a um impulso emergente.Começando pela escolha dos apresentadores (Jorge Ribeiro e Fred Jossias), perfeitamente ajustada e acertada à natureza do evento, passando pelo cenário montado em palco, muito identificado com a estrela da noite, passando pela escolha dos cantores a actuar, tudo foi cuidado e trabalhado com um profissionalismo assinalável. Detalhes como: os adereços; a decoração; as roupas; as coreografias; a surpresa da apresentação do grupo Glam 4 actuando junto às habituais bailarinas da Bling, Déja Vu; o desfile de moda de Vanda Tique; a comunicação com o público... tudo foi bem conseguido.


Continua...

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