Formado em 1999, por Wrong Mind e Chaminé, então adolescentes e colegas de carteira no décimo segundo ano na Escola Secundária Francisco Manyanga, o grupo inicialmente denominou-se Psycho Basement, em alusão ao estilo liríco inspirado em comportamentos esquizofrenicos e psicopáticos aliado a uma sonoridade instrumental seca e dura, que faz lembrar os grupos hardcore de garagem ou caves.
Até então Wrong e Chaminé, tinham trilhado caminhos diferentes. Enquanto Wrong Mind participava activamente em alguns sons no projecto Squad Secreta ao lado de Brada El e 1788, Chaminé escrevia rimas e prosas desde 1995 ao som dos AC/DC, Nirvana, Metálica, Rage Against The Machine sem pensar em fazer rap algum dia, de facto, até hoje duvida que seja rapper.
Escreveu rimas para alguns rappers e grupos, como é o caso do extinto grupo BBC Family, que usou muito material escrito pelo seu punho em 97-98-99 para músicas e sessões de freestyle no programa Hip Hop Time da Radio Cidade.
É nos bancos da Francisco Manyanga, entre freestyles de colegas que nasce Psycho Basement, que no mesmo ano grava o seu primeiro som no então estúdio de Guilherme Silva ao lado dos Religious Masters.
Uma experiência que Chaminé prefere esquecer, a música Deep True, era pra ele um tremendo fracasso artistico, onde a inexperiência esteve muito bem patente. Mas uma coisa ficou bem definida com esta experiência, Wrong Mind revelou-se um promissor produtor e Chaminé, assumiu-se como um dos liricos principais do grupo, pois, o outro, Icenel, só entraria para o colectivo no ano seguinte. Icenel, liricamente irreverente e criativo, torna-se numa mais valia para o grupo e aumenta o estilo combativo e cínico que é caracteristíco do grupo.
Tudo estava nos eixos, Icenel e Chaminé, assumem a responsabilidade no que diz respeito ao que seria a filosofia do grupo em diante, na verdade o caminho nem seria tão duro assim, pois Ice e Chamí, são grandes amigos, cada um é o melhor amigo e confidente do outro, e partilham de alguns gostos comuns como é o caso múscia electronica, indie rap (thug e nerd) bem como o gosto pelos frenéticos filmes de Quentin Tarantino que lhes permitem buscar outras atmosferas artisticas para enriquecerem as suas obras.. 2002 foi um ano muito intenso para o grupo, em termos criativos e produtivos, para além de participarem na compilação Atenção: Desminagem! da Kandonga Produções, este ano quase resultou no album HEKATOMBE, cujas musicas contaram com a colaboração de Triplo 6, de onde eram membros integrantes e co-fundadores, e Shackal, membro da Alizé, que goza de muita simpatia no seio do então grupo Psycho Basement.
O album não saí, a constante dinámica do grupo em termos de temática é a principal razão, havia que filtrar mais o conteúdo para que a mensagem chegasse com efeito devastador aos ouvidos alvos, além disso, depois da gravação destas músicas, Chami e Ice começam a viver uma outra realidade em termos de técnicas de escrita e difusão de mensagens, defendem que a liríca deve ser um retrato falado da sociedade, mas também cada palavra deve ser por si so um momento unico e de orgasmo continuo ao longo de toda letra, e que todos os detalhes, até os mais insignificantes devem estar lá. Falhada a primeira tentativa de album, no ano seguinte o grupo passa a chamar-se Sociedade Anonima, Icenel revela a sua veia produtora, e introduz um sabor mais indie na sonoridade do grupo, as letras assumem-se cada vez mais explicitas e descomprometidas com qualquer tendencia, corrente ou sistema do cenário hiphop local, admiram alguns grupos locais, mas não se identificam com nenhum deles. Nao sabem definir a sua música, e nem querem fazê-lo, pois acham que o artista não se deve padronizar, tudo o que Sociedade Anonima quer é cantar realidades do seu proprio imaginário e de onde são integrantes. Não inventam nada, pois , escrevem como se estivessem diante do espelho, são os actores principais de suas músicas, sejam eles vilões ou heróis, não estão interressados em passar a imagem de pessoas perfeitas ou bons samaritanos, pois, são pessoas comuns, eventualmente impudicas, politicamente incorrectas, eventualmente cínicas e com as suas culpas no nosso kamassutra social.
O Rap é um hobbie, fazem-no quando estao inspirados e nao como uma causa, sao artistas anonimos e nao missionarios, tem pavor do comprimisso. Raramente fizeram apariçoes publicas, e esta realidade nao mudara nos proximos tempos "Espectaculos nao me cativam, é dificil encontrar uma atmosfera como a do historico show da Kandonga no Franco, sinceramente falando nao estamos muito interressados em espectaculos, nem em participar nem em assistir, queremos ouvintes e nao mirones, eu pessoalmente nao simpatizo muito com os espectaculos convencionais de rap, cansam-me, o rap pra mim é tezão, nao gramaria de me sentir um cavalo de troia nisto, nao somos operarios, somos pensadores-Palavras de Chaminé", estao muito mais interressados na evoluçao do seu estilo do que na integraçao com outros estilos que nao lhes dizem nada, assumem esta posiçao sem qualquer tipo de extremismos... "We hope someday to be saints, but not martyrs".
Desde 2005 que o grupo anda parcialmente retirado dos meios convencionais de difusão da musica rap, ora por motivos profissionais, pessoais ou académicos, ora pela busca de ferramentas de difusão que se adaptem a filosofia do grupo e que não restrinjam a liberdade criativa do grupo.
É assim que o grupo decide trabalhar discretamente e descomprometido, sendo este espaço o inicio de uma nova era no que diz respeito a forma como as suas obras poderão ser encontradas de hoje em diante. Paralelamente, o grupo encontra-se a trabalhar nas letras e sons daquele que será a sua enciclopédia do kamassutra social, o album PORNO SAPIENS, relatos insólitos e de espanto cheios de tezão. Se O Todo Poderoso Quiser, o Album Sairá... e quem viver Verá (Escutará)
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