Como anunciado, aqui esta a entrevista EXCLUSIVA com Helder "faceOculta" Leonel Malele, este que tem nos entretido nas tardes de domingo no Programa Radiofonico "Hip Hop Time" na Radio Cidade 97.9 FM das 14h as 16h (HORA LOCAL), tambem um dos pioneiros do Hip Hop Moçambicano.
HL: Helder Leonel
makdap.blogspot.com: De onde vem o “Nickname” “Lil Brother H” e porque hoje FaceOculta?
HL: O “Nickname” “Lil Brother H”, vem na sequência da antiga tendência de nos atribuirmos nomes artíticos em inglês, mas levei tempo para me chamar “Lil’Brother H”. Desde o inicio fui sempre Helder Leonel, pois achava que era mais original com o próprio nome, mas o meu grupo Rappers Unit influenciou-me e arranjei, como diziamos na altura um “a.k.a” e escolhí “Lil Brother H” porque achei-me de repente num movimento que queria desenvolver o Hip Hop e numa vertente de nacionalismo e “manias” de Black Power. Tendo assistido filmes como “Fight the Power”e ouvido muito sons de Public Enemy e BDP (Boggie Down productions) e porque os movimentos Hip Hop e afros no geral se consideram irmãos, eu me acho também um irmão dentro do Movimento Hip Hop em Moçambique por isso ficou “Pequeno irmão Hélder”.
HL: Helder Leonel
makdap.blogspot.com: De onde vem o “Nickname” “Lil Brother H” e porque hoje FaceOculta?
HL: O “Nickname” “Lil Brother H”, vem na sequência da antiga tendência de nos atribuirmos nomes artíticos em inglês, mas levei tempo para me chamar “Lil’Brother H”. Desde o inicio fui sempre Helder Leonel, pois achava que era mais original com o próprio nome, mas o meu grupo Rappers Unit influenciou-me e arranjei, como diziamos na altura um “a.k.a” e escolhí “Lil Brother H” porque achei-me de repente num movimento que queria desenvolver o Hip Hop e numa vertente de nacionalismo e “manias” de Black Power. Tendo assistido filmes como “Fight the Power”e ouvido muito sons de Public Enemy e BDP (Boggie Down productions) e porque os movimentos Hip Hop e afros no geral se consideram irmãos, eu me acho também um irmão dentro do Movimento Hip Hop em Moçambique por isso ficou “Pequeno irmão Hélder”.
O nome FaceOculta veio depois, porque houve de repente uma necessidade de encontrar um nome em Português de fácil pronuncia e que tenha também um significado para mim, assim como tem o Lil Brother H. Face oculta espelha o inicio de uma outra fase, em que fui muito traído, assistí a muitas tentativas de se abafarem minhas acções em termos de oportunidades para desenvolver o Hip Hop em Multi-media. Senti que era uma FaceOculta e assim escolhi ser uma especie “Lowprofile”, mais criativo, melhor definido e equilibrado nas minhas ideias.
makdap.blogspot.com: A quanto tempo nesta estrada do Hip-Hop?
HL: Como ouvinte, estou a sensivelmente 19 anos, tou a falar dos momentos em que tive as primeiras cassetes de Rap, tipo... Red Head King Pin, Big Daddy Kane, Public Enemy etc Run DMC, etc. Como activista estou há 15 anos, falo de andar em Battle Freestyles produzir, repar, organizar festas, shows e fazer radio.
makdap.blogspot.com: Rappers Unit ainda existe como grupo? Podemos contar com o vosso Album? Para quando?
HL: Rappers Unit ainda existe como nome, os seus membros nunca aceitaram mesmo sem estarem activos que o grupo se extinga, há sempre uma cena tipo: ”temos que gravar uma cena simbólica porque somos parte significativa da história do Hip Hop Moçambicano”. Não vou fazer promessas, mas um dia vai sair qualquer coisa, e acho que não vai ser com elenco original. Mas pode-se esperar pelo menos uma musica de Rappers Unit constituido por Gina pepa, FaceOculta, Squiza, Doggystyle, Nito MCzaleen e talvez Eduardo PM nos Breaks... não sei há de ver.
makdap.blogspot.com: Já tens muitos sons lançados isoladamente. Podemos esperar por um Album teu? Para quando?
HL: Eu tenho muitos sons gravados, há muito que precisam de arranjos, e tenho apenas dois que andam na radio tou a falar de “Fúria das Agúas” e “Amor Real” A verdade porém é que não consigo fazer música a correr, mas reconheço que passou bastante tempo para que eu lançasse alguma coisa e parte dessa coisa desapareceu num disco duro nos estúdios da Track, de facto falhei no Backup. Mas este ano vou lançar algumas músicas e um vídeo talvez, há de se ver.
makdap.blogspot.com: Como vês a nova geração dos MCs em Moçambique, em termos de letras, flows e música no geral?
HL: Por um lado temos bons Liricistas, a escrever seriamente com fluencia de se tirar o chapéu, por outro lado temos bons rappers de talento, mas a dizer coisas muito difusas e infelizmente muitas dessas coisas difusas estão cheias de egocentrismos... é o que a nova rapaziada gosta. Falar de música no geral, o que lhe posso dizer é que estamos a afirmarmo-nos com estilos próprios, já dançamos e convidamos os estrangeiros também a dançar maior parte do que é nosso, mas ao mesmo tempo poderosos enterteiners estão a dar cabo e a distorcer percepções sobre cultura no seio do povo. Tudo isto com a ajuda de grandes empresas, TV’s e rádios. Parece bonito e politicamente correcto mas os estragos vão se fazer sentir com o tempo.
makdap.blogspot.com: Qual foi para ti o Album do ano, o MC do ano, a Música do ano e o Produtor do ano em matéria de Hip-Hop Moçambicano?
HL: Estas coisas são difíceis de responder porque há pouca coisa lançada e eu sou amigo de muitos bons rappers e produtores. sem querer tirar o mérito de nomes como Seven, Scam, Singer, Mr Dino, G2, Inflomatic, etc etc o melhor foi para mim Gringo. Quanto ao MC do ano acho que deve ter sido L Nato(Mais para Revelação), embora reconheça o protagonismo de Duas Caras como o Rapper e não MC do ano. Já o melhor álbum embora seja uma compilação foi “Mais Hip Hop no teu Ouvido”.
makdap.blogspot.com: Tens uma ligeira queda para o Jazz, é um ar clássico. Notabilizou-se mais este lado quando apareceste como apresentador do magnifico programa SABOR AZUL. Pensas em fugir do Hip-Hop para estas linhas acima referidas ou pretendes fazer sempre um casamento perfeito entre elas?
HL: Um casamento perfeito entre e isso vai se reflectir bastante na minha música no futuro, aliás acho que “Fúria das Aguas” e “Amor Real” reflectem esse novo plano musical.
makdap.blogspot.com: Em que passo está o movimento Hip-Hop Laranja? ou morreu de morte natural? Ainda existe? O que tem feito? Quais são os planos futuros?
HL: Hip-Hop Laranja foi um projecto interessante mas mostramos não estar prontos para a Revolução pelo menos no modelo Humanista. Para não andarmos em contradições, Eu pessoalmente preferí ser Humanista não estrutural mas na vida em sí. Planos nesse sentido talvez pegar o ideal e fazer Palestras e Workshops em prol da Sociedade atravês do Hip-Hop. Há umas ideias estruturadas nesse sentido. “O papel do artista na Inovação da Cultura” coisas assim percebes né?
makdap.blogspot.com: Qual é a ideia do projecto/grupo/movimento AQUÁRIO SOUL? Podemos esperar Albums ou tudo ficará entre shows e ponto final?
HL: Eu não gosto de divulgar ideias, há muitos sovinas por aqui, é bom que todos nós façamos o mesmo mas em algum ponto temos de ser diferentes para que nossas acções fluam bem para o publico em geral, veja que hoje há muitos shows Hip hop e principalmente com banda, Mas há maningue falta de “Know How” e criatividade por parte de produtores de eventos. Pensando apenas que um show para ser bom tem de ser feita uma boa publicidade e tem que estar cheio, mas há muitos pormenores de produção artistica que tão muito mal. Mas Ok, Aquário é tipo se podermos chegar a um DVD vamos chegar...
makdap.blogspot.com: A Track Records parece uma espécie de mini- Rappers Unity. Concordas? Qual tem sido o seu envolvimento neste colectivo?
HL: Concordo, mas prefiro dizer Trio Fam é uma versão evoluida dos Rappers Unit, acerca do meu envolvimento com a Track, tenho sido tipo membro honorário, há divergências de princípios mas somos maningue brothers, e há sempre lugar para mim na tabela dos contribuintes da produtora. Eu exerci durante algum tempo o posto de produtor Artístico, mais para eventos, Mas actualmente criei a Khenani produções que naturalmente vai estar algumas vezes ao lado dos selo Track records em algumas realizações sejam discográficas ou até de eventos. É apenas uma nova forma que escolhi de continuar a relação com a Track Records mas sendo independente, para que o negócio não estrague antigas amizades.
makdap.blogspot.com: Por uma vez organizaste uma espécie de entrega de “GRAMMY” aos que mais se destacaram durante um certo período. Porque esta boa iniciativa parou?
HL: A Esta iniciativa chamei Festival de Prémios Hip Hop Time, que é um nome para ficar e supostamente outras gerações darem, continuidade. Ela parou como qualquer projecto que precisa de apoio, da outra vez em 2005 tivemos prejuízos pelo facto de não haver apoio, é uma pura tolíce acreditar-se que a bilheteira pode pagar a produção integral de um evento daquela natureza. Mas estamos a pensar em dar continuidade porque devia ser anualmente, mas... talvez num show de pequena dimensão, tipo... Estúdio Auditório da R.M. ou algo parecido.
makdap.blogspot.com: As músicas como "O PAIS DA MARABENTA" e "AS MENTIRAS DA VERDADE" que pouco ou nada passam noutros programas de radio Cidade, como é que te sentes passando estas músicas? Serás um desalinhado ou remetente?
HL: Tenho sido chamado a atenção por uma e outra musica, mas o Clássico Hip Hop Time goza de alguma liberdade( Nunca fui directamente dito) como o único espaço onde se podem fazer abordagens politicas nos estágios de “Äs mentiras da verdade” ou “O País da Marrabenta”, mas desde que estejam dentro das éticas de radiodifusão e para o Clássico Hip Hop Time especialmente que não sejam musicas de conteúdo violento. Na verdade sinto me como uma pessoa de perfil singular, sempre no equilíbrio entre a liberdade individual e a autoridade.
makdap.blogspot.com: O que achas da nova geração de MCs em termos de Flow, letras e outros aspectos relativamente aos “menininhos” dos anos da década noventa?
HL: É verdade que há uma diferença, são contextos diferentes e acho que nem se devia comparar, aquela era a fase de absorvimento das influencias ocidentais, fossem elas coerentes ou não coerentes, letras demasiadamente misturadas com inglês, e mesmo esse inglês deficiente, pura mímica, mais com o tempo, todo o movimento Hip Hop aperfeiçoou-se sozinho. Esta é a fase do auto conhecimento, embora muitos auto-escolarizam-se com muito erros. É claro que há muitos bons rappers hoje do que ontem.
makdap.blogspot.com: Como foi fazer Hip-Hop Time neste todos anos? Muito sacrifício, um grande desafio, muito prazer e emoção, etc?
HL: Fazer o Hip Hop Time, foi como namorar alguém e entregar a vida por essa pessoa, ser varias vezes traído, perdoar por amar, compreender acima de tudo as várias facetas da consciência humana. Pelo caminho, muitos orgasmos, muitos tropessos, tensões relaxamentos, curtos circuitos, uma aventura na arte e na radiodifusão. Anima comunicar!
makdap.blogspot.com: O sucesso do Pandza/Dzukuta, a fuga de MCs para estes ritmos podem te levar a dizer “Real Hip-Hop is Dead”?
HL: De forma nenhuma o Hip Hop verdadeiro está morto. O problema não é com Pandza ou com Dzukuta. O problema é que pouco se sabe sobre um verdadeiro artista, há muita atitude por emoção, muitos nem se quer tem real dimensão do que andam a fazer seja bom ou mau para sociedade. O que há sim é um problema de falta de orientação de pessoas sobre aspectos como: marketing, direcção artística, géneros musicais, as influencias estrangeiras e o que é nosso de tradição. É uma fase de pedras da estrada, muita “salada russa” mas, vai passar.
makdap.blogspot.com: Tendo em conta o sucesso da música “Cu Gordo” pode-se afirmar que os “Beefs” melhoram a audiência e atenção ao Hip-Hop?
HL: Não diria que esse “beef” melhorou alguma coisa prefiro dizer que atraiu uma atenção sem qualidade, ou seja é uma qualidade de publico que gosta de “Beef”. Parece ser bonito mas simplesmente perdemos tempo com um problema entre um grupo de pessoas. Acho que tenho boas relações com essas pessoas mas desculpem-me e permitam dizer que o núcleo desse beef está entre um grupo de amigos. Lembram-se que Denny OG, N-Star, DJ Damost, Cem Paus eram um único grupo, o “Auto Squad”, e tinham como amigos de rimas Jay Pee e Duas Caras. Na verdade assistimos a uma confusão entre o membros do ex-Auto- Squad e amigos, de entre eles rappers, ou rappers tornados pandzistas. Não condeno a direcção que cada um leva como musico, condeno é o facto deste grupo de amigos a dado momento ter se distraído na sua direcção e criar atritos entre sí. O que é importante actualmente é que cada um esteja tranquilo e que se sinta bem na a sua actividade.
makdap.blogspot.com: Já que tocamos em “Beefs”, tens beefs com alguém ou algum grupo de Hip-Hop?
HL: Eu não tenho “beefs” com ninguém, eu existo para servir o outro. É possível que haja um grupo de pessoas que se opõe as obras levadas a cabo pela minha figura. Fala-se por aí em conversas de esquina, as opiniões divergem sobre mim, tenho ouvido de terceiros. Tenho até familiares que contam, ouviram um grupo de pessoas falar mal de mim e o assunto era as musicas que ele toca na radio...O que é verdade acho eu, é que qualquer adolescente da nossa época é rapper e quer tocar a sua musica na radio , todos somos músicos agora. Não há quem é, quem não é ou tá ainda aprender. E isso é um pouco a história de todas a urbes mundiais onde há uma historia do Hip Hop.
makdap.blogspot.com: Como é que te sentes quando tens de tirar da selecção de música para Hip-Hop Time uma track de um MC que tanto queria ver a sua música passar na Radio? HL: Tirar é dizer que já rodou e depois nunca mais rodou. Acho que a tua questão é o que sinto quando não rodamos a musica de um rapper que quer ouvir a sua musica tocar. Olha o que me dói é a sua falta de compreensão da nossa recusa, muitos de nós estamos presos a leis que inventamos nas nossas cabeças, eu não sou conhecedor de tudo. Mas estou em continuo estudo das funções que exerço e procuro ser o mais social e profissional possível, e dói quando o musico não entende o lado profissional da coisa.
makdap.blogspot.com: Tens muitos anos no Hip-Hop e consequentemente muita experiência, podes deixar algumas dicas para os MCs mais novos?
HL: Só sugiro que investiguem um pouco mais para além do que sabem e do que lhes é apresentado na T.V. e que conheçam melhor os passos mais importantes da musica. A carreira artística(efeitos positivos, negativos), discografia, a produção musical, o shows, o estúdio, a engenharia de som etc etc que sejam mais reais do que egocêntricos. Auto –formação e um trabalho muito bem orientado para não haver acidentes no futuro.
makdap.blogspot.com: O que achas do Blog www.makdap.blogspot.com – O Blog de Hip Hop Nacional ?
HL: O que eu acho é que as fontes de info do Hip Hop Moçambicano devem se multiplicar o Hip Hop pode se afirmar com categoria se houver uma acção multi-media conjunta, Classico Hip Hop Time sozinho não é nada! Veja que eu também encontro muita nova info neste mesmo Blog e público-a no “classicohiphoptime”.
makdap.blogspot.com: Queres deixar mais algumas considerações que julgas pertinentes? HL: Moçambique é um país muito novo ainda 32 anos é absolutamente nada, falta-nos acima de tudo consciência no lugar. Somos novos em tudo, perdemos muito tempo a chutarmo-nos uns aos outros no lugar de projectarmos a construção de coisas novas. Em 1994 nós decidimos que queríamos fazer um programa de Hip Hop na radio lutamos até conseguirmos muita da musica que rodamos na altura era de cassetes. Hoje vê-se muito avanço tecnológico e pouco avanço da inteligência humana, ou seja muito avanço tecnológico e muita estupidez na inteligência das pessoas “chaves”para o desenvolvimento da cultura em Moçambique.
Com e devida venia, extraido do:
Exclusivo www.makdap.blogspot.com
Fotos por: mak.da.p
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